Alexandra Reis é o perfeito paradigma que serviu de bandeira de campanha do Partido Socialista e representou, na perfeição, a estratégia das novas oportunidades. Desde logo, porque, apesar de engenheira de formação (na área da electrónica), conseguiu palmilhar caminho noutras vertentes, chegando ao Tesouro, depois de ter passado pelos recursos humanos. É um percurso bonito, até porque faz ruir uma data de mitos como aquele “convém que percebas um bocadinho do lugar que vais ocupar”. Ou seja, da próxima vez que esteja a perder cabelo e com as pestanas a queimar porque o seu filho tem média negativa e só pode entrar em optometria veterinária para gatos cor-de-rosa num politécnico de Arrabaldes-de-Baixo e você achar que aquilo é desemprego na certa e vai ter que pôr algum da sua reforma para complementar o RSI, não desanime, que o petiz pode sempre chegar a presidente do Conselho de Administração de uma empresa pública qualquer. Pouco tardará a termos talhantes como ortopedistas ou cabeleireiros como farmacêuticos. E está bem, porque isto de termos advogados e economistas como caixas de supermercado, não pode ser de sentido único. Portugal na frente no reino da paridade e igualdade de oportunidades.
Voltando à Alexandra, cujo percurso profissional foi feito, maioritariamente, na área das compras, passando pela PT, REN e Netjets antes de sentar o bendito na TAP. O facto de grande parte dessas empresas ter capital estatal, é mera coincidência, seguramente… Assim, chegada em 2017, foi em 2020 que chegou a funções executivas, já com o actual Governo em funções e não sob gestão do grupo Barraqueiro. Mas percebe-se a confusão dos “media”, já que, ao que parece, a sua nomeação foi uma completa barraca, porquanto rapidamente foi de lá corrida… Entretanto, e com a dita nomeação, passou a receber um vencimento ao nível dos jogadores de futebol, apesar da pandemia e das dificuldades financeiras da empresa, intervencionada pelo Estado. O que também se compreende, não tanto pelas explicações de Pedro Nuno Santos, à data, mas porque dispunha do toque de Midas: despediu quase 3000 pessoas da TAP, que, a partir de então, se tornou muito mais eficiente e passou a dar lucros extraordinários. Aliás, basta olhar para os interessados a fazer filas e ofertas pornográficas, com o Governo a recusar vender a galinha dos ovos de ouro…
O facto de ser amiga de Stéphanie (não a princesa do Mónaco, mas a Governanta de Lisboa, casada com Medina que tutela a TAP), é, seguramente, outra coincidência que nada pesou na nomeação e, menos ainda, na posterior indigitação para a NAV (mas já lá vamos…)!
Não se tendo aguentado em funções, sai Alexandra da TAP, fosse por vontade da empresa (como diz a própria), fosse por vontade própria (como comunicou a TAP à CMVM, por escrito, nos termos da lei e em documento oficial). Sabendo que ia para a fila do desemprego, Alexandra tratou de comprar uns sapatinhos confortáveis (presume-se que os mesmos que usou na tomada de posse do Executivo) por seiscentos euros, não sem antes assegurar a indemnização que lhe apontou a porta da rua. Numa negociação meio marroquina, começou por pedir um milhão e meio (de euros, não de dinares), para acertar em quinhentos mil. Arrebatado, lá se tratou de formalizar verbalmente o acordo já que o documento que o deveria titular ninguém sabe onde ele pára e teima em não aparecer. Também não é preciso, que são todas pessoas de bem e a palavra é para cumprir…
Garante Alexandra que jamais aceitaria um euro a que não tivesse direito e que não fosse legal, devolvendo-o, se fosse o caso, imediatamente. Fica uma novidade e um esclarecimento gratuito para a (Ex)governante: se a conduta fosse ilegal, a devolução não é um acto de boa-fé ou demonstração de seriedade. É crime e dá cadeia! Lá está: é das coisas que um secretário de Estado do Tesouro deveria saber…
jornaldiabo
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