Henrique Raposo
Sim, tenho medo que a minha mãe entre num hospital. Tenho medo que não seja atendida, tenho medo que não seja bem atendida, porque o PS muito simplesmente não geriu o SNS a pensar nos médicos e nos doentes. A gestão do SNS foi pensada por fanáticos ideológicos como Temido, porque essa é a melhor maneira de manter os empregos nas administrações disto e daquilo para os boys e girls do PS
Confesso que nunca pensei chegar a este ponto, porque nunca pensei que os socialistas portugueses fossem tão incompetentes na gestão da coisa pública. Talvez eu seja ingénuo. Nunca esperei milagres do socialismo português, pois o socialismo nunca resultou em lado nenhum, falhou sempre em todos os países, em todos os continentes. Mas, num quadro de integração europeia, também nunca pensei que iríamos cair neste abismo, do qual, confesso, não vejo saída neste momento. A herança que nos deixa a grande era socialista (pós-1995) é mesmo uma decadência sinistra. Todos os sectores, da saúde à educação, passando pela economia, dão mostras de um cansaço brutal. O socialismo do PS, acelerado pela geringonça, colocou-nos num beco.
Claro que o ponto mais assustador é o caos à Pacto de Varsóvia na Saúde. Devido às narrativas que acabam por dominar o próprio jornalismo, ninguém quis ver a tempo e horas o desastre total que foi a gestão do radicalismo de Marta Temido – um desastre só comparável à gestão do radicalismo de Pedro Nuno Santos. O radicalismo ideológico de Temido agravou as falhas estruturais do SNS, o mais socialista, o mais centralizado e burocrático de todos os serviços de saúde da OCDE.
A nossa rigidez socialista na Saúde só é comparável à espanhola – e, não por acaso, os dois países lideravam a meio de 2022 os índices de excesso de mortalidade da Europa. O resultado é um medo social sem precedentes na democracia. Sei que não estou sozinho neste medo, sei que este pavor é neste momento um padrão da sociedade portuguesa: sim, tenho medo que a minha mãe entre num hospital. Tenho medo que não seja atendida, tenho medo que não seja bem atendida, porque o PS muito simplesmente não geriu o SNS a pensar nos médicos e nos doentes. A gestão do SNS foi pensada por fanáticos ideológicos como Temido, porque essa é a melhor maneira de manter os empregos nas administrações disto e daquilo para os boys e girls do PS.
O problema do SNS não é falta de dinheiro, é de falta de gestão, é de falta de visão sobre o que é um serviço de saúde. A minha mãe era atendida por um hospital PPP que estava no topo da eficácia médica, da satisfação dos doentes e da eficácia financeira. Essa PPP foi destruída por Temido e pela extrema-esquerda sem qualquer justificação. No PCP, no BE e numa parte do PS, o ódio aos “privados” é muito superior ao respeito pelos doentes mais pobres. Agora, o hospital que era uma referência é neste momento um quadro humano (ou desumano) que só faz lembrar os filmes sobre a RDA, burocracia, caos, atrasos.
É esta a lógica socialista: destruição daquilo que está bem, destruição do que está acima da média, incapacidade para estimular aquilo que corre bem, nivelamento por baixo. Somos todos iguais na miséria e no desamparo, porque a esquerda portuguesa é reacionária, não é capaz de renovar, reformar e inovar tendo os modelos europeus como referência.
Expresso
Sem comentários:
Enviar um comentário