É oficial! Nunca estivemos tão próximos, depois da II Grande Guerra, da introdução do pensamento único oficial. Ouvimos e lemos coisas completamente assustadoras, ditas por mentecaptos que nos que-
rem obrigar a autoflagelar-nos por sermos europeus brancos e heterossexuais. É como se nos quisessem forçar a sofrer o que sofreram no passado, como se todos nós tivéssemos tido a culpa
da escravatura ou da perseguição aos homossexuais.
São vários os exemplos que surgiram esta semana, mas atentemos em dois: uma atriz, muito histriónica, diga-se, decidiu fazer tranças, acabando por ser acusada de racismo, já que esse penteado é uma imagem de marca das pessoas racializadas (!) que, supostamente, quando o usam na Europa são prejudicadas. Logo, os brancos quando usam tranças estão a ofender as tais pessoas racializadas. Um artista de nome Agir chegou ao cúmulo de dizer que «quando uma pessoa branca faz tranças fá-lo por uma questão meramente estética, por achar giro. Visto assim, à partida, seria legítimo fazê-lo. O problema é que quando uma pessoa racializada o faz, vê, quase sempre, as suas oportunidades diminuídas (mais do que já costuma ser), normalmente nos locais de trabalho.
Ter tranças numa pessoa racializada é, na maioria das vezes,
sinónimo de perder o emprego ou de nem o chegar a arranjar.
Podem, então, pessoas brancas usar tranças? Na verdade, ninguém as proíbe, mas um pouco de consciência e contextualização não faz mal a ninguém».
É óbvio que se o assunto não fosse grave dava imensa vontade de rir. Isto dito por um cantor que usa argolas nas orelhas semelhantes às que determinados índios usam. Calculo que es-
teja a caminho de se redimir desse pecado capital.
O outro caso que me chamou a atenção diz respeito a uma música de uma portuguesa, com origens angolanas, que teve a ajuda de outra artista portuguesa, mas esta branca. A música, Filha da Tuga, fala do problema de Irma, assim se chama a cantora, que, na letra da canção, diz ‘Sou branca para os pretos, para os brancos sou preta’. O tal Agir, que também entrou na produção do EP, não tem dúvidas que a ajuda de Carolina Deslandes foi prejudicial. «Concluir que a Irma pediu a uma pessoa branca para escrever por ela o que dizer sobre a sua realidade ou a realidade de toda a comunidade não é rigoroso. Porém, mesmo que tenha sido só uma ajuda, podia ela ter antes pedido ajuda a uma pessoa negra para o fazer?
Sim, e tenho a certeza que é o que acontecerá daqui para a frente». Depois discorre sobre a
palavra tuga e nem sequer sabe o seu significado, pois a mesma é altamente depreciativa para os portugueses, pois foi assim que começaram a ser tratados na guerra colonial, algo que se mantém ainda
hoje. Eu em Luanda fui várias chamado de tuga e pula e nunca liguei a isso. Parvos há-os em todo o lado. Lá, como cá.
A ignorância e subserviência às modas deste rapaz é tanta que nem sabe que uma das polémicas atuais em Angola é precisamente o candidato da UNITA não ser considerado umangolano genuíno por ser mulato – como se o mesmo encarnasse o mal por na sua família ter havido cruzamento de raças. O que, como sabemos, deu origem a pessoas de uma beleza ímprMas o que dizer destas novas modas de algumas elites urbanas minoritárias, radicais e tontas?
Que, no fundo, foram beber inspiração ao comunismo e ao nazismo. Que seguem as purgas de Estaline nos anos de 1936/37, onde morrerammaisde100milopositores.Ou da matança de milhões de dissidentes de Mao Tsé -Tung, na famosa Revolução Cultural. Ou ainda da célebre Noite das Facas Longas, em 1934, onde Hitler mandou as-sassinar dezenas de dissidentes e prendido milhares de pessoas. Quem pensasse diferente desses ditadores, sabia o que lhes reservava o futuro. É certo que, por cá, não querem matar quem pense diferente deles, mas que querem matar a liberdade, lá isso querem.
vitor.rainho@sol.pt
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