Eleições americanas
O ideal seria que na terça feira da próxima semana o apuramento de votos fosse de modo a não permitir dúvidas sobre se Trump fica na Casa Branca ou entrega as chaves da mesma a Joe Biden. É isso que apostam ambos, numa altura em que já terão votado perto de 60 milhões de cidadãos. O renomeado site FiveThirtyEight, que analisa sondagens e tendências de voto, crê mais provável um triunfo do antigo vice-presidente de Obama.
Se assim for, um dos motivos terá sido o coronavírus. Na semana em que Trump assegurou num debate que a vacina chegará antes do fim do ano e em que o seu chefe de gabinete assumiu, contrariando o Presidente, que a pandemia não vai ser controlada, os Estados Unidos aproximaram-se dos nove milhões de casos, naquela que é uma indesmentível terceira vaga de covid-19. Sem esta doença a reeleição estava bem encaminhada, graças aos bons indicadores económicos. Agora fica tudo no ar, fruto de uma gestão vista como errática por parte do Presidente e do impacto económico da crise global. Mas, como escreve o correspondente do Expresso nos EUA, Ricardo Lourenço (que visitou o Ohio, estado que há 60 anos acerta sempre no vencedor das presidenciais), a pandemia é uma dor de cabeça entre outras. Já agora, nesse Estado decisivo a diferença entre os candidatos, na média dos vários estudos de opinião, é inferior a um ponto percentual. Na Florida, por onde ando, é um pouco maior.
Há dias estive em Nashville, no Tennessee. O Estado pende para o lado republicano, o que não impede que haja quem pense de outra forma, numa América que cada vez mais são duas, como deixara entender o presidente do American Club de Lisboa, Patrick Siegler-Lathrop, com quem conversei no mais recente episódio do podcast O Mundo a Seus Pés, da secção internacional do Expresso. Assisti ao debate de quinta-feira passada, naquela cidade, num ato da campanha trumpista, o que só contribuiu para me convencer do fosso sem pontes que se aprofunda no país. O Hélder Gomes e o David Dinis (que está prestes a juntar-se-me deste lado do oceano, com um trajeto diferente) acompanharam a contenda televisiva (melhor do que a anterior, segundo opinião geral) e a Mafalda Ganhão andou à pesca das falsidades e contradições dos candidatos.
Com a campanha a entrar na semana final, a última notícia é a contaminação de adidos do vice-presidente Mike Pence, que ainda assim planeia manter a agenda, sem anular deslocações. Trump e Biden já deram a habitual entrevista ao programa ‘60 minutes’ da CBS, que o Presidente abandonou antes do fim e de que divulgou excertos antes da própria estação. Sobram poucas cartadas a jogar nos oito dias que nos separam do dia da grande decisão do povo americano. Oxalá não passem muitos mais entre esse dia e aquele em que saberemos quem vai mandar no país mais poderoso do mundo. Termino aconselhando esta útil explicação do politólogo Pedro Magalhães sobre a falta de confiança no sistema eleitoral americano.
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