quinta-feira, 15 de julho de 2021

“Confusion de Confusiones” A conta.

A avó Mimi foi ao hospital realizar os testes e análises necessárias a uma intervenção urológica quando detectaram uma insuficiência grave de natureza cardíaca.

Ficando imediatamente internada em observações, 24 horas depois estava a ser-lhe colocado um pacemaker e a ser reconduzida a um quarto do hospital, onde ficou mais 36 horas. Saiu em óptima condição física e está a recuperar em casa. Serviço clínico de topo, num curtíssimo prazo, num hospital português. Um apoio médico excelente, um tratamento humano de uma enorme sensibilidade e carinho.

Privado? Não. Público, do nosso SNS, num hospital que até acumula algumas queixas públicas ao nível da organização: o conjunto hospitalar do Médio Tejo. Das vezes que a avó Mimi lá tem ido para os serviços a que tem recorrido sempre considerei o nível de serviço, quer da urologia, quer agora da cardiologia, como excelente!

Se alguma queixa teve ao nível da hotelaria (se quer bom hotel, aquele não é o local, digo- lhe eu que privilegio sempre o serviço médico hospitalar), isso ultrapassou-se com obra realizada nas urgências (mais  investimento público). Há muita coisa que pode, sem dúvida, ser melhorada, mas o que está bem e funciona sistematicamente bem deve ser elogiado.


Quanto custou a intervenção?

Brinquei com a avó Mimi dizendo que gastou mais em três dias de hospital do que todas as suas contribuições ao longo da vida contributiva. Mas nem eu podia provar nem ela negar.

Nos hospitais privados os utentes recebem a conta discriminada com todo o detalhe justificativo, desde os materiais, a mão de obra especializada, os custos da hotelaria, etc., para apurarem o valor a pagar. Nos hospitais públicos, nada.

Nem os próprios profissionais de saúde sabem o custo dos bens e consumíveis que manipulam,

não sabendo o custo do exagero ou do desperdício.

A conta da avó Mimi deveria chegar a casa com todos os valores discriminados e com três informações finais: total da factura, contribuição do SNS e valor a pagar (€0,00). O que não tem preço explícito não é grátis.

E o mesmo se deveria passar ao nível do ensino, recolha de lixo, etc..

Mas o apuramento de custos é muito perigoso: permite apurar resultados, comparar a eficiência dos sistemas (público com privado e até público entre si) e até, no limite, meu Deus, a remuneração justa dos que mais fazem com menos recursos.

A quem interessa isto no quadro de um Governo de esquerda, com apoio da sua extrema, que até nega a importância de rankings?

João Duque

Expresso

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