segunda-feira, 12 de julho de 2021

Biodiesel destrói milhões de hectares de floresta.

Consumo do combustível, 39 milhões de toneladas em dez anos, emite até três vezes mais dióxido de carbono do que acontece com o gasóleo fóssil.


A integração de biodiesel

no gasóleo consumido pelos automóveis na Europa terá provocado, na última década, a destruição de florestas numa área equivalente aos Países Baixos, indica o mais recente relatório da Federação Europeia de Transportes e Ambiente (T&E, na sigla original), que indica que, pela avidez europeia pelos biocombustíveis, devem ter sido destruídos, entre 2010 e 2020, quatro milhões de hectares de floresta, eliminando, por exemplo, 10% do que resta de habitats mundiais favoráveis para os orangotangos.

A associação ambientalista portuguesa Zero, que faz parte da T&E, lembra que a directiva sobre energias renováveis de 2010 estabeleceu para cada Estado-membro uma meta para o sector dos transportes de 10% de energias renováveis até 2020, o que impulsionou a procura de biodiesel à base de óleo de soja ou de palma, culturas que deixaram de ser apenas para fins alimentares. Estes óleos são produzidos principalmente na Ásia e na América do Sul.

Desde 2010, refere o relatório, a Europa queimou cerca de 39 milhões de toneladas de biodiesel de palma e soja nos automóveis e camiões, emitindo até três vezes mais dióxido de carbono do que através do gasóleo fóssil que substituiu.

Segundo a T&E, a União Europeia (UE) precisa de eliminar, gradualmente, até 2030 o apoio a todos os biocombustíveis a partir de culturas alimentares. A Zero defende como fundamental que os biocombustíveis sejam produzidos essencialmente a partir de resíduos.

“Os óleos vegetais virgens, como colza, palma e soja, constituíram quase 80% da matéria-prima utilizada na produção de biodiesel na UE em 2020, sendo que a procura total aumentou, apesar de a procura global de combustível ter diminuído durante a pandemia.”

Francisco Ferreira, presidente da Zero, diz que o aumento da procura de óleo de palma com efeitos destrutivos faz-se sem que os consumidores o saibam, sendo fundamental “eliminar no curto prazo os biocombustíveis de óleo de palma”.

A T&E é uma organização não-governamental, criada há 30 anos, que defende um sistema de mobilidade sem emissões de dióxido de carbono.

Jornal de Notícias

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