Clemente Pedro Nunes
Professor catedrático do Instituto Superior Técnico
Professor catedrático do Instituto Superior Técnico
28 Nov 2020,
P. Gonçalo Portocarrero de Almada, ‘Observador’
Segundo uma famosa banda desenhada, Júlio César, apesar de ter conquistado a Gália, não conseguiu dominar uma pequena aldeia de irredutíveis gauleses.
O mesmo se diga de uma tribo de peles-vermelhas que, na Lusitânia, resiste ao regime imposto pelo Governo, à conta da actual pandemia. Também são irredutíveis mas, ao contrário dos gauleses, são nómadas: tanto estão na margem sul do Tejo, onde fizeram, em Setembro, o seu arraial anual, como do outro lado do rio, em Loures, onde decorre agora o seu congresso. Enquanto os demais cidadãos estão proibidos de sair das suas casas a partir das 23h, bem como nas tardes do fim-de-semana, esta tribo faz o que muito bem quer e lhe apetece, porque Costa, o grande chefe índio que faz gato sapato dos católicos, não se atreve a pô-los na ordem.
A razão, que levou as autoridades sanitárias e políticas a uma tão severa limitação da liberdade de circulação dos lusitanos, é a epidemia, que grassa por todo o império e para a qual ainda não há poção mágica. Apesar dos números inquietantes de infectados, internados e falecidos, nada faz demover Jerónimo, o grande chefe desta irredutível tribo. Há quem diga que, tal como Obelix, o lendário fabricante de menires, também Jerónimo caiu no caldeirão em que Cunhal, o velho druida, cozinhava a poção que, por sistema, convertia as derrotas eleitorais em grandes vitórias.
Quando Trump e Bolsonaro desconsideram a epidemia, não faltam vozes que condenem o que dizem ser uma criminosa inconsciência, uma enorme falta de respeito pela saúde pública, um insuportável desprezo pela ciência e uma insultuosa arrogância política. Mas, quando o irredutível Jerónimo é inflexível em relação ao festival de verão da sua tribo, ou se nega a adiar o congresso tribal, ninguém lamenta a sua irresponsabilidade sanitária, nem a sua ignorância científica, nem a sua prepotência política.
A indiferença de Jerónimo e dos seus irredutíveis peles-vermelhas pela saúde pública obedece a uma razão ideológica. Com efeito, o comunismo não é um humanismo, mas uma ideologia totalitária. O alegado ‘preconceito anticomunista’, de que Jerónimo se queixa, mais não é do que a liberdade e dignidade humanas. A ditadura do proletariado, responsável por cem milhões de mortos, tanto despreza as liberdades burguesas – que outra coisa não são do que as liberdades democráticas – como desrespeita a vida humana. Para o comunismo, como para o nazismo, só o todo interessa – por isso são, com propriedade, regimes totalitários – e, portanto, os indivíduos são descartáveis.
É lógico, por isso, que uma infecção global, por letal que seja, não aflija estes peles-vermelhas. A sua desconsideração pela saúde pública é, afinal, uma atitude coerente com a sua ideologia totalitária: quem imagina Hitler, ou Stalin, preocupados com uma epidemia, se tanto um como o outro mataram milhões de inocentes?!
É verdade que Jerónimo e os seus camaradas não incorrem em desobediência civil, porque a lei lhes concede este privilégio, que foi negado às confissões religiosas e outras entidades, decerto mais representativas e necessárias à sociedade do que aquela pequena tribo irredutível, já extinta em quase todo o mundo livre. Mas, mesmo tendo esse direito, a realização do seu congresso é um péssimo exemplo e um perigoso precedente.
Pede-se, aos partidos políticos, exemplaridade cívica e moral. A realização deste congresso partidário significa, na prática, que os seus dirigentes e militantes não respeitam os portugueses que já morreram deste vírus, nem os que estão de luto, nem os que estão doentes, ou têm familiares que o estão, nem os que estão confinados, nem os que sofrem na pele as consequências económicas da crise.
Quem não pode visitar um seu familiar internado, ou num lar, como encara este congresso?! E quem se viu proibido de participar no funeral de um seu ente querido?! Quem não pode sair de casa, nem sequer para visitar os seus pais, ou filhos, pode aceitar que uns quantos privilegiados, em pleno estado de emergência, circulem livremente pelo país, para participar num congresso partidário?!
É também um péssimo precedente. Tendo-se cedido, mais uma vez, a este capricho partidário, já não se pode negar, a nenhum outro partido, a realização de um congresso, arraial ou manifestação, não obstante o estado de emergência.
Quando os órgãos de soberania cedem ante uma tribo política minoritária, que legitimidade têm para proibir as celebrações religiosas da crença maioritária no nosso país?! E com que direito proíbem actividades, como a restauração, pondo em risco postos de trabalho e ameaçando gravemente a subsistência de não poucas famílias?!
Mas também é – valha-nos isso! – um sinal de esperança para os cristãos, já tantas vezes ludibriados pela habilidosa manha dos actuais governantes. Primeiro, disse-se que não se podia celebrar a Páscoa cristã, mas depois houve a cerimónia comemorativa do 25 de Abril, na Assembleia da República. Disse-se que não podia haver 13 de Maio, em Fátima, mas houve o primeiro de Maio, na Alameda D. Afonso Henriques, com a participação de manifestantes vindos ‘ao molho’, em autocarros fretados para o efeito. Não houve santos populares, mas sim a festa do ‘Avante!’, nos princípios de Setembro. Disse-se que, este ano, não podia haver romagens aos cemitérios, no dia dos fiéis defuntos, mas autorizou-se a realização do congresso do PCP, em Loures.
Houve quem falasse em ‘repensar’ o Natal, sem família nem Missa do galo, mas, graças a Jerónimo e aos seus irredutíveis peles-vermelhas – não em vão Jesus Cristo disse que “os filhos deste mundo são mais sagazes que os filhos da luz” (Lc 16, 8) – o Natal em família e a correspondente celebração eucarística estão garantidos.
Com efeito, se o grande chefe índio, mais uma vez, proibir a sua realização, bastará recorrer à mítica poção mágica e converter a consoada numa sui generis manifestação da CGTP, e a Missa do galo num atípico congresso do PCP.
Portanto, avante camaradas!
Para o histórico do PCP o afastamento dos princípios do marxismo-leninismo conduz inevitavelmente à degenerescência.
O dirigente histórico comunista Albano Nunes evocou a acção de Álvaro Cunhal e a experiência da União Soviética, num discurso, muito aplaudido, em que advertiu que o afastamento dos princípios do marxismo-leninismo conduz inevitavelmente à degenerescência.
Albano Nunes, que abandonou o Comité Central do PCP em 2016, perante o Congresso do PCP, em Loures, distrito de Lisboa, fez uma intervenção sobretudo destinada a sustentar a "vitalidade e utilidade do marxismo-leninismo".
"A perenidade dos seus princípios e teses fundamentais reside na sua natureza materialista e dialética inseparável da prática e que, por isso mesmo, constantemente se renova em função das novas realidades, conhecimentos e experiência, acompanhando e antecipando o movimento da sociedade", defendeu o comunista.
Albano Nunes citou depois Lenine para advertir que "sem teoria revolucionária não pode haver movimento revolucionário" e que "as ideias, quando apropriadas pelas massas, tornam-se uma força material poderosa".
"Como escreveu [Karl] Marx, a arma da crítica não pode substituir a crítica das armas. O poder material tem de ser derrubado por poder material", preconizou antes de se insurgir contra "as campanhas anticomunistas de revisão da história".
"Os grandes avanços do século XX estão indissociavelmente ligados à acção revolucionária das forças que têm o marxismo-leninismo como base teórica e ao papel da União Soviética e do campo socialista. As dramáticas derrotas do socialismo não apagam esta realidade. Trinta anos depois do triunfalismo sobre o fim da história, assiste-se ao aprofundamento da crise estrutural do capitalismo e a exigência da sua superação revolucionária", apontou.
O capitalismo, de acordo com o antigo dirigente estudantil da Universidade de Coimbra, "tem de ser derrubado pela força" e, pelo contrário, o afastamento dos princípios marxistas-leninistas "conduz à degenerescência e à derrota".
Neste contexto, Albano Nunes evocou o 100º aniversário do PCP, dizendo partido "pode orgulhar-se da sua contribuição para a confirmação da validade do marxismo-leninismo".
"Uma contribuição em que é justo destacar o papel do camarada Álvaro Cunhal, cujo nome ficará para sempre ligado à teoria e à prática da revolução de Abril", declarou, recebendo então uma prolongada salva de palmas.
Segundo Albano Nunes, Álvaro Cunhal "apontou ao povo português o caminho de uma revolução original, democrática e nacional, que o processo de revolução de Abril veio confirmar". "Uma notável contribuição do PCP para a ideologia da classe operária", acrescentou.
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Jerusalém é minha casa
Me salve
Caminhe comigo
Não me deixe aqui
Jerusalém é minha casa
Me salve
Caminhe comigo
Não me deixe aqui
Meu lugar não é aqui
Meu reino não está aqui
Me salve
Vai comigo
Meu lugar não é aqui
Meu reino não está aqui
Me salve
Vai comigo
Me salve
Me salve
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Não me deixe aqui
Me salve
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JERUSALEMA (TRADUÇÃO) - Master KG - LETRAS.MUS.BR
Videoclip: MASTER KG FEAT NOMCEBO - JERUSALEMA ( 1 HORA / 1 HOUR ) - YouTube
Manuel Molinos
Por estes dias, os portugueses que trabalham no sector privado não só têm de se preocupar em manter os seus postos de trabalho, como também serão forçados a procurar um local para deixar os filhos nos dias de tolerância de ponto para a Administração Pública.
Depois de devidamente esclarecidos, porque até ontem de manhã alguns centros de Actividades de Tempos Livres (ATL) da Segurança Social ainda admitiam a abertura em função das necessidades das famílias, os pais não terão outra solução que não seja a mesma de sempre: a casa dos avós. Veremos o resultado daqui a 15 dias.
Diz o Governo que pretendeu dar um sinal.
Nas palavras da ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social. Um sinal para que os trabalhadores fiquem resguardados. Leia-se os da Função Pública.
Antes do sinal da ministra Ana Mendes Godinho, tivemos o conselho da ministra Mariana Vieira da Silva. Se não tiver onde deixar os filhos, pode gozar um dia de férias ou recorrer ao teletrabalho. "Esta crise tem de ser partilhada entre todos e terá custos para todos", justificou.
Pois o verdadeiro sinal que o Governo dá, mais uma vez, é que, mesmo em tempos de crise e pandemia, há portugueses de primeira e de segunda. O sinal que dá é que continua a olhar para os funcionários públicos como eleitores de primeira.
Esquece-se que uma grande parte dos portugueses não pode deixar de trabalhar por um dia para cuidar dos filhos. Esquece-se que, segundo o INE, quase metade nem sequer consegue alterar a hora de entrada ou saída do emprego para levar as crianças ao médico.
Já em 2018, o mesmo Governo distinguiu trabalhadores dos sectores privado e público quando lançou o programa "3 em Linha". O projecto previa, na primeira fase, uma dispensa de três horas para acompanhamento dos filhos menores, até 12 anos, no primeiro dia escola, sem perda de rendimentos.
Só para funcionários públicos.
Por isso, na verdade, não há nada de novo nesta medida discriminatória.
É tudo como sempre foi.
Director-adjunto do JN
JOÃO VIEIRA PEREIRA, JOÃO SILVESTRE E RÚBEN TIAGO PEREIRA
Portugal adquiriu a vacina que tem 70% de eficácia. Nada mau. Uma pessoa com COVID-19 que leve esta vacina vem para casa com quê? Para aí com COVID-5, no máximo COVID-6. Já bem bom.
PAULA SANTOS, JOÃO SILVESTRE E JOSÉ CEDOVIM PINTO
Expresso | Covid-19: DGS muda prioridades da vacina, mas mantém idosos de fora
Se há reforma estrutural que pode unir os dois maiores partidos políticos do país, é a da gestão do parque imobiliário público. Quem ler os documentos estratégicos que o Governo socialista e o PSD divulgaram no último mês, concordará que ambos coincidem na necessidade de melhor aproveitar o vasto património de imóveis detido pelo Estado. Diferem é nas tácticas para os rentabilizar. Leia aqui todos os pormenores sobre estratégias definidas pelo Governo e o maior partido da oposição.
Diário da República n.º 231/2020, Série II de 2020-11-26
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Despacho n.º 11737/2020