quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

Rui Pinto volta ao Twitter. “Há ainda muita coisa que os portugueses merecem saber”

O hacker português Rui Pinto voltou esta quinta-feira ao Twitter, acusando a Justiça portuguesas de querer silenciar escândalos como o Luanda Leaks, que revelou há cerca de uma semana alegados esquemas fraudulentos que envolvem a empresária angolana Isabel dos Santos.

“Acho que os cidadãos portugueses já perceberam que a minha prolongada e desproporcional prisão preventiva tem como objectivo primordial silenciar as minhas denúncias e manter escândalos como o Luanda Leaks fechados a sete chaves”, pode ler-se numa mensagem publicada às 5h41 desta quinta-feira na rede social.

“Se dependesse da Polícia Judiciária e do Ministério Público português, estas informações nunca viriam a público, nem as autoridades angolanas alguma vez seriam informadas da existência destes dados”, continua o português, que está detido desde Março de 2019.


Vistos Gold, ESCOM e BES Angola – há ainda muita coisa que os portugueses merecem saber”, avisa ainda Rui Pinto.

Preso desde 22 de Março de 2019, Rui Pinto revelou recentemente ser o denunciado do Luanda Leaks. “Rui Pinto procurou, assim, ajudar a entender operações complexas conduzidas com a cumplicidade de bancos e juristas que não só empobrecem o povo e o Estado de Angola, mas podem ter prejudicado seriamente os interesses de Portugal”.

Numa nota assinada pelos seus dois advogados, pode ler-se que Rui Pinto entregou este disco rígido, “no cumprimento do que entende ser um dever de cidadania”, e “sem qualquer contrapartida”, depois de tomar conhecimento das missões realizadas pela organização PPLAAF (Plataforma de Protecção de Denunciantes na África)”.

O português foi também o denunciante do Football Leaks, sendo por este caso que se encontra detido. É acusado de cerca de 90 crimes de acesso ilegítimo, acesso indevido, violação de correspondência, sabotagem informática e tentativa de extorsão.

Vigília por Rui Pinto

Duas dezenas de pessoas concentraram-se esta quarta-feira em Lisboa para exigir que seja aplicado a Rui Pinto a directiva europeia contra o branqueamento de capitais para que o hacker seja libertado e colabore com as autoridades no combate à corrupção.

A vigília à porta do Estabelecimento Prisional anexo à polícia Judiciária (PJ), em Lisboa, foi promovida pelo Movimento Mais Cidadania e juntou cerca de duas dezenas de pessoas, que empunhavam fotografias de Rui Pinto e acenderam velas, encontrando-se entre elas a dar apoio à causa da psicóloga e comentadora Joana Amaral Dias.

A antiga política disse que a concentração destina-se a exigir ao Estado português que aplique a 4.ª directiva que diz respeito ao branqueamento de capitais e que determina que todos os Estados-membros da União Europeia (UE) protejam todas as pessoas que fazem denúncias desse tipo de crimes, “coisa que efectivamente Rui Pinto fez e não está a ser protegido, porque está detido [preventivamente] ao contrário de estar a ser defendido”.

Temos os ladrões à solta e aqueles que são os denunciantes estão presos. Isto existe porque a justiça não fez o seu papel, a justiça não fez o seu caminho. Esta situação do saque, do esbulho ao povo angolano é conhecida há muito tempo, foi denunciada por muitas pessoas, desde o Rafael Marques, a muitas outras, e a justiça fez alguma coisa. Se era assim tão falado porque é que não avançou, quando o próprio Rui Pinto terá feito denúncias ao Ministério Público (MP) sobre esta matéria que não foram ouvidas nem atendidas?”, questionou, em declarações à agência Lusa.

Joana Amaral Dias considerou que, “entre o vazio legal que não protege o denunciante e uma justiça completamente castrada e refém de outros interesses, não havia qualquer outra possibilidade que restasse ao Rui Pinto senão cometer este acto de cidadania”.

Rui Pinto não devia estar preso, devia estar a ser chamado a colaborar com a justiça portuguesa, como tem sido na justiça belga, alemã, angolana e francesa, que já deu consequências quando foi o caso do Football Leaks”.

Entende que o estatuto de denunciante, que ministra da Justiça disse que será transposto para a lei portuguesa no prazo de um ano, “não se aplica a Rui Pinto, o que num caso lato seria o ideal, mas no concreto é restrito e tem uma aplicação muito limitada, por isso bastaria, se o Estado português quisesse aplicar a 4.ª directiva”.

“É inaceitável o que está a acontecer em Portugal actualmente, porque temos efectivamente alguém que está a contribuir para a resolução de crimes que está preso, enquanto todas as outras, desde Ricardo Salgado, a Oliveira e Costa, a Isabel dos Santos estão soltas, perante os crimes de milhões e milhões”, vincou.

Joana Amaral Dias acrescentou que Rui Pinto “terá cometido os seus erros, mas deu um contributo muito importante, muito valioso para a sociedade portuguesa e ainda pode contribuir mais e por isso é que tem de ser solto”.

Da mesma opinião é Carlos Magalhães, do Movimento Mais Cidadania, que entende, “sem querer meter a foice em seara alheia porque este é um problema da justiça”, que na situação do Rui Pinto pode-se falar num pequeno crime porque tentou extorquir, um crime de pirataria, mas o que ele sabe poderia ser aproveitado pelas autoridades policiais e judiciárias para chegar à grande criminalidade, como é o crime de corrupção”.

Também acha que devia ser libertado para colaborar com a justiça, independentemente de ser julgado e condenado a posteriori, nesta fase devia colaborar com as autoridades, não faz sentido estar em prisão preventiva.

“Era mais positivo do ponto de vista da cidadania e do erário público saber estas questões do submundo e dessas vigarices todas ao nível da corrupção seria mais importante libertá-lo e a polícia aproveitá-lo, de forma controlada, e depois sim, se houve crime de extorsão tem de pagar por isso“, declarou à agência Lusa.

ZAP // Lusa

Eu acredito que sim! Também acredito que lhe vai ser difícil enviá-los aos portugueses, mas se enviar ou já enviou para entidades estrangeiras, os portugueses vêem a saber.

Rui Pinto, eu sou dos que acredita que ainda está entre os vivos, pelo interesse de varias polícias europeias, e não só!

A justiça portuguesa, tal como algumas outras nada fez, nem faria (?!) não fosse o caso de Rui Pinto lhes ter colocado nas mãos os documentos. Os documentos foram obtidos ilegalmente, pois foram, mas não existe um bem maior?! Seja castigado por outros crimes que tenha cometido tipo extorsão, etc., agora pela divulgação destes, não! deve ser elogiado.

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