Aconteceu-me o mesmo, com a EMEL, junto ás Torres de Lisboa, onde tive que me deslocar para um exame médico. Quando andei á procura de lugar para estacionar nas redondezas, não vi qualquer funcionário da EMEL! Estacionei numa praceta, sem qualquer marcação, onde também só havia dois lugares. Quando cheguei ao carro, depois do exame medico feito tinha-o bloqueado! Olhei para o documento e a hora era cerca de 10 minutos depois de eu ter estacionado!!!
Lá tive que seguir o calvário, tal como a Clara aqui refere tão bem e nas mesmas condições paguei 133€. Quando se vive num sistema totalitário que nasce da omnipotência inoperante da Câmara Municipal de Lisboa e das leis abstrusas do Governo no saque ao contribuinte…
A SUJIDADE É RAINHA, JUNTAMENTE COM A POLUIÇÃO DO TRÁFICO INSANO. POEIRA E PARTÍCULAS NOS PULMÕES DE UMA CIDADE MARÍTIMA QUE É DAS QUE TÊM PIOR AR NA EUROPA.
É caro viver em Lisboa. Os estrangeiros com rendimentos gostam, amparados por um sistema fiscal benévolo que os isenta de grandes obrigações, enquanto o resto do povo, ou o povo e a elite como lhe quiserem chamar, paga os impostos devidos sem um pio.
Viver em Lisboa num condomínio privado de luxo com vista para o Tejo e dois lugares de garagem, um para o Tesla e outro para o Fiat Gucci da senhora, não é mau. Entra-se e sai-se pela boca aberta e automática do prédio, e estaciona-se de garagem para garagem.
O importante é nunca pisar a rua nem negociar com a selvajaria da EMEL. Já lá iremos. Se se é estrangeiro, e não se fala a língua, resta a suprema vantagem de não ter de confraternizar com o povo encarregado dos serviços adjacentes, o cardápio de serviçais que deslizam invisíveis nos intervalos. Governantas, criadas, mulheres da limpeza ditas “a dias”, porteiros, trolhas, canalizadores e outros “homens das obras”, jardineiros, carteiros, seguranças, e por aí fora.
Genericamente conhecidos por “empregados”. Mais os estafetas da Glovo, um rebanho asiático.
Conversa-se apenas com o motorista.
O resto da população oscila entre o povo típico dos bairros antigos e turísticos, mulheres que estendem a roupa no estendal da varandinha do prédio entalado em Alfama ou no Bairro Alto e homens que cospem para a rua, e uma burguesia ou uma pequena burguesia citadinas, casas compradas ou herdadas nos velhos tempos antes da especulação, acantonadas em meia dúzia de bairros residenciais que só sofreram melhorias se tinham hotéis como vizinhos, tendo os hotéis dado direito a passeio forrado a laje em vez dos tradicionais buracos na calçada. Esta população acossada foi sujeita a dura convivência com os milhares de Alojamentos Locais, muitos ilegais, albergando turistas que desembarcam com malas e barulho, festas e garrafas de vinho e cerveja, enchendo os caixotes do prédio de um lixo odoroso que transborda.
Em ruas com recolha selectiva, a dita morre quando os caixotes seletivos são roubados pelos restaurantes da vizinhança. Não há caixotes suficientes para tanto lixo e há que sobreviver palmando os caixotes alheios. O turismo cresceu tanto, e nasceram tantos hotéis, que os caixotes não dão para tudo. O lixo indiferenciado cresce. A Câmara tarda em repor os insuficientes caixotes.
E cresce não apenas dentro dos caixotes com tampas abertas que regurgitam sacos que rebentam nos passeios. O lixo cresce por toda a Lisboa como um fungo invasor. A cidade está tão suja, tão suja, que há que escolher o caminho com o pé bem apoiado, Lisboa. Nem para ter filhos. Os estudantes? Sabemos que sobram umas despensas a preço de ouro.
E no fim do desconsolo, que até uma internacionalista empedernida como eu acha deprimente, já que vivo na capital portuguesa gostava de ter alguns portugueses como vizinhos, está a selvajaria da EMEL. Lendária. Para-se o carro num estacionamento onde o dístico de morador nos aquece a alma, aqui não me rebocam. Errado. Um hotel de cinco estrelas, mil euros por noite, ou mais do que um, garantiram uma faixa para táxis privados e uma plaquinha invisível alerta e atesta que os lugares, mal sinalizados e com dimensão obscura, são para veículos com “a marca T”. Os ditos táxis privados, esclareceu-se tarde demais. A zona é uma mina de ouro. A EMEL anda em círculos porque sabe que ninguém, rigorosamente ninguém, vê a plaquinha, e estaciona munido de inocência. Lá vem a rapace carrinha com os bloqueadores. Curiosamente, os outros carros sem senha no para-brisas levam com um sobrescrito e uma pequena multa, mas os da zona obscura de veículos T são logo bloqueados. Espera-se uma hora e meia pelo desbloqueamento, depois de monólogo digitado com gravadores. Nunca um ser humano do outro lado da linha.
Ao cabo de hora e meia a carrinha surge, para desbloquear é mais lenta, com dois miúdos
malcriados lá dentro. Porque é que os outros são multados e nós bloqueados? Porque calhou, sei lá, não fui eu que fiz isto. O que são veículos de marca T? Dê exemplos. É, sei lá, por exemplo a carrinha do Cristiano Ronaldo. Porque é que eles têm direitos superiores ao dos moradores? Porque pagam. Ah! E porque é que não deixam um aviso aos moradores e bloqueiam logo? Para os moradores perceberem que não podem parar ali? É preciso ter um mínimo de bom senso. Sei lá! Mostre os documentos. São 133 euros. Paga com multibanco. Ah!
Assim vivemos, num sistema totalitário que nasce da omnipotência inoperante da Câmara Municipal de Lisboa e das leis abstrusas do Governo no saque ao contribuinte. Que bom é viver em Lisboa!
P L U M A C A P R I C H O S A
Clara Ferreira Alves – Expresso
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