Não esquecer que António Costa e Fernando Medina andavam com Manuel Salgado “ao colo”.
Fernando Medina inventou um departamento (SRU) para Manuel Salgado!
Talvez não fosse má ideia ir ver o que se faz, naqueles gabinetes técnicos da CML, com dezenas de arquitectos e engenheiros efectivos.
A “Operação Olissipus” tem o arquitecto Manuel Salgado, Ex-vereador da Câmara de Lisboa e primo de Ricardo Salgado, no centro de uma teia de suspeitas. Na antecipação das autárquicas deste ano, o processo complica a vida a Fernando Medina, mas também embaraça Costa que levou Salgado para a autarquia.
Manuel Salgado é, “há 14 anos”, o “Dono de Lisboa Toda”. A certeza é avançada pelo Diário de Notícias (DN) que faz um paralelismo com o primo do arquitecto, Ricardo Salgado, Ex-presidente do BES e que um dia já foi o “Dono Disto Tudo”, como se diz.
O percurso dos dois primos direitos parece, de facto, ter algumas semelhanças, especialmente na forma como subiram na vida e como tropeçaram, em queda livre, devido a processos judiciais.
“Quem traçava rumo da cidade era o arquitecto Salgado”
As buscas realizadas, nesta terça-feira, em edifícios da Câmara de Lisboa e em espaços profissionais e pessoais de Manuel Salgado e do filho, também arquitecto, levaram Fernando Medina, presidente da autarquia, a confirmar o envolvimento do seu Ex-vereador.
Contudo, apesar de Manuel Salgado ter deixado o pelouro do Urbanismo em 2019, altura em que surgiram as primeiras notícias sobre as investigações em torno de projectos aprovados durante a sua vereação, Medina não se livra da sombra das suspeitas.
Até porque o arquitecto mantém-se como consultor não remunerado de Medina, conforme o próprio autarca confirmou.
Além disso, Manuel Salgado manteve a presidência da Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU) até Fevereiro deste ano, quando saiu depois de ter sido constituído arguido devido ao processo relacionado com os impactos na paisagem do Hospital CUF do Tejo, projecto aprovado quando era vereador.
A oposição em Lisboa refere-se à SRU como uma “câmara dentro da câmara” e o Correio da Manhã aponta que “quem traçava o rumo da cidade era o arquitecto Salgado”.
Carlos Moedas, o candidato do PSD à Câmara de Lisboa para as próximas autárquicas, já tratou de realçar que “não são apenas os comportamentos de José Sócrates que corroem o funcionamento da democracia”, notando que “a suspeita em volta da actuação política na CML também corrói“.
Mas o processo acaba também por ser um embaraço para o próprio António Costa, uma vez que foi ele quem levou Manuel Salgado para a Câmara.
O DN não duvida de que o arquitecto foi “o mais influente decisor de Lisboa na área do urbanismo” nos últimos “14 anos”.
Suspeitas de abuso de poder e corrupção
A “Operação Olissipus” envolve suspeitas de “abuso de poder, participação económica em negócio, corrupção, prevaricação, violação de regras urbanísticas e tráfico de influências”, conforme anunciou a Polícia Judiciária.
Um dos projectos investigados respeita ao quartel do Regimento de Sapadores Bombeiros que foi comprado em hasta pública pelo grupo Luz Saúde que era, na altura, detido pelo Grupo Espírito Santo (GES) de Ricardo Salgado.
Sob suspeita estão ainda os projectos urbanísticos da Torre da Avenida Fontes Pereira de Melo, da Petrogal, do Plano de Pormenor da Matinha, da Praça das Flores, da Operação Integrada de Entrecampos, do Edifício Continente, das Twin Towers e do Convento do Beato.
Além disso, as obras da Segunda Circular, do Miradouro de São Pedro de Alcântara e das piscinas da Penha de França estão também a ser investigadas.
Como arquitecto, para lá do trabalho como vereador na autarquia lisboeta, Manuel Salgado assinou obras como o Teatro Camões, no Parque das Nações, o Centro Cultural de Belém ou ainda o Estádio do Dragão no Porto.
https://zap.aeiou.pt/dono-de-lisboa-toda-medina-costa-396817
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