O deputado André Silva devia exigir que Miley Cyrus se retractasse e já agora aproveitava para dar-lhe umas dicas para novas coreografias com base no que anda a treinar nas aulas de biodanza.
Esqueçam a greve dos motoristas de matérias perigosas. Esta sim é a questão mais premente da actualidade política nacional. E vem ela a propósito da cantora Miley Cyrus, que ao afirmar recentemente numa entrevista ser pansexual esclareceu estar receptiva “a tudo o que seja consentido e que não envolva animais ou menores.” Como assim? Os menores compreende-se, claro. Os animais menores ainda se percebe. Mas então e a bicharada que já tenha atingido a maioridade e até manifeste interesse por este tipo de coboiada? Ou tudo o que mexe é digno de ser amado pela Miley menos um bicho maior e – desejavelmente – vacinado? À atenção do PAN, esta discriminação escandalosa dos animais. O deputado André Silva devia exigir que Miley Cyrus se retractasse e já agora aproveitava para dar-lhe umas dicas para novas coreografias com base no que anda a treinar nas aulas de biodanza.
Aliás, foi precisamente por causa de uma coreografia que eu nunca desconfiei que a Miley Cyrus tivesse uma sexualidade alternativa. Refiro-me à coreografia daquele videoclipe em que ela anda de um lado para o outro montada numa bola de demolição. Aquela falta de noção de como se utiliza correctamente uma ferramenta de construção civil fez-me mesmo acreditar que se tratava de uma típica menina. Ui, isto é capaz de ter sido um bocadinho sexista. Refrasearei. O que na verdade me levou a crer que a Miley Cyrus era uma menina comum foi o facto de nesse teledisco ser bastante óbvio que ela é possuidora de maminhas e ser quase óbvio que é também detentora de um pipi. Eh pá! Então só porque tem maminhas e pipi é imediatamente uma menina? Logo a colocar rótulos? Agora já estamos a resvalar para o mero preconceito.
Bom, a verdade é que Miley Cyrus afiança não ser homossexual, nem bissexual, mas sim estar dentro da “fluidez de género”. Socorro-me (“socorro” será a palavra-chave aqui) da Wikipédia: “O género com que a pessoa género-fluída se identifica varia através do tempo: às vezes sente-se cis, outras vezes trans binária, outras vezes trans não-binária, noutras identifica-se com vários géneros, parcialmente, indefinidos ou com nenhum. A velocidade com que o género muda varia de pessoa para pessoa, pode ser gradual, súbita, constantes, inconstantes, mensais, anuais ou diárias, podendo ser entre géneros totalmente opostos”. Hã? Enfim, digam o que disserem, para mim a questão do género fluido explica-se em meia dúzia de palavras: nega a Ciências no nono ano (e 3 à rasquinha a Português, a julgar pela amostra supra). Não há um género fluido. Há, isso sim, vários géneros de fluidos, nomeadamente um típico dos meninos e outros típicos das meninas. Foi isso que o stôr disse, acreditem.
Mas atenção, longe de mim desvalorizar o problema da disforia de género, uma questão médica complicada que atinge uma pequena parte da população. Creio apenas que seria prudente em casos como o de Miley Cyrus, antes de fazer o despiste desta condição através de complexos testes médicos, fazer primeiro o teste do balão. É sabido que esta malta nova gosta de se enfrascar e por vezes não tolera bem o álcool. Resultado, pode bem dar-se o caso de estarem simplesmente a ver quatro, ou oito, ou até dezasseis géneros diferentes onde na verdade só existem dois.
Na génese desta controvérsia esteve a revista Elle, que num dos últimos números lançou a questão “ousada” do “fim do género (binário), a fluidez sexual e a revolução trans”. Para eles, uma das caras mais activas nestas questões é Miley Cyrus – “estrela pop, provocadora, ativista LGBT”. Por acaso, se eu fosse director da revista teria optado por colocar outra questão ousada à artista, designadamente a seguinte: Ó Miley, agora a sério, isto a pansexual é a antiga galdéria, não é?
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