sexta-feira, 31 de maio de 2019

Netflix e Disney admitem deixar de filmar na Geórgia se lei anti-aborto avançar.

A Netflix está a estudar a possibilidade de deixar de gravar no estado norte-americano da Geórgia, caso as autoridades efectivaram a lei anti-aborto. Também a Disney disse que trabalhar neste local pode passar a ser “muito difícil”.

A notícia é avançada pela Variety, que recorda que a lei em causa, assinada pelo governador Brian Kemp, será promulgada em 2020.

Com a lei em vigor, as mulheres passam a ser proibidas de interromper a gravidez a partir do momento em que os batimentos cardíacos do feto pode ser detectados, algo que costuma ocorrer por volta das seis semanas de gravidez. Esta é considerada uma das leis mais restritivas dos Estados Unidos, uma vez que com este tempo de gestação muitas das mulheres nem sabem ainda que estão grávidas.

“Temos muitas mulheres a trabalhar em produções na Geórgia, cujos direitos, juntamente com outros milhões, serão severamente restringidos por esta lei”, afirmou o director de conteúdo da plataforma de streaming, Ted Sarandos, citado pela a revista.

De acordo com o Departamento de Desenvolvimento Económico da Geórgia, a Netflix está, neste momento, a produzir várias séries neste estado, entre as quais “Ozark”, “Insatiable” e “Stranger Things”, bem como o longa-metragem “Holidate”, com Emma Roberts.

“Tendo em conta que a legislação ainda não foi implementada, continuaremos a filmar lá. Ao mesmo tempo, vamos apoiar os parceiros e artistas que optarem por não gravar. Se algum dia a lei entrar em vigor, vamos reconsiderar todos os nosso investimentos na Geórgia”, acrescentou Sarandos.

A Netflix anunciou ainda que vai colaborar com a organização sem fins lucrativos American Union for Civil Liberties (ACLU), bem como com outros grupos ativistas locais na sua “luta em tribunal” contra a nova regulação do aborto.

“Muito difícil” continuar na Geórgia, diz Disney

Também a Walt Disney já admitiu deixar de gravar no estado caso a lei anti-aborto se efetive. Em declarações à agência Reuters, Bob Iger, o CEO da empresa, disse ser “muito difícil” continuar a gravar na Geórgia sob estas condições. “Black Panther” e “Avengers: Endgame” são alguns dos filmes gravados neste estado.

Iger foi questionado sobre se a sua empresa continuaria a trabalhar na Geórgia, ao que respondeu dizendo ser “muito difícil”. “Duvido (…) Acho que muitas pessoas que trabalham para nós não vão querer trabalhar lá, e teremos que atender aos seus desejos nesse sentido. Neste momento, estamos a observar [a situação] com muito cuidado”.

Caso a lei entre em vigor, “não vejo que seja prático filmar lá“, apontou.

O jornal espanhol El País aponta que a indústria do cinema e da televisão rende, anualmente, cerca de 2,7 mil milhões de dólares à Geórgia. De acordo com a Motion Picture Association of America, a indústria é ainda responsável por mais de 92.000 postos de trabalho. Só em 2018, foram filmados na Geórgia 455 produções.

ZAP //

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