quinta-feira, 4 de agosto de 2022

Os porcos estavam mortos. Mas uma solução fez com que as suas células ressuscitassem.

Experiência foi feita com uma injecção que reanimou células de órgãos de porcos mortos. Um dia, descoberta pode ajudar vítimas de afogamento ou hemorragias.

Um grupo de cientistas da Universidade de Yale conseguiu restaurar as funções de órgãos de porcos uma hora depois de eles terem morrido, injectando uma solução no sistema circulatório dos animais. Logo depois da injecção, registou-se batimento cardíaco nos porcos e registou-se actividade de reparação celular.

Os resultados foram publicados na revista Nature no dia 3 de Agosto.
Esta solução, a que foi dado o nome de OrganEx, contém nutrientes, medicamentos anti-inflamatórios, medicamentos para prevenir a morte celular, bloqueadores de nervos (que limitam a actividade neurológica e garantem que os porcos não recuperam a consciência), e uma hemoglobina artificial que é misturada com o próprio sangue de cada animal.
De acordo com o jornal The Guardian, o objectivo dos investigadores é aumentar a oferta de órgãos humanos para transplante, permitindo que os médicos tenham acesso a órgãos viáveis muito depois da morte. Esperam ainda que esta tecnologia possa permitir o funcionamento dos órgãos depois da morte como resultado de afogamento e hemorragias, e após os danos serem reparados.
Depois da injecção, as células dos órgãos dos porcos, incluindo o coração, fígado, rins e cérebro, estavam a funcionar novamente. Os animais também não adquiriram a rigidez característica depois da morte.
Os cientistas assinalaram ainda que os porcos tratados com OrganEx abanaram a cabeça quando lhes foi injectada uma solução de contraste de iodo, o que foi surpreendente. Stephen Latham, bioético da Universidade de Yale e que esteve envolvido na experiência, explica que não existem indícios de envolvimento do cérebro neste movimento.
Antes da morte, os animais foram anestesiados e assim se mantiveram durante toda a experiência para garantir que não sofriam.
Em 2019, o mesmo grupo realizou uma experiência com cérebros de porcos mortos num matadouro. Quatro horas depois de morrerem, foi usada uma solução chamada BrainEx que fez com que as células cerebrais ressuscitassem.
A partir daí, que o grupo de cientistas concluiu que talvez pudessem reanimar também um corpo inteiro, relata ao jornal The New York Times Zvonimir Vrselja, um dos membros da equipa de Yale.
Os porcos a que foi administrada OrganEx foram comparados com animais também mortos há uma hora e tratados com ECMO (Oxigenação por Membrana Extra Corporal). Estes últimos porcos apresentaram rigidez e os órgãos ficaram danificados.
A equipa de Yale alerta que são necessárias mais experiências em animais antes de passar a testes em órgãos humanos e que mesmo depois disso, podem passar muitos anos até que uma pessoa morta seja injetada com esta solução.

Talismã Xavier com Leonor Riso

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