O que são os Pandora Pappers?
"Pandora Papers" é uma investigação colaborativa conduzida pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ) em parceria com 150 meios de comunicação internacionais, incluindo o Le Monde. Baseia-se no vazamento de quase 12 milhões de documentos confidenciais, transmitidos por uma fonte anónima ao ICIJ, a partir dos arquivos de quatorze empresas especializadas na criação de empresas offshore em paraísos fiscais (Ilhas Virgens Britânicas, Dubai, Singapura, Panamá, Seychelles…).
Cinco anos após os "Panamá Papers", a pesquisa revela a extensão dos excessos da indústria offshore e de suas sociedades limitadas públicas. Mostra como esse sistema beneficia centenas de políticos, e como novos paraísos fiscais estão tomando conta à medida que os antigos se convertem em transparência. Le Monde
Estrelas da música, modelos, líderes políticos e atletas fazem parte de uma lista de 600 nomes ligados a paraísos fiscais, publicada por grandes meios de comunicação como The Washington Post, The Guardian, Le Monde e El País, após um trabalho realizado pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ).
Júlio Iglesias
Pandora Papers vincula Júlio Iglesias a até 20 empresas offshore nas Ilhas Virgens Britânicas, que estariam activas desde mediados dos anos 1990.
Duas décadas
Segundo a Forbes, Júlio Iglesias reúne uma fortuna de 800 milhões de dólares. Quase todas as empresas criadas nas Ilhas Virgens, entre 1997 e 2016, teriam sido destinadas à compra de imóveis e bens de luxo como iates.
Claudia Schiffer
A supermodelo dos anos 1990 aparece nos Pandora Papers como beneficiária da sociedade 51 Red Balloons Holdings Limited. Além disso, estaria ligada a várias estruturas para administrar os lucros de sua marca comercial, através do paraíso fiscal que são as Ilhas Virgens Britânicas. Claudia Schiffer já adiantou à imprensa alemã que paga correctamente seus impostos por tudo isso.
Pep Guardiola
O treinador do Manchester City teria usado um banco em Andorra para manter parte de sua fortuna escondida do Ministério da Fazenda da Espanha. Até que, em 2012, aproveitou a amnistia fiscal oferecida pelo governo de Mariano Rajoy.
Quando era jogador
A amnistia fiscal com a qual Guardiola foi beneficiado permitiu-lhe regularizar, de acordo com o canal laSexta, 500 mil euros ganhos quando era jogador do Al Alhi de Qatar, entre 2003 e 2005.
Shakira
De acordo com o jornal El País, além de estar sendo investigada pela Fazenda por suposta fraude fiscal de 14,5 milhões de euros, a cantora colombiana registrou mais sociedades offshore. Em concreto, aparece como directora e beneficiária única da Titania Managemente. Sua mãe, Nidia Ripoll, seria a vice-presidente e secretária mercantil.
Miguel Bosé
Em 2006, o cantor espanhol registrou uma sociedade no Panamá, através do banco privado suíço UBP. Dez anos depois, seu nome aparece nos certificados de acções da Dartley Finance, uma empresa offshore que podia operar sem necessidade de saber quem era o dono.
Elton John
O cantor britânico, segundo os Pandora Papers, seria proprietário de uma dúzia de companhias registradas nas Ilhas Virgens Britânicas, com as quais gerência sua fortuna. David Furnish, seu marido, apareceria como director de todas elas.
Offshore musicais
Muitas destas empresas levam nomes como ‘WAB Lion King LTD’ e ‘HST Billy Elliot LTD’, os mesmos de canções criadas por ele tanto para o cinema quanto para o teatro.
Ringo Starr
O legendário Beatle teria criado empresas nas Bahamas para comprar imóveis, entre eles uma casa em Los Angeles. Também possuiria cinco trustes no Panamá, sendo três para seguros de vida em nome de seus filhos, outro para gerenciar o que ganha por royalties e o último para seus shows.
Tony Blair
A BBC e o The Guardian destacaram a aquisição, por parte do Ex-primeiro ministro britânico, de um edifício de 7,5 milhões de euros em Londres, através de uma empresa offshore nas Ilhas Virgens Britânicas. A operação, feita em parceria com Cherie Blair, teria permitido economizar 350 mil euros em impostos.
Dominique Strauss-Khan
O antigo presidente do Fundo Monetário Internacional aparece nos Pandora Papers como director de uma companhia criada em Dubai e radicada no Marrocos, através da qual gerenciava a fortuna que ganhava como assessor internacional, de acordo com o Le Monde.
Sebastián Piñera e outros líderes latino-americanos
Nos documentos vazados, também aparecem vários nomes de políticos latino-americanos de alto escalão. O presidente chileno, Sebastián Piñera, por exemplo, teria realizado uma venda, em 2010, através das Ilhas Virgens. O actual presidente de República Dominicana, Guillermo Lasso, também foi citado nos Pandora Papers.
Dois Ex-presidentes colombianos
Andrés Pastrana (foto) teria constituído, em 2016, uma empresa no Panamá para administrar o património familiar. O político garante que declarou esta operação aos órgãos fiscais da Colômbia. Já o Ex-presidente César Gaviria formou, em 2010, uma offshore no Panamá, ao lado de seus irmãos e outros sócios.
Paulo Guedes
O ministro brasileiro de Economia aparece nos Pandora Pappers como dono de uma offshore nas Ilhas Virgens Britânicas. Segundo a revista Piauí (que faz parte do ICIJ), em 2014, esta empresa tinha um saldo de US$ 8 milhões e passou a US$ 9,5 milhões, em Janeiro de 2019. A assessoria de Paulo Guedes defendeu que seus negócios de antes de assumir o cargo foram declarados à Receita Federal, Comissão de Ética Pública e aos demais órgãos competentes
Roberto Campos Neto
Já o presidente do Banco Central do Brasil aparece como dono de quatro empresas offshore em paraísos fiscais como o Panamá e as Ilhas Virgens Britânicas. Segundo nota de sua assessoria de imprensa à BBC News Brasil, todo o seu património foi declarado à Comissão de Ética Pública da Presidência da República, Receita Federal e ao Banco Central.
Abdalá II
O rei da Jordânia teria comprado até 14 propriedades de luxo na Grã Bretanha e nos Estados Unidos, através de uma sociedade offshore. Movimentou mais de 91 milhões de euros, segundo os documentos.
Di Maria
O jogador argentino teria movimentado mais de 8 milhões de euros em uma empresa opaca panamenha, entre 2013 e 2017. Este teria sido o destino do dinheiro que ganhava com publicidade, entre outras fontes.
Vladimir Putin
O mandatário russo também não escapou do Mega vazamento em questão. Seu caso envolve uma mulher chamada Svetlana Krivonogikh, com quem teria tido uma relação especial, há anos. Segundo The Washington Post, ela aparece como proprietária de uma casa perto do cassino de Monte Carlo, estimada em 3,2 milhões de euros e adquirida através de uma offshore.
Juan Carlos I
E, mais uma vez, outro escândalo salpica Juan Carlos I, rei emérito da Espanha (exilado em Abu Dhabi) através de Corinna Larsen, que foi sua amiga íntima. De acordo com El País, Corinna Larse pretendia ceder 30% do dinheiro recebido do Fundo de Investimentos Hispano Saudi, fundado pelo anterior chefe de Estado e onde ela havia trabalhado. Uma operação que costuma ser feita para ocultar dinheiro dos órgãos fiscais.
Wopke Hoekstra
O Ministro de Finanças dos Países Baixos foi especialmente duro com os países mediterrâneos durante as negociações de distribuição dos fundos da União Europeia pela Covid-19. Wopke Hoekstra acusou a Itália e a Espanha de não controlá-los como era devido. Agora, sabe-se que Wopke Hoekstra comprou acções de uma sociedade offshore, antes de assumir o cargo político.
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