sexta-feira, 31 de março de 2023

Há mais um caso Alexandra Reis. Ex-administrador da TAP recebeu 1,35 milhões de pré-reforma. E é ilegal.

Opinião:

Mário José Gomes de Freitas Centeno, como ministro das finanças e Pedro Nuno de Oliveira Santos, como Ministro das Infra-estruturas e da Habitação, e António Luís Santos da Costa, como primeiro ministro, e ainda Catarina soares Martins pelo BE, Jerónimo Carvalho de Sousa pelo PCP, Heloísa Augusta Baião de Brito Apolónia, por “Os verdes” e André Silva, pelo PAN, que deu o aval, foram muito prolixos, para com Maximilian Otto Urbahn, com o dinheiro dos contribuintes!

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TAP tentará recuperar em tribunal verba atribuída em acordo de pré-reforma, adiantou o gestor financeiro. Acordo de 2018 foi considerado ilegal em 2022. TAP verifica se existem outras situações.

A TAP fechou um acordo de pré-reforma com um antigo administrador da empresa, Maximilian Otto Urbahn, pelo qual pagou 1,35 milhões de euros. O acordo foi fechado em 2018, mas entretanto considerado "ilegal" por advogados da TAP. A companhia aérea vai tentar recuperar o valor e pediu a uma equipa externa que avaliasse outras situações. Este caso – um pagamento elevado a um Ex-administrador considerado ilegal – mostra que na TAP houve, pelo menos, mais esta situação com contornos semelhantes à de Alexandra Reis, a Ex-administradora que viu anulada uma indemnização de 500 mil euros.
O caso do acordo de pré-reforma foi revelado pela deputada do BE, Mariana Mortágua, na comissão parlamentar de inquérito à TAP. A parlamentar, que é também candidata a líder do partido, aproveitou a presença do administrador financeiro da TAP, Gonçalo Pires, na Assembleia da República para apurar as diligências que a empresa está a fazer.
Os dados referidos por Mariana Mortágua indicam que o Ex-administrador teve um contracto de director executivo comercial com um salário de 420 mil euros por ano (30 mil euros por mês), um prémio que podia ir até 315 mil euros, um subsídio mensal para o filho (de 1000 euros por mês), um subsídio anual de alojamento de 84 mil euros, entre outras regalias. Estas condições faziam parte do contracto assinado por Fernando Pinto, que geriu a empresa entre 2000 e 2018, dois anos antes de sair.

Já em 2017, Maximilian Otto Urbahn – com o mesmo contracto de trabalho – muda de funções assumindo outra direcção e em 2018, em concreto no último dia do ano, há lugar ao acordo de pré-reforma com suspensão de prestação de trabalho no valor de 27 mil euros por mês. Um ano mais tarde dá-se uma redução temporária da pré-reforma, já que o gestor assume o lugar de administrador não executivo. A remuneração nesta função era de 84 mil euros. Durante este mandato, recebeu a reforma a título de pré-reforma de 21 mil euros, voltando depois aos 27 mil euros.

Contas feitas, o acordo de pré-reforma deu-lhe 1,35 milhões de euros entre Dezembro de 2018 e Dezembro de 2022.

Pré-reforma cancelada
Gonçalo Pires, o actual administrador financeiro da TAP, considerou o montante "bastante avultado", afirmou que esta situação aconteceu durante a administração privada e avançou que os "advogados concluíram que era ilegal". Dando assim lugar ao "cancelamento" da pré-reforma. Pires não soube explicar em detalhe o porquê da ilegalidade, sinalizando que julga ser por o Ex-administrador ter mudado de funções para conseguir a pré-reforma.

Questionado sobre se o valor vai ser devolvido, o gestor falou das diligências que a TAP está a fazer: "Teremos de recorrer ao tribunal para recuperar esse dinheiro." O gestor não tem certeza exacta do ponto de situação deste processo – ou seja, se esse recurso até já avançou (ou não). O responsável disse ainda que uma "equipa externa" à TAP está a fazer uma avaliação de todas as situações, isto depois de ter sido questionado sobre se entende que houve una intenção de fraude da parte do antigo líder da empresa.

https://www.publico.pt/2023/03/30/politica/noticia/ha-caso-alexandra-reis-exadministrador-tap-recebeu-135-milhoes-prereforma-ilegal-2044489

quinta-feira, 30 de março de 2023

IVA a zero em 44 produtos permite 9 euros de poupança às famílias

Os apoios aos produtores agrícolas e a verba que o Estado vai deixar de receber com a eliminação temporária do IVA numa lista de bens vão custar 600 milhões de euros.



Como António Costa mudou a lei para montar uma central de propaganda

Com uma portaria – á socapa - o Governo autorizou o CEGER a nomear 23 “consultores” e nove “técnicos de comunicação”. O que permitiu reforçar, com discrição e sem anúncios, a estrutura liderada por João Cepeda. O objectivo é “trabalhar” a imagem do governo e principalmente do PS, sendo pagos com o dinheiro dos contribuintes.

A 17 de Novembro de 2022 foi publicada em Diário da República, com dois meses e meio de atraso, a nomeação de Luís Leal Miranda como “técnico de comunicação do Centro de Gestão da Rede Informática do Governo (CEGER), com efeitos a partir de 1 de Setembro anterior. Ora, o CEGER é o “organismo responsável pela rede informática que serve o Governo e o apoia nas tecnologias de informação e de comunicações e nos sistemas de informação”, de acordo com a definição no próprio site. Assim, a contratação de Leal Miranda pode parecer inusitada, já que não lhe são conhecidas competências na área da informática ou de gestão de redes. Foi jornalista, copywriter, de novo jornalista freelance e escrevia sobretudo sobre comida, com algumas incursões em áreas culturais (música e cinema por exemplo) e criou uma pequena editora, a Livraria Plutão. Num texto de 2020 no Observador (a mais recente colaboração que foi possível identificar como jornalista), escrevia “Do bolo de arroz ao pastel de nata: cinco histórias açucaradas da nossa pastelaria” e dissertava sobre o pão de ló, o bolo de arroz, o guardanapo, o pastel de nata e o travesseiro, essa “almofada de doce de ovo e amêndoa [que] tem uma das massas folhadas mais problemáticas da nossa pastelaria”. A contratação levanta duas perguntas: porque se lembrou o CEGER de ir contratar Luís Leal Miranda? E pode?

A ligação Time Out
A primeira talvez possa ser explicada porque Miranda foi jornalista da revista Time Out, onde também se dedicava sobretudo à área gastronómica, e em 2019 chegou a exercer o cargo de director, durante cinco meses. Ora, a Time Out é o projecto empresarial fundado por João Cepeda, director de comunicação do Governo desde Junho de 2022. Quem conhece o percurso dos dois descreve mesmo Luís Leal, a certa altura, como uma espécie de “braço-direito” de Cepeda na revista, embora este tivesse entretanto transitado para os mercados.
E sim, pode ser nomeado. Isto, porque em 31 de Maio do ano passado, ou seja, exactamente sete dias antes de Cepeda tomar posse como director de comunicação do Governo, o executivo operou uma verdadeira revolução na orgânica do CEGER. Através de uma portaria (uma decisão do Governo que não passa pela Assembleia da República), o quadro de pessoal do CEGER passou a comportar a possibilidade de contratar mais 23 consultores externos e nove técnicos de comunicação em comissão de serviço. Um quadro de pessoal que antes consistia de 35 elementos, passa a contabilizar, hoje, um total de 58. A portaria é assinada pelo secretário de Estado da Modernização Administrativa, Mário Campolargo, e pela secretária de Estado do Orçamento, Sofia Batalha. O texto da alteração justifica assim a expansão: “É necessário assegurar que o CEGER tem ao seu dispor os meios necessários para assegurar as suas atribuições, designadamente os meios humanos adequados para assegurar a segurança da RING [Rede Informática do Governo], capacitando-o para uma melhor resposta às exigências tecnológicas actuais, ao desenvolvimento de soluções relacionadas com a desmaterialização de processos, com a mobilidade de acessos, ou com a manutenção de infra-estruturas de rede, sem descurar os aspectos relacionados com a segurança.” Não há, contudo, no texto da portaria, nenhuma referência a “técnicos de comunicação” para desempenhar funções, por exemplo, nos conteúdos do portal do Governo na Internet – e a designação apenas surge no anexo com o mapa do quadro de pessoal. Não fica sequer claro, por exemplo, se alguns “consultores” dos novos 23, e não apenas os “técnicos de comunicação”, poderão também trabalhar em funções mais técnicas no grupo que agora centraliza a comunicação do Governo, sob a direcção de Cepeda. E mesmo a referência à gestão do portal do Governo apenas surge na “carta de missão” no site do CEGER, mas sem ligação estipulada a nenhum director de comunicação. Assim, não surpreende que a formação de uma equipa que centraliza a comuni- cação do Governo tenha passado, no mínimo, despercebida.
O Governo nunca assumiu no seu discurso que a contratação de um director de comunicação correspondesse também à criação de uma unidade de gestão da comunicação do Governo, com contratação de uma pool de novos colaboradores.
Perceção e realidade
Desde Junho de 2022, sucederam-se notícias sobre a contratação de Cepeda e o seu percurso. O novo director de comunicação fez algumas declarações, pontuais e breves, a jornais, explicando o seu papel no executivo. Foi também claro que duas contratações (e apenas duas) para o gabinete do primeiro-ministro, e sem qualquer relação com o CEGER, seguiam o objectivo de reforçar a comunicação e criar uma miniequipa à volta de Cepeda. Eram eles João Pedro Oliveira, também Ex-jornalista da Time Out, que foi nomeado em Junho de 2022; e João Morgado Fernandes, Ex-jornalista do Diário de Notícias, e Ex-assessor do então ministro Mário Lino e de José Sócrates, e que deixou agora a comunicação do ISCTE, onde a Ex-ministra da Educação Maria de Lurdes Rodrigues é reitora. Mas este grupo, designado como “grupo dos joões”, era a única face conhecida de uma estrutura maior – e essa manteve-se desconhecida.
No início de Março, o jornal Expresso publicou um artigo em que indicava um número de 15 pessoas a trabalhar na unidade de comunicação do Governo. O número era já a soma de algumas pessoas do gabinete do próprio primeiro-ministro e outras vindas do CEGER. A SÁBADO questionou o gabinete do primeiro-ministro sobre quem eram afinal essas pessoas, que tipo de vínculo público tinham, como tinham sido contratadas e quanto ganhavam. A resposta foi dada de forma informal por uma fonte governamental, mas sem concretizar nenhum desses detalhes – e indicando mesmo que “a estrutura [do CEGER] já existia”, existia há muito e que as 15 pessoas indicadas “não são novas, já trabalhavam para o portal do Governo”.
Mas na verdade, várias, como Leal Miranda, são mesmo novas, posteriores quer à mudança da lei orgânica, quer à contratação do próprio João Cepeda. Outros exemplos: a 13 de Janeiro, foi contratada como “técnica de comunicação do CEGER” Margarida de Freitas Filipe. A jovem licenciada em Geografia e Planeamento Regional pela Universidade Nova (em Julho de 2022) apenas tem como experiência profissional um estágio de meses na agência de comunicação JLM&A (João Líbano Monteiro&Associados). E inscreveu-se em Setembro num mestrado na Universidade Católica em Comunicação, Estratégia e Liderança. Também Sofia Pedro foi nomeada técnica de comunicação, no mesmo dia, com efeitos a partir de 1 de Janeiro, mas sem que seja possível encontrar sequer qualquer referência curricular que esteja publicamente disponível. O que é possível, na medida em que as contratações do CEGER, ao contrário do que acontece com as dos gabinetes dos membros do Governo, não incluem qualquer dado curricular dos contratados. Entre alguns percursos mais técnicos, surgem Hélder Tiago Matias Rogério, nomeado como técnico de apoio, em comissão de serviço, por dois anos, em Agosto último; João Paulo Capinha, consultor, nomeado em Outubro (era técnico especialista em informática no Politécnico de Setúbal); e William de Barros Costa, técnico de apoio, desde Agosto de 2022; Nuno Rosa Vaz, que desempenhava funções na câmara de Setúbal, foi nomeado consultor.
Outras rearrumações que foi possível detectar parecem prender-se com as mudanças na orgânica. José Henrique Rodrigues Felício era consultor coordenador, saiu em Agosto, para ser readmitido em Novembro como consultor. Norberto Albino, exonerado de consultor em Setembro, passou a consultor-coordenador.
Numa segunda insistência para o gabinete do primeiro-ministro, Secretaria-geral da Presidência do Conselho de Ministros e CEGER, apenas este último respondeu à SÁBADO: “Todas as contratações do CEGER são publicadas em Diário da República, com as respectivas informações sobre nomes, funções e estatuto remuneratório, e são feitas de acordo com as necessidades dos vários serviços. O CEGER fornece assistência a todos os serviços do Executivo, incluindo a Comunicação” e “destaca elementos para trabalhar directamente com os gabinetes, em projectos específicos e temporários”. Mas não clarifica vários pontos: quantas pessoas do CEGER estão em concreto na central de comunicação; se há mais contratações cuja publicação não tenha ainda ocorrido em Diário da República; e se o Governo tenciona continuar a contratar mais colaboradores para esta estrutura.
E, com esta fórmula encontrada pelo governo para montar a sua central de comunicação, também não é possível contabilizar o seu custo total para o Estado.
O que fazem?
De acordo com a informação prestada à SÁBADO por fonte governamental, a principal tarefa desse grupo é fornecer conteúdos a todo o portal do Governo, que abrange 18 ministérios. Mais dois elementos do gabinete do primeiro-ministro colaboram (Pedro Rebelo e Raquel Martins) e da parte do CEGER vem tudo o resto: um fotógrafo, dois videógrafos e vários redactores para os textos do portal.
Mas é também a esta unidade que cabe a organização de vários eventos recentes com apresentação de medidas do Executivo, como o pacote da Habitação ou a isenção de IVA em produtos básicos para apoio às famílias. Cepeda, por sua vez, reporta ao secretário de Estado Adjunto e articula-se também directamente com o primeiro-ministro – tem aliás gabinete na residência oficial. O resto da equipa, seja ela vinda do CEGER, seja do gabinete do primeiro-ministro, está a funcionar de forma provisória num espaço no segundo andar do nº 1 da Rua de São Bento, frente à residência oficial. Quando o Governo (ou a maior parte dele) se mudar para o edifício da Caixa Geral de Depósitos, actualmente em obras de adaptação, a equipa deverá ter um espaço próprio para funcionar nesse novo local.
A criação de uma central de comunicação dentro do Governo foi sempre um tema polémico e levou mesmo a um veto presidencial a primeira vez que foi tentada.
Belém desconhece a portaria
Em 2004, o Governo liderado por Pedro Santana Lopes quis formalizar a estrutura, criou os lugares e atribuiu-lhe um orçamento de 2 milhões de euros ao ano, mas viu o projecto travado pelo Presidente da República Jorge Sampaio. Na altura, o veto foi assim justificado pelo Presidente, em declarações ao jornal Expresso: “O esforço da participação dos cidadãos na vida política deve ser obtido através do incentivo do pluralismo e não da criação de um novo serviço administrativo de publicitação da actividade do Governo.” Sampaio deixou também este recado: “Não há défice, antes excesso, de presença estatal e governamental nos meios de comunicação.” A oposição, ou seja, PCP, BE e PS, concordou. Pedro Silva Pereira, então porta-voz dos socialistas, reagiu: “O PS vê este veto como um veto em legítima defesa da democracia e do pluralismo da comunicação social.” Na altura, o contexto era mais tenso relativamente à alegada interferência do Governo nos media. O ministro dos Assuntos Parlamentares, Rui Gomes da Silva, criticara a inércia da Alta Autoridade para a Comunicação Social (AACS) face aos comentários de Marcelo Rebelo de Sousa na TVI, que classificou “de ódio ao primeiro-ministro e ao Governo” e sem contraditório. O então comentador deixaria pouco depois aquela estação de televisão, no seguimento de uma conversa com o presidente do conselho de administração, Miguel Pais do Amaral. E a AACS viria a considerar que tinham sido as declarações do ministro a constituir “uma pressão ilegítima”.
Agora, face à criação efectiva de uma central de comunicação, a SÁBADO apurou que Belém ficou à margem dos detalhes do processo, até porque o mecanismo escolhido, o da portaria, não tem de passar pela Presidência da República.
€98 mil para consultor
O consultor em comunicação Luís Paixão Martins recebeu 98 mil euros pelo apoio nas legislativas de 2022 do PS, segundo os dados entregues na Entidade das Contas para os Financiamentos Políticos.
-O valor foi indexado a resultados. De acordo com a proposta apresentada por Paixão Martins, receberia 10 mil euros se o PS ficasse com 108 ou menos mandatos, 50 mil entre os 109 a 115, e 100 mil para 116 mandatos ou mais (teve 120).
-Há novo contracto de Paixão Martins com o PS, mas as duas partes não revelaram o valor.


€2.449 Mínimo
Nos dados publicados pela Direcção-Geral da Administração Pública, o salário dos novos consultores do CEGER vai dos €2.449 aos €2.728 (ilíquidos).


€3.274 Máximo
Os despachos de nomeação têm somado 20% de “suplemento de disponibilidade” aos €2.728. O valor máximo passa a €3.274.

https://www.sabado.pt/portugal/detalhe/como-costa-mudou-a-lei-para-montar-uma-central-de-propaganda

Portugueses gastaram 32,4 milhões de euros por dia no supermercado

As vendas totais do retalho alimentar cresceram 9,6% em 2022 para 11 821 milhões de euros. São 1036 milhões a mais do que no ano anterior, apesar da contracção do consumo.

O ano de 2022 marca novo período de crescimento nas vendas de bens de grande consumo, à boleia da subida da inflação. Os dados do Scantrends da NielsenIQ mostram que, no total, os portugueses gastaram 11 821 milhões de euros nos super e hipermercados, um aumento de 9,6% face ao ano anterior, correspondentes a mais 1036 milhões. Significa isto que abastecer a despensa custou, em média, 32,4 milhões de euros diários às famílias portuguesas.

Isto não significa que os consumidores estejam a comprar mais, estão é a pagar tudo mais caro. Pedro Pimentel, director-geral da Centromarca, garante mesmo que estas taxas de crescimento são "balofas", porque correspondem apenas ao efeito inflação. "Vendeu-se menos, embora mais caro, e a prova disso é que o consumo retraiu a vários níveis, desde a compra de produtos mais baratos, mantendo o mesmo padrão de consumo, à escolha de produtos complementares, mas de qualidade inferior. E há mesmo redução de compra, com o consumidor a preferir fazer mais idas ao supermercado, mas comprando apenas o que precisa", diz.

O que ajuda também a explicar o "crescimento brutal" das marcas próprias das cadeias de supermercados que registaram acréscimos de vendas de 18,3%, quase o dobro do mercado. Mantiveram sempre taxas a dois dígitos a partir de março, tendo atingido um acréscimo de 26,9% em dezembro. Em contrapartida, os artigos de marcas de fabricantes só cresceram 4,5%, menos de metade dos 9,6% da variação homóloga do mercado.

Não admira, por isso, que, em termos de mercado, quem mais ganha quota são as cadeias de hard discount, como Aldi, Lidl ou Mercadona - é um segmento que cresce 11%, contra os 9,3% dos hipermercados e os 9,5% dos pequenos supermercados - sendo, por consequência, elas próprias, um dos motores de crescimento das marcas próprias, já que a preponderância deste tipo de produtos nestas cadeias é substancialmente superior às restantes.

Já o diretor-geral da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) fala num ano "altamente complexo" para toda a cadeia de distribuição, com um aumento generalizado dos preços. No entanto, Gonçalo Lobo Xavier assegura que só 35% do aumento dos custos reais tenha sido passado ao cliente final. "São custos difíceis de suportar para o consumidor, mas seria muito pior se não tivesse havido este esforço por parte das empresas", sustenta.

Mesmo assim, reconhece, registam-se já "perdas importantes" nas vendas de peixe e carne, com um consumo maior de carne de aves, de ovos e de conservas e outros enlatados.

Sobre o retalho especializado, que a APED também representa, Gonçalo Lobo Xavier diz que se assistiu, em 2022, a uma recuperação, com os consumidores a serem "cada vez mais racionais" no processo de compra, procurando online o que pretendem e indo às lojas com objetivos já predefinidos. "Apesar do consumo estar já muito próximo dos valores pré-pandemia, sobretudo na moda, na eletrónica de consumo e na cosmética, a compra por impulso diminuiu acentuadamente", refere este responsável. Que considera que, apesar da grande incerteza que marcou o ano, o setor mostrou-se "resiliente", com "alguma capacidade de investimento, ainda, na abertura de lojas e na criação de emprego".

Quanto às perspetivas para 2023, a APED refere que já se começa a notar alguma tendência de estabilização dos custos energéticos e consequentes efeitos sobre os custos de produção. Gonçalo Lobo Xavier acredita que isso se comece a fazer sentir na carteira dos consumidores "no fim do primeiro trimestre".

O setor, garante, "continua a investir em eficiência energética e em energia limpa, mas também, na formação dos seus recursos humanos. "Há uma batalha muito grande pelo talento, que só se consegue vencer com inovação, modernidade, e com melhores salários. E esse foi um esforço que se viu, não só com a assinatura do novo contrato coletivo de trabalho, que prevê um aumento de quase 9% em média, mas também pelo esforço individual das empresas de partilha e distribuição de resultados". Suster a inflação, manter a cadeia de abastecimento a funcionar, sem riscos de ruturas de stocks, e reter e atrair talento são as grandes preocupações da APED e dos seus associados para 2023.

Já a Centromarca destaca o receio dos efeitos da recessão. "Vamos continuar a ter perda de poder de compra, porque o crescimento da inflação não será acompanhado do crescimento dos salários e é natural que o mercado contraia", diz Pedro Pimentel. Para este responsável, a grande incógnita é se o verão será, em 2023, "tão forte" como foi o ano passado, "ajudando a compor, um bocadinho, as perdas do mercado interno".

Do ponto de vista dos fabricantes, a preocupação está também no crescimento das "marcas brancas" que "parece estar para durar", o que poderá "criar condições para um aumento da tensão negocial" entre o retalho alimentar e os seus fornecedores. " Tememos que esta compressão do mercado e das rentabilidades possa extravasar para tensões e exigências mais exageradas e é muito importante fazer perceber às autoridades que é preciso estar com uma atenção muito grande ao mercado", diz Pedro Pimentel.

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Ilídia Pinto

https://www.dinheirovivo.pt/economia/portugueses-gastaram-324-milhoes-de-euros-por-dia-no-supermercado--15791790.html

sexta-feira, 24 de março de 2023

O que é compostagem e como fazer?

Fazer compostagem doméstica reduz gases do efeito estufa, lixo orgânico e faz bem para saúde

1. Como se faz a compostagem?

2. Quais são as 3 fases da compostagem?

2.1. 1ª) Fase mesofílica

2.2. 2ª) Fase termofílica

2.3. 3ª) Fase da maturação

3. História da compostagem

4. O que é uma composteira?

5. Minhocas na compostagem

6. Composteira automática

7. Factores que influenciam na geração e na qualidade do composto

7.1. Organismos

7.2. Temperatura

7.3. Umidade

7.4. Aeração

8. Cuidados

9. Para que serve a compostagem

10. Chorume

Compostagem é o processo biológico de valorização da matéria orgânica, seja ela de origem urbana, doméstica, industrial, agrícola ou florestal, e pode ser considerada como um tipo de reciclagem do lixo orgânico. Trata-se de um processo natural em que os micro-organismos, como fungos e bactérias, são responsáveis pela degradação de certos tipos de resíduos, transformando-a em húmus, um material muito rico em nutrientes e fértil.

A prática feita em casa ainda faz bem para a saúde. De acordo com um estudo, o contacto com uma bactéria presente no húmus pode ser usado como antidepressivo e diminui alergias, dores e náuseas.

A compostagem ajuda na redução das sobras de alimentos, tornando-se uma solução fácil para reciclar os resíduos gerados em nossa residência. Confira o vídeo acima, do Canal do Portal eCycle do YouTube, para entender, de forma bem resumida, o que é compostagem. Se curtir, inscreva-se no canal! Confira abaixo mais detalhes de como ela ocorre e como realizá-la.

Como se faz a compostagem?

A compostagem do lixo acontece em fases, sendo elas muito distintas umas das outras.

Quais são as 3 fases da compostagem?

1ª) Fase mesofílica

Nessa fase da compostagem, os fungos e as bactérias mesófilas (activas a temperaturas próximas da temperatura ambiente) começam a se proliferar na matéria orgânica aglomerada na composteira, fazendo a decomposição do lixo orgânico. Primeiro são metabolizadas as moléculas mais simples. Nessa fase, as temperaturas são moderadas (cerca de 40°C) e dura em torno de 15 dias.

2ª) Fase termofílica

É a fase mais longa, podendo se estender por até dois meses, dependendo das características do material que está sendo compostado. Nessa fase, entram em cena os fungos e as bactérias denominados de termófilos, que são capazes de sobreviver a temperaturas entre 65°C e 70°C, à influência da maior disponibilidade de oxigénio – promovida pelo revolvimento da pilha inicial. A degradação das moléculas mais complexas e a alta temperatura ajudam na eliminação de agentes patógenos.

3ª) Fase da maturação

É a última fase do processo de compostagem, podendo durar até dois meses. Nessa fase, há a diminuição da actividade microbiana, da temperatura (até se aproximar da temperatura ambiente) e da acidez. É um período de estabilização que produz um composto maturado. A maturidade do composto ocorre quando a decomposição microbiológica se completa e a matéria orgânica é transformada em húmus, livre de toxicidade, metais pesados e patógenos.

O húmus é um material estável, rico em nutrientes e minerais, que pode ser utilizado em hortas, jardins e para fins agrícolas, como adubo orgânico, devolvendo à terra os nutrientes de que necessita e evitando o uso de fertilizantes sintéticos.

História da compostagem

A compostagem orgânica não é uma prática nova, mas está ganhando popularidade ao passo que há uma tendência maior de preocupação com a sustentabilidade. Há muito tempo agricultores já utilizavam o método de reciclagem do lixo doméstico para obtenção de adubo orgânico.

No oriente médio, principalmente na China, a compostagem vem sendo aplicada há séculos. Já no ocidente, ficou conhecida em 1920, a partir dos primeiros experimentos de Sir Albert Howard. O Inglês Howard era considerado um dos propulsores da compostagem doméstica na província Indiana de Indore, onde tentou efectuar o processo com resíduos de uma só natureza e concluiu que era necessário misturar diversos tipos.

Também na Europa, a técnica era usada durante os séculos XVIII e XIX pelos agricultores que transportavam os seus produtos para as cidades em crescimento e, em troca, regressavam às suas terras com os resíduos sólidos urbanos das cidades para utilizá-los como corretivos orgânicos gerados do solo. Assim, os resíduos eram quase que completamente reciclados por meio da compostagem e da agricultura.

Com a expansão das áreas urbanas e o aumento populacional e do consumo, houve mudanças na qualidade dos resíduos sólidos, que acabaram tornando-se cada vez mais inadequados para o processo de compostagem de lixo. Logo, a técnica perdeu popularidade.

Entretanto, nos dias de hoje, com a pressão para a utilização de métodos direccionados para a preservação do meio ambiente, há um novo interesse em compostagem de restos de comida em casa como uma solução para a redução do volume de lixo que é encaminhado para aterros e lixões todos os dias.

Esse hábito ainda pode fornecer uma opção saudável de adubo orgânico para plantas e hortas. Com isso, cada vez mais pessoas querem colocar a mão na massa e fazer a sua própria compostagem, mas muitas não sabem por onde começar.

O que é uma composteira?

A composteira nada mais é do que o lugar (ou a estrutura) próprio para o depósito e a compostagem do material orgânico, onde o lixo orgânico será transformado em húmus.

A composteira pode assumir diversos formatos e tamanhos – isso depende do volume de matéria orgânica que é produzida e também do espaço livre disponível para sua alocação, mas todas têm a mesma finalidade.

As composteiras podem ser instaladas em casas ou apartamentos e possuir tamanhos e preços variados. Para além disso, o processo também pode ser realizado directamente no solo.

Minhocas na compostagem

Uma forma de acelerar a compostagem orgânica é por meio do uso de minhocas californianas (espécie Eisenia foetida mais indicada para o processo). Isso porque as minhocas digerem a matéria orgânica, facilitando o trabalho dos micro-organismos.

Esse tipo de compostagem recebe o nome de vermicompostagem ou compostagem com minhocas. Para saber mais sobre esse tema, dê uma olhada na matéria: “Vermicompostagem: conheça as vantagens dessa técnica que reduz o lixo orgânico“. Para conhecer mais de perto as minhocas dê uma olhada na matéria: “Minhoca: importância ambiental na natureza e em casa“.

Composteira automática

A compostagem também pode ser feita por meio da composteira automática, que envolve maior praticidade, pois a decomposição é mais rápida e, ao em vez de minhocas, utiliza-se poderosos micro-organismos patenteados (dentre eles, o Acidulo TM), capazes de se multiplicarem em altas temperaturas, salinidade e acidez, saiba mais sobre esse tema lendo a matéria “Composteiras automáticas trazem agilidade e eficiência no reaproveitamento de resíduos domésticos“. Com isso, é possível inserir alimentos ácidos, carne, ossos, espinhas de peixe, frutos do mar, ao contrário da compostagem com minhocas, ou vermicompostagem.

Nessa última, também não se recomenda a deposição em excesso de gorduras e lacticínios, pois retardam a decomposição. Também existem resíduos que não vão para nenhum dos tipos de composteira, porém devemos destinar correctamente. Para saber mais a respeito, dê uma olhada na matéria: “O que pode colocar na composteira?“.

Ao identificar o melhor tipo de processo (compostagem ou vermicompostagem) e de composteira para a casa, família e orçamento, muitas pessoas ainda têm uma dúvida: se a composteira caseira é higiénica. Essa dúvida é recorrente devido a existência de chorume e pela necessidade de lidar com restos de alimentos que podem exalar mau odor e atrair animais.

O fato de haver minhocas nas composteiras também assusta. Mas esse receio não tem muito fundamento como mostra a matéria “Entrevista: composteira caseira é higiénica” com Cesar Danna, do site de soluções para resíduos orgânicos Minhocasa.

Factores que influenciam na geração e na qualidade do composto

São muitos os factores que podem influenciar na quantidade e qualidade dos compostos gerados durante esse processo, os principais são os seguintes:

Organismos

A transformação da matéria orgânica bruta para húmus é um processo, basicamente, microbiológico, operado principalmente por fungos e bactérias, que, durante as fases da compostagem, alternam espécies de micro-organismos envolvidos. Também há a colaboração da macro e mesofauna, como minhocas, formigas, besouros e ácaros, durante o processo de decomposição;

Temperatura

Um dos factores de grande importância no processo de compostagem. Esse processo de decomposição da matéria orgânica por micro-organismos se relaciona directamente à temperatura, por meio de micro-organismos que produzem o calor, pela metabolização da matéria orgânica, estando a temperatura relacionada a vários factores, como materiais ricos em proteínas, baixa relação carbono/nitrogénio, umidade e outros.

Materiais moídos e peneirados, com granulometria mais fina e maior homogeneidade, originam uma melhor distribuição de temperatura e menor perda de calor. Veja mais detalhes na matéria “Condições básicas para manutenção da composteira: temperatura e umidade“.

Umidade

A presença de água é fundamental para o bom desenvolvimento do processo, pois a umidade garante a actividade microbiológica, isso se deve porque, entre outros factores, a estrutura dos micro-organismos consiste de aproximadamente 90% de água e, na produção de novas células, a água precisa ser obtida do meio, ou seja, neste caso, da massa de compostagem.

Porém, a escassez ou o excesso do líquido pode desacelerar a compostagem – se houver excesso, é necessário acrescentar matéria seca, como serragem, ou folhas secas.

A faixa de umidade óptima recomendada para se obter um máximo de decomposição está próxima de 50%, devendo haver uma maior atenção ao teor de umidade durante a fase inicial, pois esta precisa de uma adequação do suprimento de água para promoção do crescimento dos organismos biológicos envolvidos no processo e para que as reacções bioquímicas ocorram no tempo certo, durante o processo de compostagem. Saiba mais detalhes na matéria “Umidade dentro da composteira: factor muito importante“.

Aeração

No processo de compostagem, é possível dizer que a aeração é o factor mais importante a ser considerado, isso porque o arejamento evita a formação de maus odores e a presença de insectos, como as moscas de frutas, por exemplo, o que é importante tanto para o processo como para o meio ambiente.

Também deve-se levar em conta que, quanto mais húmida está a massa orgânica, mais deficiente será sua oxigenação. É recomendado que o primeiro revolvimento seja feito em duas ou três semanas após o início do processo, pois esse é o período em que se exige a maior aeração possível. Em seguida, o segundo revolvimento deve ser feito aproximadamente três semanas após o primeiro, e dez semanas após o inicio de processo de compostagem deve ser feito o terceiro revolvimento para uma incorporação final de oxigénio.

Uma massa orgânica com uma dose apropriada de nitrogénio e carbono ajuda no crescimento e na actividade das colónias de micro-organismos envolvidos no processo de decomposição, possibilitando a produção do composto em menos tempo.

Sabendo que os micro-organismos absorvem o carbono e o nitrogénio numa proporção de 30 partes de carbono para uma parte de nitrogénio, ou seja, uma razão de 30/1, essa é a proporção ideal para o material orgânico depositado na composteira, mas também são recomendados valores entre 26/1 e 35/1, como sendo as relações C/N mais propícias para uma rápida e eficiente compostagem.

Cuidados

Resíduos com relação C/N baixa (C/N<26/1) são pobres em carbono e perdem nitrogénio na forma amoniacal durante o processo de compostagem. Nesse caso, recomenda-se juntar restos vegetais celulósicos, como serragem de madeira, sabugo e palha de milho e talos e cachos de banana, ricos em carbono, para elevar a relação a um valor próximo do ideal.

No caso contrário, ou seja, quando a matéria-prima possui relação C/N alta (C/N>35/1), o processo de compostagem torna-se mais demorado e o produto final apresentará baixos teores de matéria orgânica. Para corrigir esse erro, deve-se acrescentar materiais ricos em nitrogénio, como folhas de árvores, gramíneas e e legumes frescos.

Além do que até aqui mencionado, outros cuidados recomendados estão relacionados ao local onde a composteira estará alocada: o preparo prévio do material orgânico, a quantidade de material a ser compostado e as dimensões das leiras (quando a compostagem é feita em leiras, pilhas de resíduos em linha).

Você também deve tomar cuidado com quais materiais orgânicos colocar na sua composteira, como, por exemplo, no caso da vermicompostagem, onde há restrições a alguns tipos de alimentos já mencionados, como excesso de frutas cítricas, cebola ou alho, pois alteram o pH do composto.

Para que serve a compostagem

Segundo dados do IPEA, Instituto de Pesquisa Económica Aplicada, o material orgânico corresponde a cerca de 52% do volume total de resíduos produzidos no Brasil e tudo isso vai parar em aterros sanitários, onde são depositados com os demais e não recebem nenhum tipo de tratamento específico.

A compostagem traz muitas vantagens para o meio ambiente e para a saúde pública, seja aplicada no ambiente urbano (domésticos ou industriais) ou rural. A maior vantagem que pode ser citada da compostagem é que, no processo de decomposição, ocorre somente a formação de dióxido de carbono ou gás carbónico (CO2), água (H2O) e biomassa (húmus).

Por se tratar de um processo de fermentação que ocorre na presença de oxigénio (aeróbico), permite que não ocorra a formação de gás metano (CH4), gerado nos aterros por ocasião da decomposição destes resíduos, que é altamente nocivo ao meio ambiente e muito mais agressivo, pois é um gás de efeito estufa cerca de 21 vezes mais potente que o gás carbónico.

Ao reciclarmos o lixo destinado aos aterros por meio da compostagem, haverá, por consequência, uma economia nos custos de transporte e de uso do próprio aterro, ocasionando o aumento de sua vida útil (veja sobre o uso da compostagem em grandes cidades).

Chorume

Além de tudo que percorremos até aqui, a compostagem promove a valorização de um insumo natural e ambientalmente seguro, adubo orgânico, actuante sobre a reciclagem dos nutrientes do solo e no reaproveitamento agrícola da matéria orgânica, assim evitando o uso de fertilizantes inorgânicos, formados por compostos químicos não naturais, cujos mais comuns levam em sua composição substâncias como nitrogénio, fosfatos, potássio, magnésio ou enxofre (veja mais informações na matéria “O que são fertilizantes?”).

Os efeitos desses compostos, sobretudo os fertilizantes nitrogenados, se apresentam igualmente nocivos ao desequilíbrio do efeito estufa. Também é possível mencionar os riscos que esses fertilizantes podem trazer devido à presença de metais pesados em sua composição.

O chorume produzido no processo da compostagem com minhocas pode ser utilizado como adubo líquido (na proporção de dez partes de água para uma de chorume) e como pesticida (na proporção de meia parte de chorume e meia de água borrifada nas plantas).

Se suas dúvidas sobre compostagem foram solucionadas com essa matéria e você está querendo praticar a sua em casa, você pode comprar uma composteira doméstica em nossa loja. Encontre o melhor tipo para sua casa e sua família. Você também pode conferir como fazer uma composteira em casa na matéria: “Aprenda como fazer uma composteira doméstica com minhocas“.

Curta o vídeo (em inglês) sobre como é o processo de compostagem.

https://www.ecycle.com.br/compostagem/

Aprenda a fazer um medidor de pH caseiro

Saiba como fazer um medidor de pH caseiro utilizando repolho roxo



1. O que é pH?

2. Medidor de pH caseiro

3. Como fazer

4. Como usar

5. Mudanças de Cores

Se você já precisou medir o pH da água ou de outra substância, talvez fique surpreso ao saber que é possível fazer um medidor de pH caseiro utilizando repolho. Um simples repolho e alguns ingredientes que você provavelmente tem em casa poderia ter resolvido seu problema com o pH da água.

  • O que é pH?

A sigla pH significa Potencial Hidrogeniónico. Isso nada mais é do que uma escala que mede se uma substância é ácida, alcalina (básica) ou neutra. O pH está relacionado com a concentração de íons de Hidrogénio (H+) e íons OH-. Quanto menor o pH de uma substância, maior a concentração de íons H+ e menor a concentração de íons OH-.

A faixa de pH varia de 0 a 14, sendo que quanto mais próximo de zero mais ácida é a substância e quanto mais próximo de 14 mais alcalina ela fica. Por exemplo, o limão, que é uma fruta cítrica, chega a 3 na escala de pH. Já um sabão em barra no mercado possui um pH em torno de 10, portanto é alcalino.

Para medirmos o pH de uma substância com precisão, utilizamos o peagâmetro, constituído basicamente por um eléctrodo e um potenciómetro. O potenciómetro é utilizado na calibração do aparelho com soluções de referência – a medida do pH é feita com a imersão do eléctrodo na solução a ser analisada.

Outra forma é com a utilização de papel tornassol e a fenolftaleína. Na presença de ácidos, o papel de tornassol fica com a coloração vermelha e a solução de fenolftaleína muda da coloração vermelha para a incolor na presença de um ácido.

  • Medidor de pH caseiro

O repolho é rico em antocianinas, pigmentos responsáveis por uma variedade de cores atractivas de frutas, flores e folhas que variam do vermelho ao azul.

Quando usamos o extracto de uma verdura, como o repolho roxo, obtemos um medidor de pH de largo espectro, isto é, ele pode medir do pH = 1 até o pH = 12, alterando sua cor desde o vermelho até o verde. A variação de cor é muito pequena, portanto, esse não é um método muito preciso, mas serve muito bem para o uso caseiro.

  • Como fazer

Pegue algumas folhas de repolho roxo (30 g) e corte em fatias bem pequenas, coloque para cozinhar com uma quantidade de água igual ao de folhas picadas (aproximadamente 150 ml). Deixe ferver por 15 minutos e espere esfriar. Agora, use uma peneira e tente extrair toda água que ainda restou em um recipiente limpo. Para aumentar o tempo de conservação, adicione um pouco de álcool e mantenha na geladeira.

  • Como usar

Para utilizar o medidor de pH em alguma substância é só adicionar algumas gotas do extracto de repolho roxo em cerca de 5 ml da solução que se deseja medir. A partir da cor que a mistura tiver, você saberá se ela é básica ou ácida. Para visualizar melhor as cores, coloque na frente de uma folha ou parede branca. Confira qual é a cor que resultante e o seu respectivo pH:

  • Mudanças de Cores

Cor             pH

Vermelho 2

Vermelho violáceo 4

Violeta 6

Azul violáceo 7

Azul 7,5

Azul esverdeado 9

Verde azulado 10

Verde 12

Como se trata de uma substância natural, ela não dura muito tempo. Sendo assim, utilize o  seu medidor de pH caseiro no máximo por uma semana.


https://www.ecycle.com.br/medidor-de-ph/

Como fazer sabão caseiro sustentável.

Veja o passo a passo de como fazer um sabão caseiro sustentável.

Saber como fazer sabão caseiro com óleo usado é uma óptima forma de economizar e ainda diminuir a geração de resíduo, evitando o uso de produtos como sabão em pó. A receita de sabão caseiro descrita a seguir é de alta qualidade e criada a partir de uma fórmula mais amigável ao meio ambiente, pois reutiliza óleo de cozinha usado.

Assim, é uma óptima forma de praticar o consumo consciente e a Economia Circular, já que você não perde os recursos gastos na produção do óleo e ainda gera um novo produto. Você já deve saber que o óleo de cozinha usado não pode ser despejado na pia (pois causa entupimento) e nem descartado de forma incorrecta.

É bem provável que já tenham te contado alguma história sobre a possibilidade de fazer sabão caseiro com óleo de cozinha usado. Você já tentou realizar a experiência?

Existem inúmeras receitas de sabão caseiro com óleo de cozinha espalhadas pela internet, mas estudos realizados comprovaram que a maioria utiliza soda cáustica em excesso e isso é extremamente perigoso devido a alguns motivos:

  • A substância é prejudicial à saúde por conta de suas propriedades corrosivas e desidratantes, sendo muito agressiva à pele, que fica ressecada, pode apresentar rachaduras e até hipersensibilidade e inflamações;
  • Ela prejudica também o meio ambiente, pois aumenta muito o pH do esgoto doméstico que, dependendo da sua destinação, vai desequilibrar o pH dos rios e lagos, interferindo em todo o ecossistema;
  • O excesso de soda pode destruir os tecidos e roupas durante a lavagem, diminuindo sua vida útil.

Mas se a soda é tão nociva, por que a utilizamos para fazer sabão caseiro?

O carácter prejudicial da soda cáustica está no contacto com a pele e os olhos, e no uso ou descarte directo no meio ambiente ou esgoto. Porém, ao utilizá-la para fazer sabão caseiro, sua reacção com o óleo de cozinha vai transformar esses dois ingredientes em outros produtos, que são o próprio sabão caseiro e a glicerina. Se você tiver o cuidado de usar as quantidades necessárias descritas na receita a seguir, não haverá excesso de nenhum ingrediente no produto final.

Dessa forma, o seu sabão caseiro produzirá o menor impacto ambiental possível, porque embora o sabão seja biodegradável, ou seja, é decomposto por micro-organismos presentes na natureza, não significa que ele não tenha impacto ambiental. Logo, o que buscamos aqui é ter uma pegada mais leve, com o menor impacto possível ao meio ambiente, já que precisamos do produto de higiene para as nossas necessidades diárias de limpeza.

A equipe do Portal eCycle pesquisou e testou algumas receitas de sabão caseiro, tomando todo o cuidado para chegar em uma fórmula final que contivesse somente as quantidades estritamente necessárias de cada componente. Assim, seria possível atingir um produto final com boa qualidade e com o pH mais próximo possível da neutralidade. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determina que o pH máximo dos sabões deve ser até 11,5, mas muitas das receitas estudadas apresentaram pH bem superior a esse.

A fórmula apresentada abaixo foi a que apresentou melhor resultado. É extremamente importante usar as proporções descritas a seguir. Confira o vídeo exclusivo do canal do Portal eCycle no YouTube para visualizar o procedimento completo.

  1. O que precisa para fazer sabão caseiro?
      • 1 quilo de óleo de cozinha usado;
      • 140 mililitros de água;
      • 135 gramas de soda cáustica em escamas (concentração superior a 95%);
      • 25 mililitros de álcool (opcional);
      • 30 gramas de aromatizantes/essências (opcional).;
      • 10 gramas de alecrim em pó (conservante natural) (opcional);
      • Recipientes para o molde do sabão caseiro (formas específicas, bandejas de plástico ou embalagens longa vida – jamais utilize recipientes de alumínio);
      • Colher de sopa de pau;
      • Par de luvas para lavar louças;
      • 1 máscara descartável;
      • Óculos de protecção;
      • Balde grande;
      • Recipiente pequeno.
  2. Modo de preparo
    1. Em primeiro lugar, coloque os óculos de protecção, as luvas e a máscara. A soda cáustica é altamente corrosiva e deve ser manuseada com muito cuidado. Vamos ao passo a passo de como fazer sabão caseiro
  3.  Passo 1
      1. Coloque a água para esquentar até que ela fique morna (em torno de 40°C). Desligue o fogo. Feito isso, coloque os 140 mililitros de água morna no recipiente pequeno e despeje o conteúdo da soda cáustica lentamente e em pequenas porções no mesmo recipiente, misturando sempre a cada adição. Nunca adicione água fria sobre a soda! A ordem dos ingredientes também deve ser respeitada: colocar soda sobre a água, e nunca a água sobre a soda (isso pode provocar uma reacção forte e causar acidentes). É muito importante utilizar um balde ou recipiente plástico de material grosso e resistente, e nunca utilizar garrafas PET para fazer a diluição da soda, pois elas não suportam a temperatura que a reacção atinge, podendo romper e vazar esse material extremamente corrosivo. Mexa com a colher de pau até diluir completamente a soda, de modo que não haja mais escamas. Atenção: não utilize recipientes de alumínio descartável em conjunto com a soda cáustica e certifique-se de que eles sejam suficientemente altos, pois essa dissolução pode efervescer e causar espuma.

  4. Passo 2
    1. Depois de retirar as impurezas (é possível fazer isso com uma peneira), acrescente o óleo aos poucos (a uma temperatura de 40°C) e adicione-o ao balde que será utilizado para colocar todos os demais ingredientes. Em seguida, insira a soda bem lentamente, em pequenas porções e misturando continuamente. Esse cuidado aumenta a sua segurança, pois a reacção com a soda cáustica libera muito calor, além de produzir um sabão de boa qualidade – se você colocar a soda de uma única vez ou muito rápido sem a agitação adequada, o sabão pode empelotar e ficará difícil reverter isso.
  5. Passo 3
    1. Misture somente o óleo e a soda por cerca de 30 minutos. A consistência final ideal deve ser parecida com a do leite condensado. É necessário respeitar esse tempo de mistura para que haja a reacção entre o óleo e a soda.
  6. Passo 4
      1. Após esse tempo de mistura, tem início o momento ideal para adicionar os demais ingredientes. Coloque a essência de sua preferência e conservante (caso queira). Mexa bastante até que todos os ingredientes se incorporem plenamente à mistura.

  7. Passo 5
      1. Caso a massa final de sabão esteja muito líquida, insira o álcool lentamente e mexa bem por dez minutos para que a mistura não empelote. Nessa etapa, a massa do sabão caseiro ganhará consistência rapidamente. É recomendável que a forma em que será colocado o sabão já esteja preparada e próxima.

  8. A pasta
    1. A “pasta” do seu sabão caseiro vai ficar desse jeito:
  9. Recipiente
      1. Agora é só despejar o sabão no recipiente que você separou…

  10. Cura
      1. Por último, basta aguardar o processo de cura do sabão caseiro (que leva de 20 a 45 dias)

O Seu sabão caseiro está pronto!

      Pronto! Depois de esperar o tempo de curso, é só desenformar e cortar e você terá um excelente sabão caseiro em barra para usar no seu dia a dia. Recomenda-se, ainda, deixar em processo de cura (de 20 a 45 dias), de preferência n um recipiente opaco, que fique num lugar fresco e sob abrigo do Sol.

Esse processo visa garantir a reacção completa da soda cáustica, além de permitir ao sabão perder a umidade excessiva. O tempo poderá variar de acordo com as condições climáticas locais. Exemplo: se o clima estiver mais chuvoso, pode ser que sejam necessários mais dias; ocorre o contrário caso o tempo esteja mais seco.

Entenda os ingredientes dessa receita de sabão caseiro

Soda cáustica

Na fabricação do sabão, há uma preocupação acerca da soda cáustica, pois ela é muito corrosiva e teme-se que ela possa ser prejudicial à saúde e ao meio ambiente. Realmente seu uso requer muita atenção e alguns cuidados, já que seu contacto com pele e mucosas (inalação) pode causar queimaduras. Caso algum acidente ocorra, é importante lavar a região com água corrente fria por 15 minutos.

Após a reacção de saponificação com os óleos, durante o chamado tempo de cura, a soda vai perdendo a alcalinidade, ou seja, seu pH vai baixando. Isso porque os álcalis reagem com os óleos e se transformam no sabão caseiro (entenda mais sobre o sabão em barra).

Fique atento às quantidades

Portanto, é preciso ficar atento e utilizar exactamente as quantidades recomendadas de soda para que a substância não sobre na mistura e falte óleo para ela reagir, deixando o seu produto final excessivamente alcalino. Isso pode torná-lo mais agressivo às suas mãos, além de modificar o pH do esgoto, o que pode ser prejudicial ao meio ambiente, como já dito anteriormente.

Em muitos relatos de receitas de sabão caseiro que usam excesso de soda, percebe-se que, com o passar dos dias, o sabão vai branqueando. Isso se deve ao acúmulo da soda que não reagiu e que, ao reagir com o ar, forma carbonato de sódio, que é branco, e pode causar desidratação e reacções alérgicas em contacto com a pele.

Por isso, muitas pessoas reclamam do sabão caseiro, dizendo que é agressivo à pele. Mas, como visto, o problema não está no sabão, e sim na quantidade de soda usada.

Um clareamento gradual da massa durante o processo de cura é normal, mas sua cor final não será branca. E lembre-se: esta receita de sabão não deve ser utilizada para fins cosméticos. Para limpeza geral, é recomendado o uso de luvas devido à sua alcalinidade intrínseca.

Álcool

A sua adição ocorre porque a solubilização do óleo é melhor no álcool do que em água e assim o endurecimento do sabão caseiro se torna mais rápido. Esse ingrediente pode ser dispensável caso você note que, ao fim dos 20 minutos de agitação, a massa de sabão já tem uma consistência adequada para ser colocada na forma.

Conservantes

Existem dois problemas a serem considerados na deterioração de óleo e gordura: a rancificação e a contaminação por bactérias e outros micro-organismos.

Os óleos, em geral, sofrem de um problema que se chama rancificação. Em outras palavras, a deterioração da gordura, evidenciada pelo seu cheiro característico de óleo/gordura estragado. Esse problema aumenta com o tempo de estocarem, pela presença de luz e pelo seu contacto com o ar, mais especificamente com o oxigénio, que causa a auto-oxidação das gorduras, responsável por esses defeitos.

Para minimizar esse problema, você pode:
  • Fazer seu sabão caseiro em pequenas quantidades: produtos naturais feitos em casa não terão a mesma durabilidade dos comercializados pela indústria. Armazená-lo por longos períodos aumentará as chances de problemas como os citados ocorrerem;
  • Armazenar seu sabão em embalagens a vácuo ou em potes hermeticamente fechados: isso diminui a exposição do produto ao oxigénio;
  • Armazenar em recipientes escuros ou em embalagens opacas para mantê-los longe dos efeitos nocivos dos raios solares;
  • Armazenar na geladeira, diminuindo a velocidade de deterioração;
  • Adicionar conservantes naturais ao seu sabão, tais como o pó de alecrim (caso queira, você pode misturar pó de alecrim na água de diluição da soda para que haja efeito conservante. Mas é preciso verificar se o volume final vai ser de 140 ml mesmo, já que a água evapora no preparo).
Corantes e essências

A adição de corantes e essências depende do seu uso:

1. Corantes
  • A adição de corantes não é primordial, já que não traz nenhum benefício para a performance do produto. Trata-se de uma questão estética;
  • Caso você realmente deseje adicionar cor ao seu sabão, prefira os corantes naturais;
  • Os corantes alimentícios não são uma boa opção, mesmo os naturais, já que não possuem uma boa estabilidade no meio alcalino do sabão e, portanto, a cor final não será a mesma da desejada;
  • As argilas são uma óptima opção para colorir os sabões, proporcionando uma cor opaca e permanente, com a opção de grande variedade, além de serem naturais. Saiba onde comprar;
  • Se for usar o sabão caseiro para lavar roupas, não adicione os corantes, pois podem manchar as peças brancas.
2. Aromatizantes
  • O uso é oportuno para neutralizar o cheiro do óleo já usado;
  • Evite o uso de essências sintéticas que contêm parabenos e ftalatos, prejudiciais à saúde e ao meio ambiente;
  • Uma alternativa é o uso de fragrâncias isentas de ftalatos;
  • Pode-se também usar as essências aromáticas na água de diluição da soda, lembrando sempre de respeitar a quantidade indicada de 140 ml de água e 135 ml de soda cáustica. Porém, elas não produzirão aroma intenso, seu efeito é mais para neutralizar o cheiro característico do óleo de cozinha. Saiba como fazer sua essência aromática;
  • Outra opção é a adição do amaciante de roupas, porém fará com que seu sabão perca sustentabilidade;
  • Para lavar pratos, não são necessários os aromatizantes;
  • Uma boa opção é fazer uso do pó de alecrim – além de aromatizar, ele possui acção conservante sobre o sabão.

Obs: Como todo e qualquer produto de limpeza, mantenha o sabão caseiro fora do alcance de crianças.

Se você não quiser ou puder fazer o seu próprio sabão caseiro, procure postos que recebem óleo usado na seção postos de reciclagem do Portal eCycle.

Se você prefere sabão líquido, saiba como transformar seu sabão em barra na versão líquida na matéria:


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      https://www.ecycle.com.br/sabao-caseiro/

     

quinta-feira, 23 de março de 2023

INCITAMENTO À ‘GUERRA CIVIL EMOCIONAL’ (e à desobediência cívica, civil e ‘não-civil’)

Este GOVERNO PS – a continuar o trajecto que já iniciou – vai deixar-nos um legado que poderá levar gerações a desaparecer (ou destruirá para sempre a proverbial e extraordinária bonomia cultural e civil da sociedade portuguesa).

A estratégia defensiva deste governo – quando criticado e ao ver colocada em evidência a sua incompetência – tem sido sempre a mesma:

Colocar portugueses contra portugueses, apontando ‘inimigos’.

É – na minha opinião – uma atitude ‘criminosa’ e só possível devido à extrema mediocridade, incompetência e falta de sentido de estado dos ‘pulhíticos’ que estão no poder (se ‘eles e elas’ tivessem estado no poder em 1975, teríamos certamente tido centenas de milhares de mortos durante esse período revolucionário e colocado famílias contra famílias e classes contra classes, eventualmente para todo o sempre).

O ‘terrorista e criminoso’ Otelo e os seus comparsas das ‘FP 25 de Abril’ bem podem ser considerados uns ‘meninos bem-comportados’ pois só aterrorizaram, roubaram e cometeram ‘uma dúzia’ de assassinatos.

Este governo pode conseguir destruir para sempre uma das sociedades mais pacíficas e amigáveis que há neste planeta.

Eis alguns exemplos actuais (mas poderão adicionar mais…eu não o faço para não me alongar):

· A culpa é dos não vacinados! (lembram-se?)

· A culpa é dos médicos (e dos enfermeiros)!

· A culpa é dos professores!

· A culpa é dos pilotos!

· A culpa é dos proprietários de apartamentos!

· A culpa é dos estrangeiros, que não investem cá!

· A culpa é dos outros!

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PS:

Um amigo meu perguntou-me se o meu texto era um apelo à desobediência.

Eis o meu esclarecimento:

Não, na realidade o meu texto não é um apelo à desobediência.

Quem está com as suas acções a incitar a uma 'guerra civil emocional' pondo 'portugueses contra portugueses', apontando sempre culpados por problemas que a sua incompetência vai criando quase diariamente, é o governo.

…Tudo começou com 'Diga o que a Constituição diga', essa extraordinária 'máxima' do nosso primeiro-ministro.

A desobediência (uma vez que o sentimento de 'ódio' é incentivado pelo governo contra os 'culpados' ) poderá ser uma consequência vulgar e eventualmente, atraente o suficiente, para podermos ter o 'caldo entornado'.

Pergunta sem resposta:

Será que os '13 marinheiros' teriam feito o que fizeram se não tivesse havido o 'Diga o que a Constituição diga'  e todo um conjunto de acções ao longo dos últimos anos, que os incentivaram a pensar que 'Why not me too'?

Repito: o meu texto não é um apelo à desobediência (é 'simplesmente' a expressão do meu receio de que o governo - com as suas acções - esteja a incentivar ao ódio contra os apontados pelo governo, como 'culpados' e à desobediência, pondo portugueses contra portugueses e destruindo a nossa sociedade).

E peço desculpa pelas minhas limitações no uso da nossa língua, escrevendo textos que permitem mais que uma interpretação. MEA CULPA.

Um abraço

AFP

O que têm em comum as Finanças e a TAP?

As más e as boas notícias mostram como vai a nação. Primeiro, o Conselho de Finanças Públicas (CFP) alerta para uma inflação persistente e para uma forte desaceleração do consumo. O CFP é o organismo independente que tem por missão escrutinar a trajectória das contas públicas e monitorizar a evolução macroeconómica no país e mostra-se preocupado. Além da inflação, o impacto da subida das taxas de juro decididas pelo Banco Central Europeu (BCE) vai encolher o consumo das famílias durante todo o ano. Não há volta.
A boa notícia, é que o país vai voltar a registar excedente orçamental ainda antes do final da legislatura, antecipa também aquele organismo. O défice deste ano pode ficar abaixo do que prevê o ministro das Finanças. A entidade, presidida por Nazaré Costa Cabral considera que as contas públicas estão mais ou menos bem encaminhas, apesar das muitas incertezas que ensombram o caminho durante todo o presente ano.
Nas novas previsões, o défice público de 2023 deverá ficar nos 0,6% do Produto Interno Bruto (PIB), abaixo dos 0,9% referidos pelo ministro das Finanças, Fernando Medina. Depois, deverá cair para um défice de apenas 0,1% do PIB em 2024 e, no ano seguinte, transformar-se num excedente público de 0,1%, o segundo da História da democracia portuguesa (o primeiro aconteceu em 2019, com Mário Centeno nas Finanças). Resta agora saber o que pretende o governo fazer com estas boas notícias, se prefere ajudar os que mais precisam ou continuar a olhar para a tabela de excel.
A propósito de más e boas notícias, vejamos também as contas da TAP: os lucros atingiram 65,6 milhões de euros em 2022, antecipando as metas definidas por Bruxelas em dois anos. Os resultados operacionais dispararam e as receitas bateram recordes. Boas notícias numa companhia em reestruturação, com uma CEO demitida, uma privatização a caminho e funcionários que continuam com cortes salariais mais dois anos.
Resta saber agora o que vai a TAP fazer com tão bons resultados? Apenas embelezar a noiva para que surjam noivos interessados no processo de privatização? Ou, finalmente, acabar com os cortes salariais, que já foram de 25% e passaram neste ano aos 20%?
A forma como as Finanças e a TAP vão usar as boas notícias ditará se querem continuar a alimentar a contestação, nas ruas e dentro da companhia, ou se preferem seguir a via da paz social, valorizando trabalhadores e contribuintes, que já aguentaram os anos difíceis da pandemia e um ano de guerra e agora estão a braços com uma tempestade inflacionista, qual tsunami. A decisão está na mão de cada uma das entidades.

Rosália Amorim
Directora do Diário de Notícias

O Governo quer impedir que José Sócrates seja julgado?


Há milhares de processos em risco de prescrever porque o Governo anda há ano e meio para publicar uma portaria que regulamenta a sua distribuição em tribunal.

A pergunta que dá título a este artigo foi feita nesta quarta-feira a António Costa. Durante o debate parlamentar, o líder da Iniciativa Liberal explicou que há milhares de processos em risco de prescrever porque o Governo anda há ano e meio para publicar uma portaria que regulamenta a sua distribuição em tribunal. Entre esses processos está o de José Sócrates. A lei exigia que a regulamentação fosse feita no prazo de 30 dias. Estamos à espera desde Outubro de 2021. Daí a pergunta de Rui Rocha: “O senhor primeiro-ministro quer correr o risco de que os portugueses pensem que é propositado?”

António Costa não reagiu à provocação. Limitou-se a responder: “A portaria que regula esse diploma está para publicação muito em breve no Diário da República.” Não clarificou quão breve era o “muito em breve”. Sempre que lhe colocam à frente um microfone para comentar um caso embaraçoso que esteja sob investigação, António Costa responde com um mantra que os portugueses já conhecem de cor: “À política o que é da política, à justiça o que é da justiça.” Parece simples – mas não é. Os tribunais aplicam leis, só que essas leis são aprovadas por políticos. O funcionamento dos tribunais está regulamentado, mas esses regulamentos são aprovados por políticos. A justiça necessita de certos recursos para funcionar, e esses recursos são aprovados por políticos. Se os tribunais ou a justiça não funcionam e for preciso mudar as coisas, as reformas têm de ser aprovadas por políticos.

Ainda que o lugar da política seja fora das salas dos tribunais, ela detém um poder de intervenção desmesurado através das leis, dos regulamentos, das nomeações ou do financiamento. Portanto, sempre que António Costa repetir o seu insuportável mantra, convém desmascarar-lhe a sonsice. Por exemplo, remetendo-o para o discurso que o presidente da Associação Sindical dos Juízes Portugueses, Manuel Soares, fez no sábado no Funchal, no encerramento do XII Congresso de Juízes, perante o Presidente da República e a ministra da Justiça. Disse ele: “A realidade que se constata quando estão envolvidas pessoas com poder na política, na banca, nos negócios, no desporto, na justiça, é que os processos não têm fim. Há casos que dificilmente chegarão a uma decisão final antes da prescrição.” E acrescentou: “Não podemos continuar a olhar para isto como se nada fosse, parecendo cúmplices de uma ineficiência que objectivamente beneficia a impunidade de pessoas poderosas.”

Há um mês, já aqui tinha denunciado a nova actividade favorita da defesa de José Sócrates: de cada vez que um juiz é escolhido para analisar um dos inúmeros recursos da Operação Marquês, Pedro Delille entrega novo recurso a pedir o seu afastamento, por a distribuição ter sido feita através de um sorteio desconforme à lei. Contudo, não tinha ainda noção da dimensão desses recursos. Sem se referir directamente a Delille ou ao processo, Manuel Soares perguntou isto: “Será normal, legítimo, aceitável que um só advogado, num só tribunal de recurso, em nove meses, suscite 23 incidentes de recusa dos juízes, duas, três e quatro vezes nos mesmos processos e que não haja maneira de pôr termo a isso, apesar das sucessivas decisões que negam provimento aos seus pedidos?”

Aí está o número: 23 incidentes de recusa em nove meses só porque o Governo está há ano e meio para regulamentar uma lei. Se isto não é querer impedir Sócrates de ser julgado, parece. E parece mesmo muito.

João Miguel Tavares

O autor é colunista do PÚBLICO

quarta-feira, 22 de março de 2023

Cerca de dois mil professores apresentaram baixa médica desde o início do mês.

O Ministério da Educação já tinha anunciado há cerca de um mês que seriam constituídas 7.500 juntas médicas para verificar situações de professores em baixa médica que "suscitam dúvidas".

Desde o início do mês de Setembro, já apresentaram baixa médica cerca de dois mil docentes, afirmou hoje o ministro da Educação, indicando que as 7.500 juntas médicas anunciadas para avaliar essas situações estão em fase de adjudicação.

Num balanço feito hoje em conferência de imprensa sobre a contratação de professores, o ministro João Costa na segunda reserva de recrutamento, cujas listas foram divulgadas hoje, estiveram a concurso 4.416 horários, dos quais cerca de dois mil decorrem de pedidos de substituição por baixa médica.
Em vésperas do início do ano lectivo, que arranca entre terça-feira e sexta-feira, essas duas mil baixas médicas foram apresentadas desde o início do mês de Setembro.
A propósito desse tema, o Ministério da Educação já tinha anunciado há cerca de um mês que seriam constituídas 7.500 juntas médicas para verificar situações de professores em baixa médica que "suscitam dúvidas".
"Estamos na fase de adjudicação", disse hoje João Costa, que esclareceu que o objectivo é avaliar padrões irregulares nos pedidos de baixa, casos que, segundo o ministro, criam "muita instabilidade na escola" e prejudicam os professores em regime de substituição.
São, no entanto, situações minoritárias, assegurou o responsável, sublinhando também que "não há um absentismo na profissão docente estatisticamente muito superior ao resto da administração pública".
Recentemente, estruturas sindicais e representantes dos directores escolares têm alertado para um possível aumento do número de baixas médicas no próximo ano lectivo, devido ao novo regime de mobilidade por doença.
A partir de Junho, esse regime, que permite aos professores mudar de escola por motivo de doença, passou a reger-se por um conjunto de novos critérios que, por exemplo, limitam a colocação dos docentes à capacidade de acolhimento das escolas.
Por outro lado, tornam obrigatória a componente lectiva, e definem uma distância mínima entre a escola de origem, a residência ou prestador de cuidados médicos e a escola para a qual o docente pede transferência. O objectivo, justificou na altura a tutela, era evitar situações de recurso abusivo à mobilidade por doença.
No entanto, perante as novas regras, os sindicatos do sector alertaram que muitos professores ficariam de fora e, de facto, segundo os resultados para o ano lectivo 2022/2023, só 4.268 dos 7.547 pedidos de transferência no âmbito desse regime foram aceites, o equivalente a 56%.
Comparativamente ao ano lectivo passado, quando cerca de 8.800 doentes tinham mudado de escola por motivo de doença, o número de professores em mobilidade caiu para menos de metade.
O Ministério da Educação comprometeu-se, entretanto, a analisar caso a caso os pedidos recusados, mas o processo ainda não arrancou, uma vez que a tutela solicitou um parecer jurídico depois de a Federação Nacional dos Professores ter questionado a legalidade desse procedimento.

09 de Setembro de 2022

https://www.sabado.pt/portugal/detalhe/cerca-de-dois-mil-professores-apresentaram-baixa-medica-desde-o-inicio-do-mes

segunda-feira, 20 de março de 2023

Programa vistos gold aumenta riscos de corrupção

É a quarta vez em 11 anos que Portugal ocupa a 33.ª posição no ranking do Índice de Percepção da Corrupção. Neste período de tempo esta é a pior marca. Vistos gold são uma das causas.

Marta Moitinho Oliveira e Infografia | PÚBLICO

A percepção sobre a corrupção que existe em Portugal manteve-se em 2022 ao mesmo nível que existia no ano anterior, mas no ranking mundial que compara 180 países Portugal perdeu um lugar quando se olha para a tabela que classifica os países e os ordena desde os mais transparentes aos mais corruptos. Esta trajectória colocou Portugal na 33.ª posição pela quarta vez em 11 anos, naquele que é a pior marca nesse conjunto de tempo. O programa vistos gold, cuja avaliação foi anunciada por António Costa há quase três meses, contribui para o aumento dos riscos de corrupção, considera a Transparência Internacional.

A conclusão pode ser retirada do Índice de Percepção da Corrupção para 2022, publicado esta terça-feira pela Transparência Internacional, uma coligação mundial de Organizações Não Governamentais (ONG) anticorrupção. De acordo com o relatório, Portugal obteve 62 pontos em 2022, o que corresponde à 33.ª posição no ranking mundial. Este registo permite concluir que a percepção sobre a corrupção no ano passado manteve-se estável em relação ao ano imediatamente anterior, quando o índice também tinha alcançado 62 pontos, mas a posição no ranking baixou um lugar quando comparada com a 32.ª posição conseguida em 2021.

A análise de uma série mais longa - a começar em 2012, o que permite juntar 11 anos de registo, mostra que o índice para Portugal se tem mantido estável. O ponto mais baixo aconteceu em 2020 quando somou 61 pontos e o mais alto em 2015 e 2018 quando registou 64 pontos.

Porém, a classificação na tabela, que depende também das movimentações dos outros países, variou mais. Em 2022, tal como em 2020, 2013 e 2012, Portugal ficou na 33.ª posição na tabela - a pior marca em 11 anos. O melhor resultado no ranking aconteceu em 2015 quando Portugal obteve a 28.ª posição.

Face à União Europeia, Portugal encontra-se com uma pontuação abaixo, já que este conjunto de países consegue 66 pontos, contra os 62 de Portugal.

A Transparência Internacional considera que "a escala do problema é enorme", já que a média global não se altera há 11 anos "e mais de dois terços dos países (122, no total) têm um sério problema de corrupção, com uma pontuação abaixo de 50".

A Dinamarca volta a encabeçar o índice deste ano, com 90 pontos, mais dois do que no ano passado, seguida da Nova Zelândia e Finlândia, com a mesma pontuação (87). Síria, Sudão do Sul (13) e Somália (12) continuam nos últimos lugares.

Entre os restantes países de língua portuguesa, Angola obteve 33 pontos, mais quatro do que em 2021, mas ainda longe do meio da tabela, ocupando a posição 116. No caso do Brasil, o índice marcou 38 pontos, sem alteração face a 2021, colocando este país no lugar 94 da tabela.

Estratégia e vistos gold

No relatório produzido para 2022, a Transparência Internacional assinala que, em Portugal, "a Estratégia Nacional Anticorrupção (ENAC) foi lançada sem directrizes ou plano de monitorização, resultando em fraca aplicação e implementação lenta de medidas dirigidas à prevenção da corrupção no sector público".

A ENAC, criada durante o segundo Governo de António Costa, tem como objectivos melhorar o conhecimento, a formação e as práticas institucionais em matéria de transparência e integridade; prevenir e detectar os riscos de corrupção na acção pública; comprometer o sector privado na prevenção, detecção e repressão da corrupção; reforçar a articulação entre instituições públicas e privadas; e garantir uma aplicação mais eficaz e uniforme dos mecanismos legais em matéria de repressão da corrupção, melhorar os tempos de resposta do sistema judicial e assegurar a adequação e efectividade da punição.

Nuno Cunha Rolo, presidente da Transparência Internacional Portugal e responsável pelo capítulo para Portugal, considera que os resultados deste índice para Portugal "decorrem da continuada incapacidade de sucessivos governos e governantes perceberem a imensa riqueza das lideranças e políticas anticorrupção, abertas, transparentes, participadas e íntegras, tanto no sistema político e administrativo, quanto nos sectores da economia e sociedade".

Este responsável acrescenta que "os casos recentes que se vão sucedendo nos media a ritmo vertiginoso, muito se devem à falta de vontade e visão políticas – no Governo e no Parlamento - em matéria de anticorrupção, transparência e integridade”.

A Transparência Internacional Portugal salienta que já antes "havia alertado para as deficiências da Estratégia Nacional Anticorrupção, nomeadamente por ignorar praticamente por inteiro a questão da corrupção política".

Outro dos problemas apontados pelo relatório com implicações na percepção da corrupção em Portugal prende-se com o regime dos vistos gold, devido ao aumento dos riscos de corrupção e ao facto de colocar pressão no mercado imobiliário. Segundo Karina Carvalho, directora executiva da Transparência Internacional Portugal, “o exemplo vistos gold é paradigmático das falhas identificadas porque coloca a nu não apenas a crónica falta de diligência devida, de controlo e de avaliação, suportada por sucessivos governos, mas sobretudo a enorme resistência em instituir a prevenção da corrupção, da fraude e do branqueamento de capitais enquanto política pública”.

A responsável acrescenta que “em muitas outras áreas, desde logo a da contratação, fundamental para o crescimento do país, mas também para a sua defesa e segurança, vemos uma atitude displicente por parte dos principais responsáveis políticos ante o comportamento escandaloso, e até mesmo criminoso, de quem foi mandatado para proteger o interesse público e o dinheiro" dos contribuintes.

Há quase três meses, o primeiro-ministro, António Costa, anunciou que o Governo estava a avaliar o regime que concede autorizações de residência a estrangeiros em troca de investimento no país em capitais, imobiliário ou criação de emprego. O chefe do executivo considerou que o regime de vistos gold "provavelmente já cumpriu a função que tinha a cumprir e que neste momento não se justifica mais manter".

Sobre Portugal, o relatório refere ainda que o sector da defesa precisa de "maior transparência e supervisão, fazendo notar que processos de contratação envoltos em secretismo e práticas de transparência financeira deficientes enfraquecem as salvaguardas contra a corrupção nas instituições de defesa" em Portugal.