sexta-feira, 8 de maio de 2020

Não foi a CGTP que esteve na Alameda.

O PCP teve sempre – e apenas – a força que, por interesse próprio, os outros lhe deram. Se esteve na Alameda durante o estado de emergência, foi porque o Estado quis, e não porque o PCP se impôs.

Outros já notaram a dualidade de critérios do regime em relação ao sindicalismo comunista, deixado à solta na Alameda, e a hipotéticos peregrinos de Fátima, logo ameaçados com o bloqueio das estradas. Mas há outra duplicidade que vale a pena registar: a do próprio sindicalismo comunista. Na Alameda, durante o estado de emergência, quis conviver; mas agora, terminado o estado de emergência, os mesmos que na Alameda andaram aos montes pelas faixas laterais, depois do espectáculo norte-coreano no relvado, parecem muito assustados pela ideia de ir ensinar para as escolas sem todos serem testados à entrada.

Em ambos os casos, como é bem de ver, trata-se de exibições de força: as coisas só podem ser o que o PCP quer que sejam. Daqui se poderia concluir que o PCP é um colosso. Mas não. A parada da Alameda, que tornou ridícula a autoridade do Estado em Portugal, não provou a força do PCP. Nem mesmo o aviso de que a Festa do Avante é para se fazer, mesmo com todos os outros festivais proibidos. Convém lembrar que o PCP se ficou, nas últimas legislativas, por 6,33% dos votos e 12 deputados. Perdeu cinco lugares no parlamento. Mesmo no tempo da sua máxima influência, em 1975, não foi além dos 12%. O PCP teve sempre – e apenas – a força que, por interesse próprio, os outros lhe deram. Para começar, a força que lhe emprestou a ditadura salazarista, que fingia que toda a oposição era comunista. Depois, a força que lhe deu o MFA, ao entregar-lhe, por exemplo, os Sindicatos Nacionais do corporativismo. E finalmente, desde 1976, a força que lhe concede o PS. Sim, o PS. Em 1975, os socialistas não se submeteram a Álvaro Cunhal. Mas depois, também nunca se dispuseram a livrar o país das “conquistas da revolução” que eram a base da influência comunista, a não ser sob pressão de maiorias de direita, como em 1982 ou em 1989.

O PCP tem cada vez menos câmaras municipais e a CGTP cada vez menos filiados. Os novos sindicatos escapam-lhe, como se viu na greve dos motoristas de materiais perigosos. A sua força é a do velho sindicalismo da função pública e das empresas do Estado, sobretudo de transportes – o instrumento das “greves gerais”. Mas teria ainda menos importância, sem a reversão, em 2016, da concessão a privados dos transportes públicos de Lisboa e do Porto. Ora, foi o PS que ofereceu isso aos comunistas – o que, só por si, valeu a “geringonça” para o PCP –, tal como agora, com a presidência da república, lhes ofereceu a Alameda.

Nada disto é surpreendente. Os comunistas dão jeito ao PS. Viabilizam-lhe leis e orçamentos, mas sobretudo fixam o medo e o ressentimento da direita, justificando-lhe o papel de “charneira” a que o PS sempre aspirou. Rui Rio presta-se ao jogo, com o seu sonho de permitir aos socialistas governarem sem estarem constrangidos pelo PCP. Desse ponto de vista, o teatro da Alameda também serviu a uma direita que falhou o seu papel histórico, que era representar o reformismo, e não ajudar o PS a estar à vontade no poder.

O PCP é hoje um dos side-shows (o outro é a “extrema direita”) que disfarçam a verdadeira questão da democracia portuguesa: o peso crescente do Estado numa sociedade cada vez mais fragilizada, e a identificação desse Estado com um partido, o PS. O poder socialista, com as suas clientelas, faz-se sentir em tudo, até na barragem de fogo contra Rodrigo Guedes de Carvalho, pela suposta irreverência com que entrevistou a ministra da Saúde. Não, na Alameda não esteve o PCP. Ou antes, só esteve o PCP, porque estiveram o PS e a presidência da república, que criaram a excepção, e o PSD, cuja influência nos acontecimentos consiste cada vez mais em não ter influência nenhuma.

Rui Ramos

observador

quinta-feira, 7 de maio de 2020

Coronavírus: escolha, uso, lavagem… Tudo o que você precisa saber sobre máscaras

Descartável ou lavável? Em todo lugar ou em alguns lugares? A máscara levanta várias questões, pois seu papel será crucial a partir de 11 de Maio para a grande maioria da população.

Por Sébastien Nieto

http://www.leparisien.fr/societe/sante/coronavirus-choix-usage-lavage-tout-ce-qu-il-faut-savoir-sur-les-masques-07-05-2020-8312547.php

7 de maio de 2020 às 15h33.

A máscara, objeto de toda a atenção desde o início da pandemia de Copvid-19,assumirá ainda maior importância a partir de segunda-feira, 11 de maio, data do início do confinamento na França. Obrigatório em alguns casos, ainda levanta muitas questões. Dos quais aqui estão as respostas.

Qual máscara escolher?

Para o público em geral, recomenda-se dois tipos de máscaras: máscaras "cirúrgicas" de uso único e máscaras de tecido. As anteriores destinam-se a "profissionais em contato com o público", como anfitriões e aeromoças, explica o Ministério da Saúde.

Estes últimos são recomendados para o resto da população, em viagens pontuais ou para um dia de trabalho sem contato com um público externo.

Os outros tipos de máscaras (FFP2, máscara para uso médico...) permanecem reservados para os profissionais de saúde.

Onde eu uso?

A partir de segunda-feira, 11 de maio, o uso de uma máscara será "preferível" em todos os lugares onde você provavelmente estará com os outros. No entanto, será apenas "obrigatório" no transporte público e nas empresas que desejam fazê-lo. Se necessário, você pode ter acesso negado e uma multa pode ser imposta se a regra não for seguida.

Quem deveria usá-lo?

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS),a máscara deve ser usada em dois casos: "Se você estiver saudável, você só deve usar uma máscara se estiver cuidando de uma pessoa infectada suspeita" e "se você tosse ou espirra". A OMS, portanto, não recomenda mascaramento em larga escala.

No entanto, o governo francês, por recomendação, entre outras, da Academia de Medicina deseja generalizá-la. A Academia reconhece que seu uso "correto" pode ajudar a "limitar o risco de transmissão direta do vírus através de gotículas" em locais onde as regras de distância são impossíveis de implementar.

Deve ser mantido o dia todo?

Não. Máscaras de uso único (cirúrgicas) e máscaras de pano não devem ser usadas por mais de 4 horas, disseram as autoridades de saúde. Apenas máscaras protegidas por FFP podem ser usadas por até 8 horas de cada vez. Em qualquer caso, assim que você remover uma máscara e colocá-la em um suporte, é recomendável alterá-la. "Se você precisa beber ou comer, troque sua máscara", diz o Ministério da Saúde.

Como eu uso?

Antes de usar a máscara, todas as organizações de saúde concordam em uma coisa: "Você deve lavar as mãos com uma solução hidroalcoólica ou com água e sabão". Uma vez feito este gesto, você deve colocá-lo usando os elásticos. Para ser eficaz, "uma máscara deve cobrir o nariz e a boca" e "evitar jatos de ar para fora" durante a respiração pesada, dizem as organizações de saúde.

Uma vez que a máscara esteja no lugar, o Ministério da Saúde alerta que "toda vez que você tocar em uma máscara usada, lave as mãos com água e sabão ou uma solução hidroalcoólica". Para remover a máscara, novamente, use os elásticos e depois lave as mãos.

A OMS adverte: "A máscara só é eficaz se estiver associada à lavagem frequente das mãos."

Um vírus perturbador criado na China.

Pesquisadores chineses fabricaram um vírus híbrido de influenza aviária muito perigoso. Os cientistas estão soando o alarme.

Útil ou perigoso?

A comunidade científica global está em tumulto desde que biólogos chineses anunciaram na revista americana "Science" na sexta-feira que um perigoso vírus híbrido havia sido criado. Enquanto a China enfrenta mais um surto de gripe aviária, uma equipe de pesquisadores da Universidade Agrícola de Gansu gerou um novo vírus, misturando genes H5N1 e H1N1.

O primeiro, que infectou 628 pessoas desde 2003, é fatal em 60% dos casos, pode ser transmitido aos humanos por aves, mas não de humano para humano. O H1N1, que apareceu no México em 2009, não é considerado mais mortal do que uma gripe regular, mas é altamente contagioso. Acredita-se que tenha infectado um quinto da população mundial durante a pandemia daquele ano, matando 18.000 pessoas.

O propósito do experimento não é claro

O híbrido feito na China levou a pior dos dois, com essa característica perturbadora: é transmitido muito facilmente entre dois cobaias, através das vias aéreas. Por um simples espirro, por exemplo. Pesquisadores chineses concluem que o temido H5N1 precisa apenas de uma pequena mutação para se tornar transmissível entre os mamíferos.

"Devemos dar à natureza esse impulso só para demonstrar isso?", repreendem os especialistas. A demonstração não vale o risco. Um erro de manuseio, um vazamento, má intenção e um vírus OGM desse tipo podem facilmente "contaminar pessoas, causando entre 100.000 e 100 milhões de mortes", estima Simon Wain Hobson, do Instituto Pasteur.

Para Robert May, Ex-presidente da Academia Britânica de Ciências, a equipe chinesa cedeu à ambição mais do que ao senso comum. O propósito deste experimento não é claro. "Esse tipo de pesquisa é inútil para fazer uma vacina. Se foi apenas para mostrar que uma mutação a torna transmissível entre humanos, é tão vaidosa quanto cara: já sabemos disso, confirma o virologista pasteur Jean-Claude Manuguerra (ver o oposto). Há dois anos, pesquisas semelhantes nos Países Baixos e nos Estados Unidos foram proibidas de publicar por medo de recuperação terrorista e moratória. Terminou em Janeiro passado.


http://www.leparisien.fr/sciences/un-virus-inquietant-cree-en-chine-05-05-2013-2783609.php

5 de Maio de 2013 às 7:00 da manhã.

Diferenças entre lápis e mines de lapiseiras HB, B, 2B, etc.

Vamos ver a diferença entre os tipo de grafites e também umas dicas sobre qual tipo de grafite a usar em determinado acção.

Os grafites podem ser classificados pela sua dureza, do mais suave (macio), que resulta o preto, ao mais duro, que resulta num acinzentado (grafite). Acredita-se que este sistema de classificação foi desenvolvido por um fabricante de lápis da Inglaterra no início do século XX. São normalmente utilizados para a escrita e para desenhos, e não são, necessariamente, voltados à arte.

A dureza do lápis é classificada em 4 tipos: B, H, F e HB.

- B representa blackness, negritude;

- H representa hardness, dureza;

- F representa fine, fina (ponta fina);

- HB representa um limiar entre B e H, que caracteriza um lápis comum, para escrita.

Tipos de Lápis

Escala do mais rígido para o mais macio

9H > 8H > 7H > 6H > 5H > 4H > 3H > 2H > H > F > HB > B > 2B > 3B > 4B > 5B > 6B > 7B > 8B > 9B

Observe que quanto maior o número, mais acentuada a característica, representada pela letra:

Exemplos:

- 9H é mais duro que o H (seria 1H)

- 9B é mais suave que o B (seria 1B)

Qual Lápis Usar

A escolha é muito pessoal, mas dá para estabelecermos um "quase padrão":

As enumerações de cada  um deles servem para trabalhos específicos, por exemplo:

HB – Usado mais para desenho técnico

B – Usado para esboços

2B – Usado para esboços

3B – Ideal para  a textura da pele

4B – pêlos e cabelos

5B – Usado para  as sombras

6B a 9B – Usado para as sombras mais escuras

Lapiseiras

São óptimas para fazer traços finos e precisos tais como prédios, casas,  cabelos e pelos; pois possuem diversificados tamanhos  de espessura de grafite.

No entanto existem também as chamadas porta-minas que pode ser  até mais grossas do que um lápis comum.

As minas de diâmetro  0.3mm linhas e detalhes bem pequenos

Minas de  diâmetro 0.5mm são as mais  básicas

Minas  de diâmetro  0.7mmmelhores para escrever

Minas de diâmetro 0.9mm faz bem mais  manchas do que  as anteriores

3B até 9B – usada para trabalhos de grande formato.

De um modo geral, utilize os lápis mais duros para obter traçados claros e mais suaves para obter sombras e preencher áreas mais escuras.

Os mais duros são mais difíceis de serem apagados, enquanto os mais suaves podem ser totalmente apagados, sem deixar sulcos no papel.

Lembrando que independente de todo esse tutorial, a escolha do lápis é sua.

Escolha sempre o que melhor se adequar as suas necessidades e a sua preferência.

Fonte:http://goo.gl/j6B8Jf

quarta-feira, 6 de maio de 2020

A maior parte dos portugueses desconhece que o seu “pobre” país possuí:

Se não fosse tanta corrupção, e negligência… dos políticos e das autoridades.

  • A maior Zona Económica Exclusiva da UE, que é tão grande como todo o continente europeu. É muito mar com muito peixe onde outros pescam.

  • 80% de solo arável, mas está quase em completo abandono.

  • Invejável rede hidrográfica a nível mundial.

  • Grandes reservas de água doce, em aquíferos subterrâneos, quase inesgotáveis.

  • As maiores reservas de ferro, da UE, de excelente qualidade.

  • As maiores reservas de cobre da Europa (segundas do mundo).

  • As maiores reservas de tungsténio (volfrâmio) da Europa.

  • As maiores reservas de lítio da Europa.

  • As maiores reservas de terras raras.

  • As segundas maiores reservas de urânio da Europa.

  • Grandes reservas mineiras de ouro, prata e platina.

  • Grandes reservas de carvão mineral de excelente qualidade.

  • E as incomensuráveis riquezas que as águas do Atlântico escondem.

  • Uma das maiores reservas de petróleo da Europa ,que já vão ser exploradas na costa do Algarve, por companhias alemãs e espanholas. Vão pagar a Portugal apenas 20 cêntimos de dólar por barril, (imagine-se, cêntimos), quanto o mesmo barril de crude já passou há muito tempo os 100 dólares, é mesmo negócio à político português.

  • Reservas de gás natural, que para o consumo de Portugal, dão pelo menos para 100 anos sem precisar de ninguém.portugal_fronteiras

    Isto é apenas a ponta do Iceberg que circula pela Internet, somando todos os recursos naturais, Portugal, na sua “dimensão vs potencial”, é possivelmente um dos países mais ricos da UE e é levado à ruína pelos seus governantes, que em vez de explorarem todos esses recursos de forma ordeira e sem interesses pessoais dos executores, ou nada fazem, ou praticamente os oferecem.

    terça-feira, 5 de maio de 2020

    Outras epidemias

    O território que hoje é Portugal foi, por certo, vítima de epidemias antes da Peste Negra, mas a parcimónia das fontes e a escassa investigação do tema permitem adiantar pouco mais do que hipóteses. Se a primeira pandemia de peste (c.541- c.750) atingiu o ocidente peninsular, como o fez na costa mediterrânica ibérica, não foi ainda encontrada qualquer prova. Há também referências esparsas a estes males no reinado de D. Sancho I, de 1185 a 1211. A Crónica de Portugal de 1419 refere, dois séculos após os eventos, uma epidemia na Terra de Santa Maria (a actual área de Santa Maria da Feira) e uma dor terrível, que parecia fazer os corpos dos doentes arderem por dentro, antes de morrerem, na área de Braga. Se se trata de um flagelo epidémico ou de uma construção literária é algo que, por ora, permanece em aberto.

    Apanhados pela gripe espanhola. CONTÁGIO PLANETÁRIO.

    Nenhuma doença provocou tantos mortos em tão pouco tempo como a pneumónica de há um século. Os médicos foram surpreendidos por um vírus desconhecido que dizimou milhões de jovens adultos, sem que uma cura ou uma vacina fossem encontradas.

    GUILLAUME APOLLINAIRE

    O poeta francês morreu aos 38 anos em Paris, em Novembro de 1918

    Resultado de imagem para guillaume apollinaire

    MAX WEBER

    O pai da sociologia não resistiu ao vírus. Faleceu em Munique, aos 56 anos, em Junho de 1920

    O que é comunidade segundo Max Weber? - Quora

    GUSTAV KLIMT

    O pintor simbolista morreu em Viena, em Fevereiro de 1918. Tinha 55 anos

    Gustav Klimt artista - Guia das Artes

    RODRIGUES ALVES

    O presidente eleito do Brasil não chegou a tomar posse. Faleceu aos 70 anos no Rio de Janeiro, em Janeiro de 1919

    Rodrigues Alves – Wikipédia, a enciclopédia livre

    AFONSO XIII

    Infectado aos 32 anos, o Rei de Espanha deu ainda mais notoriedade à chamada gripe espanhola, da qual recuperou

    Espanha

    Num ano, entre Março de 1918 e Fevereiro de 1919, de 50 a 100 milhões de pessoas não resistiram ao vírus da gripe pneumónica, considerada até hoje a maior epidemia que atingiu o mundo desde a Peste Negra de meados do século XIV. A doença manifestou-se no final da I Guerra Mundial, quando milhares de soldados se movimentavam entre os Estados Unidos, a Europa, o norte de África e a Ásia ocidental, transformando os portos, estradas e caminhos-de-ferro em vias rápidas para a propagação. A segunda, e mais mortal vaga da pneumónica, coincidiu com a assinatura do armistício, em Novembro de 1918. A terceira fez-se sentir no final do Inverno de 1919, arrebatando ainda mais vidas. As investigações históricas mais sólidas indicam que a doença alastrou a partir dos Estados Unidos da América (EUA) para o resto do mundo. Aquele que seria hoje designado por «paciente zero» foi identificado a 4 de Março de 1918 em Camp Funston, um campo de instrução dos militares americanos, no Kansas. Um mês depois, o novo vírus tinha atravessado o Atlântico e iniciado a sua disseminação pela Europa, seguindo o rasto das tropas que participavam na ofensiva final da Grande Guerra. Mas o pior estava para vir. A segunda vaga dizimou milhões de pessoas na flor da idade entre Setembro e Novembro de 1918, nos dois lados do Atlântico e não só. O primeiro caso terá sido detectado a 22 de Agosto, em Brest, um importante porto de desembarque das tropas americanas em França. Na mesma semana, registaram-se focos da doença em Boston, nos EUA, e em Freetown, na Serra Leoa. Em Setembro, o vírus aportava na África do Sul, provocando cerca de 300 mil vítimas mortais, na maioria entre a população negra. O novo vírus da gripe matou muitas pessoas, e muito depressa. Entre 1918 e 1919 viriam a morrer cerca de 675 mil norte-americanos, mais do que nas duas guerras mundiais e nas guerra das Coreia e a do Vietname juntas. Com muitos médicos e enfermeiras mobilizados para a frente de batalha na Europa, grandes cidades como Saint Louis viram-se forçadas a parar e a isolar os doentes. Lojas e escolas encerraram (mas não as igrejas), eventos desportivos foram cancelados e até os cortejos fúnebres foram desincentivados, por medo do contágio. Em Nova Iorque criaram-se regulamentos que proibiam os cidadãos de espirrar, tossir ou cuspir na rua. Os eléctricos eram convertidos em carros funerários e os mortos enterrados em valas comuns, à falta de caixões em número suficiente. Segundo a revista The New Yorker, os cadáveres apodreciam nas morgues e os funcionários abriam as portas para ventilar o interior. Alfred Crosby escreve que poucos esquimós resistiram à epidemia no Alasca. Com a descida das temperaturas no Inverno, famílias inteiras morreram de frio porque as pessoas estavam tão doentes que nem conseguiam alimentar as lareiras. Pior ficaram as cidades que pouco ou nada fizeram para combater o vírus. Filadélfia perdeu cerca de 11 mil habitantes num único mês. Na sua esmagadora maioria, os infectados eram jovens adultos até então saudáveis. Cerca de três em cada quatro mortos tinha menos de 60 anos, e perto de metade menos de 15 anos – um padrão tristemente repetido em todos os países onde a doença se instalou. Frederick Trump, avô paterno do actual Presidente dos EUA, Donald Trump, foi uma das primeiras vítimas mortais nos EUA, em Março de 1918. Tinha 50 anos. Já o então Presidente, Woodrow Wilson, teve mais sorte: adoeceu no início de 1919, quando negociava o Tratado de Versalhes, mas sobreviveu. Máscaras feitas de gaze Sabe-se hoje que a propagação terá sido favorecida pela movimentação dos soldados, concentração de pessoas em feiras e migração de trabalhadores rurais. Mas nada terá favorecido mais a elevada mortandade como a falta de preparação dos médicos, quando confrontados com um vírus desconhecido, e a ausência de medidas sanitárias adequadas. A pneumónica chegou sem avisar, e o mundo foi apanhado desprevenido. Para fazer face à pandemia, muitos países adoptaram o uso de máscaras de gaze para proteger boca e nariz das pessoas e, assim, diminuir o perigo de contágio. Em São Francisco, a Cruz Vermelha distribuiu máscaras fabricadas pela marca de calças de ganga Levi Strauss & Co, que colocou a sua linha de produção ao serviço da luta contra a epidemia. Usadas por polícias e funcionários dos serviços, em tempos de doença e miséria eram também procuradas por assaltantes de bancos e outros criminosos que se faziam passar por médicos e farmacêuticos para burlar os incautos. O dia do armistício, 11 de Novembro, foi celebrado nas ruas das principais cidades da Califórnia por multidões de rosto coberto por máscaras enquanto cantavam e dançavam de alegria. O vírus devastou a Europa em poucas semanas. A partir de Espanha, o primeiro país onde a ausência de censura permitiu a publicação de notícias sobre a doença – resultando daí o nome, impróprio, de «gripe espanhola» –, disseminou-se rapidamente por Portugal e atravessou os Pirenéus, propagando-se com uma extraordinária velocidade entre o Atlântico e os Urais. Na Noruega, os lapões, sem defesas imunitárias contra o novo vírus, foram o grupo de habitantes a registar mais vítimas mortais. Entre os não europeus, os mais afectados foram os índios americanos e os indígenas das ilhas do Pacífico, como a Samoa Ocidental, que perdeu cerca de 20% da população. Na Nova Zelândia, a mortandade entre os maoris foi sete vezes mais elevada. Na Austrália, o vírus matou mais de 14 mil pessoas em poucos meses, apesar da resposta rápida das autoridades sanitárias. Em África, os quase 2,4 milhões de óbitos fizeram da doença território fértil para as cerimónias religiosas de veneração dos deuses milenares. À Índia, a jóia da coroa britânica, o vírus chegou por mar e espalhou-se através das estradas e das linhas férreas. Os números reportados apontam para cerca de 18,5 milhões de vítimas mortais, fazendo do país um dos mais atingidos. Uma das maiores companhias de seguros da Índia reportou que «a virulência da epidemia foi de tal ordem que os pedidos de indemnização por morte mais do que duplicaram». A gripe pneumónica era de declaração obrigatória em todos os territórios do Império Britânico, o que permitiu maior rigor na contagem dos mortos. Em Inglaterra, terão sido 200 mil. Só em Londres, os óbitos declarados em Outubro de 1918 somaram 4500 por semana, com a capacidade dos hospitais esgotada e sem os médicos saberem como tratar os pacientes: tanto prescreviam álcool e ópio, como quinino e aspirina, entre outras receitas. Sempre sem resultados. No fim da epidemia foi criado o Ministério da Saúde, tendo a Inglaterra sido um dos primeiros países da Europa a fazê-lo. O vírus desconhecido Em Espanha, um dos países mais atingidos, as três vagas (Primavera e Outono de 1918 e início de 1919) causaram 270 mil mortos. O país ficou à margem da I Guerra Mundial, mas a crise política, económica e social estava instalada. As condições sanitárias da população eram muito deficientes, o que contribuiu para o avanço da doença. A primeira vaga causou inúmeros óbitos em Madrid, mas a segunda foi a que mais matou no resto do território. As medidas profilácticas passaram pelo isolamento dos doentes, reforço da assistência médica em casa e nos hospitais, criação de cordões sanitários (um dos quais na fronteira com Portugal), encerramento dos locais mais frequentados, desinfecção de pessoas, mercadorias e espaços físicos, assim como pelo uso de máscaras no rosto. Tranquilizar a população era o objectivo principal, mas as medidas foram insuficientes para travar a epidemia. Os espanhóis inquietaram-se e exigiram respostas das autoridades em geral e da classe médica em particular, tendo esta apostado no estudo e preparação de vacinas. Tal como em França e Inglaterra, a esperança residia nas vacinas mistas ou nas vacinas pneumocócicas puras contra os vírus já conhecidos das anteriores gripes sazonais. Quando muito, ajudavam a tratar as complicações broncopulmonares da nova doença, conclui Maria Isabel Porras Gallo, na comunicação «Uma vacina ‘específica’ para combater a gripe de 1918-19 em Espanha». Mas este vírus era novo, distinguindo-se do bacilo de Pfeiffer, causador de doenças anteriores. Em Maio de 1918, quando foram conhecidos os primeiros casos em Madrid, os cientistas não conseguiram chegar a um consenso. A dúvida instalou-se entre os médicos, em nada contribuindo para travar a propagação. Antes de serem determinadas as características do vírus, a gripe espanhola desapareceu ao fim de três vagas mortais. O vírus, sabe-se agora, era o H1N1, altamente contagioso e capaz de se disseminar com grande rapidez em locais frequentados por muitas pessoas. O seu período de incubação era muito curto e as pessoas morriam em poucos dias, por vezes em plena rua. De Dacar para o Brasil O Brasil contou cerca de 180 mil óbitos causados pela epidemia. A doença foi detectada entre militares brasileiros estacionados em Dacar, daí ter sido chamada «peste de Dacar». Em Setembro de 1918, o vírus seria descoberto em solo brasileiro, julga-se que transportado por navios com destino ao Nordeste e ao Rio de Janeiro. O Recife terá sido o primeiro porto afectado, com a chegada, a 15 de Setembro, dos 562 passageiros do Demerara, originário da cidade inglesa de Liverpool com escalas em Lisboa e Dacar. Das cinco mortes entre os passageiros, apenas uma foi atribuída à gripe espanhola. Da cidade pernambucana seguiu viagem para o Rio, onde a doença se fez notar no espaço de pouco dias. Pouco preparados, os serviços médicos brasileiros acreditavam estar a lidar com «simples casos de gripe», considerados «muito naturais no actual período do ano». A 9 de Outubro, o inspector de saúde do porto do Rio Grande, no Rio Grande do Sul, informou que o paquete Itajubá se encontrava de quarentena com 38 tripulantes contagiados pelo vírus da gripe, mas que este era «de carácter benigno». De seguida, autorizou o desembarque sem isolar os passageiros que já apresentavam sintomas da doença e sem ter ordenado a desinfecção da embarcação. Os próprios médicos questionavam se a maleita que tinha atacado em Dacar teria sido causada pelo vírus da gripe espanhola, «porque não mata desta maneira». O discurso só mudou com os primeiros mortos em solo brasileiro, relata Anny Jackeline Torres Silveira, na comunicação «Uma crónica da influenza espanhola no Brasil». E eis que, de repente, tudo se alterou. Na primeira quinzena de Outubro, sumiram-se os empregados nas lojas e nos serviços públicos, encerraram-se escolas, cinemas, parques e museus, suspenderam-se comboios e carros eléctricos e os preços dos bens essenciais entraram numa espiral de subida. Os cadáveres contavam-se às centenas e as funerárias não davam vazão aos enterros. Com os coveiros também doentes, a prefeitura de São Paulo aumentou os salários em cinco vezes para atrair substitutos. Um cemitério do Rio recorreu aos prisioneiros para cavar as sepulturas. O historiador Cláudio Bertolli Filho, autor da História da Saúde Pública no Brasil, relatou que «quando o serviço de transporte de cadáveres deparava com um morto que já há bastante tempo esperava sepultamento, fazia um acordo com a família enlutada, deixando na residência um cadáver que expirara há poucas horas, levando aquele que falecera há mais tempo». Depois do encerramento dos cafés e bares, o aspecto do Rio de Janeiro era o de «uma cidade morta e sem vida», onde «apenas a tosse quebra o silêncio circunstante», segundo a descrição de um cronista da imprensa carioca. Enquanto a cidade parecia suspensa, as farmácias, os hospitais e os postos de socorro atraíam pessoas em desespero. A negação, e a seguir a impotência das autoridades sanitárias brasileiras só foi compensada, em parte, pelo auxílio da sociedade civil às vítimas da pneumónica. Confrontados com a enormidade da tragédia da guerra, da fome e da doença, muitos viam a gripe como o verdadeiro apocalipse, um castigo divino pela alegada falta de religiosidade e o materialismo da sociedade brasileira. O medo só passou com a descida de novos casos de contágio no início de 1919, quando até os blocos de Carnaval se atreveram a brincar com a epidemia do ano anterior, cantando versos como estes: «Durante o ano passado/ ninguém do bloco comia/ tudo era bem guardado/ pra fazer economia/ até que veio a espanhola/ vestida de epidemia/ de facão e castanhola/ fazendo sua arrelia/ […] Com as migalhas do povo/ muita gente entrou na linha/ levando só por um ovo/ o valor de uma galinha/ […] Se é para frente é que se anda/ vou seguir caminho reto/ Vou pedir a Dona Gripe/ que me forme por decreto/ Avante menino/ avante rapaz/ quem toma quinino/ não anda para trás.» Em Janeiro de 1920, era finalmente criado o Departamento Nacional de Saúde Pública no Brasil.

    Por Clara Teixeira

    Um Estranho Numa Terra Estranha

    O mais famoso romance de ficção científica de todos os tempos

    Um dos meus livros preferidos.

    Um Estranho numa Terra Estranha de Robert A. Heiniein - Manuseado

    SINOPSE

    Há vinte e cinco anos, a primeira missão a Marte terminou em tragédia e todos os tripulantes morreram. Mas, na verdade, houve um sobrevivente. Nascido na fatídica nave espacial e salvo pelos Marcianos que o criaram e lhe ofereceram uma nova vida, Valentine Michael Smith nunca viu um ser humano até ao dia em que é descoberto por uma segunda expedição a Marte.

    Ao regressar à Terra, vê-se pela primeira vez entre o seu povo. Começa então um percurso de aprendizagem dos códigos sociais e preconceitos da natureza humana, totalmente alienígenas para a sua mente. Nesse processo de descoberta e integração, Valentine irá partilhar com a Humanidade os rituais sagrados que aprendeu em Marte e retribuir com as suas próprias crenças sobre o amor e o sentido da vida. Mas conseguirá alguma vez deixar de se sentir um estranho numa terra estranha?

    O que os médicos recomendavam para tratar a pneumónica

    «Cama, dieta, tisanas e médico», disse Ricardo Jorge


    Caldo de galinha, água com açúcar, sumo de laranja (em Espanha, os médicos recomendavam infusões de limão e o fruto desapareceria dos mercados madrilenos)

    O doente devia cumprir isolamento rigoroso no quarto (ou num espaço dividido por panos e lençóis, em áreas grandes), que devia ser arejado permanentemente.

    A roupa de cama devia ser substituída com regularidade

    Banho, aspersão dos lençóis com água ou colocação de panos encharcados na cabeça para fazer baixar a febre

    Uso de máscara, para os funcionários sanitários e voluntários

    Lavagem frequente das mãos, com sabonete ou desinfectante químico

    Desinfecção dos quartos dos doentes com creolina ou cal e, quando não podiam ser ventilados, fumigações de eucalipto

    Para desinfectar as vias áreas superiores, gargarejos regulares com soluções salinas, mentoladas, de fabrico caseiro ou vendidas nas farmácias, ou ainda com pasta dentífrica diluída em água

    Protecção das fossas nasais com óleos, vaselina, glicerina ou pasta dentífrica

    Na tentativa de diminuir a febre, o emprego de procedimentos caseiros tais como a fricção do corpo, as cataplasmas de farinha de mostarda ou ainda os clisteres com água e sabão e a aplicação de ventosas, secas ou escarificadas, foram recomendados com frequência.

    Aspirina (em comprimido ou em injecção, diluída em soro) ou quinino para baixar a febre (em Portugal usou-se mais o quinino)

    Cataplasmas de farinha de mostarda e clisters com água e sabão eram remédios caseiros para tentar diminuir a temperatura

    Fonte: Helena Rebelo de Andrade e David Felismino, «A Pandemia da Gripe 1918-1919», in Ler História 73

    sábado, 25 de abril de 2020

    O neurónio DGS

    Mariana Sottomayor

    Como todos sabem, o cérebro humano é um órgão notável em capacidade de integração de informação, graças à enorme quantidade de neurónios e à ainda maior quantidade de conexões entre eles. Como será também já sobejamente conhecido, embora não tanto,  as conexões nervosas involuem ao longo da vida se não forem utilizadas, e os neurónios, esses, morrem mesmo se não forem utilizados com uma certa frequência. Kaput, sem retorno!

    A Direcção Geral da Saúde, DGS, talvez mercê de uma actividade repetitiva, pouco diversificada, e que envolve essencialmente a aplicação de protocolos sanitários de proveniência internacional, sem grande necessidade de integrar informação diversa para produzir conclusões novas, vulgo raciocínio, aparenta todos os sintomas de possuir um só neurónio.

    Quando a Covid-19 chegou a Portugal, embora já fosse óbvio e comprovado o seu carácter fulminante pela situação de inúmeros países, incluindo vizinhos nossos, o neurónio DGS aplicou pressurosamente os princípios da cartilha que estudou dedicadamente ao longo de anos sobre as acções a tomar no início de uma epidemia. E assim decretou que só se faziam testes aos doentes ou suspeitos que possuíssem “link epidemiológico”.

    Durante cerca de duas semanas, os médicos deste país viveram impotentes sob a ditadura do “link epidemiológico”. Não interessava o seu juízo clínico do doente. Quando o médico pedia a necessária autorização para fazer o teste, se não houvesse “link epidemiológico”, não havia teste. Uma doente oncológica imunodeprimida, com todos os sintomas da doença, com três passagens recentes para fazer exames no hospital para onde convergiam a maior parte dos casos detectados até à altura no país, não tinha “link epidemiológico”, pois não tinha estado fora do país, etc. — nada de teste. E a doente voltou pacientemente para casa não-referenciada, foi tratada pelo seu marido com dedicação, este continuou a visitar com igual dedicação a sua mãe octogenária no lar em que vivia, e os dois filhos do casal continuaram a ir para a escola todos os dias, sem sintomas mas muito provavelmente contagiosos. E foi assim, multiplicado pelos muitos casos similares, que o “link epidemiológico” decretado pelo neurónio DGS promoveu a disseminação silenciosa e exponencial da Covid-19 durante quase duas semanas.

    O neurónio DGS anda muito ufano com o achatamento da nossa curva, mas eu peço aos leitores que procurem, e aos jornalistas que divulguem, o que se passa na Grécia. E como as medidas certas na hora certa permitiram que a Grécia tenha oito vezes menos casos e cinco vezes menos mortes, para uma população que tem o mesmo tamanho que a nossa (valores de 13 de Abril)!

    Mas o neurónio DGS é dedicado como já referi. E bem vivo, porque sendo só um, é utilizado continuamente. E nesta situação faz o que sabe: lê protocolos e artigos, cintila de alegria quando encontra algo relacionado com a situação e aplica a receita. Mas como é só um, não consegue cruzar o que leu com as variáveis complexas da situação real. E assim emite a norma 9/2020 de 2/04 relativa a doentes oncológicos em que, entre coisas essenciais que só não se percebe serem emitidas um mês depois de a pandemia ter chegado ao país, decreta o seguinte:  que um doente oncológico que faça quimioterapia deve obrigatoriamente ser testado para a Covid-19 antes do tratamento (ponto 17).

    Significa isto que um doente oncológico que faça tratamento semanal (o mais frequente), vai passar a ter que se deslocar duas vezes por semana ao hospital. Talvez o neurónio DGS não saiba, ou simplesmente não consiga computar, mas os hospitais onde se faz quimioterapia não existem ao virar da esquina da casa de cada doente. Ir duas vezes por semana ao hospital significa para muito doentes fazerem horas de transporte com outros doentes ou em carreiras públicas! Pense-se Miranda do Douro-Porto! São duas vezes de canseira física, contactos físicos redobrados e visita a um hospital que, mesmo com circuitos independentes, será sempre um local de risco elevado de contaminação! Por outro lado, um hospital que fazia por semana 500 tratamentos, vai passar a ter que fazer mais 500 atendimentos, envolvendo uma logística que vai ocupar um contingente muito significativo de profissionais de saúde, desde funcionários administrativos a enfermeiros e médicos. Isto num momento em que estes profissionais não têm mesmo nada que fazer!

    Finalmente, cereja em cima do bolo, o neurónio DGS decreta que qualquer doente oncológico positivo tem que suspender o seu tratamento até à recuperação da infecção (ponto 22)! Não será isto algo que deverá ser avaliado clinicamente e decidido caso a caso pelos médicos que tratam o doente? E já agora, não se pode também deixar ao juízo clínico dos médicos a decisão de quando faz sentido ou não testar um doente oncológico? Não, passamos ao tratamento dos doentes por decreto, bem vindos à medicina nos tempos da pandemia! Enviem-se os médicos ajudar outros países mais necessitados, aqui só precisamos de funcionários técnicos para aplicar os decretos do neurónio DGS.

    Sr. Primeiro Ministro, a DGS é uma peça chave na nossa luta contra as mortes diárias e a ameaça da maior bancarrota da história recente do nosso país provocadas pela pandemia Covid-19. Já lhe ocorreu que seria essencial ter uma DGS melhor provida?

    sexta-feira, 24 de abril de 2020

    A GUERRA IBERO-HOLANDESA

    Não foi contada por mim mas, é verdadeiro o conteúdo.

    Não vou discutir a questão dos Eurobonds, que já é velha e em que a posição dos diversos países europeus não mudou. O que me ocorre comentar é o acinte do ministro holandês para com a Espanha.

    Porquê em especial a Espanha?

    Há coisas da História que ficam na memória colectiva dos povos, não tanto enquanto memória dos factos, mas como memória emocional, em ódios e estimas. E o facto é que há na Holanda um ressentimento secular contra Espanha e também contra Portugal, como se constata em blogs e ciber-grupos quando

    se fala dos Descobrimentos ibéricos. Donde vem isso?

    É que a Espanha e a Holanda travaram uma guerra durante 80 anos, entre 1568 e 1648! A qual acabou com a vitória holandesa na Europa, mas a derrota no Ultramar espanhol. É uma longa história, que não vou desenvolver, mas referir apenas que, sem justificação, a Holanda alargou essa guerra a Portugal, no que foi sem dúvida a primeira guerra imperialista moderna da História europeia.

    Por cá é pouco conhecida, como tudo o que respeita à História do nosso império ultramarino, mas essa guerra foi a guerra mais longa que Portugal travou na sua História, a seguir à guerra contra os mouros.

    Basicamente, a Holanda procurou roubar a Portugal o seu império ultramarino. Começou por piratear sistematicamente os nossos galeões e caravelas, e no Oriente tirou-nos tudo o que pôde - Ceilão, as Molucas (actual Indonésia, de que só nos deixou Timor) , o comércio com o Japão, e só não nos tirou Macau por que o imperador chinês nos protegeu, ao contrário do imperador japonês.

    Na África tirou-nos o Cabo, não conseguiu tirar Moçambique, mas tentou também tirar-nos o Brasil e as colónias da África atlântica. Que foi onde a guerra foi mais acesa e longa.

    A guerra no Brasil foi pela apropriação das plantações de açúcar, e durou 65 anos. Foram os próprios brasileiros quem derrotou e expulsou os holandeses, embora estes tenham depois ido plantar açúcar na Guiana. Como o açúcar brasileiro (que todos os outros depois copiaram no Haiti, em Cuba, etc.) era uma agro-indústria inviável sem os escravos africanos, a Holanda tomou-nos São Tomé e Príncipe, a Mina na costa da Guiné, e em 1640, quando já não éramos súbditos dos espanhóis e portanto sem desculpa, Luanda. Mas apenas Luanda, nunca conseguindo desalojar os portugueses das suas posições no interior, graças aos nossos aliados africanos e também à ajuda brasileira.

    Também no Brasil, como em Angola, os holandeses nunca conseguiram passar de algumas cidades costeiras para o interior. No interior dominaram sempre os portugueses, os luso-brasileiros, e em Angola os luso-africanos. No Brasil os luso-brasileiros mantiveram cercadas as cidades costeiras sob domínio holandês, desbaratando-os quando tentavam penetrar no interior. E foram os brasileiros quem financiou, construiu e equipou a armada que foi a Luanda e a São Tomé recuperar aquelas fontes de escravos para as plantações de açúcar. A historiografia brasileira oficial considera que foi nessa guerra que se forjou a sua nacionalidade, com a luta combinada de destacamentos luso-brasileiros brancos, tropas índias, e tropas negras formadas por Ex-escravos. Todos juntos contra os holandeses.

    A questão religiosa foi importante, neste desfecho da guerra luso-holandesa. A aversão calvinista dos holandeses aos ícones religiosos católicos, aos santinhos e aos andores com a Nossa Senhora, às relíquias sagradas e ao Papa, não colhia apoio entre africanos e índios cristianizados pelos estimados jesuítas. Pelo contrário, escandalizava-os.

    A Holanda perdeu essa guerra no Atlântico, portanto, mas ficou ressentida.

    Nota: a Holanda era a parte norte de uma nação mais vasta, os "países baixos", cuja parte sul acabou por ficar do lado espanhol. Não só com a maioria católica do sul que não se revia no calvinismo holandês, como de parte dos próprios protestantes de outras igrejas, dada a intolerância calvinista. Essa parte sul acabou por conseguir a sua independência em 1830 e é desde então a Bélgica. Com quem Portugal sempre se deu bem.

    A História tem muita força…

    Teoria - A GRANDE ENCENAÇÃO CHINESA.

    1. Crie um vírus e o antídoto.

    2. Dissemine o vírus.

    3. De uma demonstração de eficiência, construindo hospitais em poucos dias. Afinal você já estava preparado, com os projectos, a encomenda dos equipamentos, a contratação da mão-de-obra, a rede de água e esgoto, os materiais de construção pré-fabricados e estocados num volume impressionante.

    4. Provoque o caos no mundo, começando pela Europa.

    5. Engesse rapidamente a economia de dezenas de países.

    6. Interrompa as linhas de produção das fábricas dos outros países.

    7. Provoque a queda das bolsas e compre empresas a preço de banana.

    8. Controle rapidamente a epidemia no seu país. Afinal você já estava preparado.

    9. Abaixe o preço das commodities, inclusive o preço do petróleo que você compra em larga escala.

    10.Volte a produzir rapidamente, enquanto o mundo está parado. Compre o que você negociou barato na crise e venda mais caro o que está em falta nos países que paralisaram as suas indústrias.

    Afinal, você leu mais Confúcio do que Karl Marx.

    PS: Antes de rir, leia o livro dos coronéis chineses Qiao Liang e Wang Xiangsui, de 1999, “Unrestricted Warfare: China’s master plan to destroy América”, na Amazon, depois a gente conversa. Está tudo lá.

    “Guerra sem limites: plano director da China para destruir a América”

    Sinopse:

    Um estudo sóbrio e fascinante sobre a guerra na era moderna, a Guerra sem limites explora cuidadosamente estratégias que nações militarmente e politicamente desfavorecidas poderiam tomar para atacar com sucesso uma superpotência geopolítica como os Estados Unidos. A doutrina militar americana é tipicamente liderada pela tecnologia; uma nova classe de arma ou veículo é desenvolvida, o que permite ou incentiva um ajuste na estratégia. Os estrategistas militares Qiao Liang e Wang Xiangsui argumentam que essa dinâmica é uma fraqueza crucial no exército americano, e que este ponto cego em relação às formas alternativas de guerra poderia ser efectivamente explorado por inimigos. A guerra sem limites diz respeito às muitas maneiras pelas quais isso pode ocorrer, e, por sua vez, sugere o que os Estados Unidos podem fazer para se defender.

    A mentalidade tradicional de que a acção ofensiva está limitada à acção militar não é mais adequada dada a gama de ameaças contemporâneas e os custos crescentes - tanto em dólares como vidas perdidas da guerra tradicional. Em vez disso, Liang e Xiangsui sugerem a importância de alternativas para o confronto militar directo, incluindo política internacional, guerra económica, ataques à infra-estrutura digital e redes e terrorismo. Mesmo um Estado relativamente insignificante pode incapacitar um inimigo muito mais poderoso, aplicando pressão em seus sistemas económicos e políticos. Explorando cada uma dessas considerações com notável percepção e clareza, a Guerra sem limites é uma avaliação envolvente do nosso futuro geopolítico.


    quarta-feira, 15 de abril de 2020

    DGS lança orientações sobre alimentação nos lares de idosos

    A Direcção-Geral da Saúde (DGS) publicou um guia com orientações para o fornecimento e distribuição de uma alimentação segura e de organização do espaço físico por forma a minimizar o risco de infecção por COVID-19 nas Estruturas Residenciais para Idosos (ERPI), Unidades de Cuidados Continuados Integrados e outras respostas dedicadas a pessoas idosas.

    Entre os conselhos, a DGS sugere a reorganização do espaço de refeições ou do modelo de serviço, de forma a permitir uma distância de segurança de um a dois metros entre utentes e garantindo que não ficam sentados frente a frente.

    Na distribuição das refeições, os colaboradores devem, entre outras medidas, utilizar máscaras cirúrgicas, lavar adequadamente as mãos antes de começar o serviço, evitar tocar nos olhos, boca e nariz e oferecer uma solução alcoólica aos utentes para que higienizem as mãos antes e depois das refeições.

    Quando a distribuição de refeições é feita no domicílio, é necessário assegurar a higienização do veículo de transporte antes e depois de cada momento de distribuição de refeições e utilizar máscara cirúrgica no momento da entrega, entre outros cuidados.

    Na preparação e confecção de refeições, os profissionais devem assegurar as boas práticas de higiene. Contudo, lê-se no manual, “reforçar estas boas práticas neste período é de extrema importância”. Assim, o documento destaca as “Cinco Chaves para uma Alimentação mais Segura” definidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS): manter a limpeza, separar alimentos crus de cozinhados, cozinhar bem os alimentos, manter os alimentos a temperaturas seguras e utilizar matérias primas seguras.

    Saiba mais sobre as

    Estruturas Residenciais para Idosos (ERPI), Unidades de Cuidados Continuados Integrados e Outras Respostas Dedicadas a Pessoas Idosas