sexta-feira, 31 de maio de 2019

Relações PS. Medina nomeou a sua mulher como adjunta.

Atual presidente da Câmara de Lisboa nomeou Stéphanie Sá Silva como adjunta quando era secretário de Estado Adjunto da Indústria e do Desenvolvimento. 

A teia de relações familiares em governos do PS não é recente. E um dos exemplos dos laços familiares em cargos de nomeação envolve Fernando Medina, atual presidente da Câmara de Lisboa e membro do secretariado nacional do PS, e a sua mulher. 

Em 2009, Stéphanie Sá Silva foi nomeada adjunta de Fernando Medina, que era então secretário de Estado Adjunto da Indústria e do Desenvolvimento, avançou o SOL no passado fim de semana. Ou seja, durante pouco mais de dois anos, Stéphanie Sá Silva foi adjunta daquele que é hoje o seu marido.

A advogada Stéphanie Sá Silva tem ainda outro laço familiar a membros do Governo: é filha de Jaime Silva, ministro da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas durante o primeiro Governo de José Sócrates.

A 1 de maio de 2018, Stéphanie Sá Silva assumiu funções como diretora do departamento jurídico da TAP. A sua entrada na companhia aérea portuguesa foi através de convite do acionista privado, Atlantic Gateway, “tendo em conta a experiência com aviação, o conhecimento da realidade da TAP e excelente desempenho demonstrado”, explicou ao SOL fonte oficial da companhia aérea que diz que a advogada assumiu o cargo depois da “aposentação da anterior diretora”.

Quando Stéphanie Sá Silva entrou na TAP já Diogo Lacerda Machado - amigo de longa data de António Costa que foi consultor do Executivo - tinha sido nomeado como administrador não executivo da TAP.

Ainda nessa altura, a empresa estava sob a tutela do ex-ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, que é próximo de Fernando Medina. Entre 2005 e 2009, Pedro Marques e Fernando Medina foram colegas de Governo, no mesmo ministério, com o atual cabeça de lista do PS às europeias como secretário de Estado da Segurança Social e o atual presidente da Câmara de Lisboa como secretário de Estado do Emprego e da Formação Profissional. O ministro de Pedro Marques e de Fernando Medina, era, na altura, Vieira da Silva.

A TAP disse ainda ao SOL que antes de assumir funções na companhia, Stéphanie Sá Silva tinha sido advogada associada da Cuatrecasas, Gonçalves Pereira & Associados - que teve como um dos sócios o antigo dirigente socialista António Vitorino - onde assessorou a Atlantic Gateway, “no processo de privatização da TAP que se concluiu em 2015”.

Posteriormente, na PLMJ, a advogada continuou a assessorar a Atlantic Gateway.

Se recuarmos a 2013, ano em que se realizaram eleições autárquicas, Stéphanie Sá Silva foi candidata pelo PS à Junta de Freguesia das Avenidas Novas. Ocupava o 17.º lugar da lista.

Em abril do mesmo ano, meses antes das autárquicas, a advogada e Fernando Medina, assim como um grupo de socialistas apoiantes de António Costa, dos quais muitos ocupam hoje cargos no Governo - como Ana Catarina Mendes, Duarte Cordeiro, João Galamba, Luís Gois Pinheiro, Mariana Vieira da Silva, Pedro delgado Alves, Pedro Marques ou Pedro Nuno Santos - assinaram uma carta aberta enviada à direção do partido, em oposição a António José Seguro.

Na altura, os costistas defendiam que o então secretário-geral do partido deveria fazer uma revisão dos estatutos do PS.

Filha do deputado Paulo Trigo Pereira Outro dos exemplos de relações familiares em governos do PS é Mariana Trigo Pereira, filha do deputado não inscrito Paulo Trigo Pereira.

Durante três anos - entre dezembro de 2015 e novembro de 2018 - Mariana Trigo Pereira foi economista-chefe do gabinete do ministro do Trabalho e da Segurança Social, Vieira da Silva. No final do ano passado, deixou o cargo no Governo para assumir funções como perita associada na Organização Internacional do Trabalho (OIT).

E esta não foi a primeira vez que Mariana Trigo Pereira foi nomeada para o gabinete de Vieira da Silva. De acordo com a nota curricular publicada em Diário da República, entre 2009 e 2011 - durante o segundo Governo de José Sócrates - a economista foi adjunta de Vieira da Silva que, na altura, era ministro da Economia, Inovação e Desenvolvimento. À data, Mariana Trigo Pereira tinha 25 anos, tinha terminado a sua licenciatura em Economia pelo ISEG e estava, na mesma instituição de ensino superior, a frequentar o mestrado em Análise de Politica Social.  

Questionado pelo i, o gabinete de Vieira da Silva diz que “os membros dos gabinetes ministeriais são livremente designados e exonerados por despacho do membro do Governo respetivo”, sendo “a sua designação apenas condicionada pela necessidade de verificação de existência de cabimento no orçamento do gabinete respetivo e dos limites estabelecidos”.

Já Mariana Trigo Pereira, em resposta ao i, remeteu o currículo com o qual se apresentou a concurso à OIT, destacando o seu percurso académico e profissional, salientando “média de 18 valores no secundário, média de 17 valores na licenciatura em Economia e média de 18 valores no mestrado em Análise de Política Social”.

Nesse currículo lê-se que, aos 25 anos, em 2009, escrevia os discursos do ministro Vieira da Silva, acompanhava os indicadores e a análise macroeconómica e dava assistência técnica às audições parlamentares do governante.

O documento enviado por Mariana Trigo Pereira refere que desde 2017 - enquanto exerceu funções mais recentes no gabinete de Vieira da Silva - Mariana Trigo Pereira foi a representante de Portugal no Comité do Emprego, Assuntos Sociais e Inclusão da Comissão Europeia (EMCO) e que trabalhou na coordenação do Simplex+, do Programa Nacional de Reformas e que trabalhou em parceria com a OCDE.   

O pai de Mariana Trigo Pereira sempre foi próximo do PS, tendo sido, aliás, um dos especialistas que contribuiu para o programa de Governo na área de Economia. Nas últimas legislativas foi eleito deputado independente pela bancada do PS mas, em dezembro de 2018 rompeu relações com a bancada socialista, passando a ter o estatuto de deputado não inscrito.

Outra das ligações entre Mariana Trigo Pereira e o PS é através do ex-dirigente do partido Pedro Adão e Silva, com quem já publicou, em co-autoria, cinco livros.

Pedro Adão e Silva é socialista desde os 18 anos e foi membro do Secretariado Nacional do partido na direção de Ferro Rodrigues, entre 2002 e 2004. Antes disso, entre 1999 e 2002, no segundo Governo de António Guterres, foi assessor na área da Segurança Social para o então Ministro do Trabalho e da Solidariedade, Paulo Pedroso.

É uma das maiores quedas no ranking mundial: Portugal está menos competitivo que no ano passado.

Na economia, mais uns degraus que se descem: Portugal foi o 2º país que mais viu descer o seu nível de competitividade face ao ano passado. Já vamos em 39º na lista.

Corrupção, impostos e economia paralela são algumas variáveis que contribuíram para a descida .

Enquanto tivermos esta ancora a que chamam geringonça, o país ainda irá descer mais, pois não aproveitou, porque não sabe nem os parceiros querem, mesmo tendo a conjuntura altamente favorável da economia europeia, com as taxas de juro negativas…

Segurança Social- Adopção em Lisboa com processos atrasados por baixa da única funcionária.

Os processos de adopção em Lisboa ficaram parados, porque a única funcionária que disponível esteve de baixa e não foi substituída, escreve o DN.

A única funcionária do Centro Distrital da Segurança Social de Lisboa que recebe as candidaturas à adopção esteve de baixa e não foi substituída. Resultado: processos entregues no início do ano ainda estão parados, quando a lei impõe um prazo de seis meses para serem concluídos.

Segundo apurou o DN, o Centro Distrital da Segurança Social de Lisboa - que é responsável pelos processos de candidatura de pessoas que residem fora da capital, mas dentro do distrito de Lisboa - tem só uma funcionária para desempenhar esta função. A situação não é nova, "é assim há algum tempo, desde que houve cortes no número de funcionários na Segurança Social", garantiram fontes do sector. "E o que aconteceu é que a funcionária esteve de baixa e não havia ninguém que a pudesse substituir", justificou a mesma.

Onde anda Vieira da Silva, o maior, o mentor, o tudo e mais alguma coisa do PS, sempre dito, por eles como o expert em …

“Incompreensível”: Amadora-Sintra deixou grávida em trabalho de parto ir sozinha para outro hospital por falta de vagas.

Na Saúde também há notícias de bradar aos céus. Por exemplo, um hospital deixou uma mulher em trabalho de parto ir sozinha para outro hospital por falta de vagas. Mais um exemplo: outro hospital internou doentes em refeitórios e casas de banho (arriscando agora um multa… de 44 de mil euros).

Pedro Marques e o bocejo do chefe.


O que os portugueses, incluindo António Costa, acharam de Pedro Marques, o "coitadinho" eleito como cabeça de lista do PS ás eleições europeias.




Soflusa. Passageiros tentaram invadir sala de embarque do terminal do Barreiro.

Com a suspensão de várias ligações da Soflusa, numa altura em que a empresa de transporte fluvial está em conflito com os mestres, os passageiros do terminal fluvial do Barreiro tentaram invadir a sala de embarque, levando a empresa a suspender as ligações por questões de segurança, avança a TSF. É mais um momento de tensão vivida nos últimos dias com a supressão de várias ligações fluviais.

Desde o dia 10 de Maio que as ligações fluviais entre o Barreiro e Lisboa têm registado várias perturbações devido à falta de mestres, situação que se mantém esta sexta-feira.

Mestres da Soflusa pretendem vantagem salarial apenas para a sua categoria.

Os mestres já recebem um prémio de chefia. Esta categoria de trabalhadores, que está actualmente em greve, pretende ainda reforçar esse valor com um aumento salarial exclusivo.

O secretário de Estado Adjunto e da Mobilidade afirmou esta terça-feira que os mestres da Soflusa, que faz a ligação fluvial entre Barreiro e Lisboa, querem uma vantagem salarial apenas para a sua categoria e não estão a cumprir o acordado.

O serviço da Soflusa esteve esta sexta-feira interrompido durante a manhã. Assim acontecerá também na semana de 3 a 7 de Junho, para a qual está marcada uma greve parcial de três horas por turno.

Afinal, o fruto proibido de Adão e Eva não foi uma maçã

Mesmo que Adão e Eva tenham existido, o tal fruto proibido do paraíso não poderia ter sido uma maçã. A popular fruta que conhecemos hoje é resultado de uma domesticação realizada muito tempo depois da “criação do mundo”. De acordo com um estudo desenvolvido pelo Instituto Max Planck, da Alemanha, e publicado esta segunda-feira pela revista especializada Frontiers in Plant Science, foi nesse período que a maçã deixou de ser uma fruta pequena, selvagem e pouco atraente para, por meio de processos de enxertos e seleção das árvores cujos frutos eram mais graúdos e apetitosos, se transformarem numa das frutas mais populares do mundo.

Empresas não pagaram quase 50% das horas extra em 2018

Segundo o Caderno do Observatório sobre Crises e Alternativas, o recurso ao trabalho suplementar tem vindo a aumentar. No ano passado, as empresas não pagaram quase 50% das horas extra.

Quase metade das horas extraordinárias realizadas em 2018 não foram remuneradas, tendo ficado por pagar aos trabalhadores cerca de 820 milhões de euros, revela o novo Caderno do Observatório sobre Crises e Alternativas.

“Eu não devo absolutamente nada”, diz antigo dono de uma devedora da Caixa, Matos Gil.

Anteontem, o antigo dono de uma devedora da Caixa foi ao Parlamento dizer isto: "Eu não devo absolutamente nada à Caixa". E até Tomás Correia foi ao Parlamento dizer que se demitiu da administração da CGD em 2003 porque a política de crédito do banco público "tinha deixado de ser prudente". Dizem os relatos da comissão que o fez sem se rir na cara dos deputados, como fez Berardo.

Empresa Júpiter, antiga accionista da catalã La Seda, devia 89 milhões de euros à CGD em 2015. O seu antigo administrador, Matos Gil, recusa que tenha dívidas.

al como Joe Berardo, Manuel Matos Gil acusou a Caixa Geral de Depósitos de má gestão e de não ter defendido os interesses do banco. E, tal como Joe Berardo, Manuel Matos Gil diz que nada deve.

“Eu não devo absolutamente nada. A Selenis não deve absolutamente nada. A IMG não deve absolutamente nada”, afirmou o empresário português que foi parceiro da CGD na catalã La Seda, esta terça-feira, na comissão parlamentar de inquérito à gestão do banco público, que tem estado a ouvir os envolvidos nas operações mais polémicas e que mais perdas causaram.

Matos Gil é o líder do grupo Imatosgil (IMG). O grupo entrou na empresa espanhola La Seda de Barcelona em 2003 e, nos cinco anos seguintes, foi reforçando a sua posição. Foi também nesse período que a CGD foi avançando na empresa catalã. E foi em 2007 que a Selenis, empresa em que o grupo IMG era accionista relevante e de que Matos Gil era presidente, fecha um contracto de financiamento com a CGD e com a Caixa Capital. O financiamento podia ir até 115 milhões de euros, garantido pelo penhor de acções de 10,9% da La Seda.

Matos Gil criticou a CGD por não ter executado esse penhor quando as garantias perderam valor (as acções da La Seda caíram), considerando irregular essa decisão do banco público: “esteve nas mãos da CGD a recuperação total do empréstimo concedido”. Aliás, também Joe Berardo tinha apontado, na sua audição, para a má gestão dos dossiês por parte das instituições financeiras.

A Selenis SGPS (que Matos Gil quis ao longo da audição deixar claro que não controlava) tornou-se em Júpiter SGPS e foi esta que, accionista de uma La Seda insolvente, viu-se sem forma de pagar ao banco público. “Não sou eu o devedor”, repetiu Matos Gil aos deputados.

No relatório da EY aos actos de gestão da Caixa, está indicado que a Júpiter devia 89,2 milhões ao banco, ainda que já todo o montante tivesse reconhecido como perdido. A empresa Júpiter foi vendida em 2009, deixando aí Matos Gil de ser accionista, mas o responsável não revelou a quem vendeu. Quem é a dona da empresa? “Não sei”, respondeu.

A La Seda, em Barcelona, foi a primeira accionista do projecto petroquímico em Sines, de que a CGD se tornou financiadora e principal accionista, e onde chegou a ter uma exposição superior a 500 milhões de euros. Conseguiu vender o empreendimento químico por 28 milhões à Indorama Ventures.

Expresso

PSD exige saber quem deve à banca

Entretanto o PSD exige saber quem deve à banca. Isso mesmo: o relatório sobre os devedores à banca que uma estranha coligação entre direita e esquerda obrigou o Banco de Portugal a divulgar não mostra, como seria de esperar, os dados sobre os devedores - estes ficaram no Excel, fechado às sete chaves e obrigando os poucos deputados que os receberão a rigoroso sigilo. Não satisfeitos, os deputados do PSD acusam o banco central de "ilegalidade". Do Bloco e PCP (para não dizer do PS) ainda não se ouviu uma palavra.

Netflix e Disney admitem deixar de filmar na Geórgia se lei anti-aborto avançar.

A Netflix está a estudar a possibilidade de deixar de gravar no estado norte-americano da Geórgia, caso as autoridades efectivaram a lei anti-aborto. Também a Disney disse que trabalhar neste local pode passar a ser “muito difícil”.

A notícia é avançada pela Variety, que recorda que a lei em causa, assinada pelo governador Brian Kemp, será promulgada em 2020.

Com a lei em vigor, as mulheres passam a ser proibidas de interromper a gravidez a partir do momento em que os batimentos cardíacos do feto pode ser detectados, algo que costuma ocorrer por volta das seis semanas de gravidez. Esta é considerada uma das leis mais restritivas dos Estados Unidos, uma vez que com este tempo de gestação muitas das mulheres nem sabem ainda que estão grávidas.

“Temos muitas mulheres a trabalhar em produções na Geórgia, cujos direitos, juntamente com outros milhões, serão severamente restringidos por esta lei”, afirmou o director de conteúdo da plataforma de streaming, Ted Sarandos, citado pela a revista.

De acordo com o Departamento de Desenvolvimento Económico da Geórgia, a Netflix está, neste momento, a produzir várias séries neste estado, entre as quais “Ozark”, “Insatiable” e “Stranger Things”, bem como o longa-metragem “Holidate”, com Emma Roberts.

“Tendo em conta que a legislação ainda não foi implementada, continuaremos a filmar lá. Ao mesmo tempo, vamos apoiar os parceiros e artistas que optarem por não gravar. Se algum dia a lei entrar em vigor, vamos reconsiderar todos os nosso investimentos na Geórgia”, acrescentou Sarandos.

A Netflix anunciou ainda que vai colaborar com a organização sem fins lucrativos American Union for Civil Liberties (ACLU), bem como com outros grupos ativistas locais na sua “luta em tribunal” contra a nova regulação do aborto.

“Muito difícil” continuar na Geórgia, diz Disney

Também a Walt Disney já admitiu deixar de gravar no estado caso a lei anti-aborto se efetive. Em declarações à agência Reuters, Bob Iger, o CEO da empresa, disse ser “muito difícil” continuar a gravar na Geórgia sob estas condições. “Black Panther” e “Avengers: Endgame” são alguns dos filmes gravados neste estado.

Iger foi questionado sobre se a sua empresa continuaria a trabalhar na Geórgia, ao que respondeu dizendo ser “muito difícil”. “Duvido (…) Acho que muitas pessoas que trabalham para nós não vão querer trabalhar lá, e teremos que atender aos seus desejos nesse sentido. Neste momento, estamos a observar [a situação] com muito cuidado”.

Caso a lei entre em vigor, “não vejo que seja prático filmar lá“, apontou.

O jornal espanhol El País aponta que a indústria do cinema e da televisão rende, anualmente, cerca de 2,7 mil milhões de dólares à Geórgia. De acordo com a Motion Picture Association of America, a indústria é ainda responsável por mais de 92.000 postos de trabalho. Só em 2018, foram filmados na Geórgia 455 produções.

ZAP //

Aubade...

inspiração branca.





Barcelos e IPO adjudicaram mais de um milhão à esposa do autarca de Santo Tirso.

A Câmara Municipal de Barcelos e o IPO do Porto celebraram vários contractos, a maioria dos quais por ajuste directo, com as empresas de Manuela Couto, esposa do Presidente da Câmara de Santo Tirso, Joaquim Couto.
Manuela Couta, esposa do Presidente da Câmara de Santo Tirso, Joaquim Couto

Serão estes contractos, que no total ascendem a mais de um milhão de euros, que estão sob suspeita da Polícia Judiciária que esta quarta-feira deteve os presidentes das câmaras de Barcelos e de Santo Tirso, Miguel Costa Gomes (PS) e Joaquim Couto (PS), o presidente do IPO do Porto, Laranja Pontes, e Manuela Couto, mulher do autarca de Santo Tirso e gestora das empresas de comunicação, revela o Diário de Notícias.

De acordo com a PJ, estão em causa práticas de corrupção, tráfico de influências e participação económica em negócio no âmbito da contratação pública.

Segundo escreve o DN, a Mediana, a Make It Happen e a My Press, empresas de Manuela Couto que operam no setor da comunicação e da organização de eventos, receberam da autarquia de Barcelos cerca de 860 mil euros por serviços na área da comunicação pública.

A My Press, cujo capital é deito 60% por Manuela Couto e 40% pela MIT – Make It Happen, a Câmara de Barcelos realizou sete contratos de aquisição de serviços por ajuste direito entre 2014 e 2018. Ao todo, escreve o jornal, são mais de 400 mil euros.

Já a Make It Happen (outra empresa do universo Couto, com Manuela Couto a deter 75% e Luís Couto (filho de Joaquim Couto) 25%), realizou dois ajustes diretos em 2012 que valem 150 mil euros, segundo aponta o site Base.Gov, consultado pelo DN.

A Mediana é a terceira empresa prestadora de serviços à Câmara de Barcelos. O contrato mais recente, aponta o DN, é datado de 26 de fevereiro deste ano e corresponde a um ajuste direto no qual a autarquia se compromete a pagar 19.400 euros pelo fornecimento de “serviços de coordenação de imagem e produção de conteúdos”. Desde 2012, contabilizar-se, pelo menos, oito contratos. Ao todo, valem 310 mil euros.

Também o IPO contratou os serviços da esposa do autarca de Santo Tirso. Na totalidade, foram celebrados 13 contratos, todos por ajuste direto, com a Mediana no valor de 360 mil euros no último ano e meio. O primeiro dos contratos, relativo à consultoria de imagem, foi celebrado em junho de 2017 por 33.740 euros.

O matutino recorda ainda que Joaquim Couto, também médico, foi colega de curso de Laranja Pontes na Faculdade de Medicina do Porto. Laranja Pontes, frisa a SIC Notícias, foi detido poucos dias antes de se reformar ao fim de 30 anos de carreira no hospital.

Quanto à Câmara de Santo Tirso, não foram encontrados contratos com as empresas de comunicação acima mencionadas. Em comunicado, a autarquia presidida por Joaquim Couto afirma que “de acordo com os autos apresentados pelos inspetores, estão a ser solicitadas informações sobre três assuntos: utilização de viaturas municipais por parte de elementos do executivo municipal; viagens de trabalho realizadas pelo executivo municipal; contratação de dois projetos de arquitetura”.

Escreve o jornal Público esta quinta-feira que Laranja Pontes é suspeito de favorecer empresas de Manuela Couto em troca da influência política do casal para se manter em funções. Uma suspeita similar é apontada ao presidente de Barcelos, que beneficiaria as várias empresas de Manuela Couto, para obter a ajuda do casal no campo político.

O jornal recorda que Miguel Costa Gomes se encontra a terminar o terceiro mandato na câmara e não pode concorrer novamente por ter atingido o limite legal.

“A investigação, centrada nas autarquias de Santo Tirso, Barcelos e Instituto Português de Oncologia do Porto, apurou a existência de um esquema generalizado, mediante a atuação concertada de autarcas e organismos públicos, de viciação fraudulenta de procedimentos concursais e de ajuste direto, com o objetivo de favorecer primacialmente grupos de empresas, contratação de recursos humanos e utilização de meios públicos com vista à satisfação de interesses de natureza particular”, informou a PJ em comunicado sobre a operação que foi apelidada de Operação Teia.

Manuela Couto já tinha sido detida no âmbito da Operação Éter, que investiga factos muito semelhantes envolvendo o Turismo do Porto e do Norte de Portugal, entidade a quem as suas empresas também prestavam serviços.

Neste momento, Manuela conta é arguida nessa investigação, tendo ficado em liberdade depois de pagar uma caução de 70 mil euros. O presidente do Turismo do Norte, Melchior Moreira, permanece em prisão preventiva no âmbito do mesmo processo.

A “Teia vai parir um rato”

O advogado Nuno Cerejeira Namora revelou que o presidente da Câmara de Barcelos está acusado de um crime de corrupção passiva, sublinhando que “a ‘Teia’ vai parir um rato”.

“À medida que começo a ter contacto com o processo, a nossa revolta, a minha e do senhor presidente da Câmara de Barcelos cresce de hora para hora. Na verdade, a ‘Teia’ [nome da operação da PJ em curso] vai parir um rato“, disse, em declarações aos jornalistas à saída das instalações da PJ.

“O processo está cheio de nada, de uma mão cheia de nada e de coisa nenhuma (…) Já sei [dos ajustes diretos em causa], mas não vos vou dizer porque se iam partir a rir com o ridículo desta acusação. É na realidade vergonhoso brincar com as autarquias, brincar com o poder local, brincar com a democracia, com um processo que não tem matéria absolutamente nenhuma”, acrescentou.

Já advogado Nuno Brandão, que representa Joaquim Couto e Manuela Couto, disse que as detenções são “ilegais”, considerando que as mesmas foram “injustificadas, desnecessárias e desproporcionais”.

“Gostaria de manifestar alguma incompreensão pelo facto de se proceder à detenção de pessoas cujo paradeiro é conhecido, sabe-se onde é que moram e não há razão para recear que se subtraiam à ação da justiça. Não se compreende a razão pela qual são detidas sem que sequer se comunique nos mandados de detenção os motivos que justificam a sua privação da liberdade (…) Parece-me que é uma privação da liberdade injustificada, desnecessária, desproporcionada”, defendeu.

Por sua vez, Pedro Ávila disse que Laranja Pontes “está tranquilo”, sublinhando que “normalmente os inocentes estão tranquilos”. Em declarações à saída das instalações da PJ do Porto, o advogado escusou-se a comentar o caso em concreto, dizendo apenas que o seu constituinte está “tranquilo, a tranquilidade dos inocentes”.

“Os inocentes normalmente estão tranquilos“, reiterou.





















MP não entregou aos deputados informações sobre aviso para o assalto de Tancos

Já não é só a opinião publica, que não nutre grande respeito pelos deputados…

O Ministério Público (MP) não entregou à comissão parlamentar de inquérito ao caso de Tancos os documentos pedidos pelos deputados relativamente ao processo aberto em Abril de 2017, no Porto, que dava conta de informações de que estaria a ser preparado um assalto a instalações militares no centro do País.

O relatório preliminar da comissão será apresentado esta sexta-feira pelo relator Ricardo Bexiga, deputado do PS, e os partidos poderão pronunciar-se sobre ele contribuindo para o relatório final.

De acordo com o Observador, os deputados fizeram dois pedidos ao MP, que tem em mãos um processo que conta já com 21 arguidos — entre os envolvidos no assalto de Junho de 2017 aos paióis de Tancos e os militares que acabaram a recuperar as armas meses depois, num descampado na zona da Chamusca, numa acção que a PJ vê como encenada e à revelia do que tinha sido determinado pela então procuradora-geral da República, Joana Marques Vidal, ao atribuir a investigação à Judiciária civil.

Um dos pedidos foi o memorando que o ex-director geral da Polícia Judiciária Militar e o investigador Major Brazão entregaram em Outubro de 2018 ao chefe de gabinete do ministro da Defesa — um documento descrito de diversas formas ao longo da comissão e que teria inscrita a forma como a PJM preparou a acção que levaria ao “achamento” do material de guerra furtado.

A acção partiu de uma chamada anónima feita pelo próprio major Vasco Brazão, a pedido, segundo ele, do informador com quem trabalhavam numa investigação que admitiu ser “paralela”.

Esse documento chegou a 16 de Maio à comissão, quando já todos os governantes, especialistas, magistrados, militares e polícias tinham sido ouvidos. Durante os trabalhos, foram ouvidas pelo menos três pessoas que conheciam o documento (o chefe de gabinete do então ministro da Defesa, Martins Pereira, o major Brazão e o coronel Luís Vieira), mas nenhum o quis disponibilizar por causa do processo-crime onde está integrado.

O memorando será acompanhado de um segundo documento que terá uma cronologia do que aconteceu. Acabou por chegar via Ministério Público cerca de dez dias depois de o chefe de gabinete do primeiro-ministro António Costa, Francisco André, ter deixado uma cópia aos deputados.

Já o segundo pedido nunca foi satisfeito. Trata-se dos despachos de três juízes de instrução criminal sobre um inquérito aberto em Abril de 2017, dois meses antes do furto, baseado em informações que davam conta de que estava a ser planeado um assalto a instalações militares no centro do País.

O primeiro juiz de instrução a pronunciar-se sobre o caso, no Porto, declarou-se incompetente territorialmente. Em Leiria, um segundo juiz optou por argumentos idênticos. O caso chegaria a Lisboa e ao Tribunal Central de Instrução Criminal, onde o juiz Ivo Rosa acabou por concluir que a informação era demasiado escassa para se recorrer a meios de investigação mais invasivos, como é o caso das escutas telefónicas.

Esta informação acabou por nunca chegar ao Exército, como se concluiu na comissão de inquérito. Já à Polícia Judiciária Militar não ficou claro de que forma ou quando chegou.

Vasco Brazão informou que “a PJ tinha recebido uma informação de um eventual planeamento de um furto a uma instituição militar de um raio de 50 quilómetros de Leiria”.

Já o agora director nacional da PJ, Luís Neves, explicou que essa informação partiu de “uma fonte humana que transmite uma informação não muito rica em elementos que permitam iniciar uma investigação, tem características vagas, não diz quem, quando, onde, as conivências…”, e que entregou essa informação à PJM através do major Pinto da Costa, também arguido no processo.

Os três processos abertos sobre Tancos foram todos incorporado num só, que ainda está em segredo de justiça e cujo despacho final poderá ser proferido em breve.

Boris Johnson vai a tribunal por “mentir e enganar a opinião pública britânica” sobre o Brexit na campanha para o Brexit


O ex-ministro dos Negócios Estrangeiros vai depor por ter dito, há três anos, durante a campanha do Brexit, que a UE custava aos britânicos 350 milhões de libras por semana.

Boris Johnson, o grande favorito à sucessão da primeira-ministra britânica na liderança do Partido Conservador, vai ser julgado por “mentir e enganar a opinião pública britânica” durante a campanha para o referendo sobre a permanência ou não do Reino Unido na União Europeia, em 2016.
Uma juíza chamou o antigo-ministro dos Negócios Estrangeiros e defensor radical do Brexit a por ele ter dito que fazer parte da UE custava aos britânicos 350 milhões de libras por semana.
Os advogados de Johnson já reagiram argumentando que está em curso uma tentativa “vexatória” de reverter o resultado do referendo sobre o Brexit mas a juíza distrital Margot Coleman descartou estes argumentos.
Lê-se na decisão da juíza, citada pelo Independent, que “considerados todos os fatores relevantes, o caso merece uma convocatória, tal como foi pedida”. Johnson será “solicitado a comparecer a este tribunal para uma audiência preliminar, e o caso será então enviado ao Tribunal da Coroa para julgamento”. O político irá responder por “má conduta num cargo público”, o que, no Reino Unido, pode implicar uma pena máxima de prisão perpétua.
Tudo começou com uma ação apresentada por um cidadão britânico: Marcus Ball, de 29 anos disse no início deste mês que o político “usou as plataformas e oportunidades que estavam ao seu dispor em virtude do cargo que ocupava” para alegar que a adesão à UE custava 350 milhões de libras por semana, o que não era verdade.
Lewis Power QC, advogado que representa Ball, disse ao tribunal que Johnson havia deliberadamente enganado o público durante a campanha do referendo na UE, e que repetira a declaração durante as eleições de 2017. 
Ver aqui

EXPRESSÕES POPULARES


O saber não ocupa lugar





Significado: Erro grosseiro.

Origem: Na Roma antiga havia o Triunvirato: o poder dos generais era dividido por três pessoas. No primeiro destes Triunviratos , tínhamos: Caio Júlio, Pompeu e Crasso. Este último foi incumbido de atacar um pequeno povo chamado Partos. Confiante na vitória, resolveu abandonar todas as formações e técnicas romanas e simplesmente atacar. Ainda por cima, escolheu um caminho estreito e de pouca visibilidade. Os partos, mesmo em menor número, conseguiram vencer os romanos, sendo o general que liderava as tropas um dos primeiros a cair.
Desde então, sempre que alguém tem tudo para acertar, mas comete um erro estúpido, dizemos tratar-se de um "erro crasso".







Significado: Ter dinheiro para viver.

Origem: Em outros tempos, os alfinetes eram objecto de adorno das mulheres e daí que, então, a frase significasse o dinheiro poupado para a sua compra porque os alfinetes eram um produto caro. Os anos passaram e eles tornaram-se utensílios, já não apenas de enfeite, mas utilitários e acessíveis. Todavia, a expressão chegou a ser acolhida em textos legais. Por exemplo, o Código Civil Português, aprovado por Carta de Lei de Julho de 1867, por D. Luís, dito da autoria do Visconde de Seabra, vigente em grande parte até ao Código Civil actual, incluía um artigo, o 1104, que dizia: «A mulher não pode privar o marido, por convenção antenupcial, da administração dos bens do casal; mas pode reservar para si o direito de receber, a título de alfinetes, uma parte do rendimento dos seus bens, e dispor dela livremente, contanto que não exceda a terça dos ditos rendimentos líquidos.»

DO TEMPO DA MARIA CACHUCHA



Significado: Muito antigo.

Origem: A cachucha era uma dança espanhola a três tempos, em que o dançarino, ao som das castanholas, começava a dança num movimento moderado, que ia acelerando, até terminar num vivo volteio. Esta dança teve uma certa voga em França, quando uma célebre dançarina, Fanny Elssler, a dançou na Ópera de Paris. Em Portugal, a popular cantiga Maria Cachucha (ao som da qual, no séc. XIX, era usual as pessoas do povo dançarem) era uma adaptação da cachucha espanhola, com uma letra bastante gracejadora, zombeteira.



À GRANDE E À FRANCESA



Significado: Viver com luxo e ostentação.

Origem: Relativa aos modos luxuosos do general Jean Andoche Junot, auxiliar de Napoleão que chegou a Portugal na primeira invasão francesa, e dos seus acompanhantes, que se passeavam vestidos de gala pela capital.



 COISAS DO ARCO-DA-VELHA



Significado: Coisas inacreditáveis, absurdas, espantosas, inverosímeis.
Origem: A expressão tem origem no Antigo Testamento; arco-da-velha é o arco-íris, ou arco-celeste, e foi o sinal do pacto que Deus fez com Noé: "Estando o arco nas nuvens, Eu ao vê-lo recordar-Me-ei da aliança eterna concluída entre Deus e todos os seres vivos de toda a espécie que há na terra." (Génesis 9:16)


Arco-da-velha é uma simplificação de Arco da Lei Velha, uma referência à Lei Divina.

Há também diversas histórias populares que defendem outra origem da expressão, como a da existência de uma velha no arco-íris, sendo a curvatura do arco a curvatura das costas provocada pela velhice, ou devido a uma das propriedades mágicas do arco-íris - beber a água num lugar e enviá-la para outro, pelo que velha poderá ter vindo do italiano bere (beber).



DOSE PARA CAVALO



Significado: Quantidade excessiva; demasiado.

Origem: Dose para cavalo, dose para elefante ou dose para leão são algumas das variantes que circulam com o mesmo significado e atendem às preferências individuais dos falantes.

Supõe-se que o cavalo, por ser forte; o elefante, por ser grande, e o leão, por ser valente, necessitam de doses exageradas de remédio para que este possa produzir o efeito desejado.

Com a ampliação do sentido, dose para cavalo e suas variantes é o exagero na ampliação de qualquer coisa desagradável, ou mesmo aquelas que só se tornam desagradáveis com o exagero.



DAR UM LAMIRÉ



Significado: Sinal para começar alguma coisa.

Origem: Trata-se da forma aglutinada da expressão «lá, mi, ré», que designa o diapasão, instrumento usado na afinação de instrumentos ou vozes; a partir deste significado, a expressão foi-se fixando como palavra autónoma com significação própria, designando qualquer sinal que dê começo a uma actividade. Historicamente, a expressão «dar um lamiré» está, portanto, ligada à música (cf. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa).

Nota: Escreve-se lamiré, com o r pronunciado como em caro. 
  

MEMÓRIA DE ELEFANTE



Significado: Ter boa memória; recordar-se de tudo.

Origem: O elefante fixa tudo aquilo que aprende, por isso é uma das principais atracções do circo.



LÁGRIMAS DE CROCODILO



Significado: Choro fingido.

Origem: O crocodilo, quando ingere um alimento, faz forte pressão contra o céu da boca, comprimindo as glândulas lacrimais. Assim, ele chora enquanto devora a vítima.



NÃO PODER COM UMA GATA PELO RABO

  

Significado: Ser ou estar muito fraco; estar sem recursos.

Origem: O feminino, neste caso, tem o objectivo de humilhar o impotente ou fraco a que se dirige a referência. Supõe-se que a gata é mais fraca, menos veloz e menos feroz em sua própria defesa do que o gato. Na realidade, não é fácil segurar uma gata pelo rabo, e não deveria ser tão humilhante a expressão como realmente é.  

  

MAL E PORCAMENTE



Significado: Muito mal; de modo muito imperfeito.

Origem: «Inicialmente, a expressão era "mal e parcamente". Quem fazia alguma coisa assim, agia mal e eficientemente, com parcos (poucos) recursos.

Como parcamente não era palavra de amplo conhecimento, o uso popular tratou de substituí-la por outra, parecida, bastante conhecida e adequada ao que se pretendia dizer. E ficou " mal e porcamente", sob protesto suíno.»(1)

(1) in A Casa da Mãe Joana, de Reinaldo Pimenta, vol. 1 (Editora Campus, Rio de Janeiro)



JÁ A FORMIGA TEM CATARRO



Significado: Diz-se a quem pretende ser mais do que é, sobretudo dirigido a crianças ou inexperientes. 


FAZER TIJOLO



Significado: Morrer.

Origem: Segundo se diz, existiu um velho cemitério mouro para as bandas das Olarias, Bombarda e Forno do Tijolo. O almacávar, isto é, o cemitério mourisco, alastrava-se numa grande extensão por toda a encosta, lavado de ar e coberto de arvoredo.

Após o terramoto de 1755, começando a reedificação da cidade, o barro era pouco para as construções e daí aproveitar-se todo o que aparecesse.

O cemitério árabe foi tão amplamente explorado que, de mistura com a excelente terra argilosa, iam também as ossadas para fazer tijolo. Assim, é frequente ouvir-se a expressão popular em frases como esta: 'Daqui a dez anos já eu estou a fazer tijolo '.

in 'Dicionário de Expressões Correntes' ; Orlando Neves



FILA INDIANA



Significado: enfiada de pessoas ou coisas dispostas uma após outra.

Origem: Forma de caminhar dos índios da América que, deste modo, tapavam as pegadas dos que iam na frente.



ANDAR À TOA



Significado: Andar sem destino, despreocupado, passando o tempo.

Origem: Toa é a corda com que uma embarcação reboca a outra. Um navio que está "à toa" é o que não tem leme nem rumo, indo para onde o navio que o reboca determinar. 



EMBANDEIRAR EM ARCO



Significado: Manifestação efusiva de alegria.

Origem: Na Marinha, em dias de gala ou simplesmente festivos, os navios embandeiram em arco, isto é, içam pelas adriças ou cabos (vergueiros) de embandeiramento galhardetes, bandeiras e cometas quase até ao topo dos mastros, indo um dos seus extremos para a proa e outro para a popa. Assim são assinalados esses dias de regozijo ou se saúdam outros barcos que se manifestam da mesma forma.



CAIR DA TRIPEÇA


Significado: Qualquer coisa que, dada a sua velhice, se desconjunta facilmente.

Origem: A tripeça é um banco de madeira de três pés, muito usado na província, sobretudo junto às lareiras. Uma pessoa de avançada idade aí sentada, com o calor do fogo, facilmente adormece e tomba.



FAZER TÁBUA RASA



Significado: Esquecer completamente um assunto para recomeçar em novas bases.

Origem: A tabula rasa, no latim, correspondia a uma tabuinha de cera onde nada estava escrito. A expressão foi tirada, pelos empiristas, de Aristóteles, para assim chamarem ao estado do espírito que, antes de qualquer experiência, estaria, em sua opinião, completamente vazio. Também John Locke (1632 1704), pensador inglês, em oposição a Leibniz e Descartes, partidários do inatismo, afirmava que o homem não tem nem ideias nem princípios inatos, mas sim que os extrai da vida, da experiência. «Ao começo», dizia Locke, «a nossa alma é como uma tábua rasa, limpa de qualquer letra e sem ideia nenhuma. Tabula rasa in qua nihil scriptum. Como adquire, então, as ideias? Muito simplesmente pela experiência.»



AVE DE MAU AGOURO



Significado: Diz-se de pessoa portadora de más notícias ou que, com a sua presença, anuncia desgraças.

Origem: O conhecimento do futuro é uma das preocupações inerentes ao ser humano. Quase tudo servia para, de maneiras diversas, se tentar obter esse conhecimento. As aves eram um dos recursos que se utilizava. Para se saberem os bons ou maus auspícios (avis spicium) consultavam-se as aves. No tempo dos áugures romanos, a predição dos bons ou maus acontecimentos era feita através da leitura do seu voo, canto ou entranhas. Os pássaros que mais atentamente eram seguidos no seu voo, ouvidos nos seus cantos e aos quais se analisavam as vísceras eram a águia, o abutre, o milhafre, a coruja, o corvo e a gralha. Ainda hoje perdura, popularmente, a conotação funesta com qualquer destas aves.



VERDADE DE LA PALISSE


Significado: Uma verdade de La Palice (ou lapalissada / lapaliçada) é evidência tão grande, que se torna ridícula.

Origem: O guerreiro francês Jacques de Chabannes, senhor de La Palice (1470-1525), nada fez para denominar hoje um truísmo. Fama tão negativa e multissecular deve-se a um erro de interpretação.

Na sua época, este chefe militar celebrizou-se pela vitória em várias campanhas. Até que, na batalha de Pavia, foi morto em pleno combate. E os soldados que ele comandava, impressionados pela sua valentia, compuseram em sua honra uma canção com versos ingénuos:

"O Senhor de La Palice / Morreu em frente a Pavia; / Momentos antes da sua morte, / Podem crer, inda vivia."

O autor queria dizer que Jacques de Chabannes pelejara até ao fim, isto é, "momentos antes da sua morte", ainda lutava. Mas saiu-lhe um truísmo, uma evidência.
Segundo a enciclopédia Lello, alguns historiadores consideram esta versão apócrifa. Só no século XVIII se atribuiu a La Palice um estribilho que lhe não dizia respeito. Portanto, fosse qual fosse o intuito dos versos, Jacques de Chabannes não teve culpa.




Nota: Em Portugal, empregam-se as duas grafias: La Palice ou La Palisse.



TER OUVIDOS DE TÍSICO


Significado: Ouvir muito bem.

Origem: Antes da II Guerra Mundial (l939 a l945), muitos jovens sofriam de uma doença denominada tísica, que corresponde à tuberculose. A forma mais mortífera era a tuberculose pulmonar.

Com o aparecimento dos antibióticos durante a II Guerra Mundial, foi possível combater esta doença com muito maior êxito.

As pessoas que sofrem de tuberculose pulmonar tornam-se muito sensíveis, incluindo uma notável capacidade auditiva. A expressão «ter ouvidos de tísico» significa, portanto, «ouvir tão bem como aqueles que sofrem de tuberculose pulmonar».



COMER MUITO QUEIJO



Significado: Ser esquecido; ter má memória.

Origem: A origem desta expressão portuguesa pode explicar-se pela relação de causalidade que, em séculos anteriores, era estabelecida entre a ingestão de lacticínios e a diminuição de certas faculdades intelectuais, especificamente a memória.

A comprovar a existência desta crença existe o excerto da obra do padre Manuel Bernardes "Nova Floresta", relativo aos procedimentos a observar para manter e exercitar a memória: «Há também memória artificial da qual uma parte consiste na abstinência de comeres nocivos a esta faculdade, como são lacticínios, carnes salgadas, frutas verdes, e vinho sem muita moderação: e também o demasiado uso do tabaco».

Sabe-se hoje, através dos conhecimentos provenientes dos estudos sobre memória e nutrição, que o leite e o queijo são fornecedores privilegiados de cálcio e de fósforo, elementos importantes para o trabalho cerebral. Apesar do contributo da ciência para desmistificar uma antiga crença popular, a ideia do queijo como alimento nocivo à memória ficou cristalizada na expressão fixa «comer (muito) queijo». 


ACORDO LEONINO



Significado: Um «acordo leonino» é aquele em que um dos contratantes aceita condições desvantajosas em relação a outro contratante que fica em grande vantagem.
Origem: «Acordo leonino» é, pois, uma expressão retórica sugerida nomeadamente pelas fábulas em que o leão se revela como todo-poderoso.




QUE MASSADA*!



Significado: Exclamação usada para referir uma tragédia ou contra-tempo.

Origem: É uma alusão à fortaleza de Massada na região do Mar Morto, Israel, reduto de Zelotes, onde permaneceram anos resistindo às forças romanas após a destruição do Templo em 70 d.C., culminando com um suicídio colectivo para não se renderem, de acordo com relato do historiador Flávio Josefo.



 PASSAR A MÃO PELA CABEÇA



Significado: perdoar ou acobertar erro cometido por algum protegido.

Origem: Costume judaico de abençoar cristãos-novos, passando a mão pela cabeça e descendo pela face, enquanto se pronunciava a bênção. 



GATOS-PINGADOS



Significado: Tem sentido depreciativo usando-se para referir uma suposta inferioridade (numérica ou institucional), insignificância ou irrelevância.

Origem: Esta expressão remonta a uma tortura procedente do Japão que consistia em pingar óleo a ferver em cima de pessoas ou animais, especialmente gatos. Existem várias narrativas ambientais na Ásia que mostram pessoas com os pés mergulhados num caldeirão de óleo quente. Como o suplício tinha uma assistência reduzida, tal era a crueldade, a expressão "gatos pingados" passou a denominar pequena assistência sem entusiasmos ou curiosidade para qualquer evento.



METER UMA LANÇA EM ÁFRICA

Significado: Conseguir realizar um empreendimento que se afigurava difícil; levar a cabo uma empresa difícil.

Origem: Expressão vulgarizada pelos exploradores europeus, principalmente portugueses, devido às enormes dificuldades encontradas ao penetrar o continente africano. A resistência dos nativos causava aos estranhos e indesejáveis visitantes baixas humanas. Muitas vezes retrocediam face às dificuldades e ao perigo de serem dizimados pelo inimigo que eles mal conheciam e, pior de tudo, conheciam mal o seu terreno. Por isso, todos aqueles que se dispusessem a fazer parte das chamadas "expedições em África", eram considerados destemidos e valorosos militares, dispostos a mostrar a sua coragem, a guerrear enfrentando o incerto, o inimigo desconhecido. Portanto, estavam dispostos a " meter uma lança em África".



QUEIMAR AS PESTANAS


Significado: Estudar muito.


Origem: Usa-se ainda esta expressão, apesar de o facto real que a originou já não ser de uso. Foi, inicialmente, uma frase ligada aos estudantes, querendo significar aqueles que estudavam muito. Antes do aparecimento da electricidade, recorria-se a uma lamparina ou uma vela para iluminação. A luz era fraca e, por isso, era necessário colocá-las muito perto do texto quando se pretendia ler o que podia dar azo a " queimar as pestanas".

Deputado do PS – Fernando Anastácio - negoceia lei que beneficia a mulher.

Fernando Anastácio, que coordena o grupo de trabalho que vai dar um aumento salarial a juízes, é casado com uma juíza desembargadora que irá usufruir da legislação que já foi aprovada na especialidade. O socialista não vê qualquer incompatibilidade no caso e recusa pedir escusa.

O coordenador do grupo de trabalho parlamentar que aprovou na especialidade, na quarta-feira, um aumento salarial para os juízes no topo da carreira, colocando-os a ganhar mais que o primeiro-ministro e quase tanto como o presidente da República, é casado com uma juíza desembargadora da Relação de Lisboa, que será uma das beneficiadas pela legislação.

A mulher do socialista Fernando Anastácio é Maria José Machado, cujo nome se tornou conhecido por ter sido advertida no passado recente pelo Conselho Superior da Magistratura (CSM), por participar na campanha eleitoral do marido, em Albufeira, nas autárquicas de 2013.

Esta foi a juíza que absolveu, em 2015, a ex-ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, que havia sido condenada a três anos e meio de pena de prisão suspensa pelo crime de prevaricação de titular de cargo político. Há um ano, pediu escusa para não se tornar relatora do recurso interposto pelo ex-primeiro-ministro José Sócrates, em que este pedia o afastamento do juiz Carlos Alexandre do processo Operação Marquês.

Fernando Anastácio coordena o grupo de trabalho, que funciona na Comissão Parlamentar de Assuntos Constitucionais há cerca de três meses​​​​, que tem em mãos o novo Estatuto dos Magistrados Judiciais, proposto pelo Governo, cuja tabela salarial tem causado polémica pelos seus valores e alvo de forte crítica pelo PSD e BE. Os salários brutos dos juízes do Supremo Tribunal de Justiça poderão chegar aos 6630 euros mensais.

Questionado pelo JN, Anastácio defendeu que "não há incompatibilidade no cargo de coordenador" com o facto de ser marido de uma juíza. "Se fosse incompatível, um deputado professor não poderia discutir um estatuto dos professores", exemplificou. "Ou ainda um deputado, que seja médico, não poderia discutir questões relativas ao Serviço Nacional de Saúde", acrescentou.

O deputado, cujo filho Pedro Anastácio foi nomeado há três meses assessor do secretário de Estado Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, frisou também que Maria José Machado não está neste momento na Relação de Lisboa, não tecendo mais comentários sobre o assunto.

A magistrada viu em Janeiro o Conselho Superior da Magistratura autorizar-lhe uma licença para poder rumar a Macau por dois anos. A mulher do deputado do PS foi contratada para assessora jurídica pela Assembleia Legislativa, do território que esteve nas mãos de Portugal até quase ao fim do século XX. Esta contratação foi criticada por vários sectores macaenses, como revelou a imprensa local na altura, pelo facto de a juíza nunca ter estado em Macau e por desconhecer a realidade do território.

"Deve pedir escusa", avisa Transparência e Integridade

Maria José Machado saltou para a ribalta com a advertência que o CSM lhe fez, na sequência da sua participação na campanha eleitoral do marido, quando este deixou a vice-presidência da Entidade Regional de Turismo do Algarve para liderar a candidatura do PS à Câmara de Albufeira, em 2013.

Fernando Anastácio acabou por não ganhar as eleições, apesar de ter triplicado o número de vereadores, e chegou ao Parlamento já no actual mandato. Já este ano foi indicado pelo PS para o Conselho Superior de Segurança Interna, um órgão interministerial de apoio ao primeiro-ministro em matéria de segurança interna. Em 2018, o seu nome tinha sido chumbado pelo Parlamento para este cargo.

Para João Paulo Batalha, presidente da associação cívica "Transparência e Integridade", responsável pelo ranking nacional do índice de corrupção, "este é um claro caso de conflito de interesses, que acaba por aumentar o manto de desconfiança em relação ao legislador".

"Um coordenador de um grupo de trabalho como este, que tem em mãos uma lei que vai causar um impacto específico nos juízes em tribunais superiores, não poderia ter assumido tal função com esse contexto familiar. Deve pedir escusa, apesar de o Parlamento não o exigir que o fizesse. Não digo que a lei está a ser feita à medida, mas o deputado em causa tem no seu agregado familiar alguém que conta com um interesse directo e particular nessa lei", apontou.

João Paulo Batalha questiona ainda se "o PS não terá juristas para servir naquele grupo de trabalho no mesmo cargo". "Custa a acreditar que a direcção da bancada parlamentar socialista desconheça este contexto familiar ao deputado e não o considere uma nítida incompatibilidade", conclui.

Na quarta-feira, após a votação do aumento salarial, Fernando Anastácio defendeu que em causa está "o reforço da independência judicial", que veio "repor e resolver uma situação já com 30 anos, quando foi aprovada uma norma que, em concreto, impedia que os juízes recebessem de acordo com a sua tabela salarial".

O JN questionou a direcção da bancada do PS, que não quis reagir a este caso.

quinta-feira, 30 de maio de 2019

Diplomata luso no Brasil em burla milionária à Igreja

Adelino Vera Cruz Pinto e a mulher são acusados de desviar perto de um milhão de euros para contas bancárias em Portugal.
Acusado de ter burlado em perto de um milhão de euros a Igreja Católica no Brasil, o ex-vice-cônsul de Portugal em Porto Alegre, Adelino Vera Cruz Pinto, começa hoje a responder no Tribunal de Lisboa. O julgamento do antigo diplomata e da mulher, considerada cúmplice de crimes de branqueamento, já foi duas vezes adiado desde 2016. Ambos estão em liberdade.

À 5.ª vez governo mandou acabar com cobrança de dívidas na estrada.

Os métodos estalinistas, que o PS aprendeu com os seus camaradas de geringonça…

A operação para identificar condutores com dívidas às Finanças que a … a quinta deste tipo que os inspectores do fisco fizeram desde 7 de Maio na região do Porto.

José Oliveira e Castro fez seis acções de fiscalização preparadas em segredo e só com o conhecimento de mais dois funcionários. As operações stop com as forças policiais dirigidas a quem tem dívidas fiscais, como a que aconteceu na terça-feira em Valongo, foram mandadas executar em segredo pelo director das Finanças do Porto, José Oliveira e Castro, e faziam parte de uma estratégia definida a nível distrital para arrecadar receita em falta.

Director de Finanças do Porto pede demissão e ministério aceita "prontamente".

Naturalmente que terá um lugar qualquer á sua escolha ou proposto por António Costa e/ou Mário Centeno, dentro em breve, para assumir sozinho esta culpa, servindo de bode expiatório.

Lisboa guarda escândalos (quase) em cada esquina.


O Majestic Club, hoje Casa do Alentejo, foi o primeiro casino da capital onde se faziam e desfaziam fortunas numa noite.
Três horas para ir da Praça da Alegria até à Rua do Carmo? A "culpa" é das imensas histórias, mais ou menos escandalosas, que saltam a cada passo destes cerca de dois quilómetros
A Praça da Alegria como ponto de encontro para uma visita guiada com o título Lisboa Escandalosa não provoca grande surpresa se pensarmos que no número 58 da praça funcionou durante muitos anos uma referência da noite lisboeta, o cabaré Maxime. Mas não é por aí que Mónica Queiroz, técnica da Câmara Municipal de Lisboa e guia desta viagem, começa este itinerário pedestre, um dos muitos que a autarquia organiza regularmente, realizado pela primeira vez na última quinta-feira e que se repetirá em várias datas até Junho.
O busto do músico, pintor e poeta Alfredo Keil (1850-1907), que empresta o nome ao jardim situado no meio da praça, dá o tom e leva o grupo de mais de duas dezenas de curiosos - muitos deles habitués destes itinerários - ao final do século XIX e a uma incursão por um símbolo nacional. Mais propriamente o hino - e o escândalo provocado pela letra de Henrique Lopes de Mendonça para a música composta por Alfredo Keil. A razão é simples: inicialmente (1890), um dos versos do refrão de A Portuguesa era "contra os bretões marchar, marchar" em vez de "contra os canhões marchar, marchar", pondo em causa a aliança entre Portugal e Inglaterra, velha de mais de cinco séculos, numa reacção contra o Ultimato britânico que obrigava Portugal a retirar as forças militares do território entre as colónias de Moçambique e Angola.
Ainda no Jardim, outro escândalo, este mais caseiro. E mais um recuo no tempo, agora até à Lisboa setecentista e ao caso de adultério da jovem e bonita Isabel Xavier Clesse, "que tentou envenenar o marido, Tomás Luís Goilão, um piloto da carreira das Índias que, por isso mesmo, passava muitos meses fora de casa", conta Mónica Queiroz. Ora, "o ácido nitroso que Isabel mandou o seu criado João comprar numa botica, dizendo que era para tratar dos calos ao marido", acabou por não ser fatal ao piloto, que se salvou. Já Isabel acabou por ser condenada à morte, por enforcamento, ali mesmo, na Praça da Alegria. A guia explica porquê: "Este local, onde até 1833 se realizava a feira da ladra, foi também Campo de Forca."

A Praça da Alegria funcionou como Campo de Forca
Ainda no mesmo local, regresso ao século XX, aos anos 20 e à fundação dos teatros do Parque Mayer - Maria Vitória (1922), Variedades (1926), Capitólio (1931) e ABC (1956) - e "à criação de cabarés e outros clubes nocturnos, tendência que se manteve até aos anos 1950". Finalmente o Maxime, "o Ricks" Café de Lisboa, um ninho de espiões alemães, ingleses e franceses durante a Segunda Guerra Mundial", conta. "As bailarinas que aí trabalhavam tentavam conseguir informações a uns para vender a outros."



O Cabaret Maxim era o Rick's café de Lisboa durante a Segunda Guerra Mundial
Percorrendo uns metros na Rua da Glória, encontra-se a indicação "Tuna Comercial de Lisboa" no edifício do número 57. Era aí que em 1915 funcionava o Clube Montanha, e o cartaz que Mónica Queiroz mostra anuncia "jazz band, variedades", com indicação da hora de abertura, 19.00, quanto ao fecho… Este foi um dos muitos clubes nocturnos da Baixa onde os loucos anos 1920 agitaram a vida da capital. Estes espaços de diversão estavam ligados à modernidade de costumes e atitudes, muitas vezes vistos como escandalosos, claro, seja da moral vigente, das novas músicas que aí se ouviam ou das danças aí praticadas. Mas também por efectivas violações à lei, como era o caso do consumo de drogas, com destaque para a cocaína. "Foi neste clube que uma famosíssima corista francesa, Charlotte, introduziu o consumo da cocaína." E se nos vizinhos Ritz Club ou Maxim"s, agora Palácio Foz, era preciso uma bolsa mais recheada, "aqui bastavam 20 escudos para ser noite até de manhã", diz a guia, citando o cantor Vitorino.

Em 1908, no Palácio Foz foi criado o mais importante clube nocturno da cidade, o Maxim's
Descendo a Travessa da Glória em direcção à Avenida da Liberdade, o restaurante Sancho é aproveitado por Mónica Queiroz para recordar os anos escandalosos entre 1253 e 1258, em que Portugal foi um país excomungado pelo Papa. Com a sucessão em perigo por falta de herdeiros de D. Sancho II, o seu irmão, D. Afonso III, envolve-se numa conspiração no sentido de tomar a coroa. Casado desde 1235 com Matilde, condessa de Bolonha, também não tinha herdeiros e, por isso, em 1253 casa-se com D. Beatriz, filha de D. Afonso X, de apenas 9 anos. Ora, como Matilde de Bolonha só morreu em 1258, "o Papa não podia abençoar um rei bígamo".

No Convento da Anunciada, uma freira forjou chagas nas mãos e nos pulsos
É já do outro lado da Avenida, no Largo da Anunciada, junto à Igreja de São José, que chega um escândalo envolvendo a igreja. Aqui a protagonista é Soror Maria de Visitação de Menezes, que nos pulsos e nas mãos forjou chagas, com a ajuda involuntária do pintor espanhol Fernão Gomes que na altura estava a trabalhar no Convento da Anunciada. Com a Infanta D. Maria, filha de D. Manuel I, a ser enganada por esta religiosa que visitava, bem como Filipe II, "que também acreditava na veracidade das chagas", é fácil perceber que este caso tenha alimentado muita literatura escandalosa e proibida.

Decoração do Majestic Club remete para universo das Mil e Uma Noites
Literatura essa que volta a ser referida já no regresso à Avenida da Liberdade, junto ao busto do escritor e político Pinheiro Chagas (1842-1895), amigo do escritor e jornalista Alfredo Gallis (1859--1910), que se tornou bastante popular com os folhetins e romances plenos de referências sensuais.

No Rossio, paragem obrigatório em frente ao Café Nicola com referência a Bocage
Uns passos mais à frente, nova paragem frente ao Condes, hoje o Hard Rock Café Lisboa. Um regresso à década de 70 do século XVIII para falar da actriz italiana Anna Zamperini, que actuou no teatro que aí existia na altura, e o desassossego que gerou na sociedade de então a sua relação com o padre Manoel de Macedo e com o filho do Marquês de Pombal, então presidente do Senado da Câmara de Lisboa. Conta Mónica Queiroz que, para garantir meios financeiros para o teatro (e para a sua sua amada), Henrique José de Carvalho e Melo convocou os comerciantes mais importantes da cidade e, com uma sala iluminada por 200 velas, fez entrar Anna Zamperini. A encenação foi convincente.

Em reacção ao livro "Portugal de Relance" de Madame Ratazzi, Bordalo Pinheiro fez uma caricatura da descendente de Napoleão.

De costas voltadas para o Condes, o itinerário regressa aos primeiros anos do século XX com passagem pelo agora Palácio Foz, que, em 1908, era "o melhor cabaret dancing de Lisboa, com sessões de striptease". "Com uma porta principal e outra secreta, com salas privadas, era uma casa de luxo, e para aí se entrar era preciso ter um cartão; era de grande prestígio social conseguir esse cartão", revela.
Por entre outras histórias que vai desfiando, Mónica Queiroz encaminha o grupo para as Portas de Santo Antão, com entrada na actual Casa do Alentejo, o primeiro casino da capital, inaugurado em 1918 com o nome de Majestic Club. O empresário Júlio César Resende "chama uma equipa de decoradores" e o seiscentista Palácio Alverca é renovado em estilo neomourisco. "Aqui entramos nas Mil e Uma Noites, onde se faziam e desfaziam fortunas numa noite", contextualiza. No primeiro andar, um palco divide o salão do restaurante e a sala de jogo, ambas decoradas com sensuais figuras femininas, e por onde circulavam "as papillons que tinham como missão manter os homens a beber e a jogar, a gastar dinheiro".
Após uma passagem pelo Rossio - onde Mónica tanto conta histórias do tempo da expansão em que o exotismo vindo das terras exploradas pelo portugueses ia espalhando o espanto durante o reinado de D. Manuel I como lê uma das poesias eróticas que notabilizaram Bocage (1765-1805) -, o itinerário termina no início da Rua do Carmo. Pretexto? O Hotel Europa, depois Armazéns do Chiado, onde entre 1874 e 1876 se instalou Madame Rattazzi, descendente da família de Napoleão Bonaparte, que, depois de regressar a Paris, escreveu o livro Portugal de Relance, no qual faz um retracto da sociedade portuguesa e, mais do que isso, denuncia esquemas de corrupção relacionados com lotaria e investimentos na bolsa. As denúncias, vindas de uma estrangeira, não foram bem-vistas e valeram uma caricatura de Bordalo Pinheiro, com a qual Mónica termina este itinerário - "um dos vários possíveis" - à Lisboa Escandalosa.