Em meia dúzia de anos, as estufas duplicaram no Sudoeste Alentejano. E, com elas, chegaram milhares de estrangeiros a Odemira. Com cerca de 30 mil habitantes, estima-se que os estrangeiros representem 20% a 25% da população do concelho, enquanto na freguesia de São Teotónio serão já metade. A especulação imobiliária está ao rubro, os serviços públicos exaustos e a boa vizinhança ressente-se.
Nada parece tirar o sorriso a Kishor Baniya. Chegou ao Alentejo há três anos e, tal como muitos outros nepaleses, começou por arranjar emprego a colher frutos vermelhos nas estufas que passaram a fazer parte da paisagem do Sudoeste Alentejano. Actualmente, é coordenador de colheita e tem uma equipa sob a sua alçada. Aos 31 anos, prepara-se para se casar com uma colega de trabalho também nepalesa, numa cerimónia marcada para o próximo mês, no Nepal. Apesar de ainda não saber onde vai morar com a mulher quando regressarem, não perde o sorriso. Nem quando se lamenta do “pesadelo” que é procurar casa na região.
Por estes dias, Kishor divide com mais dois empregados da mesma empresa uma casa com dois quartos, na Longueira, em Odemira. Pagam 500 euros por mês. “Agora, é difícil encontrar onde ficar e custa três vezes mais”, conta um dos seus companheiros de casa, Gobind Sharma Neupane, também de 31 anos. Estamos no refeitório da Hall Hunter, uma empresa britânica que, há quase três anos, investiu na produção de framboesas e de mirtilos no Alentejo. Na época alta da colheita, chega a dar trabalho a 400 pessoas na sua herdade com 130 hectares e consegue garantir alojamento para 300 dentro do perímetro da empresa, em contentores com capacidade para duas pessoas e ar condicionado, numa tentativa de minorar os problemas provocados pela escassez de casas.
É ao final da tarde, depois de os trabalhadores agrícolas terminarem a jornada laboral, que a presença dos imigrantes no centro de Odemira se torna mais evidente. Nas praças e nos jardins, os turbantes dos siques contrastam com as boinas dos alentejanos. Na câmara, acredita-se que a falta de alojamento irá limitar naturalmente o número de chegadas, mas, por enquanto, não há sinais de abrandamento. Nos últimos cinco anos, o número de estrangeiros residentes no distrito de Beja, a que pertence Odemira, aumentou 29,8% – de acordo com o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), em 2018 foram registadas 9 731 pessoas, mais 2 901 do que em 2014. Segundo o município, cerca de metade dos imigrantes não fica mais de um ano.
No concelho de Odemira, com cerca de 30 mil habitantes, estima-se que os estrangeiros representem 20% a 25% da população, enquanto na freguesia de São Teotónio serão já metade – valores bastante acima da média nacional, que não vai além de 4 por cento. O movimento é tanto que o CLAIM (Centro Local de Apoio à Integração de Migrantes) de Odemira, financiado pela autarquia e por empresas agrícolas e de trabalho temporário que atuam localmente, não tem descanso. No período de um ano, entre julho de 2018 e junho de 2019, atendeu 4 567 estrangeiros, praticamente o mesmo número dos dois anos anteriores somados. Na sua esmagadora maioria, os que chegam são homens (86%), originários do Nepal (43%) e da Índia (41%).
Formado em Gestão de Negócios, em Londres, hoje coordenador de operações culturais na Hall Hunter, uma função ligada à manutenção das plantas, Gobind Sharma Neupane tem na ponta da língua a palavra-chave para resolver os problemas provocados pela chegada massiva de imigrantes: “Infraestruturas.” “As pessoas gostam de multiculturalidade, se houver condições para a acomodar”, defende, num inglês desenvolto, apesar de também já falar português. “A maioria dos alentejanos é amistosa. Os que não gostam desta mudança é só porque estavam habituados a que não viesse para aqui ninguém. O problema é o Governo não ter capacidade de resposta. Antes, éramos atendidos em 30 minutos nas Finanças, agora demora horas.” Sentado à sua frente, Kishor faz que “sim” com a cabeça. Compreende que alguns portugueses sejam “desconfiados”, mas nota que nunca se sentiu ofendido e recusa que os alentejanos sejam racistas.
À VISÃO, por escrito, o presidente da Câmara Municipal de Odemira, José Alberto Guerreiro, confirma que “a sobrecarga [dos serviços públicos] é evidente” e que “até ao momento não foi garantido nenhum reforço nestes serviços”. Os sinais de esgotamento das dependências públicas, as dificuldades de comunicação e o incómodo causado pelas casas sobrelotadas são os principais motivos das reclamações que chegam à autarquia.
O Grupo de Trabalho do Mira (GTM), criado por despacho dos ministérios do Ambiente e da Agricultura, tinha como objetivo avaliar a compatibilidade entre a atividade agrícola dentro do Perímetro de Rega do Mira (PRM) e a preservação do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e da Costa Vicentina (PNSACV), onde o PRM está inserido. O relatório do GTM, concluído em novembro do ano passado, estima que 1 200 hectares estejam ocupados por culturas cobertas, ou seja, cerca de um terço da área de 30% do perímetro de rega destinado às culturas intensivas. Se toda a área vier a estar coberta (3 600 hectares), calcula-se que serão necessários 36 mil trabalhadores, “número que manifestamente o território não comporta”, conclui o estudo.
No GTN sugere-se, por isso, uma “eventual revisão da delimitação do Perímetro de Rega do Mira e/ou da área abrangida pelo PNSACV”. E aconselha-se as empresas agrícolas a assegurarem o alojamento dos funcionários em freguesias do Interior, garantindo-lhes transporte, de forma a aliviarem a pressão sobre a costa. “As freguesias do Litoral encontram-se esgotadas, sem capacidade de resposta a nível habitacional e de infraestruturas”, lê-se. Até ao momento, não é conhecida qualquer decisão do Governo tendo em conta estas conclusões.
Clima de Guerra Fria
“Devemos acolher toda a gente porque nós também já fomos acolhidos.” A frase do padre Júlio Lemos, 50 anos, ecoa na sacristia da Igreja de São Teotónio, vila a 15 quilómetros de Odemira. O pároco identifica sinais de sobrelotação: “A única casa que falta alugar é a do padre!” Numa altura em que diz ser raro ver portugueses no largo da igreja, fala com orgulho de um dos seus acólitos de nacionalidade indiana: “Ao fim de seis anos em Portugal, foi à Índia buscar a mulher, e, quando os dois voltarem, vão ficar alojados na minha casa até encontrarem um sítio para morar.”
Para Júlio Lemos não restam dúvidas de que as pessoas querem acolher bem “esta gente boa” mas, depois, nota, “precisam de ir ao médico e não conseguem uma consulta ou vão às Finanças e têm 30 imigrantes à frente...” Com o território “a rebentar pelas costuras”, os habitantes locais acabam a sentir-se “compreensivelmente” defraudados. “Todos gostam da nova vida trazida pelos imigrantes mas, ao mesmo tempo, há um conflito latente que é uma espécie de Guerra Fria.”
Diante da igreja, num dos cafés do Largo Gomes Freire, o local mais central de São Teotónio, aqui conhecido como “quintalão”, dois imigrantes asiáticos tomam cafés expresso ao balcão. Na esplanada, António Martins Rosa, 74 anos, bebe uma cerveja com amigos. Emigrou para Hamburgo, na Alemanha, em 1970. Desde que se reformou, passa vários meses por ano na freguesia onde nasceu e encontra semelhanças entre a sua história de vida e a destes imigrantes: “Os portugueses foram lá para fora ganhar dinheiro e eles estão a fazer o mesmo.” Tem apenas uma reclamação: “Muitos jogam lixo para o chão, porque lá na terra deles é assim, e já me aconteceu chamar-lhes a atenção e serem mal-educados. Eu também tive de adaptar-me às regras do sítio para onde emigrei.” Apesar desta queixa, reconhece a importância da chegada dos estrangeiros. “Nós já estamos velhos e eles vieram dinamizar isto.”
A escassos metros do “quintalão” ficam as instalações do Espaço ST, direcionado para crianças e jovens imigrantes, mas com um terço de utentes de nacionalidade portuguesa para fomentar o convívio intercultural. Nitin, de 23 anos, veio da Índia no final do ano passado e é dinamizador comunitário. Nunca se sentiu vítima de racismo e considera os portugueses “muito amistosos”. Ter aprendido rapidamente a falar português ajuda às boas relações. “Os alentejanos precisam de nós, por isso são simpáticos”, acrescenta o jovem.
Quando chegou a São Teotónio, Nitin viu-se obrigado a partilhar um T3 com oito trabalhadores indianos – cada um pagava 100 euros. A falta de casas é sempre assunto. Teresa Barradas, vice-presidente da direção da Taipa, uma organização cooperativa que promove o Espaço ST e o CLAIM, não esconde a preocupação. “Se continuarem a chegar pessoas, temo que possa não haver emprego para todos e, aí sim, teremos problemas”, alerta. O maior fluxo de chegadas acontece entre fevereiro e março, antes de começar a época alta de produção. “Às vezes, já estão 30 ou 50 pessoas à espera que o CLAIM abra”, contabiliza, sendo que o gabinete tem capacidade para atender, no máximo, 20 pessoas por dia.
Para contrariar possíveis choques culturais, o Giramundo, outro projeto gerido pela Taipa que tem como público-alvo os adultos, faz sessões de sensibilização. Muitos imigrantes circulavam a pé, durante a noite, sem qualquer sinalização; agora já usam coletes refletores e lanternas. Acabar com o hábito de atirar lixo para o chão também se tornou uma prioridade.
Na rua, Teresa Barradas garante que “não se sente insegurança” e contextualiza: “Se eu sair de noite e se tiver de passar por um grupo de 15 homens, é natural que sinta desconforto, independentemente de serem portugueses ou estrangeiros.” Tripta Devi, de 27 anos, foi das poucas mulheres a chegar sozinha ao Alentejo. Como se sentia diariamente ameaçada por ser mulher na Índia, compreende que as portuguesas possam ter medo quando veem grupos de estrangeiros na rua. “Mas Portugal não é a Índia, aqui há regras”, nota.
Formada em enfermagem, Tripta trabalha no minimercado do largo central de São Teotónio, propriedade de um empresário de nacionalidade indiana. O comércio tradicional convive, cada vez mais, com negócios dirigidos sobretudo à comunidade imigrante, essencialmente supermercados e restaurantes. “Os portugueses também são nossos clientes porque gostam de comida indiana e, quando não me veem aqui, perguntam logo por mim.”
Tripta Devi também diz sentir os efeitos da sobrelotação da região. “No Centro de Saúde de Odemira, só conseguimos marcar consulta para daqui a um ou dois meses, e isso obriga-nos a ir às urgências...”, exemplifica. À VISÃO, a Administração Regional de Saúde do Alentejo nega ter-se verificado ou verificar-se atualmente alguma necessidade adicional. “Se houver necessidade de reforço nos serviços de saúde, a mesma será naturalmente colmatada”, garante.
Agora, a jovem indiana já não está sozinha. Os pais estão de visita e planeiam ficar. Não é caso raro. O CLAIM tem recebido cada vez mais pedidos de reagrupamento familiar e, desde o ano passado, começaram a chegar mais mulheres e filhos. Os dados do SEF, de resto, refletem esta realidade. Em 2018, foram concedidos 59 pedidos de reagrupamento familiar só no concelho de Odemira. E os números provisórios para este ano já praticamente duplicaram: somam-se 115 autorizações.
Com 33 dias de vida, Dhruv é um dos mais jovens habitantes de Odemira. O pai, Sunil Kumar, de 33 anos, chegou ao Alentejo vindo da Índia em 2016; a mãe, Mamta Rani, de 27, no final do ano passado. Os três moram numa casa térrea tipicamente alentejana, na povoação de Galeado. Sunil é supervisor de túneis, que é como por aqui se chama às estruturas amovíveis que suportam o plástico (só as fixas são estufas). Os vizinhos portugueses estão sempre a perguntar-lhes pelo bebé e ofereceram-lhes roupas. “Por mim, ficava aqui a vida inteira”, confessa Sunil. O aumento da população, sente-o no quotidiano: “Até os bancos passaram a limitar o número de abertura de contas diárias!”
Mitos sobre belaretas
Maria José, de 69 anos, e Arménio Lourenço, de 75, dedicam-se ao artesanato em madeira há mais de 30 anos. Vivem em São Miguel, a escassos seis quilómetros da praia de Odeceixe. Logo à entrada da povoação, um letreiro improvisado anuncia um restaurante tailandês. “Agora, só cheira àquelas comidas deles com caril”, queixa-se a artesã, antes de confessar nunca ter experimentado gastronomia asiática. “Acabou-se o sossego”, sentencia Arménio. “Às vezes ouço dizer que eles andam por aí a fazer belaretas… Sabe o que são belaretas? São asneiras”, explica Maria José. “Fazem festas e há brigas”, acrescenta.
Arménio Lourenço não tem dúvidas de que os alentejanos “só não ralham mais contra a presença dos imigrantes porque ganham muito dinheiro com eles”. Apesar do muito que ouve dizer, a verdade é que o casal nunca testemunhou qualquer situação nem teve nenhum problema com a comunidade estrangeira. No incidente mais mediático, as vítimas foram os imigrantes. Em maio deste ano, cinco guardas da GNR foram detidos, acusados de espancar um grupo de homens de origem hindu no final do ano passado.
Enquanto representante da comunidade nepalesa, Shiva Bhakta Wagle, de 39 anos, tem recebido poucas queixas. “Em 100 pessoas, há uma ou duas antipáticas. Às vezes, alguns portugueses acham que não têm emprego por nossa causa, mas não é verdade”, esclarece, sentado numa esplanada no centro de Odemira. “Já houve dois ou três casos de brigas entre os imigrantes, mas isso são coisas que acontecem...”
Há quatro meses, Shiva conseguiu finalmente trazer a mulher e os dois filhos para Odemira. Está muito satisfeito por ter arrendado uma casa com três quartos por 550 euros. A autarquia de Odemira estima que o aumento do preço de venda e de arrendamento na região ronde os 30 por cento. “Normalmente, num quarto ficam duas a quatro pessoas, é muito complicado...”
Shiva é motorista numa empresa agrícola, mas já apanhou fruta, um trabalho que não considera difícil. “O calor, sim, é insuportável”, confessa. Habitualmente, um apanhador de fruta recebe entre 600 e 700 euros, por oito horas diárias de trabalho, cinco ou seis dias por semana. Mais do que o salário, algumas pessoas procuram Portugal por ser relativamente fácil conseguir a legalização, diz: “Basta trabalhar e ir ao SEF, mas está difícil conseguir marcação, talvez só daqui a seis meses...”
Uma das alterações mais substanciais da Lei dos Estrangeiros foi aprovada no início deste ano e protege os imigrantes que se encontrem em Portugal a trabalhar e a descontar para a Segurança Social há pelo menos 12 meses, permitindo que possam ter autorização de residência, mesmo que não tenham entrado no país de forma legal. No triénio entre 2016 e 2018, de acordo com o SEF, foram identificados apenas 34 cidadãos estrangeiros em situação ilegal no concelho de Odemira.
O presidente da Junta de Freguesia de Vila Nova de Milfontes, Francisco Lampreia, afirma ter conhecimento de empresas que fazem contratos de trabalho fictícios apenas com o objetivo de legalizar os imigrantes. “Paga-se muito por esses contratos falsos, fala-se em cinco mil euros; é uma forma de dar a volta à lei. O Governo tem conhecimento destas situações”, garante. Também na Câmara Municipal de Odemira se reconhece a existência destes casos, já “transmitidos às autoridades”.
Francisco Lampreia garante que “não existe xenofobia ou falta de vontade”. O problema, diz, é o Sudoeste Alentejano não ter recebido mais meios para acolher tanta gente. “Os serviços públicos estão entupidos.” O autarca, eleito pelo PS, também teme o impacto da imigração no turismo. “As pessoas procuram-nos pela tranquilidade, e tanta gente na região pode ter um efeito negativo”, nota. “Há pessoas que não se sentem à vontade quando aparecem grupos de homens estrangeiros na praia, a olharem para as mulheres.” Não fotografar as raparigas na praia é uma das regras habitualmente ensinadas aos imigrantes.
Aos ouvidos de Rudolf Muller, responsável pelo alojamento turístico do Monte da Choça, em São Teotónio, nunca chegaram relatos de cancelamentos por causa dos imigrantes. O luso-suíço explica sempre aos seus clientes o contexto da região, para que não fiquem surpreendidos ao encontrar os supermercados cheios de asiáticos. Reconhece que pode haver algum impacto no turismo, porque muitas pessoas passaram a arrendar os quartos e as casas particulares aos imigrantes, o ano inteiro. No entanto, o alojamento turístico continua a crescer – só este ano surgiram mais 230 camas.
Fundador da Rota Vicentina, um conjunto de trilhos pedestres ao longo da costa, Rudolf admite que quem está ligado ao turismo não gosta das estufas. “Ficamos preocupados com a destruição paisagem, mas sermos contra as estufas não significa que sejamos contra os imigrantes. Eles vieram trabalhar.” Com as caminhantes da Rota Vicentina já aconteceram algumas situações desconfortáveis, mas nunca problemáticas. “Às vezes, as turistas estrangeiras cumprimentam-nos e eles vão atrás delas. Para evitar esse choque cultural, temos de explicar que quando uma mulher os cumprimenta, isso não quer dizer nada.”
O luso-suíço acredita que grande parte da população enfrenta um dilema: “Quase todos têm críticas a fazer mas, ao mesmo tempo, quase todos beneficiam desta explosão da agricultura.” Dizendo-se “muito feliz” por viver num País onde os movimentos de extrema-direita não têm expressão, apenas lamenta as “barbaridades” publicadas em alguns blogues. “Não é verdade que as praias do Alentejo estejam inseguras ou que as pessoas sejam molestadas. Tenho um alojamento turístico e nunca me chegou uma queixa”, assegura. “Pode haver casos de curiosos que aparecem nas praias de nudismo, mas nunca houve problemas graves.” Já este ano a Procuradoria-Geral da República (OGR) veio garantir que “não foi, até ao momento, reportada qualquer situação de aumento de participações de crimes sexuais praticados por estrangeiros e imigrantes” na costa alentejana.
Em Aljezur, a apenas 40 quilómetros de Odemira, a coreógrafa Madalena Victorino desenvolveu um projeto artístico com o intuito de aproximar a comunidade imigrante e os habitantes locais. Foi há três anos e na altura verificou que o encontro entre as pessoas ainda estava por fazer. “Assim, abre-se espaço aos mitos e aos medos”, analisa. Os “insatisfeitos criam um universo de exclusão e agarram-se a histórias de lutas e de alcoolismo, mas nunca vi nada disso. São pessoas muito pacíficas e amigáveis. Têm uma postura de grande respeito pelo sítio onde estão”.
A morar em Aljezur, vila onde há várias décadas residem muitos estrangeiros, sobretudo europeus, a coreógrafa confessa que teve grande dificuldade em mobilizar os alentejanos para integrarem o espetáculo que fez com os imigrantes. “Há muita gente com um discurso quase racista.” Três anos depois, prepara-se para dar início a um novo projeto de integração através da arte e tem esperança de que a abertura da população agora seja maior. “Temos de continuar a construir o mundo em conjunto. Não há outra opção.”
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