Localizado numa ilha norueguesa – a "caixa-forte" no Árctico - o mais importante banco de sementes no mundo continua a receber milhares de variedades, de sementes, incluindo arroz e milho. Com mudanças climáticas, aumenta o stock de espécies armazenadas no local.
Fundado em 2008, o Svalbard Global Seed Vault foi pensado para armazenar o maior número possível de sementes de plantas consumidas por humanos.
Na caixa-forte de sementes mais importante do mundo, uma espécie de arca de Noé botânica, o maior carregamento já feito de uma única vez conta também com sementes brasileiras. Criado para armazenar cópias de segurança de milhares de tipos de alimentos, o Svalbard Global Seed Vault, construído em território árctico da Noruega, recebe 3.438 variedades de sementes colectadas no Brasil nesta terça-feira (25/02).
A colecção reúne sementes recolhidas ao longo dos últimos 50 anos por agricultores brasileiros, embaladas em pacotes especiais e distribuídas em 11 caixas. São variedades de arroz, milho, pimenta, cebola, abóbora, pepino, melão e melancia acondicionadas para resistir ao tempo e manter por séculos a capacidade de germinar.
"É um património do nosso povo", comenta a bióloga Rosa Lia Barbieri, pesquisadora da Empresa Brasileira de Pesquisa Agro-pecuária (Embrapa). O órgão está na lista das 36 organizações que fazem parte desse novo depósito de amostras na Noruega.
"São sementes tradicionais cultivadas por agricultores e colectadas ao longo das últimas décadas. Algumas delas não são mais cultivadas, mas foram há 50 anos, por exemplo, e temos tudo isso guardado no nosso banco", afirma a bióloga.
Numa das ilhas do remoto arquipélago de Svalbard, que dá nome ao banco de sementes, Barbieri acompanha a entrega. "Os bancos funcionam como uma estratégia para segurança alimentar e até segurança nacional", diz.
Em caso de catástrofes que arrasem plantações ou de doenças novas, a variação genética guardada pode ser usada como fonte na busca por alternativas, pontua a pesquisadora sobre a relevância do trabalho.
Com a nova remessa e um reforço técnico recente em suas estruturas, o banco global de Svalbard ultrapassa a marca de um milhão de variedades guardadas. Para os administradores, o número recorde de contribuições recebidas em 2020 reflecte duas grandes preocupações: temores sobre o impacto das mudanças climáticas no cultivo de alimentos e a perda da biodiversidade.
"Ter uma diversidade e fontes genéticas de plantas à disposição para pesquisa e melhoramento genético é essencial para o desenvolvimento de novas variedades que serão necessárias para o abastecimento futuro de alimentos num clima que está mudando", detalha à DW Brasil Åsmund Asdal, coordenador do Svalbard Global Seed Vault.
Resistência à prova
Fundada em Fevereiro de 2008, a estrutura, mantida pelo governo da Noruega em parceria com a organização internacional Crop Trust, foi pensada para armazenar o maior número possível de sementes de plantas consumidas por humanos.
Amostras de praticamente todos os países do globo são guardadas a uma temperatura de -18 ºC. Do lado de fora, rochas e solo congelados permanentemente, o permafrost, garantem as condições ideais para que as sementes não percam suas propriedades – mesmo se houver falha de energia no prédio.
Amostras de praticamente todos os países do globo são guardadas Svalbard Global Seed Vault, a uma temperatura de -18 ºC
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