No voo de regresso do Canadá a Roma, na madrugada de hoje, sábado, 30 de Julho de 2022.
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Parte duma resposta à jornalista Claire Giangrave (RELIGION NEWS SERVICE)
…Parece que isto está bem claro: uma Igreja que não desenvolve seu pensamento no sentido eclesial é uma Igreja que retrocede. Eis o problema de hoje, de muitos que se dizem tradicionais.
Não, não são tradicionais, são "antiquados", vão para trás, sem raízes.
Sempre aconteceu assim, como no século passado.
O "retrocesso” é um pecado, porque não caminha adiante com a Igreja.
Ao invés, alguém disse que a tradição - acho que tratei disso em algum discurso – a tradição é “a fé viva dos mortos”; enquanto esses "retrógrados", que se dizem tradicionalistas, afirmam que a tradição é “a fé morta dos vivos”.
A tradição é, exatamente, a raiz, a inspiração para progredir na Igreja, sempre de modo vertical.
O "atraso" significa retroceder, permanecer fechados.
É importante entender bem o papel da tradição: ela está sempre aberta; é como a seiva das raízes que faz uma árvore crescer...
O compositor, Gustav Mahler, disse uma frase muito bonita: « A tradição, neste sentido, é a garantia do futuro, não uma peça de museu »
Quem concebe a tradição como uma coisa fechada, é contrário à tradição cristã... a tradição é como a seiva das raízes que faz crescer sempre mais e mais”.
Por isso, em relação à sua questão, é preciso pensar e manter a fé e a moral, mas sempre como a seiva das raízes e como as três regras de São Vicente de Lerins, que mencionei.
No final do diálogo com os jornalistas, o Papa disse :
Agora, antes de me despedir de vocês, queria falar uma coisa, que é muito importante para mim: a minha viagem ao Canadá foi muito relacionada à figura de Santa Ana.
Falei algumas coisas sobre as mulheres, mas, sobretudo, sobre os idosos, as mães e as avós. Mas, deixei claro que “a fé deve ser transmitida em dialeto e o dialeto, um dialeto maternal, o usado pela avós.
Nós recebemos a fé da forma dialetal feminina; é muito importante o papel das mulheres na transmissão da fé e no desenvolvimento da fé.
Foram nossas mães ou avós que nos ensinaram a rezar; foram elas que nos transmitiram as primeiras noções sobre a fé, que uma criança não entende.
Por isso, digo que esta transmissão dialetal da fé é feminina. Alguém poderia replicar: mas, teologicamente, como se pode explicar isso?
Eu poderia responder dizendo que “quem transmite a fé é a Igreja e a Igreja é mulher, é esposa, não é masculina... a Igreja é mulher.
Devemos entrar nesta ótica de pensamento de uma Igreja mulher, uma Igreja mãe, mais importante do que qualquer fantasia ministerial machista ou dominada por qualquer poder machista.
A Igreja é materna. Eis a maternidade da Igreja, segundo a figura da Mãe do Senhor. Por isso, é importante ressaltar a importância do dialeto materno na transmissão da fé. Descobri isso, por exemplo, ao ler o martírio dos irmãos Macabeus: por duas ou três vezes, dizem que sua mãe lhes dava coragem com o dialeto materno.
Logo, a fé deve ser transmitida em dialeto, um dialeto falado pelas mulheres. Eis a grande alegria da Igreja, porque a Igreja é mulher, a Igreja é esposa.
Quis deixar claro isso pensando em Santa Ana. Obrigado, pela paciência de vocês. Obrigado pela atenção. Descansem e boa viagem.
Chegou a Roma às 08h06.
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