quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

Flor Pedroso deixa direcção da RTP debaixo de críticas e elogios

Polémicas com reportagens sobre lítio  e o Iscem levam a pedido de demissão já aceite. Redacção lamenta violação  de deveres deontológicos e de lealdade por parte da directora.

Acho que dos jornalistas que assinaram, alguns  só o fizeram porque desconheciam todos os factos, e portanto vingou algum corporativismo, outros por serem novos e tem medo de futuras repercussões na sua carreira, e, finalmente os avençados do regime socialista e serem de esquerda em geral ou contra a direita (o que no jornalismo dá status!).

Jornalista que se respeite e respeite o “juramento” do seu código deontológico não poderia assinar, nos termos apresentados, aquela petição!

Ver aqui : Código

“Maria Flor Pedroso esperou quase até ao fim: só a poucas horas do início do plenário de jornalistas para discutir a polémica em torno da sua actuação tanto na questão da reportagem do lítio como sobre a investigação conduzida pela equipa do programa Sexta às 9 a alegadas práticas irregulares no Iscem, e que levou ao cancelamento da reportagem, a directora de Informação da RTP pediu à administração a demissão do cargo. A equipa de Gonçalo Reis anunciou que aceitou, deixou-lhe rasgados elogios por estes 14 meses de trabalho e prometeu uma nova solução para breve. Mas a apreciação da redacção ao caso acabaria por ser diferente. Do plenário da tarde saiu uma resolução em que os jornalistas lamentam a “violação dos deveres deontológicos dos jornalistas e de lealdade” de Maria Flor Pedroso para com a redacção na investigação do caso Iscem. E sobre a directora adjunta, Cândida Pinto, que terá desvalorizado a necessidade de se fazer a investigação jornalística em “conivência” com Flor Pedroso, também lamentaram a “falta de explicações”. No comunicado divulgado já à noite, os jornalistas da televisão vincam ainda a rejeição de “qualquer tentativa de ingerência externa nas decisões que [lhes] competem exclusivamente” e reafirmam a “independência e a liberdade como pedras basilares do jornalismo”, assim como a “unidade da redacção” no compromisso de prosseguir esse caminho. Ao meio-dia, a equipa liderada por Gonçalo Reis confirmara que Maria Flor Pedroso colocara o seu lugar à disposição argumentando que, “face aos danos reputacionais causados à RTP” e à “reiterada exposição pública de insinuações, mentiras e calúnias” a que a sua equipa “é alheia”, não tinha “condições para a prossecução de um trabalho sério, respeitado e construtivo”. O conselho de administração considerou não ter “outra alternativa que não seja aceitar essa decisão”. Na carta que enviou à administração, a directora garantiu nunca ter cedido a outra motivação “que não a da causa de uma informação livre, isenta, plural e independente” e vincou não se rever na “construção de realidades alternativas a partir de meias verdades”. O PÚBLICO apurou que os directores adjuntos António José Teixeira, Cândida Pinto, Helena Garrido e Hugo Gilberto também puseram os respectivos lugares à disposição, como é habitual nestes casos. Ainda não há resposta da administração. A situação de Maria Flor Pedroso tornou-se insustentável depois de, na passada semana, se saber que havia falado com a directora do Instituto Superior de Comunicação Empresarial (Iscem), encerrado compulsivamente em Setembro, que estava a ser alvo de uma investigação pela equipa do Sexta às 9 sobre “suspeitas de corrupção”. A directora de informação da RTP, que também foi docente daquele instituto, admitiu perante o conselho de redacção que recomendou à directora Regina Moreira que respondesse às questões colocadas por escrito. 

Caso relatado à ERC

O caso do Iscem foi relatado pela jornalista Sandra Felgueiras, coordenadora do programa, ao departamento de análise de media da ERC há uma semana, quando foi ouvida no âmbito do processo de averiguações aberto devido a queixas de espectadores sobre a suspensão do programa de reportagens durante o mês de Setembro, alegadamente por causa da campanha eleitoral. A jornalista e a directora foram chamadas à Assembleia da República a pedido do PSD e deram versões contraditórias: a primeira disse que a reportagem nem sequer estava pronta em Setembro; a segunda contrapôs que era possível emiti-la nessa altura. Na nota que enviou às redacções sobre a demissão da directora, a administração realça a sua “idoneidade e currículo irrepreensível” e agradece o trabalho “desenvolvido de forma dedicada, competente e séria” nos meses em que foi directora. A equipa de Gonçalo Reis vinca que esta direcção de informação estava a desenvolver uma linha editorial “assente num jornalismo objectivo e rigoroso, livre e independente, isento e plural” — a “matriz” do serviço público  —, em “absoluto contraste com a crescente tendência para um jornalismo populista e sensacionalista que [a equipa repudia] veementemente e que é imperativo combater”. O conselho de administração do canal de televisão público remata o comunicado afirmando que vai nomear “em breve” uma nova direcção, “à qual continuará a exigir a implementação das melhores práticas, para que o jornalismo feito pela RTP seja o mais complexo, o mais sério, o mais credível e o mais isento, de serviço do público”. O conselho de redacção da RTP tinha convocado para ontem um plenário de jornalistas sobre o conflito entre a equipa do Sexta às 9, coordenada pela jornalista Sandra Felgueiras, e a directora de informação da televisão pública, Maria Flor Pedroso. Numa reunião com o conselho de redacção na passada semana, a jornalista “acusou” — o termo é do próprio conselho de redacção — a directora de informação “de violação do dever de sigilo, ao transmitir à principal visada na reportagem [sobre o Instituto Superior de Comunicação Empresarial] informação privilegiada”. O Iscem estaria a exigir aos alunos pagamentos em dinheiro vivo para a transferência dos processos dos alunos após o encerramento do instituto em Setembro deste ano, que foi decretado pela Agência de Avaliação do Ensino Superior (A3ES). Seria ainda investigada uma acusação de um arquitecto que alegava que Regina Moreira, directora daquele instituto, lhe devia dois milhões de euros. Depois da intervenção de Flor Pedroso, o programa televisivo cancelou a reportagem. Segundo a directora, tratou-se apenas de uma tentativa de “ajudar” a investigação. A controvérsia motivou um pedido de debate de actualidade no Parlamento para a próxima quinta-feira, por iniciativa do PSD — o mesmo partido que tem insistido em falar do caso Sexta às 9 no plenário. Numa nota enviada ao PÚBLICO, na sexta-feira, a direcção de informação da RTP explicava que Maria Flor Pedroso foi docente de Jornalismo Radiofónico no instituto desde 2006. No final de uma “reunião de docentes”, no dia 8 de Outubro, foi interpelada por Regina Moreira, que lhe deu “conta de que tinha recebido vários contactos e chamadas do Sexta às 9 com um pedido de entrevista que ela não queria dar”. Numa tentativa de defender “os interesses da RTP” perante a “reiterada recusa da entrevista”, Maria Flor Pedroso sugeriu que a directora do Iscem respondesse por escrito, “sem nunca a ter informado da investigação do Sexta às 9” (??? a serio?). Entretanto, um abaixo-assinado em defesa da “integridade profissional” de Maria Flor Pedroso lançado na sexta-feira conta já com cerca de 150 subscrições de jornalistas de várias gerações e meios de comunicação, como Adelino Gomes, Henrique Monteiro, Anabela Neves, Francisco Sena Santos, Rita Marrafa de Carvalho, São José Almeida, Sérgio Figueiredo.  Referem o percurso de “jornalista exemplar” há mais de 30 anos, “sem mácula”, “reconhecida e respeitada pelos pares”, tendo chegado “por mérito ao cargo que actualmente ocupa” — uma referência para contrariar as acusações de falta de isenção devido aos laços familiares por afinidade com o primeiro-ministro.” maria.lopes@publico.pt

A lista dos apoiantes, segundo a SIC:

Lista completa dos subscritores (até às 21h00 de sábado 14-12):

Adelino Gomes – 123 A

Alexandra Monteiro – 2722 A

Alexandre Santos – 1845 A

Anabela Mota Ribeiro – 4113 A

Anabela Neves – 512 A

Ana Clotilde – 4650 A

Ana Daniela Soares - 7637 A

Ana de Freitas - 2197 A

Ana Gonçalves 1254 A

Ana Jordão – 1708 A

Ana Silva Fernandes 1362 A

Ana Sousa Dias 119 A

Anselmo Crespo – 4275 A

António Borga – 314 A

António Caeiro – 197

António Macedo

António Pedro Ferreira – 570 A

António Pinto Rodrigues – 594 A

Augusta Henriques - 1321 A

Bárbara Reis – 779 A

Carla Pinto – 1615 A

Carlos Andrade – 252 A

Carlos Branco – 151 A

Carolina Reis 5391 A

Célia de Sousa 2094

Cesário Borga – 37 A

Cláudia Costa – 1197 A

Cristina Ferreira - 738 A

Dina Soares - 693 A

Elsa Gonçalves – 1369 A

Emídio Fernando – Rádio Essencial (Angola)

Eugénio Alves - 58

Fernanda de Oliveira Ribeiro – 877 A

Fernando Alves – 285 A

Filipe Caetano – 2797 A

Filipe Garcia - 4224 A

Francisco Sena Santos – 333 A

Gonçalo Ventura 3677 A

Goulart Machado – 75 A

Guilhermina Sousa – 1593 A

Henrique Monteiro - 246 A

Inácio Ludgero - 63

Inês Escobar de Lima – 4367 A

Inês Forjaz – 5192 A

Isabel Cunha 1698

João Garcia – 255 A

João Paulo Guerra 302 A

João Pinheiro de Almeida – 91 A

João Torgal - 10266

Joana Garcia – 4861 A

Joana Latino – 1985 A

Joana Reis - 6609

José António Santos – 120 A

José Carlos Vasconcelos - 52

José Manuel Mestre – 566 A

José Mário Costa – 49 A

José Pedro Castanheira – 204 A

José Pedro Santos – 764 A

José Silva Pinto 4 A

Judith Menezes e Sousa – 838 A

Lígia Veríssimo – 1619 A

Lourenço Medeiros – 787 A

Luciano Alvarez – 1101 A

Luís Nascimento – 1619

Luísa Tito de Morais - 706

Luísa Meireles - 196 A

Madalena Salema – 550 A

Manolo Bello – 393 A

Manuela Pires – 2066 A

Manuela Teixeira - 8304

Marcos Borga - 1199 A

Mário Carneiro – 2225 A

Mário Galego 1105 A

Margarida Vaz 1294 A

Marta Pacheco 3943 A

Matilde Ramalho- 248

Natal Vaz – 90 A

Natália Carvalho – 510 A

Nicolau Santos – 646

Nuno Amaral – 5133 A

Nuno Simas – 807 A

Patrícia Bentes - 6033 A

Patrícia Fonseca - 2054 A

Patrícia Mouzinho – 2692 A

Paula Costa Simões - 2803-A

Paula Mesquita Lopes - 750 A

Paulo Barriga – 1333 A

Paulo Martins – 449 A

Paulo Nobre – 2539 A

Paulo Pedro Varanda – 1128 A

Pedro Coelho – 820 A

Pedro Morais Fonseca - 1163 A

Pedro Sá Guerra 2286 A

Raquel de Melo 4673 A

Rebecca Abecassis – 2910 A

Ricardo Costa – 1416 A

Ricardo Mota – 1284 A

Rita Costa – 3660 A

Rui Cardoso - 245 A

Rita Marrafa de Carvalho 3195 A

Rui Pêgo 1811 A

Rui Manuel Silva 3054 A

Sandra Antunes – 3232 A

Sara Madeira - 3234 A

São José Almeida – 909 A

Sérgio Figueiredo – 1170 A

Sérgio Infante 2549

Simão Martinho 3652 A

Sónia Ferreira 3048 A

Teresa Abecasis – 5356 A

Tiago Carrasco 5291 A

Vasco Rosendo - 1392 A

Viriato Teles – 273 A

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