terça-feira, 12 de novembro de 2019

Devia ser melhor.

Comissão Europeia apresentou umas previsões para a economia portuguesa que a mostram a crescer mais do que o Governo prevê e acima da média da Zona Euro. Parece, pois, que está tudo a correr muito bem. Infelizmente, não é verdade. Crescer acima da média da Zona Euro não é um feito especialmente notável, dado que a Zona Euro é das economias com menor crescimento no mundo, apesar dos estímulos estratosféricos de Mario Draghi. E depois há o facto de a economia portuguesa ser, de entre as que crescem acima da média, aquela que menos cresce. A Irlanda e todos os países do grupo do Leste da Europa crescem bastante acima de Portugal. Este comportamento acentua um dos aspectos mais deprimentes da evolução da economia portuguesa nas últimas décadas: um após outro, os países que saíram do comunismo nos anos 90 num estado de miséria ainda maior do que Portugal foram -nos passando ou ameaçam faze- lo. A Eslovénia, a República Checa, a Eslováquia, a Estónia ou a Lituânia já são mais ricas do que Portugal, para além de Chipre e Malta. A Polónia e a Hungria espreitam e outros, como a Roménia, a Croácia ou a Bulgária, aproximam-se rapidamente. Houve um tempo em que gozávamos com esses subdesenvolvidos, do alto da nossa superioridade 'ocidental'. É melhor começar a rever as piadas. O resultado disto tudo é que somos mais pobres do que éramos em 2000, quando nos comparamos com os países mais ricos, e somos mesmo mais pobres em termos absolutos do que éramos nós próprios em 2008, quando a crise começou. Passaram 11 anos e ainda não conseguimos regressar à riqueza de então. Tudo deveria ter corrido muito melhor, se pensarmos que a nossa é uma economia que praticamente não cresceu entre 2000 e 2010 e teve um verdadeiro colapso entre 2011 e 2014. Esta deveria ser a questão obsessiva dos nossos dias. Mas não se vê muita gente obcecada com ela.

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