segunda-feira, 29 de junho de 2020

Um muçulmano é um árabe? Não

Um árabe não é um muçulmano, islâmico não é o mesmo que um islamita, nem um jihadista. Entenda onde é que estes termos se afastam e aproximam.

Os atentados terroristas que mataram 129 pessoas em França (em 2015) reacenderam a discussão sobre as relações entre o Ocidente e o mundo árabe. É dele que chegam palavras que são facilmente confundidas: porque um árabe não é necessariamente um muçulmano e dizer “islâmico” não é o mesmo que dizer “islâmica”. Eis as diferenças entre estes e outros termos.

O mundo árabe

Por norma, quando utilizamos a palavra “árabe” não fazemos a diferenciação entre a origem geográfica e a origem linguística do termo. O que acontece é que chamamos árabes a todos os que residem num dos 10 países da Península Arábica e aos países onde, embora não estejam inseridos nesse território, a maioria da população fala árabe. Em suma, são 21 países que têm maioria muçulmana. Em conjunto com o Estado Palestino compõem a Liga Árabe.

O termo “árabe” não tem carácter religioso, mas sim cultural: refere-se a todos os que partilham algum costume ou ritual relacionado com o idioma árabe, que nasceu na Península Arábica. O árabe é o idioma oficial dos países que compõem essa península, assim como de mais alguns países de maioria muçulmana, mas não todos. É também a língua oficial do Islamismo, a religião que se rege pelo Corão.

Árabes da península da Arábia

Aqui existem sete países – Arábia Saudita, Bahrein, Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Omã, Qatar e Iémen -, todos geograficamente incluídos na península da Arábia e tendo o árabe como língua oficial. Todos eles são também países muçulmanos.

Árabes que não pertencem à península da Arábia

Há mais 14 países em que o árabe é a principal língua oficial e ficam fora da península arábica: Mauritânia, Marrocos, Argélia, Tunísia, Líbia, Egipto, Sudão, Djibouti, Somália, Jordânia, Líbano, Síria e Iraque, para além da Autoridade Palestiniana. Nem todos os que nasceram ou vivem nesses países podem ser considerados árabes – há, por exemplo, importantes comunidades berberes em Marrocos e na Argélia, aguerridas minorias curdas na Síria e no Iraque, para além dos drusos do Líbano e da Síria. Também não são todos muçulmanos, podendo existir importantes comunidades cristãs (como os coptas no Egipto ou os maronitas no Líbano), ou ainda influentes elites judaicas (caso de Marrocos). Por fim há também uma importante minoria árabe que vive em Israel.

Países muçulmanos que não são árabes

Os países de maioria muçulmana não-árabes são em maior número que os árabes e, sobretudo, são muito maiores em população. Espalham-se pela África sub-sariana, pela Europa (Albânia e Bósnia-Herzegovina), pela antiga União Soviética e pela Ásia, onde se localizam os três países muçulmanos com mais população: a Indonésia, o Bangladesh e o Paquistão.

Países com minoria muçulmana considerável

Assume-se que os países com minoria muçulmana considerável são aqueles em que mais de 20% da população é muçulmana. Apesar de a população muçulmana na Índia ser inferior em percentagem a esse valor, este país está incluído na lista porque tem quase 175 milhões de muçulmanos (segundo os dados de 2004 da CIA World Fact Book), o que faria dele o segundo país muçulmano mais populoso do mundo, logo a seguir à Indonésia.

O mundo muçulmano

Muçulmano é todo aquele que se rege pelo Islamismo, a religião cujo profeta é Maomé e tem como livro sagrado o Corão. A palavra muçulmano deriva do termo árabe “aslama”, que significa “submetido a Deus”. O muçulmano está para o Islamismo como o cristão está para o Cristianismo.

E assim como este último está dividido por vários ramos (católicos, protestantes, ortodoxos), também os muçulmanos podem pertencer a uma vertente específica do Islamismo, dividindo-se em dois grandes ramos, os sunitas e os xiitas. Dentro destes ramos existem ainda outras variantes mais específicas e localizadas.

Ser muçulmano e ser árabe não é pois sinónimo. Dentro dos países árabes há quem não siga o Islamismo e, portanto, não seja muçulmano. Há, por exemplo, árabes cristãos: no Líbano chamam-se maronitas e no Egipto coptas ortodoxos.

Em África, os países muçulmanos não árabes – e com costumes tipicamente africanos – são 18: Benin, Burkina Faso, Camarões, Chade, Costa de Marfim, Gabão, Gâmbia, Guiné-Bissau, Mali, Moçambique, Níger, Nigéria, Senegal, Serra Leoa, Somália, Sudão, Togo e Uganda. Alguns destes países têm constituições laicas, mas neles os residentes muçulmanos têm uma voz muito activa.

Mesmo dentro dos países árabes, nem todos são muçulmanos: os berberes e os curdos são dois exemplos. Os berberes são maioritariamente muçulmanos mas não se assumem como tal e designam-se de “imazighen”, que significa “homem livre”. Por sua vez, os curdos, com origem no Curdistão, região que inclui territórios do Iraque, Irão, Síria, Turquia, Geórgia e Arménia, a maioria é sunita e 1/3 da população yazdanita, religião monoteísta praticada sobretudo antes da islamização na Idade Média.

Muçulmanos na Europa

O país europeu (se assim o podemos designar) com maior percentagem populacional muçulmana é a Turquia: dos quase 75 milhões de habitantes, 99% segue o Islamismo. Ainda assim, este país declarou-se oficialmente laico. Mas é nos Balcãs que estão os restantes países muçulmanos da Europa: na Albânia, no Kosovo e na Bósnia-Herzegovina, cerca de metade da população é muçulmana e a outra metade é cristã.

O mundo islâmico… ou islamita?

É importante desde já esclarecer um aspecto: os termos “islâmico” e “islamita” não significam o mesmo. Diz-se “islâmico” tudo o que está relacionado com o islamismo. É, portanto, um termo relacionado com esta religião, cujo profeta e identidade máxima é Maomé e os seus ensinamentos.

Por outro lado, diz-se islamita todo aquele que assume uma visão integralista do Islão, fazendo uma leitura ortodoxa e literal dos textos sagrados e pretendendo impor a toda a vida social, cultural, política e económica aos ensinamentos religiosos e o quadro legal da sharia.

Muitos islamitas defendem os seus princípios de forma pacífica, mesmo que por vezes de forma opressiva, como sucede, por exemplo, na Arábia Saudita. Não devem, portanto, ser confundidos com os jihadistas. Essa palavra, que vem do árabe, significa “aquele que se empenha” e designa os combatentes violentos das facções mais fundamentalistas e radicais do Islamismo.

Ser muçulmano e ser árabe não é pois sinónimo. Dentro dos países árabes há quem não siga o Islamismo e, portanto, não seja muçulmano. Há, por exemplo, árabes cristãos: no Líbano chamam-se maronitas e no Egipto coptas ortodoxos.

Em África, os países muçulmanos não árabes – e com costumes tipicamente africanos – são 18: Benin, Burkina Faso, Camarões, Chade, Costa de Marfim, Gabão, Gâmbia, Guiné-Bissau, Mali, Moçambique, Níger, Nigéria, Senegal, Serra Leoa, Somália, Sudão, Togo e Uganda. Alguns destes países têm constituições laicas, mas neles os residentes muçulmanos têm uma voz muito activa.

Mesmo dentro dos países árabes, nem todos são muçulmanos: os berberes e os curdos são dois exemplos. Os berberes são maioritariamente muçulmanos mas não se assumem como tal e designam-se de “imazighen”, que significa “homem livre”. Por sua vez, os curdos, com origem no Curdistão, região que inclui territórios do Iraque, Irão, Síria, Turquia, Geórgia e Arménia, a maioria é sunita e 1/3 da população yazdanita, religião monoteísta praticada sobretudo antes da islamização na Idade Média.

Muçulmanos na Europa

O país europeu (se assim o podemos designar) com maior percentagem populacional muçulmana é a Turquia: dos quase 75 milhões de habitantes, 99% segue o Islamismo. Ainda assim, este país declarou-se oficialmente laico. Mas é nos Balcãs que estão os restantes países muçulmanos da Europa: na Albânia, no Kosovo e na Bósnia-Herzegovina, cerca de metade da população é muçulmana e a outra metade é cristã.

O mundo islâmico… ou islamita?

É importante desde já esclarecer um aspecto: os termos “islâmico” e “islamita” não significam o mesmo. Diz-se “islâmico” tudo o que está relacionado com o islamismo. É, portanto, um termo relacionado com esta religião, cujo profeta e identidade máxima é Maomé e os seus ensinamentos.

Por outro lado, diz-se islamita todo aquele que assume uma visão integralista do Islão, fazendo uma leitura ortodoxa e literal dos textos sagrados e pretendendo impor a toda a vida social, cultural, política e económica aos ensinamentos religiosos e o quadro legal da sharia.

Muitos islamitas defendem os seus princípios de forma pacífica, mesmo que por vezes de forma opressiva, como sucede, por exemplo, na Arábia Saudita. Não devem, portanto, ser confundidos com os jihadistas. Essa palavra, que vem do árabe, significa “aquele que se empenha” e designa os combatentes violentos das facções mais fundamentalistas e radicais do Islamismo.


Marta Leite Ferreira

17 nov 2015,

https://observador.pt/2015/11/17/glossario-um-muculmano-nao-um-arabe/

sexta-feira, 26 de junho de 2020

Monarquia no PS: D. Costa e Príncipes Herdeiros

Urgem reformas em Portugal que nos elevem para o topo europeu em vez de nos levarem para o fundo do mundo. Tem de haver uma lei a sério, com efeitos imediatos contra o nepotismo.

Na escadaria dos Paços do Concelho de Lisboa há uma escultura a celebrar a república portuguesa e a educação. Em oito anos a vê-la diariamente, Dom António Costa e a sua corte na actual direcção do PS não aprenderam nada sobre serem republicanos e laicos; preferem ser monárquicos e fundamentalistas.

Nesta república semelhante à de Bolsonaro e filhos, Costa sénior para pôr Costa júnior a presidente de junta, trocou esse lugar pelo de deputado com Pedro Cegonho. Não houve um único voto envolvido nestas transacções do regime apodrecido. Tal como ninguém escolheu o rei D. Carlos, nenhum eleitor escolheu quer Dom Pedro Cegonho para deputado da assembleia da república quer Dom Pedro Costa para presidente da junta de freguesia de Campo de Ourique. Para integrar a lista geral de deputados por Lisboa do PS, Cegonho não foi escolhido sequer pelos militantes socialistas que já não contam para nada. Cegonho só foi eleito especificamente pela população para presidente da junta. Costa júnior não foi eleito presidente. Dava era jeito lá em casa do pai Costa o filho ser presidente da junta. Num país falido porque governado há décadas por estes métodos da corte política, de que há de viver o real primogénito sem ser do Estado?

Claro que houve “eleições” como havia no MPLA de José Eduardo dos Santos que também ajudava a filha devido á “competência” dela. Alguns Lisboetas militantes do PS tiveram de pôr a cruz na lista única de candidatos a deputados por Lisboa do PS escolhida por Costa onde Cegonho estava incluído. Isso foi só encenação pois o voto dos militantes só conta quando agrada ao chefe. Por exemplo na Distrital de Braga os militantes votaram por larga maioria para incluírem candidatos de valor na lista de deputados do PS por aquele círculo. No entanto, Costa, removeu da lista de candidatos os que tinham valor e tinham sido eleitos pelos militantes. Não davam jeito a D. Costa: Eram republicanos éticos e podiam não compactuar com arranjos familiares ou caros negócios na TAP, Lítio, BES, SIRESP e Kamov. Assim, como podemos combater o conflito de interesses e lobbies?

Quanto à população, em nenhum círculo eleitoral do país, pode escolher unipessoalmente o seu deputado do PS. Nós portugueses tivemos de votar por atacado em listas distritais gerais de nomes sancionados todos por D. Costa, sem escolher nem saber que deputado nos representa especificamente, como aconteceria numa democracia avançada. Não representando a população, como combateremos a abstenção que põem em causa a democracia?

Esta corte monárquica de Ex jotas partidários, que nenhum eleitor pode escolher unipessoalmente para a assembleia da república ou governo, acumulam cargos e respectivos salários como se fossem super gestores. Isto apesar de não terem experiencia profissional relevante fora da política. Cegonho acumulou ser deputado da nação e presidente de junta. Há outros presidentes de juntas de Lisboa que são deputados nacionais e acumulam vários cargos subsidiados pelo estado claro. Esta fidalguia tem uma ganância tão grande por dinheiro do estado que quer lá saber de ter tempo para gerir bem. Desprezam os milhões de cidadãos que deveriam servir e os milhares de portugueses qualificados que poderiam fazer a tempo inteiro cada um dos múltiplos cargos que cada um destes fidalgo tem. Como se não bastassem estes vícios cumulativos no activo político, até os políticos reformados acumulam reforma com subvenção vitalícia. Na corte acreditam mesmo que há 2 pesos e 2 medidas: uma para a plebe outra para eles. Estes filhos de algo – ou quem os puser avante no poder – até podem fazer festas numa pandemia enquanto a população não pode. Que exemplo de democracia, qualificação, dedicação e resultados dá tal classe política?

O nepotismo está conotado com países que são pobres precisamente por não terem os melhores a governar, mas familiares de governantes a terem todos os cargos e privilégios sem saber gerir nada. Pode-se argumentar que num país rico como a América actual há também nepotismo com Trump a orientar a filha e o genro lá na Casa Branca. Isso é condenável, como outras coisas em Trump, mas Trump e a família já eram ricos antes da política. Nem a filha nem o genro auferem salários do estado. Por contraste, devido à política, na corte de Costa ascenderam socialmente, vivendo bem acima da média salarial portuguesa. Vários amigos de Costa nos negócios custam-nos milhares de milhões. Tudo o que seja parente e sobrinha de Carlos César está no governo nacional ou regional e empresas do estado independentemente do mérito ou qualificações (curiosamente na História já Cícero nos tinha alertado que depois do César original, Júlio, seria destruída a república e os imperadores passariam todos a ser familiares de César). Os irmãos Mendes têm a chefia do parlamento e a responsabilidade máxima pelos nossos impostos, sem qualquer qualificação ou experiencia profissional fenomenal em, por exemplo, políticas fiscais para atrair investimento internacional que gere riqueza. Uma orgia de monarquia e nepotismo maior e mais dispendiosa per capita que a de Trump apesar do país ser mais pobre. Os Portugueses ganham metade do que os Americanos ganham e são taxados o dobro. Enquanto os perdões fiscais vão para a Energia, os portugueses de classe média sofrem perseguições fiscais ou cartas atrasadas para as multas serem inevitáveis. Tudo contado, no final do mês um Americano médio pode ficar com um salário líquido até quatro vezes maior que o de um Português. Boa governação cá e defeitos só lá fora?

Houve um retrocesso civilizacional em Portugal. O PS de D. António Costa Bolsonaro dos Santos Trump, de novo rei de Portugal e dos Algarves, tornou-se numa espécie de monarquia de sangue não azul, mas onde o sangue de meia dúzia de famílias com garante sempre um bom cargo no estado, no governo, no parlamento, numa autarquia ou numa empresa pública sem qualquer eleição ou avaliação imparcial de resultados. Vieira da Silva pôs a filha a ministra e a mulher a deputada. Ana Paula Vitorino pôs o marido a ministro. Os deputados e governantes Ex jotas partidários já de meia idade põem as mulheres na TAP, na câmara de Lisboa ou no governo. Tanto lhes dá desde que o contribuinte pague tudo e muito. Não são capazes de fundar empresas ou esforçarem-se a trabalhar no privado que não viva do estado. Costa tem uma visão tão limitada para a família (quanto mais para a nação!) que nunca se lembrou de ensinar ao filho “vai qualificar-te, trabalhar no privado ou lá para fora para aprenderes como os outros países ficam ricos.” O plano foi sempre viverem do estado. Isto é ainda pior que a monarquia antiga porque essa preocupava-se em educar os príncipes para governarem. Nem a Rainha de Inglaterra tem o descaramento de orientar a família tanto no estado, sem exigir qualificações e profissões, como no actual PS fazem. Não há portugueses mais qualificados que esta meia dúzia de famílias governantes por direito monárquico?

Urgem reformas em Portugal que nos propelem finalmente para o topo europeu. É necessária uma lei séria e muito mais abrangente que a que existe, contra o nepotismo. A cunha e o favoritismo em Portugal é um problema bem mais grave e com mais danosas consequências para a vida dos cidadãos que noutros países. O país é mais pobre que a França (que legislou forte em 2017 contra o nepotismo) logo a população paga muito mais os efeitos de ser governada por uma monarquia degenerada. As contratações para os cargos de maior responsabilidade têm de ser não por nomeação monárquica de amigos ou familiares de políticos, mas por avaliação criteriosa de currículos, capacidades, méritos e resultados passados. Façam-se contratações da mesma maneira que a Fundação para a Ciência e Tecnologia já faz para atribuir bolsas de investigação, desde o saudoso e grande socialista democrático inteligente Mariano Gago. O grande Gago não escolhia a família e amigos como o pequenino Costa, exigia os melhores e para isso instituía um júri de mérito, internacional e imparcial. A riqueza da democracia faz os países ricos. Se não fizermos reformas assim como eliminaremos os vícios políticos que perpetuam a nossa pobreza?

Para transparência total, o autor destas linhas é há quase 2 décadas um profissional qualificado da indústria farmacêutica internacional que nunca viveu da política. No entanto, é militante do PS desde 1988 por admirar os fundadores heróis laicos e republicanos. Antes do exilio no estrangeiro foi eleito coordenador da secção do PS de Sesimbra e membro de comissão nacional do PS. Com um grupo íntegro e honesto já ganhamos a distrital de Setúbal no passado. Já no exilio, conseguimos montar uma oposição interna em Setúbal a Costa e seus fidalgos locais, os barões Mendes (os cavaleiros da ordem de Santiago, que tem a sua espada inscrita nos símbolos dos concelhos do distrito de Setúbal, devem estar às voltas na campa, por verem tão fraca fidalguia). Agora, mesmo que este autor ou outro/a que não fossem da linha de Costa ganhassem a presidência da distrital de Setúbal e fossem eleitos pelos militantes para integrarem a lista de deputados do PS por Setúbal, como não há democracia no PS monárquico, Costa nunca permitiria a eleição para o parlamento de alguém contra o nepotismo e que exigisse reformas, mérito e resultados. Isto como Costa riscou a lápis azul outros no distrito de Braga e pelo país. Como risca a Ana Gomes de candidata à presidência. Com gente de bem riscada, como não há de a política repugnar a população?

Na corte de Costa além de não serem republicanos também não são laicos. São fundamentalistas religiosos. Como o filosofo-ministro Luc Ferry explicou “as religiões providenciam ilusões exigindo que abandonemos a razão e paguemos o preço de não podermos pensar livremente.” Na direcção actual do PS, incluindo os nascidos nos anos 1970s e mais novos, exigem obediência total à ilusão do divino poder deles invocando até fazerem “milagres” nas finanças e na saúde. A Europa não acredita em tais milagreiros fundamentalistas, fechando-nos as portas dos aeroportos na cara devido ao Covid-19 e exige-nos impostos em troca de ajuda humanitária. Há pobres almas que se não rastejarem perante a corte monárquica e religiosa do PS actual e não abdicarem dos princípios que estiveram na base da fundação PS, perdem empregos. Ora sabemos que no país mal gerido por Costa e seus há décadas, há poucos bons empregos, raros como água no deserto. Por isso que alternativas tem alguns se não serem lacaios cobardes da corte falando só grosso contra quem não tiver poder?

Poder-se-ia argumentar que, no passado, familiares de Soares no PS também tiveram destaque. No entanto, a família Soares já tinha a sua empresa educacional credível e fonte de riqueza fora da política. Era e é dum magnifico calibre intelectual mais próximo da nobreza de alma dos irmãos Kennedy do que da pequenez da obsessão doentia pela cunha e fidalguia de Costa. O Autoconfiante Soares adorava e promovia o debate de ideias diferentes dentro e fora do partido, combateu o comunismo e fez-nos entrar na Europa, galvanizando a nossa qualidade de vida. O inseguro Costa tem pavor da diferença de opinião, aproxima-nos do comunismo e afasta-nos dos padrões éticos e financeiros da Europa. Costa promoveu a expulsão de centenas de militantes do PS. Militantes há décadas no PS não puderam ser candidatos a presidentes das suas câmaras, mesmo tendo sido eleitos pelas concelhias locais do partido. O delito de opinião deles foi terem apoiado Seguro e serem condenados a ter de concorrer nas autarquias fora do PS. Valerá ainda a pena ser militante do PS e acreditar que, depois da tragédia de D. Costa e seus príncipes herdeiros jotas partidários, é possível recuperar no partido socialista a ética laica e republicana e respectiva liberdade de discussão que construa reformas e uma visão estratégica da nação no topo da Europa?

Com Costa igual a Dos Santos ou Bolsonaro, minguou assim para poucochinho o outrora grande PS de Soares, Sottomayor Cardia ou Tito de Morais. O partido já foi republicano e laico, moderado ao centro esquerda e pro-europeísta, combatendo corajosamente quer os ditadores de esquerda quer os de direita. Agora afastou-se dos antigos altos padrões europeus, republicanos e laicos. Tornou-se numa caricatura dos regimes que antes combatia, misto do pior da monarquia com o pior da extrema esquerda e da extrema direita. Afastou do poder os militantes mais pensantes e questionadores, expulsou os mais mobilizadores da população, tirou por completo o poder às bases, reduzindo a militância à insignificância. Costa promoveu à liderança actual uma reduzida e consanguínea monarquia de governantes Ex jotas já de meia idade mais ainda sem profissão a não ser viverem da política. Esta fidalguia tem tiques, censura e resultados económicos parecidos com repúblicas tropicais das bananas quer de esquerda chavista quer de direita pinochetiana. Pode já não haver salvação para tamanha corrupção. Estes nobres sem nobreza só se mantem no poder por aquilo que Noam Chomsky explicou sobre controlo dos media: “se a população não souber que há melhores alternativas não pode votar nelas e pensa que está sozinha no seu desespero e abstenção”. Por quanto mais tempo estes monárquicos do PS não terão oposição externa e calarão na TV e jornais impressos tradicionais lisboetas a oposição interna republicana e reformista?

Pedro Caetano é MPH (Harvard), PgDip (Oxford), PC (London), MS (Michigan), PharmD (Ohio State), MBA (ESSEC), MBA (Mannheim), PhD (Michigan), AA (Cincinnati), Lic. (Lisboa); Ex-Professor de Farmacologia e Epidemiologia na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa. Atual Director Global na Industria Farmacêutica baseado no condado de Oxford, Reino Unido.


(Artigo alterado às 11h24 a pedido do autor)

Pedro Caetano, no Observador.

Eu não sabia mãe.

Eu não sabia mãe, mas afinal nós é que temos a culpa. Toda a culpa.

Eu não sabia mãe que fazemos filas à porta dos serviços de registo e notariado para obter passaporte ou cartão do cidadão porque, como tão bem esclareceu a senhora secretária de Estado da Justiça, vamos para lá cedo demais e entupimos os serviços antes mesmo de eles abrirem.

Eu não sabia mãe, mas as florestas ardem por causa dos autarcas pouco diligentes, como explicou o senhor primeiro-ministro.

Eu não sabia mãe, mas se não há médicos nos hospitais é porque a Ordem dos mesmos não quer alargar o quadro de formação dos estudantes, como explicou a senhora ministra da Saúde em Março passado.

Eu não sabia mãe, mas se os enfermeiros fazem greve é porque estão em luta contra as medidas do Governo anterior (de Passos Coelho), como explicou o senhor primeiro-ministro. Este Governo só teve quatro anos para alterar essas medidas e por isso ainda não teve tempo.

Eu não sabia mãe, mas o SIRESP falhou por causa da PT, como disse o senhor primeiro-ministro.

Eu não sabia mãe, mas os professores fazem greve porque o Governo anterior (de Passos Coelho) os colocou numa situação de austeridade tão forte, tão forte, tão forte, que nem este Governo consegue repor os rendimentos e a contagem do tempo.

Eu não sabia mãe, mas afinal todas as greves decretadas durante este mandato foram o resultado das decisões do Governo anterior (de Passos Coelho), como explicou o senhor primeiro-ministro em Março passado.

Eu não sabia mãe, mas a falta de comboios ou de barcos é culpa dos trabalhadores que fazem greve às horas extraordinárias, como defendeu o senhor ministro do Ambiente em Junho passado, pois este Governo ao ver que o anterior (de Passos Coelho) tinha cortado no investimento público só agora conseguiu perceber, quatro anos depois, que devia encomendar material circulante.

Eu não sabia mãe, mas se o combustível nos faltar em Agosto é porque não atestámos o carro nem enchemos o número suficiente de jerricãs com carburante para atravessarmos a greve sem sobressaltos, como sabiamente recomendou o senhor ministro das Infra-estruturas e da Habitação.

Ainda bem mãe que há pessoas que nós elegemos para nos recordarem que a culpa é nossa e só nossa. Se não fossem estas pessoas mãe, eu continuaria ignorante pois tu, afinal, não sabes nada nem percebes nada e não conseguiste ensinar-me nada.

Quando eu era pequenino dizias-me que só seria um adulto quando assumisse as responsabilidades.

Ainda há adultos, mãe? (aqui o JD plagiou-me mas eu perdoo)


João Duque – Expresso

quarta-feira, 24 de junho de 2020

Apenas Sensatez e Clareza (Covid - 19)

Parecem-me bons conselhos.

1. «Talvez tenhamos de conviver com a covid-19 por vários anos. Não vamos negar nem entrar em pânico. Não vamos tornar as nossas vidas inúteis. Vamos aprender a conviver com este facto.»

2. «Não podemos destruir o novo coronavírus, que penetra nas paredes das células, apenas com as habituais regras de higiene, como lavar constantemente as mãos. A única coisa que vamos passar a fazer é ir à casa de banho mais vezes.»

3. «Apesar disto, lavar as mãos e manter distância física de dois metros é o melhor método de proteção.»

4. «Se não tem um paciente covid-19 em casa, não há necessidade de desinfectar as superfícies do lar constantemente.»

5. «Embalagens, botijas de gás, carrinhos de compras e caixas multibanco não transmitem o vírus. Lave as mãos e viva a sua vida como sempre a viveu.»

6. «A covid-19 não é uma infecção que se transmita de forma alimentar. Está associada a gotas de infecção, tal como a gripe. Não há risco comprovado de que a doença seja transmitida em alimentos.»

7. «Pode perder o olfato com muitas alergias e infecções virais. A perda de olfato é um sintoma comum em muitas complicações, e não apenas da covid-19.»

8. «Uma vez em casa, não temos necessidade obrigatória de trocar de roupa e de ir tomar banho. A limpeza é uma virtude, não pode ser uma paranóia.»

9. «O coronavírus não está no ar. Trata-se de uma infecção respiratória transmitida por gotículas que só acontece com o contato próximo.»

10. «O ar está limpo. Podemos caminhar pelos jardins, mantendo, naturalmente, a distância física de proteção.»

11. «O sabão normal é suficiente para eliminar o vírus que provoca a covid-19. Sabão antibacteriano nada resove. O corona é um vírus, e não uma bactéria.»

12. «Não precisa de preocupar-se com as entregas de comida em casa, ou mesmo take-away. Mas caso sinta mais confiança, pode aquecer os alimentos no microondas.»

13. «As probabilidades de levar o coronavírus para casa nos sapatos são as mesmas das de sermos atingidos pelo mesmo raio duas vezes no mesmo dia. Trabalho contra vírus há 20 anos e as infecções não se espalham assim, desta forma.»

14. «Ninguém fica protegido do vírus se tomar vinagre, nem sumos, nem gengibre. Podem favorecer a imunidade, mas nunca uma cura.»

15. «Usar máscara por longos períodos interfere nos níveis de respiração e de oxigénio. Use-a apenas, mas necessariamente, quando o distanciamento social for impossível, principalmente em espaços confinados.»

16. «Usar luvas também é má ideia. O vírus pode acumular-se na luva e ser facilmente transmitido se tocarmos no rosto. O que fazer? Aquilo que nenhum virologista se cansará de aconselhar: lavar as mãos regularmente.»

17. «A imunidade é muito enfraquecida ao permanecermos em ambientes fechados. Mesmo se comermos alimentos que aumentam a imunidade. Saia regularmente de casa. Vá a parques, à praia, ao campo. A imunidade é aumentada pela exposição a agentes patogéneos e não por ficar em casa a consumir alimentos fritos, condimentados, açucarados ou bebidas gaseificadas.»”

SABE O QUE É VENTILAÇÃO ARTIFICIAL?

Falam de respiração ou ventilação artificial, mas há muita gente que não faz a mínima ideia do que se trata.

Não é uma máscara de oxigénio posta na boca enquanto se fica deitado "a pensar na vida".

A ventilação invasiva para o COVID-19 é uma entubação que é feita sob anestesia geral e que consiste em ficar 2 a 3 semanas sem se movimentar, muitas vezes de barriga para baixo (decubitus ventral) com um tubo enterrado na boca até à traqueia e que  permite respirar ao ritmo da máquina a que se está conectado.

Não se pode falar, nem comer, nem fazer nada de forma natural.

O incómodo e a dor que se sente precisam da administração de sedativos e analgésicos para garantir a tolerância ao tubo durante o tempo que o paciente precisar da máquina para respirar. Tudo isso durante um coma artificial.

Em 20 dias deste "tratamento suave", num paciente jovem a perda de massa muscular é de 40% e a reabilitação será de 6 a 12 meses, associado a traumatismos da boca ou até mesmo das cordas vocais.

É por isso que as pessoas idosas ou já frágeis não aguentam.

Então, cuidem-se!

Fiquem em casa.

Partilhem ao máximo esta informação.

segunda-feira, 22 de junho de 2020

O que não poupávamos se Portugal tivesse mar

JOÃO QUADROS . NEGÓCIOS ONLINE

"Os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE) demonstram que o Pingo Doce (da Jerónimo Martins) e o Modelo Continente (do grupo Sonae) estão entre os maiores importadores portugueses".

     Porque é que estes dados não me causam admiração? Talvez porque, esta semana, tive a oportunidade de verificar que a zona de frescos dos supermercados parece uns Jogos Sem Fronteiras de pescado e marisco.

Uma ONU do ultra-congelado. Eu explico.

Por alto, vi: Camarão do Equador, Burrié da Irlanda, Perca Egípcia, Sapateira de Madagáscar, Polvo Marroquino, Berbigão das Fidji, Abrótea do Haiti?

Uma pessoa chega a sentir vergonha por haver marisco mais viajado que nós.

Eu não tenho vontade de comer uma Abrótea que veio do Haiti ou um Berbigão que veio das exóticas Fidji. Para mim, tudo o que fica a mais de 2.000 quilómetros de casa é exótico. Eu sou curioso, tenho vontade de falar com o Berbigão, tenho curiosidade de saber como é que é o país dele, se a água é quente, se tem irmãs, etc..

Vamos lá ver. Uma pessoa vai ao supermercado comprar duas cabeças de pescada, não tem de sentir que não conhece o mundo.

Não é saudável ter inveja de uma Gamba. Uma dona de casa vai fazer compras e fica a chorar junto do Linguado de Cuba, porque se lembra que foi tão feliz na lua-de-mel em Havana e agora já nem a Badajoz vai. Não se faz. E é desagradável constatar que o Tamboril (da Escócia) fez mais quilómetros para ali chegar que os que vamos fazer durante todo o ano.

Há quem acabe por levar Peixe-Espada do Quénia só para ter alguém interessante e viajado lá em casa. Eu vi Perca Egípcia em Telheiras.

Fica estranho. Perca Egípcia soa a Hercule Poirot e Morte no Nilo. A minha mãe olha para uma Perca Egípcia e esquece que está num supermercado e imagina-se no Museu do Cairo e esquece-se das compras. Fica ali a sonhar, no gelo, capaz de se constipar.

Deixei para o fim o Polvo Marroquino. É complicado pedir Polvo Marroquino, assim às claras. Eu não consigo perguntar: "tem Polvo Marroquino?", sem olhar à volta a ver se vem lá polícia. "Queria quinhentos de Polvo Marroquino" - tem de ser dito em voz mais baixa e rouca. Acabei por optar por Robalo de Chernobyl para o almoço. Não há nada como umas coxinhas de Robalo de Chernobyl.

Eu às vezes penso:

O que não poupávamos se Portugal tivesse mar.

22/6/2020

domingo, 21 de junho de 2020

Plandemic - legendado português (Br)

Eu quis publicar no Facebook, e fui informado que não o podia fazer por não ser confiável este site: https://www.brighteon.com

Este documentário lançado na semana passada, está em sintonia com o artigo publicado a 23 de Abril de 2020 pelo site oevento:

Hidroxicloroquina, o medicamento que não estava nos planos da Nova Ordem Mundial!

https://www.oevento.pt/2020/04/23/hidroxicloroquina/


O polígrafo da SIC (um dos principais canais de televisão de Portugal), que é um dos Fact-cheking recuou e não exibiu o artigo do site oevento.pt que considerava ser FAKE NEWS! Poderiam abrir a caixa de pandora, visto que nesse artigo visava Anthony Fauci, a OMS, a vacina chipada e a farsa desta pandemia.

https://www.oevento.pt/2020/05/04/fact-cheking-recua/


A liberdade de expressão não existe, porque todos que dizem a verdade são censurados.

O facebook censurou a página oevento.pt a 7 de abril de 2020.

Em todo o caso, podem seguir o site.

O site serve de preparação para a ASCENSÃO que irá ocorrer no planeta Terra.

Ver aqui: https://www.brighteon.com/bb4d2e61-618d-4021-b443-61569bdb23eb


sexta-feira, 19 de junho de 2020

Mais vale ser rico e ter saúde…

Qualquer calamidade – inundação, tremor de terra, vulcão, avalancha e, claro, pandemia – afectará sempre os mais pobres. Neste caso também os velhos, mas entre os velhos, os velhos mais pobres. Aliás, havia uma ironia que rezava assim: “mais vale ser rico, bonito, novo e ter saúde, do que pobre, feio, velho e ser doente”.


Sou a favor de que tudo se estude e tudo o que é possível saber se saiba. Penso que é um desejo ancestral do ser humano conhecer todos os pormenores do que o rodeia. Porém, não sei se o mal está nos estudos, se na forma como são divulgados, mas alguns deles parecem exemplos de tautologias, para não lhes chamar ‘óbvios ululantes’, na expressão do grande jornalista e escritor brasileiro Nelson Rodrigues.

Li em vários locais que a pandemia não é democrática, porque os mais letrados com empregos mais estáveis conseguiram, no geral, manter os rendimentos durante o tempo em que estiveram confinados. “Trabalho e desigualdades no grande confinamento”, um estudo feito por um organismo do ISCTE, diz que apenas 14% das pessoas mais qualificadas foram abrangidas pelo lay-off, e 55% destas tiveram possibilidade de teletrabalho.

Longe de mim criticar o estudo, que não conheço, até porque pode divulgar aspetos e conclusões interessantes para a definição de políticas públicas (que, mais do que a curiosidade, deve nortear estas iniciativas). O que me interpela é a sua divulgação ser na base da incidência e resistência à pandemia consoante os rendimentos. Qualquer calamidade – inundação, tremor de terra, vulcão, avalancha e, claro, pandemia – afetará sempre os mais pobres. Neste caso também os velhos, mas entre os velhos, os velhos mais pobres. Aliás, havia uma ironia que rezava assim: “mais vale ser rico, bonito, novo e ter saúde, do que pobre, feio, velho e ser doente”. A frase sublinhava, justamente, a evidência, o completo ‘óbvio ululante’.

O que, no fundo, me preocupa é pensar que quem divulga, ou mesmo quem faz o estudo, não veja este óbvio e sinta a necessidade de o demonstrar cientificamente. Mas… e terá sempre de haver vários mas num estudo, quando não existem, quer dizer que o trabalho não foi suficientemente escrutinado pelos pares e outros especialistas. Mas porquê? Na teoria da ciência, para serem considerados credíveis, os estudos têm forçosamente de resistir ao crivo da falsificação ou da negação.

Vamos, pois, à questão da pobreza na pandemia. Ela é muito mais severa para os que pouco ou nada têm, todos o sabem. Salvo, provavelmente, quem vive do campo e tem o seu magro sustento na terra, à volta da pequena casa isolada, onde pode viver o confinamento com relativa segurança, o pobre paga a dobrar.

Os estudos, no geral, referem pobres urbanos, que vivem nas periferias, em casas sobrelotadas, tendo de trabalhar durante o confinamento para que outros ficassem em casa. E a esses é óbvio que a pandemia os afetou muito mais.

Mesmo em termos psicológicos, uma família num T2 com pai, mãe e dois filhos tem um potencial de conflito várias vezes superior do que quem vive numa casa grande com piscina e jardim, várias salas com televisão e quartos de sobra.

Posto isto, não é o vírus que não é democrático. É a sociedade que é desigual e tem elementos mais vulneráveis do que outros.

Assim sendo, os trabalhos necessários são sobre o modo como pretendemos mitigar ou terminar com tais desigualdades. O que pretendemos? A igualdade absoluta, sabendo-a utópica? Criar condições para que a desigualdade seja menor? Por que modos? Constatar um facto que já todos sabíamos é voltar ao ululante óbvio.

E o que é verdadeiramente temível nestes estudos é o facto de muitos existirem com uma única preocupação: justificarem-se a si mesmo e aos centros de que emanam.

Recentemente, e o que será mais interessante estudar, do meu modesto ponto de vista, é por que razão tantos estudos – mesmo da área da saúde pública – são colocados na esfera pública sem estarem sedimentados? Por que se oscila entre andar de máscara e andar sem ela? Descalçar os sapatos para entrar em casa e considerar-se esse gesto indiferente? Aqueles que foram pacientes de Covid-19 já não poderem infetar outros, ou continuarem a ser positivos?

Por que motivo se fazem tantos estudos com amostras pouco significativas? Que ânsia existe em dar um enfoque ao estudo que seja ‘vendável’ em jornais? Temem que não acreditemos se um centro qualquer de uma universidade ou instituto qualquer não o disser? E os líderes dessas equipas tornaram-se numa espécie de editores sensacionalistas? Os referees académicos passaram a ser os títulos de jornais?

Se assim for, a pandemia também anda a matar a ciência.

HENRIQUE MONTEIRO

Expresso 17-06-2016

quarta-feira, 17 de junho de 2020

Mário Centeno é a nova Whoopi Goldberg

Também a estátua do Gil, a mascote da Expo 98, foi vandalizada. Mas o problema não eram os opressores homens brancos? Ou de agora em diante também vão tirar desforço das inofensivas criancinhas azuis?

Quem não se lembra do clássico dos anos 90 “Do Cabaré para o Convento”, película em que Whoopi Goldberg é uma vedeta de cabaré que testemunha um crime e é enviada para um convento, com uma nova identidade, para poder continuar a sua vida? Pois é, vem aí sequela, desta vez protagonizada por Mário Centeno. Nesta nova versão, o Ex-Ministro das Finanças é a vedeta de um autêntico circo chamado Governo do PS que, depois de testemunhar o crime que foi a sua política de cativações nos serviços públicos, é enviado para o Banco de Portugal para continuar a sua vida, qual diácono da supervisão, a fiscalizar condutas de comportamento do sistema financeiro. Anseio pela estreia, com a certeza que estará a salvo das hordas de activistas que levaram a HBO a retirar do seu catálogo o “E Tudo o Vento Levou” por perpetuar estereótipos racistas. É que, nesta nova trama, Mário Centeno perpetua estereótipos, sim, mas são estereótipos socialistas. E esses são estupendos, como é óbvio.

O pano de fundo desta filantrópica censura é, dizem, uma guerra cultural. De um lado estão os conservadores e do outro está a turba progressista de socialistas e comunistas das várias estirpes, instigadora das causas fracturantes geradoras de minorias educadas na vitimização e manipuladas a seu bel-prazer como mero instrumento de poder. Muito resumidamente, acho que é isto. No entanto, estou convencido que a teoria da guerra cultural tem uma falha grave. Por exemplo, quando o movimento Antifa — que supostamente significa “anti-fascista” — condena o legado e vandaliza a estátua de Winston Churchill, ou quando manifestantes anti-racismo exigem a retirada de monumentos a Abraham Lincoln, o que me ocorre é que este lado da tal guerra cultural não está exactamente a esforçar-se por demonstrar os méritos da sua perspectiva do conhecimento, da moral e da lei, uma vez que estes amotinados não possuem nada do primeiro, o que quer que seja da segunda, e teimam em violar a terceira.

Motivo pelo qual, especialmente nos Estados Unidos da América, a situação continua explosiva. Literal e metaforicamente. Eu vejo alguns paralelos com os tempos da Guerra do Vietname. Não tanto no que às motivações dos protestos nas ruas diz respeito, mas mais quanto à natureza do inimigo da América. No fundo, em ambos os casos, estamos perante guerrilhas. Só que enquanto no Vietname os vietcongues atacavam e voltavam para os seus túneis, a grande maioria destes modernos arruaceiros ataca e volta para a cave de casa dos pais.

Entretanto, a moda de vandalizar estátuas chegou a Portugal e a abrir o desfile esteve um trabalho realizado num monumento ao Padre António Vieira. O modelo de vandalismo apresentado foi um daqueles básicos, em que se condena à luz da moral dos nossos dias alguém que faleceu há escassos 323 anos, complementado com a sempre irónica imbecilidade de desconhecer que a vítima da pichagem foi, na verdade, percursor dos direitos que os hodiernos meliantes dizem defender. Esteve bem o Presidente da República ao afirmar que “Vandalizar estátuas é imbecil”. No entanto, esta declaração foi proferida ainda antes da notícia, essa sim chocante!, de que também a estátua do Gil, a mascote da Expo 98, foi vandalizada. Acto merecedor de repreensão muitíssimo mais veemente. Mas então o problema não eram os opressores homens brancos? Ou de agora em diante também vão tirar desforço das inofensivas criancinhas azuis?

Já em Inglaterra, o mundo académico tenta ainda redimir-se das pateticamente apocalípticas previsões do Imperial College London acerca do número de vítimas da Covid-19. Desta vez foi a Universidade de Oxford a tentar cair nas boas graças do cidadão comum, publicando um estudo no International Journal o Obesity em que garante que “Ter gordura gluteofemoral, que é como quem diz, ter um rabo grande, é importante para a saúde metabólica e cardiovascular”. Obrigado pela informação, Universidade de Oxford, esta noite haverá fritos, gorduras e doces por esses lares do mundo fora, tudo em nome da saúde metabólica e cardiovascular. Mas agora a sério. E se, em vez de andarem a inventar desculpas para analisar rabos, descobrissem mas era a vacina para o coronavírus?

Tiago Dores

Observador

terça-feira, 16 de junho de 2020

Van Dunem escolhe magistrado que pressionou procuradores do caso Freeport para seu adjunto

O branqueamento vergonhoso, deste governo autoritário e trauliteiro. A justiça portuguesa está muito bem entregue!!!

Lopes da Mota foi condenado em 2009 a uma pena disciplinar de 30 dias de suspensão por ter pressionado dois procuradores a arquivarem suspeitas contra José Sócrates. É o novo adjunto de Van Dunem.

A ministra Francisca Van Dunem nomeou o conselheiro José Luís Lopes da Mota como seu novo adjunto de gabinete “com a missão de apoiar nos trabalhos de preparação e de acompanhar a Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia” que decorrerá no primeiro semestre de 2021, lê-se no despacho que foi publicado esta terça-feira em Diário da República. A nomeação de Lopes de Mota produziu efeitos a 1 de Junho, o que significa que o magistrado já está a trabalhar no Ministério da Justiça.

Juiz conselheiro do Supremo Tribunal de Justiça, Lopes da Mota já foi magistrado do Ministério Público e foi nessa qualidade que ficou conhecido da opinião pública por ter sido condenado em Dezembro de 2009 pelo Conselho Superior do Ministério Público a uma pena disciplinar de 30 dias de suspensão por ter pressionado os procuradores Vítor Magalhães e Paes Faria a arquivarem os autos do caso Freeport abertos contra o então primeiro-ministro José Sócrates.

Lopes da Mota chegou a invocar durante o inquérito disciplinar conversas com Alberto Costa, então ministro da Justiça, que lhe terá manifestado a sua insatisfação e a de Sócrates sobre a evolução do caso Freeport, tendo transmitido aos procuradores do caso Freeport que, caso não arquivassem o inquérito, poderiam sofrer represálias nas respectivas progressões de carreira se o PS perdesse a maioria absoluta nas eleições de 2009. “Alguém pagaria caro por tal facto…”, lê-se no acórdão do Supremo Tribunal Administrativo que manteve a pena disciplinar e que já tinha sido citado pelo Observador aqui num trabalho sobre os factos que levaram à condenação de Lopes da Mota.

José Sócrates foi considerado suspeito de alegados crimes de tráfico de influências e de corrupção no licenciamento daquele espaço comercial em 2002, mas o Ministério Público nunca o constituiu como arguido nem o acusou de nenhum alegado ilícito criminal no chamado caso Freeport.

Van Dunem votou contra a suspensão de Lopes da Mota em 2009

A convicção de Francisca Van Dunem na inocência de José Luís Lopes da Mota não é de hoje. A 16 de Dezembro de 2009, data em que o Conselho Superior do Ministério Público (CSMP), decidiu condenar disciplinarmente Lopes da Mota a uma pena de 30 dias de multa, a então procuradora distrital de Lisboa foi o único membro do órgão disciplinar do MP que votou contra — como pode verificar na página 4 deste Boletim do CSMP.

Lopes da Mota interpôs recurso judicial nos tribunais administrativos para tentar anular a pena disciplinar mas nunca teve sucesso. Num acórdão datado de 15 de Março de 2012, o Supremo Tribunal Administrativo manteve a condenação decidida pelo CSMP por existirem provas suficientes para “um juízo seguro sobre os factos.”

Antes de se candidatar a juiz conselheiro do Supremo Tribunal de Justiça (uma possibilidade aberta aos procuradores-gerais adjuntos e que também foi aproveitada por Francisca Van Dunem), Lopes da Mota solicitou ao CSMP que aprovasse a sua reabilitação. O objectivo era evitar a penalização no concurso de acesso ao Supremo por ter uma condenação disciplinar enquanto procurador-geral adjunto.

O órgão disciplinar do MP veio a aprovar por unanimidade a sua reabilitação em Janeiro de 2017, tendo Lopes da Mota tomado posse como juiz conselheiro do Supremo Tribunal de Justiça a 31 de Agosto do mesmo ano.

A reabilitação, contudo, não significa que a pena disciplinar tenha sido eliminada, nem tem qualquer semelhança com uma amnistia — até porque a pena disciplinar de Lopes da Mota foi imediatamente cumprida em 2010, após o plenário do CSMP ter recusado um último recurso do então procurador-geral adjunto. A reabilitação, que é um conceito que não existe no Estatuto dos Magistrados do Ministério Público mas sim na lei que regula a contratação dos funcionários públicos, tem como objectivo evitar que o funcionário possa sofrer outras consequências. No caso de Lopes da Mota, este pretendia evitar ser prejudicado no concurso de acesso ao Supremo Tribunal de Justiça. O que conseguiu.

Em Setembro de 2019, Lopes da Mota foi escolhido por uma comissão independente para ser um dos três candidatos à substituição de Paulo Pinto Albuquerque como o juiz português do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem. Candidatura que não foi bem sucedida.

O Observador solicitou ao Ministério da Justiça uma reacção mas ainda não obteve resposta.

Texto alterado às 18h44 com a introdução de uma citação de um acórdão do Supremo Tribunal Administrativo sobre o caso Lopes da Mota.

Luís Rosa
https://observador.pt/2020/06/16/van-dunem-escolhe-magistrado-que-pressionou-procuradores-do-caso-freeport-para-seu-adjunto/


Mário Centeno mostrou "estar mal preparado" nas reuniões do Eurogrupo, dizem fontes diplomáticas.

O jornal alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung cita fontes diplomáticas sobre a alegada falta de preparação de Centeno para conduzir reuniões no Eurogrupo. E garante que não haverá segundo mandato.


Em pleno dia de Eurogrupo, que começou às 14h desta sexta-feira, o Frankfurter Allgemeine Zeitung colocou os holofotes sobre Mário Centeno, garantindo que o ministro português vai deixar a coordenação das reuniões dos ministros das Finanças do euro quando o mandato terminar em Julho. Só que o jornal alemão vai bem mais longe, fazendo eco de fontes diplomáticas que entendem que Centeno “tem estado sempre mal preparado” nas reuniões com os parceiros europeus e que tem havido descontentamento entre alguns ministros das Finanças do euro com a forma como tem conduzido a reacção à crise.

O jornal alemão escreve mesmo, com base nas mesmas fontes, que, “ao contrário do seu antecessor, [Centeno] é incapaz de liderar discussões e encontrar compromissos”. E dá como exemplo da insatisfação entre os parceiros do euro a forma como foi gerida a difícil reunião de 8 de Abril — descrita como um “pesadelo” por essas fontes —, que acabou por não ter qualquer conclusão. “O português interrompeu repetidamente a sessão para discussões individuais e literalmente deixou os outros participantes no sentados no escuro à espera durante horas”, escreve o jornal.

Em causa está uma série de interrupções nessa reunião, que durou 14 horas, até às 7 da manhã, perante a intransigência holandesa, sabe o Observador. Os Países Baixos tentaram que ficasse preto no branco um compromisso para que, tal como no passado, os empréstimos europeus para combater a crise fossem acompanhados de reformas nas economias dos países ajudados. Sem aceitar qualquer condicionalidade mais moderada, os Países Baixos acabaram isolados e a reunião acabou sem compromissos.

Dois dias depois foi obtido um acordo, mas o Frankfurter Allgemeine Zeitung garante que se deve “inteiramente à intervenção da chanceler Angela Merkel e do presidente francês Emmanuel Macron, bem como às negociações preliminares entre Scholz e seu colega francês Bruno Le Maire” — os ministros das finanças de Alemanha e França.

Centeno desiste de um segundo mandato?

O jornal alemão garante que Mário Centeno não vai avançar para um segundo mandato como presidente do Eurogrupo, referindo também a carga excessiva de trabalho que tem sofrido. O Frankfurter Allgemeine Zeitung deixa “em aberto se Centeno notificará oficialmente os seus homólogos da renúncia na videoconferência do Eurogrupo nesta sexta-feira”, mas o Observador sabe que isso não acontecerá.

Questionado pelo Observador, fonte oficial do Eurogrupo diz que Mário Centeno vai tomar a decisão sobre se se candidata a um segundo mandato — e comunicar essa decisão — em tempo útil. Para já, diz a mesma fonte, Centeno está focado no trabalho que tem pela frente, para combater a crise. A mesma fonte garante que o Eurogrupo só se vai debruçar sobre o assunto em julho, quando Centeno termina o mandato.

Notícia atualizada às 16:30

https://observador.pt/2020/05/08/mario-centeno-fora-da-corrida-ao-eurogrupo-diz-jornal-alemao/

Jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung
https://www.faz.net/aktuell/wirtschaft/eu-eurogruppenchef-mario-centeno-hoert-auf-16759106.html

Francisco Paulo de Almeida - Barão de Guaraciaba: reflexões biográficas e contexto histórico

Francisco Paulo de Almeida, barão de Guaraciaba.

Pode parecer ficção, mas não é e está contada no livro Barão de Guaraciaba - Um Negro no Brasil Império, do historiador Carlos Alberto Dias Ferreira. Francisco Paulo de Almeida foi um homem de negócios brasileiro, do século XIX, que teve centenas de escravos nas plantações de café.

"Não se trata de uma contradição ele ter sido negro e dono de escravos, pois tinha consciência do período em que vivia e precisava de mão de obra para tocar suas fazendas. E a mão de obra disponível era a escrava", disse Dias Ferreira à BBC Brasil.

A sua trineta Mónica de Souza Destro também não vê nada de mais no facto de um negro ter tido a seu cargo escravos negros. "Ainda que nos cause repúdio hoje em dia, o contexto de escravidão era uma coisa normal e era mão-de-obra que existia naquele tempo", comentou.

Francisco Paulo de Almeida nasceu no interior de Minas Gerais em 1826, no Brasil independente, filho de um pequeno comerciante e de uma antiga escrava. Desde novo mostrou grande iniciativa, trabalhando como ourives e a tocar violino nos funerais para complementar os rendimentos.

Aos 15 anos começou a transportar gado entre Minas Gerais e o Rio, ou seja, era tropeiro. Daí para o comércio de gado foi um passo e o seguinte foi comprar terras para plantar café. A fortuna construiu-se também com a herança proveniente dos sogros: chegou a ter várias fazendas de café, centenas de escravos ao seus dispor, empresas (banca, ferrovia, energia) e palácios, como o Palácio Amarelo, hoje sede da Câmara Municipal de Petrópolis.

A princesa Isabel, enquanto regente, concedeu-lhe o título de barão de Guaraciaba em 1887. Depois de ter experimentado o sucesso enquanto empresário, Francisco Paulo de Almeida foi também um benemérito. Morreu em 1901 no Rio de Janeiro, já na república do Brasil.

Tese de: Carlos Alberto Dias Ferreira  

Esta dissertação, definida aqui como uma reflexão biográfica, tem como objecto os caminhos, as relações, as estratégias, as histórias e o contexto histórico de Francisco Paulo de Almeida, nascido no ano de 1826 e falecido em 1901. Homem negro, que no Brasil Império iniciou-se, aproximadamente em 1838, como ourives e, posteriormente, já pelos anos de 1842, como tropeiro. Em 1860, já pertencia a oligarquia cafeeira, com fazendas em Valença, Paraíba do Sul e Arraial de Três Rios, no Rio de Janeiro e na cidade de Mar de Espanha, em Minas Gerais, além de ter sido Provedor da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Valença-RJ. Teve participação importante em parte da construção da Estrada de Ferro do Médio Vale do Paraíba, além de ter sido sócio e fundador de empresas de sociedade anónima e de ter participado do sistema financeiro de Juiz de Fora - MG, na constituição do Banco Territorial e Mercantil de Minas Gerais e o Banco de Crédito Real de Minas Gerais, "O Credireal". Entre as propriedades que possuiu, além das fazendas, tinha uma casa na Corte, situada à Rua Moura Brito e foi dono do Palácio Amarelo, atual sede do Legislativo da cidade de Petrópolis - RJ. Trata-se, aqui, portanto, de uma reflexão biográfico-histórica construída dentro dos padrões da "Nova História Política", aprofundada no debate teórico sobre as formas de como fazê-lo, pesquisando o que se tem escrito sobre as distinções e as adversidades da escrita biográfica. Dentro dos caminhos possíveis optou-se pela metodologia indiciária, muito bem utilizada por Carlo Ginzburg, principalmente nas redes de sociabilidade produzidas através do compadrio. Além disso, articulam-se e exploram-se as trajetórias e histórias de vida com as redes de sociabilidade e as relações de poder permitidas, constituintes dos caminhos trilhados, aqui analisados. Pode ver-se aqui: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=174516

Marcelo não merece o apoio de ninguém.

Marcelo só é popular na medida em que segue as preferências dos que supostamente o seguem a ele. Não julga, não pensa, não avalia, não lidera. Pura e simplesmente orienta-se pelo "sentimento popular".

Poucas coisas entusiasmam tanto as classes conversadoras deste país como as discussões em torno de se determinada figura política vai ou não “avançar” para uma candidatura a um determinado lugar, e se terá ou não o apoio deste ou daquele partido. Nestas últimas semanas, apesar da abundância de preocupações que deveriam estar no centro das atenções de quem tem a responsabilidade e o dever de ter mais juízo, não houve quem não se entregasse à fútil actividade de especular acerca de se Marcelo Rebelo de Sousa se recandidata à Presidência da República (como se alguma vez tivesse havido alguma dúvida de que o faria), e de se terá o apoio da “direita”, da “esquerda” ou de ambas.

A dúvida, apesar de tudo, é compreensível. Afinal, o Primeiro-Ministro António Costa, com o cinismo que lhe é universalmente reconhecido e em alguns lugares apreciado, não perde uma oportunidade de colar Marcelo ao seu excelso governo, e Marcelo, sempre ansioso por se mostrar “isento” e “apenas preocupado com o bem dos portugueses”, não desperdiça uma ocasião de se mostrar em harmonia com um governo da “esquerda”. O que, por um lado, facilita a tarefa de Costa não se opor à candidatura presidencial e assim livrar o seu partido de uma derrota eleitoral (aquela gente vê a política como um jogo de futebol, em que “perder” é sempre o pior desfecho, excepto se o que se perde for a vergonha). E por outro, causa uma notória urticária na “direita” que se sente “traída” ao não ter em Belém o chefe partidário que, por razões impossíveis de conceber racionalmente, esperava ter para suprir a falta de apoio eleitoral que os seus partidos têm conseguido. Só assim se compreende que ninguém se espante com a possibilidade do PS apoiar Marcelo ou se abster se apresentar um concorrente, e que para os lados do PSD e do CDS – ou até aqui no Observador – se sinta a necessidade de argumentar a favor do apoio a Marcelo, e a que não se ceda à tentação de apoiar uma qualquer candidatura alternativa, das mais louváveis (como a do Adolfo Mesquita Nunes) às mais desprezíveis (como a de um conhecido Ex-porta-voz televisivo de um clube de futebol com aspirações a tiranete), passando pelas mais inacreditáveis (como a de André Dias, semi-célebre por argumentar que a Covid-19 não era um problema grave).

Só assim se compreende, mas não se devia compreender. Se “direita” e “esquerda” fazem a sua avaliação do presidente Marcelo em função da sua relação com o Governo – a “direita” sentindo-se tentada a repudiá-lo por estar politicamente casado com Costa, a “esquerda” ficando enamorada por Marcelo de cada vez que este elogia o Primeiro-Ministro – fazem mal. Ao contrário do que aparentemente tanto um lado como o outro pensam, Marcelo não está alinhado com o Governo. Pela simples razão de que Marcelo não está alinhado com ninguém, excepto consigo próprio e as suas sempre transparentes ambições pessoais. A “direita” não deveria apoiar Marcelo, pelo mesmo motivo pelo qual a “esquerda” também não o deveria fazer: Marcelo é, foi e será um mau Presidente da República, porque está sempre disposto a sacrificar tudo, da sua coerência ao país, passando pela dignidade das pessoas, em prol da sua popularidade.

A postura do Presidente a propósito das comemorações do 25 de Abril e do 1º de Maio são um retracto fiel da figura e do seu escasso carácter, inversamente proporcional ao ego que o governa. Primeiro, aprovou o decreto que as permitiu, “nos moldes” que permitiram a forma como tiveram lugar. Mas mal se viram sinais de alguma comoção pública contra essa mesma forma que tomaram, logo o Presidente fez saber que nunca fora a favor de algo “assim”, apesar de nunca o ter dito antes. Aliás, já o mesmo se passara em 2017 com os incêndios que então infernizaram o país: Marcelo começou por se colocar ao lado do governo de António Costa, e só começou a fazer declarações críticas da sua actuação depois da insatisfação pública se ter generalizado, sugerindo que só se tornou crítico da actuação do governo de Costa por causa da insatisfação pública, e não por qualquer avaliação dessa mesma actuação ou por convicção pessoal.

Como em tempos escrevi noutro lugar, Marcelo é uma espécie de influencer político, que, como as jovens recentemente pós-púberes que forçam os namorados a fotografá-las para o Instagram, é um escravo do apreço que os seus “seguidores” (os eleitores) têm por si, o que faz com que todas as suas acções se norteiem por aquilo que a “opinião pública” vai sentindo a cada momento. Como as influencers que em tempos convidou para o seu Palácio, Marcelo só é popular na medida em que segue as preferências daqueles que supostamente o seguem a ele, e como tal, toda a sua acção política é feita a reboque do que ele vislumbra ser o “sentimento popular”. Por outras palavras, Marcelo não julga, não pensa, não avalia, não lidera. Pura e simplesmente, segue, e como se limita a seguir, nunca faz ou diz o que é preciso ou justo, apenas aquilo que (lhe) convém.

É por isso que quem, como por exemplo José Pacheco Pereira, pensa que Marcelo, uma vez liberto no segundo mandato da necessidade de conquistar a reeleição, passará a agir segundo outros critérios menos oportunistas, está profundamente enganado. Marcelo não se preocupa apenas com o ser reeleito. Preocupa-se em ser popular, e a sua popularidade continuará em jogo mesmo que uma renovação de mandato lhe esteja constitucionalmente vedada. E como tal, Marcelo continuará a agir para os índices de aprovação e para as “selfies”, mantendo para com tudo o resto – o que realmente lhe deveria importar – a mesma relação que a actual segunda figura do Estado um dia disse ter para com o segredo de Justiça.

É claro que, com ou sem o apoio da “esquerda” ou da “direita” partidárias, Marcelo será reeleito, já que a vasta maioria dos portugueses parece ter um injustificado arrebatamento pelo homem e os seus hábitos, delirando de cada vez que ele se apresenta semi-nu numa qualquer praia lusitana ou de além-mar. E é claro que, uma vez estando Marcelo confrontado com uma candidatura como a do ex-porta-voz televisivo de um clube de futebol com aspirações a tiranete (ou até como a de Ana Gomes, que mistura preocupações meritórias com uma falta de juízo preocupante), qualquer pessoa sensata, de “direita” ou de “esquerda”, acabará por votar nele. Mas esse será um apoio que Marcelo não merecerá.

Bruno Alves

Observador, 15-06-2020

domingo, 14 de junho de 2020

O carro-vassoura

Utilidade Marginal

JOÃO SILVESTRE

Nos anos da contagem decrescente para o nascimento da moeda única, a analogia com o ciclismo era recorrente: o grande desígnio de Portugal era garantir um lugar no pelotão da frente da União Económica e Monetária. A imagem nunca mais se perdeu e tem servido, desde então, para usar em tudo o que são avanços na construção europeia e também, claro está, na convergência das economias. Só que a corrida não nos tem saído bem. O PIB per capita tem estado sucessivamente a perder lugares e está hoje, duas décadas volvidas do nascimento do euro, muito longe da cabeça do pelotão. Os dados mais recentes colocam Portugal na 19ª posição na União Europeia numa altura em que a Europa (e o mundo) enfrenta uma das mais graves recessões da sua história. E em que, também na resposta à pandemia, Portugal está na cauda do pelotão. Com tudo o que isso tem de bom e de mau.

Lembra-se como foi 2009? O Lehman Brothers tinha estourado nos EUA em setembro do ano anterior, os mercados financeiros entraram em pânico, os bancos centrais reagiram energicamente e os governos decidiram preparar uma resposta orçamental à altura. Na Europa, o ‘vírus’ da austeridade ainda não tinha infetados e a ordem era para gastar. Claro que, como em tudo, houve quem levasse a mensagem demasiado à letra. Foi o caso do Governo português e do primeiro-ministro, José Sócrates: o défice desse ano ficou perto de 10% e foi o quarto mais alto da zona euro. Era uma espécie de keynesianismo em versão tonificada, que levou a dívida pública a novos máximos. Na resposta à atual crise, pelo contrário, Portugal tem sido bastante mais contido e o défice previsto para este ano é apenas o quinto maior a contar do fim (e os 6,3% previstos incluem quase mil milhões de euros para a TAP). Curiosamente, tem novamente a seu lado a Irlanda e a Grécia. Não é coincidência. A crise das dívidas na zona euro escaldou muita gente e os países que, há dez anos, estiveram na linha da frente do embate estão agora bastante mais cautelosos. E há razões para isso. A começar na dívida pública portuguesa, que saltou de 71% do PIB em 2008 para 117% no ano passado.

A alteração do Orçamento do Estado para 2020 apresentada esta semana é, de resto, a imagem desta contenção e do legado que Mário Centeno deixa na política orçamental portuguesa e que permitiu ao PS mudar a imagem de “partido que levou Portugal à bancarrota” para “partido das contas certas”. O défice não só é dos mais baixos da zona euro como a maior parte da subida não tem a ver com medidas efetivamente adotadas para combater a crise (e os seus efeitos). São apenas os estabilizadores automáticos, ou seja, menos receita e mais despesa por causa da queda do PIB. Aliás, uma parte significativa do programa de estabilização económica e social é financiada pela União Europeia.

Toda esta contenção paga-se na generosidade dos apoios às empresas e famílias. É verdade que, perante uma recessão que no imediato resulta mais de um choque de oferta do que de um problema de procura, como bem avisava Luís Aguiar-Conraria esta semana no Expresso online, o impacto de estímulos keynesianos no relançamento da economia é limitado. Mas, no plano social, há perdas de rendimento que poderiam ser aliviadas de outra forma se a margem orçamental fosse maior.

Vale-nos o Banco Central Europeu, que já reforçou a ‘bazuca’ para €1,35 biliões (com que irá cobrir as necessidades de financiamento adicionais que o Estado português vai ter este ano por causa da covid-19) e que está, segundo a imprensa internacional, a estudar a criação de um banco ‘mau’ para retirar o crédito malparado do balanço dos bancos que inevitavelmente irá aumentar com a crise. E vale-nos também a Alemanha que, apesar dos eventuais efeitos na concorrência, lidera no estímulo orçamental este ano que ajudará a dar um importante impulso à zona euro. Porque, no pelotão do keynesianismo, desta vez Portugal é praticamente o carro-vassoura.


https://leitor.expresso.pt/semanario/semanario2485/html/economia/em-destaque/o-carro-vassoura?utm_content=Entrada%20de%20Le%C3%83%C2%A3o,%20%5beventual%5d%20sa%C3%83%C2%ADda%20de%20Mexia%20e%20a%20TAP%20a%20preparar-se%20para%20cortar&utm_medium=newsletter&utm_campaign=1753167&utm_source=expresso-expresso-economia

sábado, 13 de junho de 2020

Deputada Paraguaia:Basta de roubar na Pandemia.


https://www.youtube.com/watch?v=lCJ4zA58v2k

A CHINA VAI QUEBRAR A ECONOMIA MUNDIAL.

Por Luciano Pires (Luciano Pires é director de marketing da Dana e profissional de comunicação).

Há 200 anos Napoleão Bonnaparte fez uma profecia, que está começando a realiza-se atualmente, ao dizer: "Deixem a China dormir porque, quando ela acordar, o mundo vai estremecer".

A China do Futuro - o Futuro é Hoje... A verdade é que agora, tudo o que compramos é Made in China ....... Eis um aviso para o futuro! Mas quem liga para esse aviso? Atualmente ninguém ! Agora é só aproveitar.... E APROVEITAR ...! E depois como será para os nossos filhos ? Que futuro terão?

JÁ PENSOU COMO FICARÁ A CHINA DO FUTURO?

Alguns conhecidos voltaram da China impressionados. Um determinado produto que o Brasil fabrica um milhão de unidades, uma só fábrica chinesa produz quarenta milhões...

A qualidade já é equivalente. E a velocidade de reação é impressionante.

Os chineses colocam qualquer produto no mercado em questão de semanas... Com preços que são uma fração dos praticados aqui. Uma das fábricas está de mudança para o interior, pois os salários da região onde está instalada estão altos demais: 100 dólares: Um operário brasileiro equivalente ganha 300 dólares no mínimo, que acrescidos de impostos e benefícios representam quase 600 dólares. Quando comparados com os 100 dólares dos chineses, que recebem praticamente zero benefícios.... estamos perante uma escravidão amarela e alimentando-a...

Horas extraordinárias? Na China...? Esqueça !!! O pessoal por lá é tão agradecido por ter um emprego que trabalha horas extras sabendo que não vão receber nada por isso... Atrás dessa "postura" está a grande armadilha chinesa.

Não se trata de uma estratégia comercial, mas sim de uma estratégia "de poder" para ganhar o mercado ocidental.

Os chineses estão tirando proveito da atitude dos 'marqueteiros' ocidentais, que preferem terceirizar a produção ficando apenas com o que ela "agrega de valor": a marca.

Dificilmente você adquire atualmente nas grandes redes comerciais dos Estados Unidos da América um produto "made in USA". É tudo "made in China", com rótulo estadunidense.

As Empresas ganham rios de dinheiro comprando dos chineses por centavos e vendendo por centenas de dólares...

Apenas lhes interessa o lucro imediato e a qualquer preço.

Mesmo ao custo do fechamento das suas fábricas e do brutal desemprego. É o que se pode chamar de "estratégia preçonhenta" (preço com peçonhento).

Enquanto os ocidentais terceirizam as táticas e ganham no curto prazo, a China assimila essas táticas e tecnologia, cria unidades produtivas de alta performance, para dominar no longo prazo... Enquanto as grandes potências mercadológicas que ficam com as marcas, com os “designs”. suas grifes, os chineses estão ficando com a produção, assistindo, estimulando e contribuindo para o desmantelamento dos já poucos parques industriais ocidentais.

Em breve, por exemplo, já não haverá mais fábricas de tênis ou de calçados pelo mundo ocidental. Só haverá na China.

Então, num futuro próximo veremos os produtos chineses aumentando os seus preços, gerando um "choque da manufatura", como aconteceu com o choque petrolífero nos anos setenta. Aí já será tarde demais.

Então o mundo perceberá que reerguer as suas fábricas terá um custo proibitivo e irá render-se ao poderio chinês.

Perceberá que alimentou um enorme dragão e acabou refém do mesmo.

Dragão este que aumentará gradativamente seus preços, já que será ele quem ditará as novas leis de mercado, pois quem tem o monopólio da produção, manda.

Sendo ela e apenas ela quem possuirá as fábricas, inventários e empregos, ela é quem vai regular os mercados e não os "preçonhentos".

Iremos, nós e os nossos filhos, netos... assistir a uma inversão das regras do jogo atual que terão nas economias ocidentais o impacto de uma bomba atômica... chinesa. Nessa altura em que o mundo ocidental acordar será muito tarde.

Nesse dia, os executivos "preçonhentos" olharão tristemente para os esqueletos das suas antigas fábricas, para os técnicos aposentados jogando boliche no clube da esquina, e chorarão sobre as sucatas dos seus parques fabris desmontados.

E então lembrarão, com muitas saudades, do tempo em que ganharam dinheiro comprando "balatinho dos esclavos" chineses, vendendo caro suas "marcas-grifes" aos seus conterrâneos.

E então, entristecidos, abrirão suas "marmitas" e almoçarão as suas marcas que já deixaram de ser moda e, por isso, deixaram de ser poderosas, pois, foram todas copiadas....

REFLITAM E COMECEM A COMPRAR - JÁ - OS PRODUTOS DE FABRICAÇÃO NACIONAL, FOMENTANDO O EMPREGO EM SEU PAÍS, PELA SOBREVIVÊNCIA DO SEU AMIGO, DO SEU VIZINHO E ATÉ MESMO DA SUA PRÓPRIA... E DE SEUS DESCENDENTES

sexta-feira, 12 de junho de 2020

Os esteios da doutrina Fiel sobre a lavagem de mãos.

Apesar da péssima imagem que Pôncio Pilatos deu do acto, acho que está na hora de colaborarmos activamente com a campanha de reabilitação da lavagem das mãos lançada pelo Correia de Campos.

Não tenho sequer uma pinga de simpatia pelo ministro da Saúde, um baixinho contaminado pelo complexo do Napoleão da casota do cão (1).

Ele bem quer competir com os colegas Pinho e Lino, mas estes são claramente de outro campeonato. Correia de Campos disputa com Isabel Pires de Lima um lugar ao sol na liga menor do disparate.

Correia de Campos apelou aos trabalhadores da Saúde para que lavem as mãos no intervalo do manuseamento de dois pacientes, o que estes levaram a mal, da mesma maneira que eu não apreciaria que alguém me viesse recomendar que não tirasse burriés do nariz antes da meia noite e me abstivesse de dar traques ao jantar ou de comer com a boca aberta.

A ideia era boa, a concretização infeliz e o ministério da Saúde tentou e muito bem emendar a mão organizando uma fuga de informação estatística que faz a manchete do JN de hoje: "Obrigação de lavar as mãos reduziu em 30% as infecções no S. João" (uma opção apesar de tudo melhor do que voltar ao caso Maddie).

Eu tenho algumas ideias bem claras sobre a magna e candente questão da lavagem de mãos.

Acho que não devemos exagerar, para evitar desarmarmos as defesas do organismo. Não é por acaso que as crianças que só aos três anos vão para o infantário estão sempre a apanhar doenças e são uns peléns quando comparadas com aquelas que foram desmamadas de casa aos três meses.

Por isso, não me parece mandatório ir a correr lavar as mãos sempre que se vai comer alguma coisa. Comer no sentido literal, não figurado, porque se se vai fazer amor com alguém, acho indispensável, obrigatório mesmo, lavar as mãos primeiro.

Porquê? É um lavar das mãos à Pilatos? perguntam as preclaras e os preclaros frequentadores desta lavandaria.

A minha resposta é não. Devemos lavar as mãos antes para não corremos o risco de infectarmos, com as nossas mãos sujas (isto está a ficar um bocado sartriano, não acham?), as cavidades das nossas parceiras que temos a obrigação de estimular digitalmente, com o máximo da competência ao nosso alcance, no âmbito dos preparativos.

Também considero obrigatório que nós, homens, lavemos as mãos antes de satisfazermos as nossas necessidades fisiológicas de carácter líquido.

Antes? Não depois? Estarei eu a fazer confusão?

Não. A minha resposta volta a ser um rotundo não (2). Espremam essas meninges. Já repararam que o pirilau está lavadinho e aconchegadinho, protegido no suave remanso dos boxers, enquanto que a mão que o vai manusear anda desde manhã em contacto com todo o tipo de porcarias do mundo exterior, moedas e notas incluídas, que só Deus sabe onde andaram antes - boa parte delas testemunham até o facto de que anteriores proprietários as usaram como auxiliares da ingestão de substâncias ilícitas.

Recapitulando, resumindo e baralhando. São dois os esteios essenciais da doutrina Fiel sobre a lavagem de mãos (3).

1. É opcional lavar as mãos antes das refeições;

2. É obrigatório lavar as mãos antes de ir fazer xixi ou amor com alguém.

.........................................

(1) O conceito do Napoleão da casota do cão foi inventado por mim e pretende descrever o exercício gratuito, mesquinho e brutal de autoridade por parte do pessoal menor, que assim se julga vingado da ausência efectiva de poder.

Exemplos?

O empregado da repartição de Finanças que nos manda para o fim da fila porque nos falta preencher uma linha do impresso.

A empregada do Centro de Saúde que às 19h46 se recusa a atender-nos porque o centro fecha às 20h00 e ela tem instruções rigorosas para não dar andamento a nenhum processo a partir das 19h45.

No baptismo do conceito inspirei-me numa visão de pequeno mas irritante cão, amarrado por uma corda, que uma vez vi a ladrar com um possesso junto à sua casota, coma atitude napoleónica de quem diz: Neste raio de um metro à volta da minha casota quem manda aqui sou eu!, ouviram bem?!?, auauauauauauaurrrrrrrrrrrrr auauaua!, quem manda aqui sou eu!

O infeliz do Correia de Campos revelou "urbi et orbi" estar possuído pelo complexo do Napoleão da casota do cão quando, informado por um diligente delator da JS (vai longe na vida, este rapazola...), saneou a directora de um SAP minhoto por ter deixado estar afixado durante um dia ou dois um cartaz em que um médico muito justamente gozava com uma frase idiota dita pelo ministro no âmbito de um inquérito de férias.

(2) A vida quer-se assim. Os não devem ser rotundos, os incêndios devem ser violentos e as férias devem ser merecidas. Adoro frases feitas – clichés.

(3) Eu, pessoalmente, adoro lavar as mãos com sabonete Magno, pois gosto do formato oval e dar cor preta 

ROUPA PARA LAVAR – Expresso

Aquela ‘gaja’, a Isabel Moreira, que é deputada do PS

Isabel Moreira, estalou-lhe o verniz?

Eu acho que Isabel Moreira devia agradecer a André Ventura ele existir. Existir e ser deputado. Porque de facto se André Ventura não existisse todas as “Isabéis Moreiras” da vida não tinham neste momento quaisquer 10 segundos de fama.

Autor: Rodrigo Alves Taxa – jornal ‘i’ – 6-6-2020

Isabel Moreira é talvez das figuras mais caricatas que em 46 anos de Democracia passaram pelo Parlamento português. E quando digo caricato não estou necessariamente a dizer que isso seja mau. Num edifício como o de S. Bento, em que o peso das instituições se sente de forma tão particular também faz falta haver alguém que nos faça rir.

Como eu adoro uma boa comédia! São tantos os episódios da série em que gosta de ser actriz principal que tenho dificuldade em escolher o melhor. Mas recordo com especial divertimento o dia em que estava a pintar as unhas no plenário de S. Bento num debate sobre o Orçamento do Estado. Pormenorizada e cuidadosamente. Pincelando com suavidade a aspereza das suas unhas por natureza tão aguçadas.

A única circunstância que me entristece é saber que, afinal, é para isso que os portugueses lhe pagam o ordenado. Para pintar as unhas em pleno local de trabalho. São opções Isabel. Num país decente, ou se a noção do ridículo ou vergonha de si constasse, talvez pudesse continuar a pintar unhas, mas em casa. Mas Isabel Moreira não é só a comédia do Parlamento. É a comédia no Parlamento. Querem um exemplo? Eu dou. Então não é que foi Isabel Moreira quem disse que, e cito: “A vida não é um direito absoluto”? Quero acreditar que quando disse tamanho disparate estivesse medicada. Medicada como naquele célebre episódio eternizado pelo youtube em que, subindo ao palanque para discursar, disse e cito novamente “Senhor Presidente estou um pouco drogada. Drogas lícitas”.

Confesso que aqui não achei muito engraçado. Achei só ridículo. Ridículo que alguém faça um papel ridículo sem sequer perceber o ridículo do seu ridículo. Percebeu Isabel? Calculo que não porque na verdade a Sra. Deputada não consegue perceber o que de mais básico tem o ser humano: a vida. Claro que os patetas arregimentados das caixas anónimas que comentam artigos vão começar já a destilar veneno, mas estou-me nas tintas. Aqui chegados e quando eu penso que não me posso rir mais das aparições de Isabel Moreira sou sempre surpreendido.

Esta semana, como tantos outros encartados, chamou André Ventura de racista. Isto em plena comissão parlamentar tendo sido de imediato chamada à atenção pelo Presidente dessa mesma comissão. Eu acho que Isabel Moreira devia agradecer a André Ventura ele existir. Existir e ser deputado. Porque de facto se André Ventura não existisse todas as “Isabéis Moreiras” da vida não tinham neste momento quaisquer 10 segundos de fama. Depois, e isso já não me diverte, muito pelo contrário, entristece-me profundamente, é que não é André Ventura quem dissemina racismo. Quem dissemina e intoxica a sociedade com o tema do racismo são, uma vez mais, todas as “Isabéis Moreiras” do regime.

O que seria da esquerda parlamentar se estes temas não fossem por si empolados? A esquerda parlamentar precisa que haja pobreza, dificuldade, drama social, necessidades, racismo, crise, dor, sofrimento, precariedade, desemprego, contestação e confronto para existir. Se não houver, de que falarão? É que ó Isabel, desculpe, e agora voltando ao que em si me diverte, alguém a conhece por algo que tenha contribuído para a melhoria concreta do país? Ninguém. Perguntar-me-á: E ao André Ventura alguém conhece? Calma sra. Deputada. André Ventura leva meses de mandato. A senhora já vive do regime há 9 anos. Contributos para o país, zero. Bola. Mas aí também em sua defesa lhe digo que não é a única. Tem essa desculpa. Fraca. Mas tem. Mas Isabel, sra. Deputada Isabel Moreira, a sra. que tem a política nos genes sanguíneos, seja mais sóbria, mais ponderada, mais assertiva, mais produtiva, e permita-me também um pouco mais educada.

Aquela educação que eu sei que lhe deram, mas que me questiono se por vezes terá esquecido, sempre que, por exemplo, ao passar por algumas pessoas nos corredores de S. Bento nem um simples bom dia lhes diz. Pela parte que me toca não me fazem falta, mas há mínimos. Deixe lá o André Ventura. Ele pode ser a sua maior irritação, mas é também o seu maior seguro de vida política. Espero não levar a mal o meu artigo.

Afinal quem com tanta convicção chama alguém de racista, estou certo perceber que não pode levar a mal quem lhe ache só ridícula.

Disse.

“O PROGRAMA DE ESTABILIDADE 2020 APRESENTADO PELO GOVERNO PREVÊ UMA DESPESA QUE PERMITE PAGAR O “LAY-OFF” APENAS A 792.000 TRABALHADORES QUANDO NO FIM DE ABRIL JÁ ESTAVAM INSCRITOS 1.328.000 TRABALHADORES PARA “LAY-OFF”, E QUEM PAGARÁ AS MEDIDAS DE COMBATE À “COVID 19”

Exmo. (a) Sr.(a)

Neste estudo com o titulo “O PROGRAMA DE ESTABILIDADE 2020 APRESENTADO PELO GOVERNO PREVÊ UMA DESPESA QUE PERMITE PAGAR O “LAY-OFF” APENAS A 792.000 TRABALHADORES QUANDO NO FIM DE ABRIL JÁ ESTAVAM INSCRITOS 1.328.000 TRABALHADORES PARA “LAY-OFF”, E QUEM PAGARÁ AS MEDIDAS DE COMBATE À “COVID 19” analiso as diversas medidas aprovadas pelo governo de apoio às famílias e às empresas, os seus custos, os valores de despesa previstos pelo governo no Programa de Estabilidade 2020 que apresentou à Assembleia da República, e que vai suportar os seus custos que são enormes – Orçamento do Estado ou Segurança Social – mostrando que se for o Orçamento do Estado só pode ser feito com receitas de impostos, e se for a Segurança Social poderá por em causa a própria sustentabilidade da Segurança Social. E concluo que, há mais vida para além do “coronavírus” e é preciso que o medo não paralise em casa os portugueses pois, caso contrário, as consequências da hecatombe económica, social, e a perda de direitos (523.000 trabalhadores inscritos para “lay-off sem cobertura na despesa prevista no Programa de Estabilidade 2020 apresentado pelo governo, o desemprego, a falta de rendimentos, e a miséria estão a alastrar por todo o país perante o silencio e passividade causado pelo “coronavírus” ) ultrapassarão certamente as do “COVID 19. António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa parece que já compreenderam FINALMENTE isso e começaram a apelar aos portugueses neste fim de semana nas ruas do Chiado em Lisboa e no mercado da Ericeira para saírem de casa.

Espero que este estudo possa ser útil para a reflexão e debate sereno e objetivo sobre situação atual que é grave também a nível económico, social e de perda de direitos dos trabalhadores perante o silencia da comunicação social que só fala de infetados e de mortes causada pelo “coronavírus”.

Com consideração

Eugénio Rosa

Economista

Reforço  mais uma vez o pedido para aqueles que ainda o não fizeram para enviaram um e-mail para edr2@netcabo.pt  a autorizar a utilizar o seu endereço eletrónico se pretenderem  continuar a receber os meus estudos. (aos que já enviaram peço que não façam de novo para não haver repetições e não para não receberem duas vezes o memso estudo). Peço também aqueles que recebiam os estudos e deixaram de os receber  querem de novo receber que me informem.

NOTA: No caso de não estar interessado em continuar a receber estes estudos agradeço que me informe para o retirar da lista.

SE QUISER SER AVISADO IMEDIATAMENTE DA PUBLICAÇÃO DE NOVOS ESTUDOS INSTALE NO SEU TELEMÓVEL A “APP” QUE ESTÁ DISPONIVEL NA PÁGINA DE ENTRADA DO SITE www.eugeniorosa.com