Sueca, filha de pai português, Natália Batista é um dos nomes europeus de referência da manga - um estilo de banda desenhada oriunda do Japão. E lançou um livro de manga que não é aconselhável a crianças.
Muitos de nós crescemos a ver filmes animados de origem japonesa. "Marco" e "Heidi" foram dos primeiros grandes exemplos de grande sucesso deste estilo de desenho - manga -, que conquistou os mais novos nos quatro cantos do Mundo. Um estilo que marcou gerações de crianças e que continua a ser uma marca da escola japonesa, mas que se alargou a muitos outros países, nomeadamente na Europa. Muitas das crianças de ontem são, hoje, dedicados desenhadores de manga. Em alguns países da Europa, como na Suécia, a exemplo do Japão, surgiram escolas com cursos especializados em desenho manga, permitindo o surgimento de uma nova geração de cartunistas.
É o que acontece com Nátalia Batista, uma jovem sueca de 23 anos, filha de pai português e mãe polaca. Natália é mesmo considerada uma das principais desenhadoras do movimento "euromanga", que envolve um largo número de cartunistas europeus. Recentemente, lançou um livro de banda desenhada, "A song for Elise", que está a alcançar grande êxito, mas também alguma polémica, pois a publicação é dedicada aos adultos, isto num estilo de desenho associado ao público infantil e adolescente.
Embora a manga proibida a crianças não seja novidade, pois existem filmes e livros com manga erótica e pornográfica - o que, aliás, acontece com todos os géneros de banda desenhada -, esta variante é vista pela comunidade internacional de desenhadores como algo quase pirata, que não é devidamente reconhecido. Mas com "A song for Elise", Nátalia Batista lança "pela primeira vez" um livro de manga para adultos, mas com uma temática completamente diferente, elogiado e reconhecido pelos "puristas". Um novo estilo temático, que até já tem nome, japonês, naturalmente: "Yaoni manga".
"Cresci a ler e a ver filmes de manga, mas como as crianças crescem, a manga, naturalmente, também deve evoluir", comentou ao JN Nátalia Batista, admitindo que "a manga é sempre associada às crianças", pelo que o seu livro surpreende, mas "pode levar até aos jovens assuntos que os interessam, num estilo de desenho de que sempre gostaram".
A sua paixão pela manga é de inteira dedicação: estudou este estilo numa escola de artes sueca, em Malmo, e profissionalizou-se neste tipo de desenho. O estudo da língua e cultura japonesas é outro dos seus principais interesses, pois "a manga continua a ser uma imagem de marca japonesa". Mas também com uma larga legião de seguidores na Europa. O movimento "euromanga" já chegou a Portugal, sobretudo através das publicações "NCreatures".
Em "A song for Elise", a autora aborda questões como o suicídio e a homossexualidade, construindo uma história à volta de três personagens, Andi, Marcus e Elise, que, revelou, se baseia "em situações semelhantes" vividas por amigos seus. O livro, "o primeiro deste tipo a ser publicado na Europa", pretende ser "um reflexo das questões actuais da nossa sociedade, envolvendo ambientes e situações próprias dos jovens de hoje". Com desenhos a preto e branco e texto em Inglês, "A song for Elise" está disponível na Internet, em asongforelise.smackjeeves.com.
A comunidade de desenhadores de manga é crescente na Europa, "contactamos uns com os outros", e Portugal não é excepção. Já com uma publicação traduzida para Português, "Only you", Natália Batista espera que este novo livro possa chegar a um largo número de jovens adultos, pois a sua manga cresceu como eles, prolongando nos desenhos os seus sonhos e ansiedades.
jn 21 Agosto 2009
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