Polícia francesa copiou discos de Rui Pinto por temer que fossem apagados em Portugal.
As autoridades francesas fizeram uma cópia dos discos rígidos do hacker Rui Pinto por temerem que os dados fossem apagados em Portugal, avança a Der Spiegel. A detenção de Rui Pinto e o seu pedido de extradição para Portugal fizeram a Parquet National Financiers (uma entidade judicial francesa para o combate à fraude económica e financeira) viajar rapidamente para a Hungria para impedir que o trabalho dos últimos meses (de colaboração com Rui Pinto) fosse em vão. As autoridades húngaras permitiram que a cópia de mais de 26 terabytes fosse feita pelos franceses. Já as autoridades portuguesas, segundo confirmou o Observador junto de fonte conhecedora do processo, não foram consultadas
Quando os franceses chegaram a Budapeste, conta a Der Spiegel, Rui Pinto já estava em processo de extradição. Dias antes, um tribunal húngaro tinha dado luz verde à extradição para o português responder por acusações de tentativa de extorsão e cibercrime.
Além de Rui Pinto, também todo o material informático recolhido no âmbito do processo foi transportado para Portugal. Ao saberem disso, várias entidades com as quais Rui Pinto colaborava temeram que o material pudesse ser destruído. Os franceses, segundo a revista alemã, ficaram horrorizados com essa possibilidade. Tinham formado um grupo de trabalho internacional que se especializou em investigar crimes económicos e a destruição de dados podia deitar tudo por terra.
Os franceses utilizaram então o intervalo de tempo em que Pinto não seguiu para Portugal para convencer os húngaros da necessidade de fazer uma cópia dos dados dos discos rígidos do hacker português. E conseguiram. Segundo a revista alemã os franceses conseguiram copiar 26 terabytes de dados. Para se ter uma ideia da dimensão destes dados, desde que começou a colaborar com a imprensa Rui Pinto partilhou “apenas” 3,4 terabytes e mesmo assim deu origem a centenas de notícias.
Ainda assim, a entidade judicial francesa não tem ainda noção do valor dos dados, já que os documentos estão protegidos por um complexo programa de criptografia que torna quase impossível o acesso aos documentos sem a ajuda de Rui Pinto. Os documentos são, para já, apenas uma amálgama de letras e números. Para serem mais que isso, precisam das senhas de Rui Pinto, que se encontra atualmente detido.
A eurodeputada, Ana Gomes, que defende que as autoridades devem colaborar com Rui Pinto para descobrir ilícitos mais graves, já reagiu através do Twitter, congratulando-se por o “acervo” de Rui Pinto estar a salvo.
https://observador.pt/2019/03/29/policia-francesa-copiou-discos-de-rui-pinto-por-temer-que-fossem-apagados-em-portugal/
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