segunda-feira, 1 de novembro de 2021

ALBANIA - "Burneshas"... Mulheres que passaram a sua vida como Homens.

 As mulheres albanesas que viveram suas vidas como homens!

burneshas”:  são mulheres que, geralmente na adolescência, fizeram um juramento de castidade e abandonam vestuário, corte de cabelo e trejeitos femininos, para assumir o papel social de homens.

Em vias de extinção, esta estratégia era usada, desde o seculo XV, para manter a honra ou garantir a sucessão de famílias sem filhos varões, e teve lugar em regiões isoladas do norte da Albânia e também, pontualmente, em Montenegro, Kosovo  e Macedónia.

Assim, se uma mulher não queria casar com o homem a quem havia sido prometida, tinha como "saída" a conversão à personalidade masculina. Seria a única maneira, de preservar a honra da família do pretendente preterido, sem o que se instalaria uma "rixa de sangue" com baixas sucessivas de lado a lado.

Da mesma forma, em famílias sem herdeiros masculinos, uma das filhas era educada para suceder ao pai no comando de tudo o que à família dissesse respeito.

Como até à data de cerca de 1920, cerca de 30% da população masculina adulta do país (da região ?) perecia em "rixas de sangue" - honra a todo o custo - o "deficit" de candidatos a chefes de família foi o principal catalisador da existência das “burneshas”.

Desde há alguns anos, que os albaneses vêm questionando o carácter de "atracção de circo" que recai sobre estas mulheres (das quais, actualmente se estima que existam cerca de 60, de um modo geral, idosas) e se melindram com a atenção dada a este arcaísmo fora do seu contexto.

O fotógrafo Jill Peters apresenta o fenómeno chamado de “burneshas”: mulheres albanesas que decidiram por iniciativa própria viver como homens, ou que tiveram que assumir essa identidade por mando da família. Elas fazem o voto de virgindade e assumem o papel de homens para o resto de suas vidas. O que costumava ser um uma tradição comum no século 15 ainda permanece viva em algumas áreas rurais no norte da Albânia.

Jill explica: “A liberdade de votar, dirigir, ter um negócios, ganhar dinheiro, beber, fumar, possuir armas ou vestir calças era tradicionalmente da competência exclusiva dos homens. As meninas eram comumente forçadas ao matrimónio em casamentos arranjados, muitas vezes com homens muito mais velhos de aldeias distantes. Como alternativa, elas poderiam fazer o voto de virgindade, se tornando ‘burneshas’, o que elevava a mulher à condição de homem e lhe concedia todos os direitos e os privilégios exclusivos da população masculina”.      

A fim de manifestar a transição, as mulheres deveriam cortar o cabelo, passar a vestir roupas masculinas e às vezes até mudar de nome. As atitudes e os gestos masculinos eram praticados por elas até se tornarem naturais. E o mais importante de tudo: as burneshas deveriam fazer um voto de celibato e permanecer castas por toda a vida. ‘Ela’ se tornava ‘ele’. Esta prática continua até hoje, mas como o avanço da modernização em direcção às pequenas aldeias, essa tradição arcaica é cada vez mais vista como obsoleta. Apenas algumas burneshas mais velhas permanecem”.

Jill também aprendeu que essas mulheres são muito respeitadas em suas comunidades: “Elas possuem uma quantidade indescritível de força e orgulho, além de honrarem a família acima de tudo. Sua transição absoluta é totalmente aceita sem questionamentos pelas pessoas com quem convivem. Mas o mais surpreendente é que elas não se arrependem da escolha que fizeram, apesar dos inúmeros sacrifícios pelos quais passam”.












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