Cavaco lança alerta vermelho
Estagnação económica,empobrecimento relativo agravado no quadro europeu, opções políticas erradas ditadas por interesses eleitorais e preconceitos ideológicos e um clima de silenciamento do real estado do país. É este o quadro traçado por Cavaco Silva no artigo que publica nesta edição do Expresso, onde lança um grito de alerta para a necessidade de “mudança”.
O Ex-Presidente da República atribui culpas, “sem margem para dúvidas”, aos “Governos socialistas”, que responsabiliza por Portugal ter começado no final dos anos 90 a atrasar-se em relação aos outros países.
E alerta que “sem uma clara mudança de rumo, Portugal continuará a decair para a cauda da zona euro em termos de riqueza produzida por habitante”, com o que isso implica de salários baixos, pensões indignas e desigualdades sociais, perdendo “uma oportunidade de ouro para se aproximar do pelotão da frente da UE”.
Para Cavaco Silva, além de “o actual Governo socialista apoiado pelos partidos da extrema-esquerda”, não ter sido “capaz de aproveitar as boas condições de sustentabilidade da economia portuguesa herdadas” do Governo de Passos Coelho, não tem sabido “assumir como prioridade efectiva o aumento da produtividade e da competitividade através de medidas estruturais e reformas do Estado”. Mas, em vésperas de PSD e CDS escolherem com que líderes irão às legislativas, Cavaco também aponta o dedo ao que chama de “oposição débil e sem rumo, desprovida de uma estratégia consistente de denúncia dos erros, omissões e atitudes eticamente reprováveis do Governo”. E avisa que “mudança é a palavra-chave para que o país tenha sucesso económico e social”.
Para o futuro próximo, o Ex-Presidente deixa dois desafios: “recuperar as posições perdidas em termos de desenvolvimento”. E “trazer Portugal de volta aos países de democracia plena”.
Em Março, Cavaco já tinha falado de uma “democracia amordaçada”. Agora, insiste que “o controlo do aparelho do Estado” e “a subserviência de parte da comunicação social à lógica do Governo” contribuem para silenciar o que deveria ser “tema proeminente no debate político”.
Ângela Silva
avsilva@expresso.impresa.pt
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