Economista Eugénio Rosa analisa dados do Ministério do Trabalho.
“O poder de compra quer das remunerações base, quer do ganho médio dos trabalhadores do sector privado diminuiu entre 2015 e 2018”, estas são as principais conclusões do economista Eugénio Rosa, que avança que os dados são divulgados no Boletim Estatístico do Ministério do Trabalho.
O economista garante ainda que durante estes três anos, a remuneração base média mensal dos trabalhadores do sector privado aumentou 2,8%, uma vez que o valor passou de 951 euros para 977. “No entanto, se deduzirmos o efeito corrosivo do aumento de preços verificado neste período (2,9% segundo o INE) conclui-se que o poder de compra da remuneração base mensal diminuiu 0,2%”, diz Eugénio Rosa numa análise realizada recentemente.
A mesma análise acrescenta que o mesmo aconteceu em relação ao ganho médio que, “para além da remuneração base inclui todas as remunerações variáveis”. Diz ainda Eugénio Rosa que, segundo o Boletim Estatístico do Ministério do Trabalho, “entre 2015 e 2018, o ganho médio nominal dos trabalhadores, portanto antes de deduzir os efeitos da subida de preços, aumentou 2,3%, mas quando se deduz o efeito corrosivo da subida de preços já se verifica uma diminuição de 0,6% no poder de compra do ganho médio”.
Com base nestes dados, o economista acusa: “quando se enche a boca afirmando que se verificou uma recuperação dos rendimentos de todos os portugueses, é preciso sermos sérios e falar verdade no que se diz, e não esquecer estes dados divulgados pelo próprio Governo que abrangem a maioria dos trabalhadores”.
Outro aspecto que, garante Eugénio Rosa, é revelado nos dados do Ministério do Trabalho, é o peso “cada vez maior (em percentagem) ”, dos trabalhadores que recebem o salário mínimo nacional. “Durante este período, o salário mínimo nacional teve um aumento significativo de 14,9% (em termos reais +11,6%) mas o dramático é que a percentagem dos portugueses que recebem o salário mínimo nacional cresceu muito com o Governo de Costa”, diz.
O analista garante que em 2015, correspondia a 21,4% dos trabalhadores e, em 2018, tinha aumentado para 25,6%. Lê-se ainda na análise que em 2018, cerca de 26 em cada 100 portugueses tinha para viver apenas o salário mínimo nacional. “E se deduzirmos 11% para a Segurança Social restam apenas 516,2 euros. Isto significa que em 2018, 1.245.000 de trabalhadores portugueses viviam apenas com 516 euros (em 2015, eram 973 mil que viviam com o salário mínimo) ”, diz.
Daniela Soares Ferreira
daniela.ferreira@newsplex.pt
Sem comentários:
Enviar um comentário