quinta-feira, 18 de janeiro de 2024

Memórias de um governo “cansado” e “arrogante” (Parte I)

Autentica bíblia, para memória futura!

"Cavaco Silva escreve, com ironia, sobre a dimensão da obra realizada nos últimos dois anos da sua década de primeiro-ministro, quando comparada com a dos oito anos do atual poder socialista.

"A ironia é uma brincadeira, é uma dança de inteligências, e o prazer de dizer o que não se deve, só para divertir e escandalizar."
(Miguel Esteves Cardoso, Público, 4 de dezembro de 2023)

Começo por lembrar aos leitores que nasceram depois de 1995 e aos que nasceram antes mas que, na década de 1985-1995, não acompanharam ou não guardaram memória da vida política nacional nesse período, que, na sequência das vitórias do PSD nas eleições legislativas de outubro de 1985 (29,8 %), de julho de 1987 (50,2%) e de outubro de 1991 (50,6%), exerci as funções de primeiro-ministro entre 6 de novembro de 1985 e 28 de outubro de 1995.

Com a falta de humildade e a vaidade que me são atribuídas digo que estou absolutamente convencido de que, nessa década, por ação dos meus governos, o desenvolvimento de Portugal, em todas as suas dimensões, deu um salto em frente que muito surpreendeu a União Europeia e que, depois, em nenhuma outra década foi alcançado resultado semelhante.

Afamados analistas e cronistas políticos da nossa praça têm afirmado que, nos meus últimos anos de primeiro-ministro, o governo estava cansado e arrogante. Como notei que tal afirmação tem sido interpretada por muitos em sentido pejorativo, ao contrário do que era certamente a intenção dos afamados analistas, entendi que devia trazer à memória alguns factos da atividade governativa nos dois últimos anos daquela década para que a verdade atire para o caixote do lixo os mal entendidos que ainda possam reinar nalgumas mentes.

Com a expressão "governo cansado", os afamados analistas e cronistas queriam certamente exprimir a ideia de que tinha sido de tal dimensão a obra realizada nesse período final que era natural que os membros do meu governo sentissem alguma fadiga física. É compreensível que pensem assim.

Começo por lembrar o programa de erradicação das barracas das áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, o maior no domínio da habitação alguma vez levado à prática em Portugal. A sua execução, nos últimos dois anos do meu último governo, entre 1993 e 1995, exigiu um tal esforço da parte do ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, do secretário de Estado da Habitação e de mim próprio para acompanhar a execução do programa, que me trouxe à memória o estado em que me sentia quando, em jovem, como atleta do CDUL, terminava a prova de 400 metros barreiras.

Negociar com 27 câmaras municipais os contratos para a inventariação e demolição de cerca de 42.000 barracas e para o realojamento de 48.000 famílias foi, de facto, uma tarefa mental e fisicamente muito exigente.

Recordo com satisfação a cerimónia, em que estive presente, de assinatura pelo presidente da Câmara Municipal de Lisboa, dr. Jorge Sampaio, do acordo para a erradicação de cerca de 10.000 barracas, habitadas por 37.300 pessoas, existentes no concelho.

Igual satisfação me dá recordar como, já depois de deixar o governo, os municípios executaram o programa de acordo com o que haviam negociado. Um verdadeiro trabalho de parceria entre o Estado e as autarquias assente nos princípios da confiança e da responsabilidade.

Para além do programa de erradicação das barracas, o esforço do ministro da Obras Públicas no acompanhamento, em 1994 e 1995, de duas outras grandes obras deve ter contribuído também para que o suor reluzisse na sua testa.

Por um lado, a conclusão do troço do IP4, na extensão de 52 quilómetros, de Vila Real a Mirandela, que faltava para completar a moderna ligação rodoviária de Amarante a Bragança e que eu, em ambiente de grande festa, inaugurei em maio de 1995.

Por outro lado, a construção da Ponte do Freixo e do seu acesso a sul, a partir do nó dos Carvalhos, e do último troço da autoestrada Porto-Amarante.

Foram duas grandes obras que eu próprio inaugurei em setembro de 1995, quando faltavam apenas 32 dias para cessar as funções de primeiro-ministro.

A fadiga do ministro das Obras Públicas tem ainda outra explicação: os esforços por ele desenvolvidos nas negociações do contrato de concessão em regime de portagem da Ponte Vasco da Gama e na primeira fase da sua construção, a qual arrancou quando faltavam menos de dez meses para eu cessar as funções de primeiro-ministro. A par disso, o ministro, perante o desenvolvimento da margem sul do Tejo e a dimensão do fluxo humano diário de entrada e saída de Lisboa, empenhou os seus melhores esforços no lançamento do concurso internacional para a introdução do comboio na Ponte 25 de Abril e no início da obra no meu último ano como primeiro-ministro.

Acompanhei de perto o processo de construção da segunda travessia do Tejo em Lisboa. No quadro da opção pelo modelo de construção em regime de concessão, então desconhecido em Portugal, visitei a experiência da Ponte de Severn entre Inglaterra e País de Gales e, em março de 1995, em Alcochete, em ambiente de grande celebração, presidi à assinatura do contrato de concessão ao consórcio vencedor do concurso internacional.

Num assomo de arrogância política, em uma das minhas visitas às obras da Expo'98, apontando para os pilares da ponte que já se erguiam, auto proclamei-me seu padrinho e anunciei que, na opinião do governo, devia chamar-se Vasco da Gama. Não só porque se comemoravam então os 500 anos dos Descobrimentos portugueses, mas também, não sabendo que tipo de governo se seguiria ao meu, para impedir que lhe fosse dado um nome ligado a um acontecimento de conjuntura, como chegou a ser sugerido. Arrogância semelhante já eu tinha manifestado quando, em março de 1988, apadrinhara a via longitudinal do Algarve, designando-a como Via Infante de Sagres.

Em 4 de Setembro de 1995, quando faltavam menos de dois meses para o governo cessar funções, eu e o ministro das Obras Públicas fomos de barco até ao pilar sul da ponte e percorremos a pé parte do viaduto central. Ah… se os afamados analistas e cronistas políticos de hoje tivessem estado presentes. Teriam visto que tanto eu como o ministro irradiávamos vivacidade e energia e, como é óbvio, um certo ar de arrogância política para ficar bem na fotografia. Era o sentimento do dever cumprido, o orgulho vaidoso de ter contribuído para pôr de pé obra de betão bem feita e fundamental para o desenvolvimento do país e a melhoria das condições de vida das populações.

Aos analistas políticos e a alguns políticos mais empedernidos recordo ainda três grandes obras a cujo acompanhamento dediquei, nos últimos dois anos como primeiro-ministro, muito do meu tempo, ao ponto de, no fim do dia, chegar a casa cansado.

Depois da decisão política de construir a barragem do Alqueva e do arranque das obras de terraplanagem, em fevereiro de 1993, e enquanto avançavam a bom ritmo as escavações, o governo tomou as medidas necessárias para tornar irreversível a concretização do projeto: a criação da Comissão Instaladora da Empresa do Alqueva, a inclusão do financiamento da construção da barragem no Quadro Comunitário de Apoio na sequência de difíceis negociações com a Comissão Europeia, a elaboração do Plano Regional do Ordenamento do Território da Zona Envolvente da Albufeira do Alqueva, a constituição da Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva (EDIA), o estudo de impacto ambiental das obras da albufeira e o licenciamento da construção da barragem. Tantas decisões importantes para o futuro da região alentejana talvez tenham deixado o governo cansado e, ao mesmo tempo, exibindo uma certa arrogância política.

Em segundo lugar, lembro a preparação do terreno para a realização da Expo'98, a maior obra de requalificação urbana da zona metropolitana de Lisboa desde o tempo do Marquês de Pombal, a aprovação de um quadro normativo de enorme complexidade para resolver os múltiplos problemas que se antecipavam e dos planos de ordenamento, assim como o arranque das obras dos pavilhões temáticos, do Oceanário, da Estação do Oriente e do Pavilhão Atlântico destinado a grandes espetáculos.

No espaço que é hoje o Parque das Nações, o meu governo levou a cabo um trabalho colossal de transformação de uma área extremamente degradada, poluída e insalubre, onde se escondiam instalações industriais, lixeiras, entulhos, escombros, barracões, carcaças de automóveis, milhares de contentores, um matadouro antiquado, restos de material de guerra, uma refinaria e depósitos de produtos petrolíferos e uma doca abandonada.

Foi o mais bem sucedido exemplo de requalificação urbana em larga escala. O cansaço coube, desta feita, ao engenheiro António Cardoso e Cunha, que escolhi para liderar um trabalho que era verdadeiramente ciclópico e que revelou competência, imaginação e coragem para resolver os obstáculos que surgiram. "Sem ele a Exposição não teria sido possível", como afirmou António Mega Ferreira em 2018, o que não impediu o poder socialista que se seguiu ao meu governo de mover contra ele uma lamentável campanha mediática para o forçar a demitir-se em janeiro de 1997.

Em terceiro lugar, lembro a introdução do gás natural em Portugal por gasoduto ligado aos poços da Argélia, um dos projetos mais complexos com que tive que lidar, juntamente com o ministro da Indústria e Energia, nos meus últimos dois anos como primeiro-ministro. Tratou-se de um projeto industrial estruturante da maior importância para o aumento da competitividade da economia portuguesa.

Além das complexas negociações com a Comunidade Europeia para obter o apoio extraordinário dos fundos estruturais e com as autoridades espanholas, argelinas e marroquinas, em 19 de julho de 1993 escrevi uma carta de oito páginas ao Presidente da República Mário Soares para esclarecer as suas dúvidas de promulgação de três decretos-leis exigidos para a concretização do projeto.

Ao cessar as funções de primeiro-ministro, a construção do gasoduto Setúbal-Braga estava praticamente concluída e tinham sido iniciados os trabalhos de construção do troço Leiria-Campo Maior.

Para atenuar a crítica de que os meus governos apenas eram eficientes em matéria de betão, lembro que foi nos últimos dois anos de primeiro-ministro que foram resolvidos os problemas do financiamento da construção do Museu de Arte Contemporânea de Serralves, com a assinatura de Siza Vieira.

Em 27 de julho de 1995, quando faltavam três meses para cessar as funções de primeiro-ministro, em concorrência mediática com Claudia Schiffer, a top model de beleza estonteante que então entusiasmava jovens e não só, no Porto, presidi à cerimónia de assinatura do protocolo entre o governo e a Fundação de Serralves, para a concretização do mais importante investimento cultural alguma vez realizado na cidade.

Também fora do betão das obras públicas, lembro o lançamento, em junho de 1994, do programa das Aldeias Históricas de Portugal de que fez parte a reabilitação de Monsanto, Idanha-a-Velha, Sortelha, Castelo Mendo, Almeida, Marialva, Castelo Novo, Castelo Rodrigo, Linhares da Beira e Piódão.

Fiz a apresentação pública do programa em Idanha-a-Velha envolto em ambiente de grande festa, em que acabei a passear pelas ruas da aldeia em cima de uma charrete, presumo com um ar politicamente arrogante, já antecipando que, em agosto de 2023, seria reconhecido pela Organização Mundial do Turismo como um exemplo de boas práticas no setor.

Por outro lado, não deixa de ser surpreendente que um "governo cansado" tenha conseguido preparar e submeter a consulta pública o Plano Nacional de Política do Ambiente, o qual foi aprovado quando faltavam sete meses para terminar o meu mandato como primeiro-ministro.

Quero crer que os afamados analistas e cronistas políticos, conhecedores dos meandros da vida política nacional, têm uma ideia da coragem e dos esforços que foram exigidos ao governo nos meus dois últimos anos como primeiro-ministro para travar as autorizações de construções urbanas por parte de alguns municípios, em ordem a salvaguardar o litoral e a orla costeira.

Devo também lembrar que foi um governo "cansado", com uma energia imprópria dessa sua qualidade, que enfrentou o impacto da grave crise económica que atingiu a União Europeia em 1993, a maior depois da II Grande Guerra. Para combater o desemprego, reforçar a competitividade das empresas e favorecer a recuperação económica, o Governo aprovou, entre março e julho, oito programas especiais, com destaque para a erradicação das barracas nas áreas de Lisboa e Porto e para os apoios ao setor exportador, aos desempregados agrícolas devido à seca, à comercialização e transformação dos produtos agrícolas e às pequenas e médias empresas industriais, de tal modo que, em 1994, já estava em marcha um novo ciclo de crescimento da economia portuguesa assente em bases sólidas, como escreveu a OCDE.

No fim de janeiro de 1995, quando anunciei publicamente que não voltaria a ser candidato à presidência do PSD, o diário espanhol El Pais escreveu: "Foi uma década em que Portugal se transformou profundamente… Cavaco deixa a economia portuguesa num estado muito favorável".

Em março de 1995, o governo acrescentou ainda um programa de incentivos ao emprego jovem e desempregados de longa duração e, em abril, um programa de apoio aos viticultores do Douro.

Devo lembrar também que, em 1994, o governo promoveu a criação da Portugal Telecom, por fusão de três empresas públicas operadoras de telecomunicações, e estabeleceu o novo Programa Estratégico de Dinamização e Modernização da Indústria para vigorar até 1999, e que, em março de 1995, promoveu uma importante reestruturação do sector elétrico.

E não devo esquecer que, no quadro de um processo de dimensão e profundidade históricas, foram, em 1994 e 1995, realizadas vinte e cinco operações de reprivatização de empresas que tinham sido nacionalizadas na sequência da revolução de 25 de Abril de 1974.

Como receio que os nossos afamados analistas e cronistas políticos não estejam bem convencidos de que só um governo muito "cansado" e politicamente "arrogante" conseguiria concretizar este numeroso e complexo processo de reprivatizações, aconselho-os a ler a legislação que para o efeito foi necessário preparar e aprovar, assim como o livro do dr. Eduardo Catroga, "22 Meses no Ministério das Finanças".

Deve ter sido por influência dos analistas e cronistas políticos de então que, em setembro de 1995, a Fundação Bertelsmann me atribuiu o prémio Carl Bertelsmann 1995 pelo sucesso das políticas do governo de melhoria do mercado de trabalho e de luta contra o desemprego.

A ação do governo no domínio social foi uma força importante para ultrapassar os momentos de fadiga física.

No final de setembro de 1993, o governo procedeu à revisão do regime geral da segurança social dos trabalhadores independentes, do regime de proteção na velhice e na invalidez dos beneficiários do regime geral da segurança social e do regime de segurança social dos membros dos órgãos estatutários das pessoas coletivas.

Só um governo "cansado" e politicamente "arrogante" ousaria por em prática um conjunto de medidas estruturais, tendo em vista a promoção do equilíbrio financeiro do sistema de segurança social e a melhoria das condições de proteção social dos cidadãos, quando faltava menos de um ano e meio para o fim da legislatura. E que, em 1994 e 1995, ainda teve forças para manter a prática de, todos os anos, aumentar as pensões mínimas mais do que a taxa de inflação.

Por outro lado, foi em 26 de maio de 1995 que fiz a apresentação de um programa especial de turismo para a terceira idade, preparado pelos ministros do Turismo e do Emprego, em que o Estado suportava 50% dos custos totais de duas semanas de férias, entre outubro e maio, de pessoas com mais de 65 anos.

Em abril de 1995, quando faltavam seis meses para terminar o meu mandato, exibindo certamente um ar arrogante, inaugurei o Hospital Distrital de Leiria, o oitavo construído de raiz durante o meu tempo de primeiro-ministro. Quantos terão sido os hospitais públicos construídos de raiz em Portugal nos últimos oito anos?

Pelo esforço que exigiram, devo referir as negociações com os representantes de cinco associações das empresas operadoras portuárias, de doze sindicatos dos trabalhadores portuários e dos sindicatos dos carregadores, dos agentes de navegação e dos utentes dos cais privativos que possibilitaram a assinatura de um pacto de concertação social e a aprovação pelo governo, em julho de 1993, da reforma do regime das operações do trabalho portuário, um contributo importante para a melhoria da competitividade dos portos portugueses. Os esforços exigidos ao ministro do Mar, Eduardo Azevedo Soares, e ao seu secretário de Estado, para levar esta tarefa a bom porto tê-los-á deixado naturalmente cansados.

Não resisto também a lembrar que, em 1994 e 1995, foram aprovados os novos códigos cooperativo, penal, do notariado, do processo civil, do registo civil, da propriedade industrial, do registo de bens móveis e da estrada.

E acrescento ainda que, em junho de 1995, a OCDE escreveu: "Portugal realizou, desde 1985, um progresso económico notável, marcado pelo aprofundamento da integração na economia internacional, pela abertura dos setores protegidos, pelo avanço na transformação estrutural da economia e por um acrescido aprofundamento financeiro".

Sei que estou a ser maçador, mas os leitores sabem que, ao escrever memórias, tenho o defeito de ser rigoroso e de não omitir o importante.

O que fica escrito é suficiente para demonstrar que é compreensível que afamados analistas e cronistas políticos pensem que era natural que os ministros do governo sentissem alguma fadiga física, tal a dimensão da obra realizada nos últimos dois anos da minha década de primeiro-ministro, quando comparada com a dos oito anos do atual poder socialista.

A minha satisfação por esta obra é tanto maior, quanto ela foi realizada num tempo em que o governo enfrentou uma forte oposição política, uma legítima, outra menos legítima. Abordarei esta questão na segunda parte deste artigo, dedicada ao pecado da "arrogância política" do meu governo, que publicarei na próxima semana.

P.S. Cansado de lembrar a obra do meu governo nos dois últimos anos do seu mandato, esqueci-me de referir a arrogância política e a vaidade com que, no dia 26 de abril de 1995, no final da cerimónia de inauguração da fábrica de automóveis da Autoeuropa, conduzi um veículo nela produzido, dando uma volta à pista de ensaios. Faltavam seis meses para cessar as funções de primeiro-ministro.

E a propósito: quando é que chega o outro projeto do tipo Autoeuropa de que o poder socialista tem falado?

Nota: a segunda parte deste artigo será publicado na próxima terça-feira

https://observador.pt/especiais/memorias-de-um-governo-cansado-e-arrogante-parte-i/

terça-feira, 9 de janeiro de 2024

Epistolar, doce epistolar

O PS tem que arrancar os correios às mãos dos privados. Não saber qual é a Urgência aberta quando se tem um AVC é um incómodo, mas não ter posto dos CTT à porta de casa isso não, que há limites.

Segundo os últimos dados, a inflação tem vindo a abrandar. Mas isso é o que dizem os economistas com os seus gráficos. Na vida real, no dia-a-dia, as pessoas comuns continuam a sentir o aumento dos preços quando vão à farmácia aviar receitas, ao mercado abastecer-se de legumes ou ao Parlamento negociar orçamentos de Estado.

É por isso que a ligação do PS com o povo português é tão forte. Há uma profunda cumplicidade, forjada na partilha do infortúnio comum, pois os socialistas também sabem quanto dói a inflação. Como a carteira dos consumidores, que se lembra de quanto custava antes e de quanto custa agora, o bolso socialista também guarda a memória dos tempos em que gastava muito menos pelo mesmo cabaz.

Há 20 anos, o apoio parlamentar necessário para passar um Orçamento de Estado trocava-se por uma fábrica de queijo limiano; hoje, pelo mesmo produto, o Governo é obrigado a oferecer uma empresa de correios que também é um banco. Longe vão os tempos em que uma fabriqueta era boa moeda. Agora, menos que os CTT não chega.

Simpatizo com o PS. Também já passei pela mesma situação. Quando fiz 5 anos de casado, entusiasmei-me e ofereci um colar caríssimo à minha mulher. Foi o acto generoso mais estúpido que pratiquei. Desde esse aniversário, todo o presente que não tenha sido adquirido naquelas joalharias com porteiro e alcatifa ultra-fofa é recebido pela minha mulher com um "humpf". Agora, todos os anos tenho de apresentar um embrulho cada vez melhor. Pelas minhas contas, quando fizer 25 anos de casado, vou ter de lhe oferecer os CTT. Resta saber se os compro aos donos actuais, se ao PS.

Mas tenho de admitir que o Governo joga a isto melhor do que eu. Planeou bem o esquema. Em vez de fazer como eu, que parvamente compra a jóia inteira, limitou-se a adquirir 0,24% da empresa. Bastou para impressionar o PCP, que deixou o orçamento passar. Para a próxima já sei: compro só um ou dois aros do colar, fica a promessa de um dia trazer o resto e espero que a minha mulher se esqueça entretanto.

Não quero insinuar que o PS tenha feito isto apenas por oportunismo político. Da mesma forma que António Guterres tinha um interesse genuíno pelo queijo flamengo produzido na região minhota de Ponte de Lima, acredito que este Governo queira mesmo resgatar os CTT das garras do capital privado. Faz tudo parte da sua estratégia para combater o despovoamento do interior do país. O PS sabe que só a oferta de serviço postal no concelho de residência consegue atrair população. Como se fixam habitantes sem a força de um posto de correios? Já todos assistimos a esta conversa:

– Querida, vamos viver para Ponte de Sor!

– Tem casas a preços acessíveis?

– Não.

– E centro de saúde com médico de família?

– Também não.

– E hospital com urgências na região?

– Não existe.

– E maternidade?

– Fechou.

– Empregos?

– Poucos e maus.

– E escola?

– Isso há!

– Com professores?

– Ah, com professores é que não. Mas abriram uma na vila ao lado.

– Há transportes para lá?

– Só à sexta-feira.

– Não estou a gostar muito de Ponte de Sôr.

– Mas possui um posto dos CTT.

– Porque é que não disseste logo? Isso, sim, é qualidade de vida! É o sítio perfeito para criar os nossos filhos.

O Governo precisa de ter mão nos CTT. Não podemos confiar na gestão privada. Apesar de terem voltado a ter postos de correio em todas as sedes de concelho, é uma questão de tempo até começarem a encerrá-los alternadamente. Em breve, os utentes vão ser obrigados a consultar uma tabela antes de sair de casa, para saber que estação dos CTT estará aberta nesse dia. Imagino a aflição da pessoa que precisa de comprar um envelope pré-pago com urgência e não sabe a que posto se deve dirigir. Umas vezes pode ter sorte e ser o que está perto de sua casa, outras pode ter azar e ser um a 80 km. Espero que o PS não abandone o projecto de recompra dos CTT. Os portugueses não merecem viver na incerteza sobre a prestação de serviços postais.

Somos um povo rijo, que aguenta muito. Mas temos o nosso limite. Damos à luz em estações de serviço, não conseguimos pagar a casa, esperamos horas em corredores de hospitais (quando os apanhamos abertos), viajamos apertados e atrasados nos autocarros, os nossos filhos não têm aulas. Até aí, tudo bem. Agora, não nos obriguem é a fazer vários quilómetros para comprar o selo da carta em que nos queixamos disto tudo ao nosso primo emigrado, a avisá-lo para não voltar.

https://observador.pt/opiniao/epistolar-doce-epistolar/

segunda-feira, 1 de janeiro de 2024

O tempo é um carrasco.

Por JRC

O Patrão da Barca

 

Longe de mim gracejar ou querer fingir sabedoria, pois nem a ocasião se presta a ligeirezas, nem os muitos anos me tornaram sábio, e o que fui aprendendo durante o longo caminho percorrido, é travão bastante para exageros ou diversões.

Todavia, um ano a encerrar e outro a surgir, no momento em que soam as doze badaladas finais, poucos -  e entre eles me conto -  escapam ao vago sentimento que, inexplicavelmente, junta ao medo que os primitivos conheceram nas cavernas, uma angústia que parece sem fundamento, pois são colossais os avanços e melhorias que deles nos separam.

Por si só, tomar consciência um instante que fosse, do muito que temos e podemos, mesmo o que os nossos antepassados, um par de séculos atrás nem se atreviam a sonhar, deveria ser mais do que o preciso para conseguirmos alguma paz de espírito. Infelizmente, para nosso mal, parecemos condenados a uma permanente dúvida, inquietação e insegurança, só em raros instantes nos mostramos capazes de calar o temor e o desespero, fazer frente à adversidade, termos consciência do que, indivíduo ou cidadão, não somente podemos, mas é nosso dever, contribuir para que se realize um mundo próspero e muito mais justo.

Contudo, no instante em que soam as doze badaladas, das quais como por mágica, esperamos que façam esquecer dores e prenunciem boas-novas, vemo-nos devolvidos à condição dos nossos mais longínquos antepassados.

Não estaremos, como eles vestidos de peles; o calor que nos aquece não vem de toros a arder numa fogueira; não satisfazemos a fome rasgando com os dentes nacos de carne crua; não comunicamos aos urros e aos guinchos. Todavia, mesmo assim,  embora seja apenas num relâmpago, à meia-noite somos tomados pela angústia milenar da ignorância do que nos espera, e o temor de que essa angústia, impiedoso algoz, não tenha a caridade de ser fugaz, e no instante seguinte desapareça, mas regozije no poder que tem de alongar o nosso sofrimento. Aqui.


terça-feira, 26 de dezembro de 2023

Todas as mudanças: novas regras, regulamentos e impostos para 2024

Uma série de novas leis entrarão em vigor em 1º de janeiro de 2024. Aqui
está um resumo de algumas das mudanças que provavelmente afetarão você.

Trabalho e renda
Imposto sobre o rendimento
A taxa mais baixa do imposto sobre o rendimento aumentará ligeiramente,
de 36,93% para 36,97%, para rendimentos até 75 518 euros (em 2023: 73
031 euros). A alíquota máxima permanece em 49,5%. O processador de
salários ADP afirma que a maioria dos trabalhadores terá mais dinheiro
para gastar no próximo ano, quando as alterações nos impostos e outros
prémios entrarem em vigor.

Para alguém que ganha quase 3.400 euros brutos por mês, o salário modal,
de acordo com a ADP, será de cerca de 79 euros por mês a partir de
Janeiro. Aqueles que ganham pouco menos de 7.000 euros brutos por mês
terão mais 76 euros por mês de rendimento disponível.

Isenção fiscal para freelancers
O subsídio especial isento de impostos para trabalhadores independentes
será reduzido de 5.030 € para 3.750 €. Até 2027, terá sido reduzido para
900 euros.

Decisão de 30%
Não estão previstas alterações para os requerentes existentes, mas os
recém-chegados aos Países Baixos enfrentarão novas regras . As empresas
deixarão de poder fornecer reembolso ilimitado e isento de impostos dos
custos adicionais incorridos pelos funcionários devido à mudança para os
Países Baixos através da decisão dos 30%. Além disso, a percentagem será
reduzida gradualmente, de 30% para 10%, ao longo de cinco anos.

Salário mínimo aumentará
O salário mínimo para maiores de 20 anos aumentará 3,75%, para 13,27
euros por hora, e a mesma taxa horária será agora aplicada a todos os
adultos que ganham o salário mínimo – costumava haver uma ligeira
diferença se as pessoas trabalhavam 36, 38 ou 40 horas por semana.
Benefícios da segurança social e pensões aumentam
Todos os benefícios da segurança social, abonos de família e pensões do
Estado aumentarão em linha com a inflação . A idade de reforma do Estado
sobe de 66 anos e 10 meses para 67.

Os preços dos cuidados infantis podem subir
Os preços máximos dos cuidados infantis e dos cuidados pós-escolares
aumentarão na proporção padrão de 6% mais 2,95%, elevando uma hora de
creche para 10,25 euros e de cuidados pós-escolares para 9,12 euros.

Despesas de viagem
O máximo a pagar em despesas de viagem não tributadas aumentará de 21
cêntimos por quilómetro para 23 cêntimos. As empresas também poderão
conceder aos funcionários um cartão de transporte público sem que isso
seja considerado um benefício tributável.

Mudanças para empresas
Saiba mais sobre as mudanças para empregadores em janeiro neste site
especial do governo , em inglês.

Outros impostos e prêmios
O teto do preço da energia desaparece
O teto do preço que cobre o uso médio de gás e eletricidade, que foi
criado para compensar o impacto do aumento dos preços, desaparecerá a
partir de 1º de janeiro. As famílias de baixa renda ainda poderão
solicitar ajuda extra da Noodfonds Energie . As famílias receberão uma
redução padrão de € 28,31 nos impostos sobre energia.

Aumento de impostos sobre refrigerantes, sucos de frutas e leites vegetais
O imposto sobre refrigerantes, incluindo laticínios vegetais, aumentará
para 26 centavos por litro, acrescentando alguns centavos ao custo. O
imposto sobre a água mineral está sendo abolido.
Viajar vai ficar mais caro, impostos sobre a gasolina congelados
O imposto sobre bilhetes de avião vai subir de 26,43€ para 29,05€. Os
impostos sobre a gasolina, o GPL e o gasóleo mantêm-se inalterados em 79
cêntimos, 19 cêntimos e 52 cêntimos, respetivamente.

Impostos mais elevados sobre cerveja e cigarros
O preço de um maço de 20 cigarros aumentará para cerca de 10 euros por
caixa. O imposto especial sobre o consumo de vinho e outras bebidas
alcoólicas aumentará 8,4%.

Aumento dos prémios de saúde
Os prémios aumentaram novamente este ano – numa média de pouco mais de 9
euros por mês – mas ainda tem alguns dias para poupar dinheiro mudando
para uma nova seguradora, reduzindo o seguro complementar ou fazendo
alguns ajustes no seu política atual.

As taxas de juro dos empréstimos estudantis aumentarão
Os estudantes que abandonaram a universidade há cinco anos terão agora
de pagar juros de 2,56% sobre os seus empréstimos, contra 0,46%.

Nova legislação
Não há telemóveis nas escolas
Os telemóveis serão efectivamente proibidos nas escolas secundárias a
partir de Janeiro, mas não existem regras acordadas a nível central e
caberá às próprias escolas a forma de implementar a proibição. Uma
proibição semelhante entrará em vigor nas escolas primárias e no ensino
especial a partir do início do próximo ano letivo.

Sem vaporização com sabor
Os líquidos aromatizados para cigarros eletrônicos, como cereja ou
chiclete, não podem mais ser vendidos, como medida para impedir que os
jovens adquiram o hábito. As lojas só poderão vender líquidos com aroma
de tabaco para fumar e os inspetores do Ministério da Saúde começarão a
realizar verificações imediatamente.

Doxing torna-se crime
A prática de partilhar informações privadas de pessoas online para as
intimidar torna-se crime, com pena máxima de prisão de dois anos ou
multa até 22.500 euros.
Escolha um nome
Os novos pais poderão dar aos seus filhos uma combinação dos nomes de
ambos os pais. As crianças nascidas entre 2016 e agora também poderão
adicionar o sobrenome do outro pai ao seu.

Punições mais duras para o abuso de animais
As autoridades terão mais margem de manobra para encerrar empresas onde
o bem-estar dos animais esteja ameaçado e introduzir proibições à
criação de animais. A pena máxima de prisão por abuso de animais vai até
cinco anos.

Habitação
Garantia hipotecária nacional
O custo máximo de uma casa que pode ser coberto através do regime de
garantia sobe para 435.000€, ou 461.000€ se o comprador pretender
investir em medidas de poupança de energia.

Limites de empréstimos
Será mais fácil para os solteiros pedir mais dinheiro emprestado para
uma hipoteca e pedir mais dinheiro emprestado para pagar medidas de
poupança de energia. Além disso, os menores de 35 anos que comprem um
imóvel pela primeira vez não terão de pagar imposto de transmissão se a
sua nova casa custar até 510 mil euros, um aumento de 60 mil euros em
relação ao limite atual.

Aumentos de renda
O aumento máximo de renda para a maioria dos inquilinos no sector da
habitação social será de 5,8% a partir de Julho , ou de 5,3% se o seu
senhorio for uma empresa de habitação. O número é baseado nos aumentos
salariais médios deste ano. Os que ganham mais enfrentarão aumentos mais
elevados, num esforço para os encorajar a mudar para o sector sem renda
controlada.

Quem aluga no "setor livre" enfrentará um aumento de 5,5% , caso o
aumento do aluguel seja devido antes de maio. Isto é baseado na inflação
mais 1%. Depois disso, novas regras poderão ser aplicadas.

Habitação social
A renda máxima a pagar no setor de renda controlada é de 879,66€ a
partir de 1 de janeiro de 2024, com base no sistema de pontos. Para se
qualificarem para habitação social, os solteiros não podem ganhar mais
de 47.699 euros por ano e os casais 52.671 euros. O subsídio máximo de
habitação a pagar está a aumentar 34€ por mês.

O governo tem uma seção especial no site que lista todas as principais
mudanças em holandês.
https://www.dutchnews.nl/2023/12/all-change-new-rules-regulations-and-taxes-for-2024/

As borras de café podem tornar o betão mais forte. E não é pouco, bastante.

Se a sua manhã não pode começar sem café, não é o único: em todo o
mundo, bebemos mais de 2 mil milhões de chávenas de café por dia, o que
dá origem a 60 milhões de toneladas de borras de café molhadas e gastas
todos os anos.

Apenas uma pequena parte é reutilizada - sobretudo como fertilizante
para o solo - sendo a grande maioria incinerada ou depositada em
aterros. Aí, tal como outros compostos orgânicos, as borras de café
decompõem-se e libertam metano, um gás com efeito de estufa 25 vezes
mais potente do que o dióxido de carbono para reter o calor.
Agora, os investigadores afirmam que as borras de café podem ser
utilizadas como ingrediente no betão, podendo mesmo torná-lo mais forte,
de acordo com um estudo recente.

"Tivemos esta ideia durante uma chávena de café", afirma Rajeev
Roychand, investigador da Faculdade de Engenharia da Universidade RMIT
em Melbourne, Austrália, que liderou o estudo. "Torrámos o café moído
usado na ausência de oxigénio e obtivemos algo chamado biochar. Quando o
adicionámos ao betão como substituto da areia, aumentou em 30% a
resistência do material."
...
Pequenos reservatórios
O betão é composto por quatro ingredientes básicos: água, gravilha,
areia e cimento. É o material de construção mais utilizado em todo o
mundo e gastamos 30 mil milhões de toneladas por ano, três vezes mais do
que há 40 anos.

Roychand e a sua equipa substituíram parcialmente a areia por biochar -
um material semelhante ao carvão vegetal - derivado de resíduos de café;
obtiveram o melhor resultado quando substituíram 15% da areia e cozeram
os grãos a 350 graus Celsius. O betão resultante era 30% mais forte do
que o betão normal em termos de resistência à compressão - a capacidade
do material para suportar uma carga.
No betão normal, a água, o seu segundo maior ingrediente em volume, é
absorvida pelo cimento ao longo do tempo, reduzindo a quantidade de
humidade que ainda se encontra no interior do betão, explica Roychand.
Este efeito de secagem, conhecido como dessecação, provoca retração e
fissuras em microescala, enfraquecendo o betão.
O biochar de resíduos de café pode reduzir este processo natural. Quando
o biochar é misturado com o betão, diz Roychand, as suas partículas
atuam como pequenos reservatórios de água, distribuídos por todo o
betão. À medida que o betão assenta e começa a endurecer, o biochar
liberta lentamente a água, essencialmente reidratando o material
circundante e reduzindo o impacto da retração e das fissuras.
"Estaríamos a desviar estes resíduos e a transformá-los num recurso
valioso", defende Roychand. "Existe também uma escassez de areia e,
mesmo que substituamos uma parte dela, estamos a melhorar o aspeto da
sustentabilidade e, lentamente, podemos chegar a uma fase em que uma
parte significativa da areia pode ser substituída por diferentes
materiais residuais."

"Subproduto de elevado valor"
De acordo com Kypros Pilakoutas, professor de inovação na construção na
Universidade de Sheffield, no Reino Unido, que não esteve envolvido na
investigação, o estudo é intrigante do ponto de vista tecnológico.

No entanto, considera improvável que o betão produzido desta forma venha
a ter uma utilização generalizada em aplicações de grande escala. "O
principal problema dos resíduos é sobretudo a recolha e o tratamento",
aponta. "Embora fosse ótimo recolher todas as borras de café de um país,
os custos associados seriam consideráveis e proibitivos."

Acrescenta ainda que a pirólise - o processo através do qual o biochar é
produzido - não é isento de custos e acredita que é improvável que altas
concentrações de carbono no betão aumentem a sua durabilidade a longo prazo.

Roychad salienta que a recolha de resíduos já é uma prática corrente e
que várias empresas na Austrália estão a concentrar-se na reciclagem de
resíduos de café. Acrescenta que o custo da pirólise está principalmente
relacionado com o investimento inicial em equipamento e que o biochar é
produzido a uma temperatura muito inferior à do cimento - 350 Celsius em
comparação com cerca de 1.450 Celsius. "Mas estamos a perder outros
benefícios", argumenta, "uma vez que o material residual que acaba em
aterros exige custos para a sua eliminação. Agora pode ser convertido
num subproduto de elevado valor."

O ingrediente do betão que mais contribui para as alterações climáticas
é o cimento - que foi responsável por 8% das emissões globais de CO2 em
2021, de acordo com o think tank Chatham House - e Roychand acredita que
o aumento da resistência do betão em 30% torna viável a diminuição do
teor de cimento em até 10%, reduzindo o seu impacto climático.

Segundo Roychand, a descoberta já atraiu o interesse tanto de empresas
de construção como de organizações que reciclam borras de café, e a sua
equipa está agora a trabalhar com autarquias locais na Austrália para
iniciar demonstrações no terreno.

"Uma das coisas que vamos fazer é monitorizar o betão ao longo do tempo,
durante seis meses a um ano", adianta. "Isto irá garantir que o biochar
mantém as suas propriedades ao longo do tempo."

https://www.msn.com/pt-pt/noticias/other/as-borras-de-caf%C3%A9-podem-tornar-o-bet%C3%A3o-mais-forte-e-n%C3%A3o-%C3%A9-pouco-bastante/ar-AA1lZ4LR?rc=1&ocid=winp1taskbar&cvid=fec5f95c809b4276aef1f1c349d7ed9f&ei=33

domingo, 24 de dezembro de 2023