Há muito se antecipava a aproximação entre PS e PAN. Depois do PS do "animal feroz", ainda agora Costa assegurou que “a causa de sucesso desta solução governativa é que ninguém teve de engolir sapos".
É a grande novidade saída das Eleições Europeias. Depois do romance com o Bloco de Esquerda e o PCP, o PS do babush António Costa tem nova companhia para futuros flirts coligativos, o PAN. O facto dos votos no Pessoas-Animais-Natureza terem procriado como coelhos deixa o partido à espreita, qual suricata, de uma oportunidade para integrar uma coligação vindoura. Até porque em relação aos actuais parceiros de geringonça o primeiro- ministro afirmou que “Aquilo em que conseguimos convergir tem sido suficiente para uma muito boa amizade, mas insuficiente para podermos ter um casamento.” Ou seja, para já não há casório, mas BE, PCP e agora PAN são uma espécie de noivas de Santo António Costa, vá.
No entanto, a julgar pela votação alcançada domingo passado, para o PCP isto de ser uma noiva do Babush revelou-se mais parecido com ser uma noiva do Daesh. De início deve ter sido muito emocionante, sim senhor, havia aquela excitação da transgressão e do perigo e tal, mas para os comunistas, em menos de nada, tudo se transformou num resultado eleitoral verdadeiramente aterrador.
Agora, já se antecipava há muito esta aproximação entre PS e PAN. Desde logo porque inevitavelmente o PAN tem um fraquinho pelo partido outrora dirigido pelo “animal feroz”. Depois porque ainda anteontem António Costa assegurou que “a causa de sucesso desta solução governativa é que ninguém teve de engolir sapos. Acho que isto é uma qualidade importante.” Não há dúvida que o primeiro-ministro escolheu o momento exacto para destacar a importância que dá ao facto de nenhum batráquio ter sido deglutido durante a vigência da actual coligação, tocando assim fundo o coração dos militantes da defesa dos animais.
Bom, mas se é verdade que PAN, PS e BE estiveram bem neste acto eleitoral, quem esteve assombrosa foi a abstenção. O que me leva a crer que é altura de ratificar a proposta do PAN de alargar a idade de voto para os 16 anos. Aliás, para mim alargava-se a idade para os 13 anos. É sabido que a única coisa que agrada mais aos jovens destas idades do que borrifarem- se para o que os pais dizem é borrifarem-se para o que os pais dizem enquanto contrariam de propósito os seus progenitores. Ora, podendo votar, esta canalhada iria às urnas aos magotes só para provocar os pais abstencionistas. E na volta, para azucrinarem ainda mais um bocadinho, votavam em partidos que realmente apresentassem projectos para o país. Se o encontrassem no boletim.
Mas atenção, esta não é a única iniciativa inovadora do PAN. O eurodeputado eleito pelo partido, Francisco Guerreiro, é apaixonado por plogging, actividade que, dizem, consiste em recolher lixo ao mesmo tempo que se faz exercício. Lá está, isto não é mera reciclagem de detritos. É aqui que o PAN é disruptivo. Não há dúvida que o plogging também é reciclar lixo, mas é fundamentalmente reciclar terminologia laboral gasta. No meu tempo recolher lixo enquanto se fazia exercício era ser almeida. Mas não, agora vai-se a ver e é plogging.
A propósito de porcaria, o resultado eleitoral do PSD e do CDS foi aquilo a que em ciência política se convencionou designar por “bosta”. Realmente os partidos de extrema-esquerda fartaram-se de avisar para a chegada da extrema-direita. Parecia descabido, mas afinal a previsão não falhou por muito. É facto que nestas eleições não assistimos à afirmação da extrema-direita, mas pode-se afirmar que assistimos à extrema-unção da direita.
- Tiago Dores 29/5/2019,
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